Diário de Sobrevivência escrita por Pedro Pitori, WillianSant13


Capítulo 15
Diário 3 - Jimmy




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Estávamos cercados. Não havia outra saída além da escada, e precisávamos sair do porão. Everthon estava amordaçado dentro do baú e Giovanna estava tentando tirá-lo de lá. Eu tinha que pensar em algo o mais rápido possível.
– Como vocês são burros. - dizia Gustavo com um revólver em mãos a medida em que descia a escada. - Isso é um apocalipse e vocês confiam nos outros. Deve ser por isso que perdem pessoas, por serem burros. Por confiarem em humanos, a pior raça que existe.
– Até porquê você é um cachorro para falar assim né? - perguntei ironicamente. Ele riu.
– Poderia. Agora eu sinto muito, mas tenho que matá-los. A carne de vocês deve ser... uma delícia. - ele lambeu os lábios. Corri para uma pilastra de madeira que sustentava o teto no momento em que ele atirou em minha direção. Por sorte, acertou a pilastra. - Argh, querem brincar de caça ao rato? Tudo bem. Mas já digo, podem desistir eu já ganhei.
– Venha atrás de nós Gus. Não é bom o suficiente para... - fui interrompido por um tiro que passou de raspão na pilastra e acertou a parede. Me abaixei e dei a volta até a metade da pilastra. - Isso foi bom, que tal outro?
– Você está louco? Ele vai nos matar. - sussurrou Giovanna brava.
– Confie em mim, vou distraí-lo enquanto você tira Everthon daí, ok?
– Argh, tudo bem. - ela cortava a mordaça de Everthon. - Só mais um pouquinho...
Ouvi Gustavo vindo em minha direção na metade do porão. Ele assobiava agora e girava a arma nos dedos.
– Você é insano! - gritei atrás da pilastra.
– Que nada! É normal querer comer alguém, não acha? Quem nunca? - perguntou ele enquanto procurava por mim.
Corri até a outra pilastra próxima à escada, na qual tinha uma estante de livros. Ele atirou em minh direção e o tiro passou de raspão no meu cabelo e acertou um quadro que foi ao chão.
– Boa, boa. - eu ria nervoso. - Vem aqui, vem!
Ele correu em direção à escada para me procurar, então contei até três e empurrei a estante que caiu em cima dele. Ele ficou gemendo de dor e tentava se levantar, apontei o meu revólver para a cabeça dele e ele começou a rir.
– Vamos lá, conquistador. Me mate. Acabe logo com isso e me leve para o inferno, tomarei o lugar do diabo e erguerei meu exército infernal. - ele disse
– Sério? Cuidado no caminho. - dei um sorriso atirei na cabeça dele. O observei por uns segundos: ele não parecia que havia nascido assim. Sabe, acho que esse apocalipse mexeu com a cabeça dele e ele enlouqueceu.
Giovanna correu até mim e observou o corpo de Gustavo no chão. Everthon veio mancando até mim e soltou um suspiro.
– Você está bem? - perguntei a ele.
– Estou, só com a perna machucada. Ele tentou me mutilar, cara. - respondeu Everthon.
– Ele era louco. Vamos, precisamos sai daqui.
Subimos até o térreo e vasculhamos a cozinha e a sala: nem sinal da Luana.
– Vou dar uma olhada lá fora. - disse Giovanna.
– Cuidado. - eu disse preocupado.
Everthon e eu fomos até o andar superior e procuramos por Luana lá em cima, mas estava tudo como antes. Eu e Everthon olhávamos em baixo da minha cama quando ouvimos gritos vindos da rua, e resolvemos correr até lá para checar o que estava havendo. Quando saímos da casa, vimos que Luana estava imprensando Giovanna contra um carro no outro lado da rua. Quando pensei em correr para ajudá-la, ouvi sons de moto vindo em nossa direção e percebi que um cara alto e negro pilotava a moto. Ele usava jeans, botas de couro, óculos escuros redondos, piercing na boca, luvas e bandana na cabeça. Ele desceu da moto e correu na direção de Luana e Giovanna, assim que Luana olhou para o lado para ver quem era, foi erguida pelo pescoço pelo cara e imprensada contra uma caminhonete vermelha e velha. Ela gritava e esperneava para se soltar, mas sem sucesso, pois ele apertava cada vez mais forte.
– Ei, princesa, não precisa gritar de medo. Só vai doer um pouquinho! - o cara gritou ironicamente. Giovanna se afastou do carro e veio em minha direção no momento em que o cara batia a cabeça de Luana contra o para-brisa da caminhonete. Ele bateu várias vezes até que ela parou de gritar e caiu no chão morta. Havia sangue na parte da testa e nos olhos dela. O cara sacudiu as mãos e soltou um olhar para nós.

– Você está bem? - perguntei para Giovanna.

– Sim. - ela respondeu ofegante.

– Não pode ser. - Everthon parecia assustado e então, correu até o cara. Ele o abraçou forte. - Cara, como assim? Você voltou? Por quê? E como me achou?

Ele se afastou de Everthon e disse:
– Não sabia que você estava aqui. Foi sorte, eu acho. Fui até aquela zona de quarentena e vi que foi tomada por zumbis e então, te procurei mas não achei. Então sai da cidade e aqui estou eu.
– Cade o Leo? Duh? - perguntou Everthon.
– Ficaram para trás. Resolveram ficar em Bertioga mesmo, lá estava melhor do que em São Paulo, então ficaram. Mas eu não gosto daquele lugar então voltei. - ele disse enquanto limpava a mão suja de sangue num pano branco velho que agora estava vermelho.
Nos aproximamos dele e o observamos.
– Ah, pessoal, este é o Canni. Um velho amigo. Estavámos a caminho de Bertioga há uns dias mas não consegui acompanhá-los e tudo mais... - Everthon disse.
– Hum, entendi. Prazer, Giovanna. - Giovanna se apresentou.
– Jimmy. - eu disse.
– SEU BOSTA, CADÊ SUA MOTO? - perguntou Canni.
– É... Ficou para trás, infelizmente. - Everthon entristeceu.
No momento da conversa, uns dez zumbis invadiram a rua e correram em nossa direção. Saquei o revólver e Giovanna o seu arco, enquanto Canni corria até sua moto e puxava uma Calibre 12 que estava dentro de um saco.
– Isso vai ser super divertido. - ele disse.
– Ah se vai. - disse Giovanna enquanto subia na caminhonete e atirava em dois zumbis. - headshot!
Canni correu até cinco zumbis, mirou na cabeça de três e os matou. Ele agarrou o outro pelo pescoço e bateu contra a janela de um Tucson preto que morreu na hora. Ele sacou um pé de cabra médio das costas e acertou a cabeça do último cinco vezes até ele cair. Everthon correu até outros dois, deu um chute na cabeça de um que caiu duro. Como ele fez isso com aquele pé? Sacou uma pequena faca de corte e enfiou no olho do segundo, puxou de volta e a limpou. Atirei na cabeça do último que era uma mulher, e ela caiu morta enquanto gemia.
– Para dentro, todo mundo, agora! - eu gritei enquanto corria até a casa. - Vão vir mais!
Corremos até o corredor da casa e então fechei a porta. Canni empurrou um sofá até a porta e sentou-se nele. Abriu um cantil de uísque e deu uns goles.
– Precisamos sair daqui. - Giovanna disse.
– Vamos para onde? - perguntou Everthon.
– Um local mais calmo, que tal? - eu disse.
– Vamos para o polo industrial do interior, fica numa cidade há alguns quilômetro daqui. Produzem de tudo lá, e tem bons esconderijos. - Canni deu a ideia.
– Certo, você sabe ir? Precisamos sair daqui agora. - disse Giovanna.
– Claro. Só me dizer quando devemos ir. - respondeu Canni enquanto guardava seu cantil de uísque.
– Vou pegar algumas coisas lá em cima, Giovanna pegue algumas outras na cozinha. - eu disse. Ela assentiu com a cabeça e foi em disparada até a cozinha.
Cheguei ao meu quarto e entrei, peguei minha mochila e a coloquei nas costas. Corri até o escritório e abri as gavetas, peguei munições, álcool e algumas ferramentas e joguei tudo dentro da mochila. Corri até a sala novamente, e Giovanna colocou alguns itens na minha mochila também.
– Vamos? - perguntei.
– Certo. - disser Everthon. - Vamos pegar o carro na garagem e ir.
– Eu vou na minha moto, então eu abro o portão para vocês. - Canni disse.
Então fomos até a garagem, eu, Giovanna e Everthon entramos no carro enquanto Canni abria o portão da garagem. Ele abriu e correu até a sua moto, colocou o capacete e ficou acelerando. Dei ré no carro até a rua e fui em direção à esquina, Canni nos ultrapassou e foi nos guiando até a rodovia.
– Estão bem? - perguntei.
– Agora sim. - disse Everthon no banco do fundo. - Pensei que iria morrer naquele baú.
– Agora estamos bem. - disse Giovanna.
Quando alcançamos a rodovia, Canni acelerou e nos obrigou a fazer o mesmo.
***
Quando chegamos próximo a placa de entrada do polo, tivemos um panorama do lugar: várias indústrias gigantescas se espalhavam por um terreno plano e enorme, havia uma indústria maior que as outras que jorrava fumaça por uma chaminé gigantesca. Nesse prédio, havia um símbolo de um triângulo colorido por três cores, amarelo, azul, e verde. Indústrias menores se espalhavam por ruas, e carros abandonados nas ruas deixavam o lugar ainda mais assustador. O clima havia mudado, o céu estava cinza com nuvens pretas e raios caíam fortemente.
– Lugar medonho. - disse Giovanna.
– Cara, parece cenário de filme de terror. Esses raios estão me deixando assustado. - Everthon disse.
Canni acelerou mais e fiz o mesmo. Passamos por uma ponte que ficava sob um rio muito poluído. O vento estava forte e os raios estavam caindo com mais frequência. Paramos o carro ao lado de Canni e ele nos informou:
– Já estive aqui algumas vezes. Mas não com esse clima aí, estava bem melhor. Enfim, ficaremos aqui por algum tempo e depois partimos, que tal? - perguntou ele.
– Ok. - respondi - Quero checar aquela indústria maior lá no final da avenida, pode ser?
– Hum... Alchemic? Hum... Trabalhei lá por um tempo, conheço a terra. - Canni disse enquanto observava a indústria. - Vamos.
Seguimos até a indústria, paramos no estacionamento da frente e descemos.
– É grande. - disse Everthon. - e alta.
– Sim, sim. - Canni se aproximou de nós. - Quando trabalhei aqui, eu não podia sair da Área 12, só podia ficar entre a 1 e a 12 mesmo. Então não conheço completamente o lugar todo. Mas sei que temos até a Área 22, que é o topo, para ir.
– O que fazem aqui? - perguntei.
– Então... Até o 12 eles fazem Armas mesmo. A partir do 12, não sei. Era um coisa mais secreta mesmo. Mas tem algo haver com o governo, ou tinha, pelo menos. - Canni nos disse. - Vamos entrar.
Ele saiu empurrando sua moto até o hall de entrada da empresa, e nós o seguimos.


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