Diário de Sobrevivência escrita por Pedro Pitori, WillianSant13


Capítulo 14
Diário 1 - Giovanna




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Estava ficando mais frio mesmo. Os galhos das árvores naquela rua, estavam balançando muito, e folhas voavam por aí. O outono estava chegando. Decidimos ir atrás de Luana e Gustavo e nos aproveitar deles para obter mantimentos e abrigo. O meu cabelo preto e comprido estava bastante agitado com o vento e eu tinha que segurá-lo para que parasse de voar. Jimmy foi correndo à frente com o revolver escondido atrás, e Everthon fitava o chão enquanto caminhava em direção a casa. Havia um pouco de sangue na minha camiseta do zumbi que matei dias atrás, mas eu não sentia nojo, eu já acostumei com aquilo tudo. Eu não era igual aquelas patricinhas que vestiam rosa do colégio, que sentiam nojo até de ketchup, aquelas que faziam bullying comigo. Eu torço para que estejam todas mortas. Tirei do meu bolso um pequeno estilete e o observei: foi do meu avô, e então passou para meu pai até chegar em mim. De acordo com a tradição, eu deveria passar para meu filho ou filha, e eles passarem para os filhos deles e assim em diante. Mas acho que isso não iria acontecer mesmo, então, guardei o estilete no bolso e segui até a casa branca. Quando alcançamos a casa Branca, a porta estava aberta e então entramos: entramos num pequeno corredor com paredes de madeira e um escada para o andar superior, havia um arco que levava até a uma sala também revestida em madeira com sofás, televisão, lareira e alguns quadros.
– Olá? - chamei.
– Ah, entrem. Estamos na cozinha! - gritou uma voz aos fundos.
Caminhamos até uma porta branca no final do corredor, Jimmy havia guardado sua arma no coldre da cintura e Everthon estava desconfiado. Chegamos até a porta branca e Jimmy a abriu devagar, a cozinha estava escura, só algumas velas estavam acesas nos balcões e na mesa de jantar. Entramos o três e Everthon fechou a porta, Gustavo estava comendo uma espécie de sopa e Luana estava sentada com os pés em cima da mesa.
– Então, vocês estão fazendo o que aqui nesta cidade? - perguntou Luana.
– Hã, apenas de passagem. Não pretendemos ficar muito tempo, estamos procurando algum lugar à Oeste para ficar. - respondi.
– Só vamos pegar alguns suprimentos, e dentro de algumas horas estaremos fora daqui, eu espero. - disse Jimmy.
– Ah, entendo. Vocês vem de que lugar? - perguntou Luana.
– Zona de Quarentena 13 em São Paulo. - respondi.
Gustavo que estava comendo sua sopa, agora havia se engasgado.
– Espera aí, Quarentena 13? Luana, não era para onde supostamente Guilherme tinha que ir?
– Acho que sim, Gus. - Luana agora girava seu anel no dedo. Seu anel havia uma cruz vermelha grande desenhada. Everthon observou o anel com cara desconfiada.
Passamos o resto da noite toda conversando sobre variados assuntos e tudo mais. Everthon estava descontraido e ria bastante das piadas que Luana soltava, eu às vezes ria bastante também. Mas Jimmy, Jimmy estava sério e não riu uma vez sequer desde quando chegamos ali. Eu entendia o lado dele, perdeu o melhor amigo, não tem notícias da família e tudo mais. Ele está bem abalado com tudo isso, assim com todos nós, porém, ele está bem mais. Era mais ou menos dez da noite quando Luana nos informou:
– Pessoal, a conversa está boa, mas preciso dormir. Foi duro ter que proteger esta casa hoje e amanhã, teremos mais trabalho para deixar isso mais seguro. Venham comigo, mostrarei onde vocês irão dormir esta noite. - ela se levantou e foi em direção ao corredor e nós a seguimos. Ela subiu as escadas até o andar superior, quando chegamos lá observei a área: um corredor menor revestido em madeira preta com uns quadros e cinco portas no total. - Então, aquela última porta ali - apontou ela. - é o banheiro, se precisarem é só ir até lá. As duas portas ali, a da esquerda é o meu quarto e do Gustavo, e a da direita é o quarto de vocês... Como é o seu nome mesmo? - ela fitou Everthon.
– Hã, Everthon. - ele respondeu
– Isso, Everthon. O seu quarto e o deu Jimmy é ali. Giovanna pode ficar com o quarto que fica ao lado do escritório. - Luana foi com os garotos até o quarto deles, eles agradeceram e fecharam a porta. Ela veio em minha direção e foi até a outras duas portas brancas que ficavam lado a lado. - Vem. Você fica aqui, certo? - ela abriu a porta.
– Hã, beleza. - respondi. Fui até o quarto e entrei. - Fique à vontade, qualquer coisa me chame! - ela sorriu e fechou a porta.
Observei o quarto: era médio. Tinha um armário pequeno próximo a janela que tinha persianas, uma cama com lençóis rosas, um tapete branco no chão, uma escrivaninha branca com um computador, e uma estante com alguns livros desordenados. Caminhei até a Janela e observei a chuva cair lá fora, abri as persianas e deixei a Lua iluminar o quarto. Voltei até a cama e pulei nela, eu estava cansada e o dia havia sido longo. Tirei o meu Jeans e o joguei no chão, eu não tinha forças para mais nada hoje e acabei adormecendo.
***
Acordei no dia seguinte com o Sol invadindo o quarto e indo em direção aos meus olhos. Alguém estava batendo na porta agora.
– Pode entrar. - eu disse em voz de sono.
Luana entrou no quarto.
– Acorde, acorde. Temos coisas à fazer e coisas que eu tenho para te mostrar. Poderia me ajudar com o café? E depois com o Jardim, talvez?
– Tudo bem. - bocejei.
Luana saiu do quarto e eu a ouvi bater na porta dos meninos. Levantei e coloquei meu Jeans novamente, peguei uma escova que estava na escrivaninha e escovei meus cabelos. Sai do quarto e o corredor estava vazio, desci até a cozinha e encontrei Luana preparando o café da manhã.
– Onde está todo mundo? - perguntei.
– Jimmy está ajudando o Gus no na garagem e Everthon ainda está dormindo.
– Entendo. - fui até a mesa e passei géleia em algumas torradas que coloquei num prato. Comi apenas algumas porquê não estava com tanta fome. O silêncio agora estava reinando ali na cozinha. Peguei o prato com as torradas e fui até a garagem encontrar Jimmy. Cheguei lá e ele estava limpando as mãos num pano velho, ele sorriu quando meu viu.
– Trouxe para você. - eu disse enquanto colocava as torradas em cima da mesa de ferramentas. - espero que goste.
– Obrigado. Aposto que estão ótimas. - ele sorriu.
– O que vocês estão fazendo? - observei o nosso carro que ali estava.
– Ah... Estamos consertando o carro. Abasteci com gasolina e fiz alguns reparos no motor. - Jimmy encostou na mesa e fitou o carro. - agora acho que está bom.
Luana gritou meu nome na cozinha.
– Ah, acho que é hora de arrumar o jardim. - beijei a bochecha de Jimmy e sai da garagem. Ele me observou.
Cheguei na cozinha e Luana estava com luvas brancas e um chapéu verde.
– Vamos, tenho algumas coisas para te mostrar no jardim.
– Certo. - respondi.
Saimos pela porta dos fundos e chegamos ao quintal, era fechado com cercas marrons e arame farpado, tinha uma horta pequena, uma árvore com um balanço e uma pequena piscina de plástico. Segui Luana até a horta, e ela começou a cuidar das plantas, colocou adubo e observou a horta por um tempo. Ela pegou uma cesta e me deu.
– Vou te dar os alimentos e você coloca ai, certo?
– Sim. - respondi.
Fomos caminhando pela horta e Luana ia me dando os alimentos, eu os colocava dentro da cesta. Voltamos até a cozinha e coloquei a cesta em cima da mesa, Luana tirou suas luvas e o chapéu. Puxei uma cadeira e sentei.
– Ufa, cansei. - ela disse.
Everthon desceu as escadas e veio até a cozinha.
– Bom dia. - eu disse.
– Bom dia. - ele bocejou.
Gustavo entrou na cozinha.
– Ah, Everthon que bom que acordou. Preciso da sua ajuda lá no porão.
Everthon que estava comendo um maçã agora, fitou Gustavo por uns segundos.
– Tudo bem. Vamos.
Os dois sairam da cozinha e foram até uma pequena porta embaixo da escada
– Cuidado com a cabeça. - disse Gustavo.
Os dois entraram e fecharam a porta.
– Já volto. - Luana pegou suas luvas e o chapéu e saiu da cozinha.
Fitei a janela por um tempo. Era cerca de meio dia agora e o sol estava bem forte lá fora. Jimmy entrou na sala e puxou uma cadeira ao lado da minha.
– Como foi com o jardim?
– Ah foi legal! - respondi animada. - E com o carro? Vocês estão bem?
– Sim. Nenhum zumbi até agora, achei isso super estranho. Parece que eles ignoram esta cidade.
– Estranho. - respondi.
Ficamos conversando por cerca de duas horas ali, a conversa ia muito bem. A gente ria bastante e ele tinha assunto para conversar. Isso eu gostava muito nele, ele sempre tinha sobre o que falar.
– Quer ver como o carro está? - ele perguntou.
– Claro, porquê não? - perguntei.
Saimos da cozinha e fomos até a garagem que estava vazia. Jimmy se aproximou do carro e abriu o capô.
– É, acho que agora esta tudo bem. - ele disse.
Me aproximei do motor do carro e observei como estava: eu não entendia nada. Cheguei mais próximo à parte de trás do motor e quando levantei, bati a cabeça no capô que soltou um som abafado.
– Você está bem? - perguntou Jimmy enquanto me segurava.
– Ai, essa doeu. - eu ri e me aproximei dele sem querer.
Nós rimos e ficamos olhando um nos olhos do outro. E então, ele me beijou. O beijo era lento, bom e durou apenas alguns segundos. Me afastei dele e desviei o olhar enquanto ria.
– Desculpa. - ele riu. - Foi... Sem querer.
– Não sei porquê você está pedindo desculpa. - eu disse.
Ficamos com muita vergonha então, ele foi até o motor e continuou observando-o. Escutamos rosnados vindos lá de fora e percebemos que se tratavam de zumbis. E alguém havia deixado o portão da garagem aberto.
– Droga! - Jimmy correu até o portão enquanto seis zumbis tentavam entrar. Corri até ele e ajudei-o a fechar no momento em que um zumbi quase passou por debaixo do portão. Fechamos o portão e só então, ouvimos sons de zumbi na porta da sala. Corremos até a sala no momento em que alguns zumbis tentavam derrubar a porta e entrar.
– Droga! - gritei enquanto corria para fechar a porta. Depois e algum esforço conseguir fechar a porta e puxar o sofá para servir com barricada. Jimmy havia colocado outro sofá na porta que levava até a garagem. - Everthon! Precisamos achá-lo!
– Para o porão, rápido! - Jimmy corria até o corredor agora.
Chegamos ao corredor e Jimmy abriu a porta embaixo da escada, ele me chamou e descemos até o porão escuro. Estava realmente escuro, haviam apenas duas velhas iluminado o lugar: uma na esquerda e outra na direita.
– Everthon! - chamou Jimmy. - Cara, precisamos sair daqui! Há zumbis por toda parte!
Ouvimos gemidos vindo do fundo do porão e fomos até lá. Abrimos um baú velho e vimos que os sons estavam, na verdade, sendo emitidos por Everthon que estava amordaçado. Tiramos o pano da boca dele e ele respirou ofegante.
– Quem fez isso contigo? - perguntei.
Everthon olhou para mim ofegante, e olhou atráves de mim e ficou assustado.
– Foi... ele. - ele hesitou e apontou para a escada.
Olhamos até a escada e vimos que um garoto estava parado ali nos observando.
– Vocês não deveriam ter vindo aqui.


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