Diário de Sobrevivência escrita por Pedro Pitori, WillianSant13


Capítulo 29
Diário 6 - Canni




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Os edifícios continuavam a ser bombardeados nos quarteirões seguintes. Os sons de tiros sendo disparados me deixavam arrepiado, e olha que eu raramente me sentia assim. Estávamos em pé agora enquanto John tossia, Zoe estava assustada e olhava para todos os lados.

– Precisamos.... Precisamos sair aqui... AGORA! - Zoe hesitava.

Observei o céu por alguns instantes mas não consegui ver nada. Após alguns segundos, vi a sombra de um caça ser projetada por algum tempo na rua, ele passava rapidamente e voltava em menos de um minuto.

– Vamos sair daqui, isso além de nos matar irá chamar atenção de infectados. - John correu em direção ao caminhão com o seu grupo.

– Vamos. - chamei Joe e os outros. - Para o carro, agora!

Corremos até o nosso carro e Joe pisou fundo até a pequena rua na qual surgimos, quando nós percebemos estávamos fugindo de alguns tremores e desviando de infectados à frente. Um prédio atrás do nosso carro cedeu e a fumaça nos alcançou rapidamente, Joe acelerou mais ainda pela estrada retilínea.

– Droga, alguém viu para onde John dirigiu? - Joe parecia assustado enquanto observava pelo retrovisor.

– Não, mas ele foi para o norte porquê as outras ruas estavam bloqueadas. - respondi rapidamente. - Cuidado!

Joe desviou de um carro capotado em nossa frente e atropelou uma infectada que sujou o vidro de sangue.

– DROGA! - Everthon gritou ao meu lado.

A avenida estava bloqueada por um grupo de infectados que notaram a nossa presença imediatamente. Joe virou à direita numa viela enquanto os caças nos sobrevoavam. Para o nosso azar, era uma beco sem saída, havia apenas uma rampa de metal no final, e o do outro lado havia um córrego pequeno.

– Segurem-se - Joe mudou a marcha.

– Não, dê a meia vol.... - Zoe tentou impedi-lo mas era tarde.

O carro atravessou a rampa e sobrevoou o córrego por alguns segundos. Jurei que não íamos conseguir atravessar, mas logo senti o impacto do carro no asfalto liso.

– QUE PORRA FOI ESSA? - gritei.

Aceleramos mais e viramos à direita, passando em baixo de um viaduto pequeno. Escutamos algumas buzinas atrás de nós e percebemos que John e o seu caminhão haviam conseguido nos alcançar. Joe sorriu por uns instantes, e o seu nervosismo havia se dissipado.

Joe estacionou o carro em frente a uma estação do metrô de vidro. Corremos até John que estava fora do caminhão.

– Que susto mano! - gritei ao ver John vindo até nós.

Ele e Joe voltaram a se abraçar. Uma mulher negra de cabelos escuro desceu do banco de passageiro e veio até nós.

– Precisamos sair daqui, agora. Eles ainda estão por aí, e provavelmente, chamaram todos os infectados num raio de 10 KM.

A mulher mal terminou a sua frase quando percebemos alguns infectados vindos da nossa direita, subindo a ladeira. E outros vinham da nossa esquerda, saindo das lojas e dos carros abandonados. Da terceira rua que havíamos vindo, também estava lotada de infectados.

– Droga. - A mulher se afastou e puxou uma arma do coldre na perna direita. - Se afastem.

Ela começou a matar os zumbis que vinham da esquerda. Rapidamente saquei meu revólver e comecei à atirar na horda da direita. Joe correu até o caminhão e conseguiu subir no teto.

– Esses são meus. - Ele ficou com os restantes.

Zoe correu para me ajudar.

– Precisa de ajuda? - ela sorriu ao sacar uma M-8.

– Não, mas é bem vinda. - respondi enquanto atirava.

Everthon sacou um martelo maior do que o comum e foi em direção ao grupo da esquerda. Ele matou uns sete em menos de dez segundos.

Mas de qualquer maneira, mesmo que tentássemos de tudo, o número só aumentava. O grupo de John não dava conta, uma garota asiática chamada Dakota estava sofrendo com uma escopeta.

– É inútil! - ela gritou para nós.

John deu uma olhada para nós e depois para a estação de vidro.

– VÃO! - ele gritava enquanto fazia sinal de recuamento com o braço esquerdo. - Para a estação, agora! Fujam daqui, agora!

– Eu não vou te deixar! - Joe correu na direção dele.

– VOCÊ PRECISA! - John gritava. - Eu e o Jeferson seguraremos as pontas, AGORA CORRAM!

– Não, não. - Dakota puxou Joe pelos braços. - Me solta, agora!

Corri e segurei Joe pelo braço esquerdo e o levei até a estação.

– Obrigado. - agradeci. - Te devemos essa, se cuida.

Ele assentiu enquanto virou para terminar com os outros infectados. Jeferson correu para o outro lado e começou a ir em direção à multidão enquanto matava-os.

– QUE PORRA, JOHN. DE NOVO? DE NOVO? - Joe gritava aos prantos.

Everthon e Zoe estavam segurando as portas de vidro da estação. Os caras do grupo de John estavam acabando com alguns infectados dentro da estação. Nós entramos e Joe foi escoltado escadas à baixo por Zoe e Dakota, Everthon matava dois infectados na bilheteria. Fiquei observando enquanto Jeferson sumia na multidão de infectados, provavelmente já estaria morto. Olhei para John que estava cercado de infectados ao redor do caminhão, ele dava ao máximo para tentar matar todos, mas estavam se aglomerando cada vez mais. Avistei os caças planando o começo da avenida, no outro lado e vindo em nossa direção.

– Droga!! - fiquei sem reação, e eu não sabia o que fazer. Um caça soltou um pequeno míssil em direção ao caminhão de John, o Caça levantou voo e sumiu atrás dos arranhas céus. Observei o míssil ir em direção a John que ficou observando o míssil ir em sua direção. Me joguei no chão e cobri a minha cabeça imediatamente. Após alguns segundos, ouvi uma forte explosão e todos os vidros que revestiam a estação se explodiram, senti aquele banho de estilhaços pontiagudos nas minhas mãos e pescoço.

O barulho se dissipou, e me levantei. Minha mão estava sangrando um pouco, mas ignorei. Os vidros da estação estavam completamente estilhaçados ao chão, e uma catraca havia sido removida do chão pela força. Comecei a tossir e recuperar a minha visão aos poucos, mas eu continuava muito tonto ainda. Observei o caminhão que havia sido reduzido e quase nada, estava pegando fogo e vários corpos infectados estavam ao redor. Ouvi Zoe me chamar lá em baixo.

– Já... vou. - hesitei tonto.

Alcancei o corrimão da escada e comecei a descer devagar, um passo por vez. Por mais que eu tentasse não pensar naquilo, a imagem dos prédios explodindo e do caminhão sendo atacado não saía da minha mente. John deveria estar morto agora, assim com Jeferson e quem mais que tenha ficado para trás.

Cheguei até a plataforma escura da estação, um trem estava parado e com as portas abertas. As luzes soltavam faíscas e havia destruição por todos os lados. Sentei no banco da plataforma e fiquei de olhos fechados até me recuperar cem por cento.

– Ele está bem? - Joe correu até mim e me agarrou com força. - Hein?

– Bombardearam o caminhão dele. - sussurrei.

Joe ficou sem expressão no momento. Era como se soubesse que tinha uma doença degenerativa ou algo do tipo. Ele ficou mais branco que a parede atrás de nós, ele sentou no chão ainda sem expressão e boquiaberto.

Eu sabia que mentir era errado, mas eu não poderia vê-lo daquele jeito. Ele precisava ser consolado, mesmo eu sabendo que o que eu estava prestes a fazer era errado. Então saiu no automático.

– Mas ele escapou. - sussurrei. - Ele fugiu antes que pudesse ser atingido.

A expressão de Joe mudou de "nada" para raiva.

– VOCÊ É UM MENTIROSO, EU SEI QUE ESTÁ MORTO, NÃO MINTA PARA MIM, NÃO MINTA PARA MIM! - ele avançou em mim e me levou ao chão.

Segurei o seu rosto enquanto ele ficava em cima do meu corpo tentando me acertar socos.

– CARA, É SÉRIO. - respondi com dificuldade. - ME OUÇA, SAI DE CIMA DE...MIM!

– VOCÊ ESTÁ MENTINDO, OUVI A EXPLOSÃO E SENTIMOS OS TREMORES AQUI. IDIOTA!

Na hora em que ele ia me acertar, fiz pressão nele e ele caiu sentado em frente a escada. Ele colocou o rosto nos joelhos e se silenciou, troquei olhares com Zoe. Soube exatamente o que ela quis dizer: ele precisa de um tempo.


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