Diário de Sobrevivência escrita por Pedro Pitori, WillianSant13


Capítulo 30
Diário 7 - Canni




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/591777/chapter/30

Me afastei dos outros. Quase levei uns tapas na cara de Joe, e eu não estava afim de levar alguns ponta pés também. Caminhei pela plataforma suja, havia pó e terra por todos os lados: desde terra seca até pedaços de concreto que antes formavam parte de um pilar de sustentação do teto. Entrei no vagão do metrô que não estava descarrilhado, uma luz piscava fracamente e alguns bancos estavam ao chão. Me aproximei da porta de vidro: outro metrô estava na linha do lado, estava com as luzes todas apagadas e parecia estar vazio, o que era bom. Observei o mapa do transporte ao lado da porta por alguns instantes, estávamos na estação central e essa linha ia, para leste; até a estação 13. E para oeste; até a estação Rio Claro. Se seguíssemos para oeste, iríamos sair da cidade, ficar mais próximos do nosso esconderijo e voltar para Derby e os outros.

– É isso. - surrurrei. - Se formos até a última estação à oeste e pegamos a estrada 116, logo estaremos de volta no caminho de casa. Passaremos por... Brooksville, e continuaremos sentindo oeste.

Zoe entrou no vagão e apoiou a mão no meu ombro direito.

– Tudo certo?

– Sim, devemos ir à leste e pegar a estrada 116.

Ela observou o mapa por alguns instantes.

– E se formos pelo norte ao invés de oeste? Nos deixará mais próximos da rodovia se continuarmos caminhando após descer na última estação daquela linha.

– Não rola, não há transferência para aquela linha a partir desta estação. Teríamos que avançar três estações à leste para entrarmos naquela linha, e nisso perderíamos muito tempo.

– Tens razão. Vamos falar com os outros. - Zoe correu até Joe e o resto de seu grupo. Eu a encontrei em frente às escadas

– Joe... Está melhor? Precisamos seguir em direção à oeste... À partir daí, pegamos a 116 e rumamos de volta.

– A distância é longa da estação final até a sede. Precisamos de algum veículo. - Everthon se aproximou de braços cruzados.

– Isso é ver... - notei que Joe havia sumido.

– Estão perdendo tempo. - Joe pulou na linha e seguiu em direção ao túnel oeste. Nós o seguimos.

***

Havíamos passado por umas quatro estações agora, Joe ia a frente com a arma em mãos. Everthon ia a minha esquerda e Zoe à direita, e o pelotão atrás dando cobertura por ordens de Joe. Alcançamos a estação Vila Industrial II, Joe subiu na plataforma e sentou-se nos bancos.

– Vamos descansar um pouco.

– Ok. - Zoe sentou-se ao seu lado e levou o braço até a testa.

Um som de metal caindo nos chamou atenção. Zoe levantou num pulo, e observou ao seu redor, confusa.

– O que foi isso? - ela perguntou.

– Shiu. - Joe se abaixou e fez sinal para que o seguíssemos.

Joe subiu a escada e nos deparamos com o saguão da bilheteria. Dois caras estavam sentados a beira de uma fogueira improvisada no chão, um moreno de cabelo liso, estilo asiático e outro menor do cabelo escuro.

– Porra cara, não quer fazer um pouco mais de barulho não? - o mais alto parecia enfurecido.

Joe fez sinal para que Zoe avançasse para o outro lado do corredor.

– Ok. - ela sussurrou.

Zoe passou correndo agachada até o outro lado do corredor e sacou um revólver vermelho.

Joe começou a contar nos dedos.

– Ei, eles podem ser do bem... - surrurrei mas ele mandou eu calar a boca.

Joe sinalizou o número três e Zoe entrou em ação: ela entrou no saguão com a arma em mãos, mirando no mais alto. Ele na hora, nem notou que ela estava ali mas depois pôs-se de pé com um sorriso no rosto.

– A mocinha está perdida? - ele levantou os braços.

O outro cara olhou para trás rapidamente e notou o que estava acontecendo.

– DROGA! - ele ficou em pé e correu para trás do banco para se esconder.

Zoe deu um tiro na direção dele, mas passou longe. Percebi que ela só queria assustá-lo.

– Pedro, cuidado! - O cara atrás do banco gritava.

– Fique longe. - Zoe mirava em Pedro a medida em que entrava no saguão.

– Você não teria coragem, não é docinho? - Pedro ria.

– Ela não, mas eu sim. - Joe apareceu com a arma em mãos e atirou na direção de Pedro. Sem sucesso, Pedro se jogou atrás de uma coluna.

– Vamos facilitar isso, vocês tem alguma coisa que queremos? - Joe perguntava.

– O QUE QUEREM? VÃO EMBORA! - Pedro gritava - DEIXEM EU E MEU PRIMO EM PAZ!

– Só um pouco de diversão. - Joe rodava o revólver nas mãos.

– Vamos embora, são apenas dois fracos sobreviventes. - Pedi.

– Ei, eu ouvi isso. - O cara atrás do banco disse.

– Ótimo lugar para se esconder, não? Uma estação... Sendo que os infectados poderiam aparecer a qualquer hora lá por baixo. - Joe riu.

– Nossa casa pegou fogo, estávamos nos comunicando por rádio até nos encontrarmos. Mas fomos expulsos por eles, até tentamos ficar mas o governo começou o bombardeio e não era seguro ficar lá.

– Nossa, mas é seguro ficar num lugar subterrâneo sob bombardeios. - Joe ria.

– Cara, foi o melhor lugar que achamos em meses! - o cara rebateu. Ele se levantou e jogou a arma até Joe, que se abaixou para pegá-la.

– Descarregada. Típico. - Joe riu. Fez sinal com a cabeça para que Zoe avançasse até o cara do banco.

Zoe caminhou guardou a arma na cintura e caminhou até o garoto.

No momento em que caminhava até o cara, foi surpreendida por Pedro que a segurou pelo pescoço e jogou a arma dela para trás. Zoe estava sendo sufocada e tentava gritar por ajuda.

Entrei na sala e fitei os dois por segundos. Joe fez sinal para que eu ficasse onde estava, ele mirou a arma na direção dos dois. O garoto atrás do banco gelou e fitou Pedro, horrorizado.

– Parece.... Que o jogo virou, não? - Pedro ria enquanto apertava o pescoço de Zoe com força.

– Solte-a! - gritei.

Everthon entrou sorrateiramente e se escondeu atrás de uma coluna.

Joe continuava fitando os dois enquanto Zoe estava sendo sufocada.

– Atira! Vai! - Pedro gritava.

– Se você atirar, vai matar os dois! - gritei para Joe.

Joe engoliu seco e apertou o gatilho da arma. Escutei um tiro sair em direção aos dois, e um som abafado ao chão.

Alguém havia morrido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Diário de Sobrevivência" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.