Perina Series escrita por Kaori Ray


Capítulo 3
A DROP IN THE OCEAN - Capítulo 1 - Perina Series #3


Notas iniciais do capítulo

olá :) aqui estou eu de novo. Mais um primeiro capítulo de uma nova one shot. Por enquanto vou manter apenas essas três, e vou ser sincera, talvez os capítulos demorem a sair pq como são one shots, eles serão bem grandes :3 então é como se eu tivesse escrevendo uns 3 capítulos de uma fic normal...espero que entendam :x bom, mais uma vez quero dedicar esse cap as minhas migas, mas uma em especial, Ca obg por tudo :) enfim, boa leitura pra vcs.



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O dia estava nublado com ameaça de chuva, típica paisagem de Londres. Karina apertou mais a jaqueta contra o corpo e juntou as mãos soprando dentro delas para tentar se esquentar. O que era inútil, já que ela estava prestes a ficar somente de roupa de educação física, que era apenas uma legging e camisa, e como estava frio hoje, um casaco. A maioria das pessoas ali provavelmente estavam enfiadas em várias camadas de roupas, porém Karina já estava acostumada, já que tinha aulas práticas na maior parte da semana. Olhou no relógio, estava atrasada. Tinha acabado de sair do metrô e estava indo em direção á London University, onde cursava Educação Física. A noite fazia um curso de especialização em natação, que era seu maior interesse. Tinha o sonho de se tornar uma grande nadadora, como seu pai fora um dia. Seu pai. Não gostava de ficar pensando nisso. Por isso, decidiu comprar um café antes de ir para a aula e tentar afastar os pensamentos. Estava na fila esperando sua vez, enquanto mexia no celular. Trocava mensagens com a irmã Bianca, que tinha saído mais cedo e a esperava no pátio da faculdade para lhe entregar a chave do carro.

As duas dividiam o carro de Bianca, já que Karina estava juntando para comprar o seu. Karina insistiu para que não precisassem fazer isso, ela não daria o braço á torcer de que sair com o carro da irmã e não o seu era vergonhoso demais para ela. Porém, os pais insistiram para que ela usasse o carro para dirigir á noite para o curso. Bianca só usava o carro para a faculdade, então assim que chegava ela entregava a chave para a irmã mais nova.

O atendente chamou o próximo e Karina fez seu pedido. Depois de alguns minutos pegou seu Choco Chip, seu café expresso com chocolate preferido, e estava se dirigindo á saída quando bateu em alguém e sentiu o café escorrendo por seu corpo.

Sentiu uma raiva percorrer suas veias e quando olhou para cima se deparou com olhos castanhos arregalados a encarando. Ele passou a mão pelos cabelos bagunçados, bagunçando-os ainda mais, de forma nervosa.

You spilled my coffee – ela disse o encarando de forma ameaçadora. (*Você derrubou meu café.)

Ele ainda estava estático encarando aqueles olhos azuis elétricos. Ela era linda. E assustadora ao mesmo tempo. Sentia como se ela pudesse lançar raios mortais com os olhos nele. Quando finalmente saiu do transe, percebeu a situação.

Ahn...I am really sorry. I didn’t saw you. Can I buy you another one? (*Me desculpe. Eu não vi você. Eu posso te comprar outro?)

Forget about it. I am late (*Esquece, eu tô atrasada)

Wow, crabby girl, hã? (*Nossa, nervosinha, hein?)

Excuse me? (*Como?) – ela perguntou se virando para ele

Ele sorriu vitorioso.

Seriously, I am not going to waste my time with you. (*Sério, eu não vou perder meu tempo com você.) – disse e saiu tentando inutilmente secar sua blusa enquanto ele a observava sair. Não deixou de dar uma conferida no bumbum da garota, antes de se dirigir ao caixa comprar seu café.

Karina andava bufando em direção á faculdade, chegando lá em poucos minutos. Adentrou o lugar e deu bom dia para os funcionários por quem passava e se dirigiu ao pátio, já avistando Bianca que a esperava de pé em uma pilastra.

– K, o que aconteceu com você? – perguntou a mais velha olhando o estado da menina.

– Ah, um idiota derrubou meu café no caminho.

– Ih...- Bianca começou a rir – Já vi que não deve ter sobrado nem o pó do coitado. E você vai ficar mal humorada pelo resto do dia, não consegue ficar sem café.

– Não tem graça. – Karina disse, porém Bianca continuava rindo.

– Oi Bi, cheguei – disse alguém ofegante atrás delas, e quando Karina se virou, não acreditou no que via. – Você?

– Ah eu não acredito. – Karina bufou

Bianca olhou para os dois confusa.

– Espera, vocês...?

– Você é brasileira também? – perguntou o garoto olhando para Karina

– Não, sou africana. – K respondeu irônica – Pra variar, você estuda aqui. Tenho muita sorte mesmo.

– Maninha, dá pra você me explicar o que...

– Maninha? – perguntou o garoto – Você é irmã da Bi?

– Bi?

– Espera, dá pra vocês explicarem o que tá acontecendo? – Bianca pediu inquieta

– Esse é o idiota que derrubou meu café.

– Ei, idiota não. Primeiro, quem esbarrou em mim foi você, esquentadinha. Até quis comprar outro pra você. Segundo eu tenho nome, e é Pedro, muito prazer.

– Pois pra mim não é prazer nenhum. – disse K sorrindo

– Então, meu colega de classe derrubou seu café? – perguntou Bianca

– Então vocês estudam juntos?

– Sim, o Pedro faz artes cênicas comigo, embora ele queira ser músico. Ele tem até uma banda, sabia?

– Jura? – K revirou os olhos

– É, se quiser aparecer em uma das nossas apresentações, tá convidada Esquentadinha. – Pedro respondeu sorrindo

– Aham. Tá. Eu vou indo nessa porque já estou atrasada. – se virou para a irmã – Chaves.

– Tá aqui, esquentadinha. – Bianca entregou as chaves, rindo junto com Pedro.

Karina agarrou as chaves e saiu lançando um último olhar ameaçador para eles.

Seguiu para a sala, porém viu que o professor já tinha entrado, então teria que esperar o segundo tempo.

Decidiu ir para a quadra, dar uma volta no campus, botou seus fones de ouvido e deitou em uma das arquibancadas.

Fez uma playlist de músicas, fechou os olhos e se deixou sentir as palavras que eram cantadas. Ficou ali, apenas de olhos fechados, ouvindo a melodia. Permaneceu por uns 15 minutos assim. Agora, tocava Quase Sem Querer. Mexia seus pés, acompanhando o ritmo da música. Quando já estava no meio da música sentiu seus fones serem puxados. Abriu os olhos e se levantou rapidamente com o susto, dando uma cabeçada em quem estava a observando. Quando virou para ver quem era, uma raiva que havia sentido mais cedo tinha voltado.

– Só podia ser. Eu mereço, vem cá moleque, posso saber o que você tá fazendo aqui?

Pedro a encarava com uma expressão de dor massageando a testa no local da batida.

– Qual foi esquentadinha? Já é a segunda vez que você me machuca hoje.

– Você sentiu dor quando eu esbarrei em você na cafeteria? Mas é frouxo hein... – a garota começou a rir

– Então você admite que foi VOCÊ que esbarrou em mim? – ele respondeu com um sorriso vitorioso.

Karina fechou a cara e cerrou os punhos. Quem aquele garoto pensava que era?

– Devolve meu fone.

– Ui, que meda. Quero ver o que você tá ouvindo. Hmm...Legião? Até que tem bom gosto...AI! – Pedro soltou os fones e o iPod da menina na hora. Passou a mão na canela, local atingido pela loira. - Acho que não é uma boa mexer com o pessoal de educação física. Ai...

– Eu já lutei Muay Thai também. – a garota disse rindo de Pedro que ainda se doía todo.

– Oxe. Tá afiada hein esquentadinha...

– Moleque, esquentadinha é o seu...

Pedro não conseguiu ouvir o resto da frase, pois o sinal tinha tocado. Sorriu para a garota que ainda o encarava com uma certa raiva.

– Salvo pelo gongo. Tá na minha hora. Tchau, esquentadinha. – jogou um beijo para a menina, que revirou os olhos.

Karina colocou seus fones de volta e olhou no Ipod. Faltavam 20 minutos para o segundo tempo. Deitou novamente na arquibancada, e dessa vez ficou observando o céu nublado, enquanto sentia o vento gelado a atingir.

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Na hora do almoço, pegou sua comida e foi direto para a mesa onde Bianca sentava. No horário de almoço, todas os seus amigos tinham aula. Nesse tempo havia uma aula extra em seu curso, que ela não se interessara em fazer, então eles almoçavam mais tarde, fazendo com que todos os intervalos fossem desiguais. Só conversava com seus amigos ou antes do professor chegar, ou em mais ou menos três intervalos entre as aulas. Bianca namorava Duca, seu amigo que também cursava Educação Física. Duca também não fazia a aula, então ele sentava com a Bi.

– E aí, K? Ou devo dizer, esquentadinha? – brincou

– Hahaha. Até você, Duca? Me erra.

– Calma, K. – disse ele rindo

– E aí maninha, como foi a aula? – perguntou Bianca?

– Não aguentava mais ficar ali.

– É, percebi que você estava meio longe. Na verdade, a aula tava maneira. No que você tava pensando, K? – Duca a encarou rindo

– Em nada, engraçadinho.

– Hm, acho que já sei Du. – Bianca disse piscando pro namorado – Acho que um certo maluco mexeu com ela.

– Se você tá falando do Pedro...

– OLHA SÓ! – Bianca disparou em gargalhadas

– AF, cala a boca Bianca. – K encarou a irmã com raiva.

– Olha K, não é por nada, mas o Pedro é bonitinho. Aproveita.

– O Pedro é o que? – perguntou Duca

– Calma Du, eu to falando pra K.

– Acho bom.

– Que ciumento

– Sou mesmo. Vem cá. – ele puxou Bianca para um beijo e os dois ficaram trocando carinhos ali no meio do refeitório.

– Que nojo. – Karina revirou os olhos e continuou comendo

– Quer companhia pra segurar vela, esquentadinha? – surgiu Pedro já sentando ao seu lado

– Tinha que ser, eu mereço.

– Pedro! Chegou na hora certa! – disse Bianca – Mas você não tem aula nesse horário?

– Tinha. A professora faltou.

– Hoje não é meu dia – disse Karina

– Calma esquentadinha. Vim aqui chamar vocês pra ver meu show.

– Hmmm, show Pê? Já tá importante assim? Fazendo até show. Parabéns. – Bianca sorriu

– É, eu e a banda conseguimos, Bi. Vamos tocar em um bar perto do London Eye.

– Uau, guitarrista! Isso é incrível! Parabéns.

– É, mas ainda não é um show, né. Ou uma turnê. Mas meu sonho só está começando.

– É isso aí.

– Então, vocês vão? Hein, esquentadinha? – Pedro olhou para a loira ao seu lado.

– Ahn...

– Claro! Claro que vamos. – Bianca falou, recebendo um olhar mortal da irmã mais nova

– Ótimo! Passo o endereço do lugar mais tarde, Bi. Vejo vocês lá. Inclusive você, esquentadinha. – disse o garoto, dando um olhar significativo para a loira ao seu lado. – Tchau, galera. – o rapaz se levantou e se afastou.

– Tchau, Pê – disse Bianca, logo em seguida olhando para a irmã mais nova á sua frente. – Então, K...

– Você sabe que eu não vou.

– Ah K, qual é! É só um show.

– Eu tenho curso a noite.

– Seu curso acaba ás oito. Shows começam depois disso.

– Tomara que esse não.

– Karina! Tá na cara que o Pedro só chamou a gente porque queria que você fosse.

– A amiguinha dele aqui é você.

– Ele nunca tinha me chamado para um show ou qualquer apresentação da banda. Aliás nunca tinha sentado comigo no almoço. Você mesma nunca tinha cruzado com ele aqui na faculdade. Ele só veio conversar comigo hoje mais cedo, porque estamos fazendo um trabalho de teatro juntos.

A loira encarou a irmã mais velha.

– Que seja.

– Já que é assim, vou ter que levar você amarrada.

– Tenta – Karina pegou sua bandeja e levantou-se. Estava cheia daquela conversa. – Esqueceu que eu faço educação física maninha? – sorriu sarcástica e se afastou da mesa.

Duca e Bianca trocaram olhares. O namorado disparou a rir, enquanto a garota bufou e massageou as têmporas.

– Uau, parecem gêmeas!

– Nem me fala...a K é tão parecida com o papai que as vezes assusta.

– Você diz, seu pai...?

– Sim. O meu verdadeiro pai. – a garota suspirou

– Bi...

– Tá tudo bem, Du. Eu só fico preocupada com a K. Ela pensa que não tem o direito de se divertir. Ou viver.

– Ela vai ficar bem, Bi. Ela só precisa de um empurrãozinho. Um motivo. E nós estamos ao lado dela.

– Eu espero. Depois do acidente ela se tornou outra pessoa. Não deixa ninguém se aproximar.

– Eu vi potencial nela e no Pedro, hein?

– Sério? Será? – Bianca abriu um sorriso

– Nós vamos ter que descobrir.

– Isso aí. Eu vou arrastar ela pra essa festa. Não importa como. – a menina sorriu, logo em seguida de ouvir o sinal tocar. O horário de almoço havia acabado. Ela e Duca se despediram, e cada um seguiu seu caminho.

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Karina andava pelas ruas de Londres, se encolhendo dentro de sua jaqueta e esfregando as mãos para tentar se aquecer. Nem havia chegado o inverno ainda, porém a maior parte dos dias do ano em Londres eram nublados durante o dia, um pouco de chuvas ás vezes, e um vento frio e gelado á noite.

Tinha acabado de sair do curso de natação. Tomou um banho na academia depois da aula prática de hoje, e tentou se agasalhar o máximo possível. Havia tentado secar o cabelo, porém uma das garotas estava usando para secar as imensas madeixas que levariam no mínimo uma hora para secarem totalmente, enquanto Karina tentava convencer a menina de que só precisaria de dois minutos para secar seu próprio cabelo. Com as aulas práticas na faculdade e no curso, como tudo que fazia envolvia algum esporte, Karina decidiu cortar seu cabelo, naquele estilo ‘’Joãozinho’’, que facilitou muito sua vida. Quando acordava, era só passar as mãos nos fios que já estava tudo certo. Para secar, era só passar o secador por cinco minutos. Prático.

A loira havia tentado comprar um café, sua quarta dose diária, como sempre, porém a fila estava enorme. Então desistiu, e resolveu seguir seu caminho para casa. Continuou andando pelas ruas, atravessou um cruzamento, e continuou na sua reta até chegar á uma esquina que daria para uma pequena rua com prédios antigos. Entrou em um dos prédios no final da rua, e subiu de elevador, logo pegando suas chaves. Porém assim que destrancou a porta do apartamento, Bianca na mesma hora saiu a empurrando para trás. Duca vinha atrás dela.

– Mas o que é isso...? Bianca, deixa eu entrar em casa. Tá maluca? – disse a loira irritada

– Nananinanão. Hoje não, mana. Temos um compromisso agora, esqueceu?

– Ah não.

– Ah sim – disse Duca rindo atrás da namorada

– Eu NÃO vou para esse show.

– Vai sim, na verdade já está indo. – Bianca apertou o botão do elevador, enquanto Duca segurava Karina, impedindo a menina de tentar fugir.

– K, vai ser divertido.

– Cala a boca, Duca! Vão vocês dois então! Porque estão me forçando á ir?

– Porque Karina, você precisa se divertir. Isso é saudável. Sabia?

– NÃO ME IMPORTA. ME DEIXA ENTRAR EM CASA!

– Não queria ter que fazer isso maninha – Bianca suspirou – Du.

O rapaz prendeu Karina pelos braços, e imobilizou a garota na parede. Sabia que ela poderia se soltar, porém Duca a prendeu com força. Bianca pegou uma fita isolante e colou um pedaço na boca e nos pulsos da irmã mais nova.

– Bem melhor. – a garota ria, junto com o namorado, enquanto assistiam a pequena loira á frente deles se contorcer. – Partiu?

– Partiu.

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Karina ainda se contorcia, tentando se livrar da fita em seus pulsos, enquanto Duca e Bianca riam da loira. A garota já estava com o rosto vermelho, e com certeza quando conseguisse se soltar, iria explodir junto com todos á sua volta que estivessem á dez metros de distância.

Duca parou o carro em frente a um bar, com um estilo badalado, as paredes pintadas de preto, e um grande letreiro neon com um nome meio confuso de se ler, porém estava escrito Snake Club. Ele e Bianca saíram do carro, ouvindo de fora a música que tocava ás alturas e logo abrindo a porta de trás e tirando Karina de dentro.

A garota mais uma vez tentou se livrar das fitas, mas eles não a soltaram até entrarem no bar. Bianca tentou localizar Pedro, olhando para o palco, mas não havia ninguém ali. Porém logo o garoto vinha na direção deles com um sorriso no rosto.

– Bi! Vocês vieram! E aí? Espera...porque a esquentadinha ta....?

– Só assim. – Bianca disse tentando controlar o riso, logo em seguida tirando a fita da boca da irmã mais nova.

– BIANCA! – a loira deu um berro tão alto, que apesar da música alta, algumas pessoas ao redor pararam para olhar. – VOCÊ ENLOUQUECEU? OLHA, ASSIM QUE EU ME SOLTAR, PODE SE CONSIDERAR UMA GAROTA MORTA.

– Ai, meu santo. Du, me protege. – a garota correu para trás do namorado enquanto Karina tentava soltar seus pulsos com os dentes.

– Calma, ninguém aqui vai matar ninguém. Se controla, K. E se você se comportar, no final da noite a gente libera os pulsos. – disse Duca rindo – Pedro, nada de soltar ela viu? – puxou Bianca, e juntos saíram de perto de Pedro e Karina.

– Vish, tá ruim pro teu lado, hein esquentadinha...

– Cala a boca, moleque! Olha, eu juro que quando eu me soltar, não vai faltar voadora pra dar em vocês.

– Eita, mas pra quê essa raiva toda?

– Isso é culpa sua.

– Minha?

– É. Ai! Deixa pra lá! Só solta os meus pulsos, vai. Faz alguma coisa que preste.

– Nananinanão. Ordens especificadas. Não posso soltar a senhorita. – disse o garoto rindo da pequena loira á sua frente toda vermelhinha e irritada.

– Então vai ser assim?

– É, isso aí.

– Beleza. – a loira se aproximou do rapaz, vendo que o mesmo ainda tinha o sorrisinho convencido estampado no rosto. Colou seus corpos, sentindo sua respiração quente atingi-la. – Vocês esqueceram, que eu ainda tenho partes do corpo livres?

Pedro encarava aqueles olhos azuis elétricos, eles pareciam dois holofotes no meio do bar escuro, como duas pedras preciosas. Era incrível. Era como mergulhar no mais azul dos mares. Como uma gota no oceano. Seu coração batia mais rápido, e seu olhar rapidamente se desviou para a boca da loira.

– Eu não esqueci. – sorriu maliciosamente, já avançando para finalmente provar daqueles lábios quando... – AI! PUTA MERDA!

O garoto baixou suas mãos para o local entre suas pernas, que a poucos segundos fora atingido por um dos joelhos da garota á sua frente.

– QUAL FOI, ESQUENTADINHA? EU AINDA QUERO TER FILHOS!

– Pode me soltar agora? – disse a garota sorrindo

– Peraí, calma, que onde tá doendo ninguém vai querer fazer massagem.

– King of drama. – Karina revirou os olhos

Isso foi o suficiente para Pedro se recompor, e ficar frente á frente com ela novamente.

– Você quer que eu te solte?

– Agora.

– E se eu não o fizer?

– Bom, vou ter que te dar uma voadora. Ou outra joelhada, deixo você escolher. – disse a garota sorrindo

– Tá bom. Vem esquentadona, vou fazer isso. – Pedro andou por entre algumas pessoas no meio do bar, olhando para trás para conferir se a loira o seguia. Ele seguiu para um dos cantos da casa de show, onde tinham alguns sofás. Apontou para um deles, e se dirigiu á loira:

– Sente-se.

Karina obedeceu, e se sentou lhe oferecendo os pulsos.

– Anda logo.

– Então, se eu não soltar você me dá uma joelhada/voadora, pois ainda tem alguns membros livres, certo?

– É. Agora, solte-me.

– Acho que não.

– E como...? – a garota bufou e já ia se levantar, quando Pedro sentou em seu colo e jogou todo seu peso em cima da loira. Sabia que podia machucá-la, mas Karina disse que já tinha lutado Muay Thai, então acreditou na força física da garota. – Mas o que....?

– Agora, você não tem nenhum membro livre esquentadinha. – o garoto começou a rir

– Sai de cima de mim! Seu gordo! – a menina se contorcia embaixo dele.

– Gordo? – Pedro subiu sua camisa, passando a mão por sua barriga lisinha. – É, tem razão, acho que to meio gordinho. Espera... SOU UM GORDINHO GOSTOSO, GORDINHO GOSTOSO, SOU UM GORDINHO GOSTOSO... – o garoto começou a cantar

– Meu Deus, ainda canta mal. O que eu fiz pra merecer isso?

– Assim você me magoa, esquentadinha.

– É isso mesmo que eu to vendo, produção? – Bianca parou em frente aos dois, com Duca ao seu lado, os dois rindo da cena que observavam.- Ela resistiu?

– Sim.

– Tentou voadora? – perguntou Duca

– Isso mesmo.

– Boa, moleque – Duca deu um tapinha no ombro de Pedro e os dois não conseguiam segurar o riso

– TIREM ESSE GORDO DE CIMA DE MIM. – Karina inclinou sua cabeça para o lado do corpo de Pedro, tentando ver a irmã e Duca. – Você tá achando isso muito engraçado, né Bianca?

– Eu não tô achando nada. – a morena disse rindo

– Ela vai ver quando chegar em casa. Patricinha mimada. – resmungou Karina atrás de Pedro.

– Calma, esquentadinha. Olha o coração...

– Pedro! Eu tava atrás de você que nem louco! Tá na nossa hora, cara. Vem, temos que ir pro palco. – disse um garoto de óculos á frente deles.

– Ah! Claro, já to indo! Alguém me substitui aqui, por favor? Pode ser que a fera tente alguma coisa.

Duca e Bianca gargalharam, enquanto Pedro saía em um pulo do colo de Karina, antes que ela o atingisse de algum modo.

– Tudo bem, Pê. Ela tá tranquila. Vai lá. Boa sorte, estaremos aqui vendo vocês – Bianca confortou o amigo, sorrindo

– Valeu, Bi. Vou nessa, daqui a pouco vejo vocês. - disse o garoto acenando, e logo em seguida jogando um beijo para a loira emburrada em um canto do sofá – Até mais, esquentadinha.

Karina revirou os olhos, enquanto Bianca a ajudava levantar para irem até o centro do bar, ficar de frente ao palco, esperando a banda aparecer. Quando finalmente o fizeram, Pedro assumiu o vocal, antes de começarem.

Good night people. – ele começou, falando em inglês pois só havia ele, a banda, Bianca, Duca e Karina de brasileiros ali. - Today it’s a really special day to our band. Thank you so much for being here with us. So...ARE YOU READY? We wanna rock this place. Oh...But before, I would like to dedicate this night to a girl...– o garoto sorriu e direcionou seu olhar para os holofotes azuis no meio de todas aquelas pessoas. Ele conseguia achá-la em um segundo mesmo no meio naquele monte de gente. - I call her Esquentadinha, wich in Portuguese it means a ‘really grumpy girl’.

*- Boa noite galera. Hoje é um dia muito importante pra nós da banda. Muito obrigado por estarem aqui. É isso aí! Estão prontos? Vamos agitar esse lugar. Ah, mas antes, quero dedicar essa noite a uma garota. Eu a chamo de Esquentadinha. Em português quer dizer uma menina bem estressada.

Karina sentiu seu rosto queimar, e logo lançava um olhar mortal para Pedro, que ria da reação típica da menina. A banda começou a tocar, e Pedro passou o microfone para a vocalista, Sol.

A melodia da música começou a invadir o lugar, e logo todos já estavam dançando. Não era uma música agitada, mas também não era lenta. Bianca se balançava ao lado de Duca, que descansava o braço na cintura da morena. O espaço era tão apertado que não dava para fazer muita coisa. Karina apenas observava Pedro, tentando ser discreta, e toda vez que o mesmo olhava para ela, a loira rapidamente desviava o olhar.

Once in a lifetime

The suffering of fools

To find our way home

To break in these bones

Once in a lifetime

Nesse momento, Pedro olhou para a garota no meio da plateia. Os olhos azuis não o encaravam de volta, ele podia ver como ela estava meio deslocada ali. Ainda com as mãos atadas, ela observava Sol cantando, inerte, como se não existisse mais ninguém a sua volta. Então ela desviou seu olhar, encontrando o dele.

Give me a shot at the night

Give me a moment, some kind of mysterious

Os dois se encararam por alguns segundos, parecendo que só tinham eles no ambiente. Então como de praxe, a loira quebrou a conexão, e se afastou dali. Com certa dificuldade, ela se esquivou das pessoas e conseguiu sair da aglomeração.

Ela sentou no bar e pediu uma cerveja. A música continuou tocando, enquanto ela observava o ambiente. Olhou para seus pulsos e suspirou. Preferia mil vezes estar em casa. Lendo seu livro, ou estudando para a faculdade. Ficou ali, apenas olhando as pessoas, até a música acabar.

Sua cerveja chegou, e ela automaticamente se inclinou para pegar o copo, porém foi impedida, pelos seus pulsos atados. Bufou de raiva, e pediu um canudo ao barman. Capturou o canudo com a boca, e puxou a bebida gelada.

– Quer uma ajudinha, Esquentadinha?

Karina se virou já sabendo quem era.

– Me erra. Ou me solta.

– Quer que eu dê na boquinha?

– Pedro. – ela disse o nome dele como um aviso

– Ok. Vou me manter bem longe das suas pernas. Mas e aí, gostou na minha dedicatória? – perguntou sorrindo

– Tanto faz. – a loira deu de ombros

– Nossa, assim você me magoa. E da apresentação, pelo menos?

– Foi maneira. Vocês não são tão ruins. – a menina sorriu de lado, encarando seu copo. – Pensei que o The Killers ia aparecer aqui protestando.

– Você curte?

– Brandon Flowers? Curto – ela sorriu maliciosamente

– Ai, não faz meu tipo. – o garoto fez uma voz fina – Sou mais um cara alto, com os cabelos volumosos – balançou a cabeça para o lado – Com fortes músculos...

– Além de mãos atadas, eu devo estar cega, porque não to vendo nada disso. – disse a garota rindo das poses que Pedro fazia

– Ai gata, você não tem bom gosto.

– Que seja. – revirou os olhos, e voltou a beber sua cerveja. Bebeu até metade do copo, e se voltou para Pedro – Você já pode me soltar? Tá dando dormência nos braços. Gosto de usar eles, sabe.

– Mas a noite ainda não acabou. – ele disse sorrindo

– Pra mim acabou.

– O show mal começou. Vem.

– Vem onde?

– Vem comigo. – Pedro puxou a menina do banco indo para a pista de dança. A banda tinha dado uma pausa, e estava tocando algumas músicas agitadas. Ele ajudou a garota a se locomover no meio das pessoas, e assim que conseguiram ganhar um espaço, ele parou. Começou a tocar uma música lenta. – Se eu te soltar, posso te pedir uma coisa?

– Depende. – disse a garota encarando aqueles olhos castanhos brilhantes

– Dança comigo?

– Eu não danço, Pedro.

– Só essa noite.

A garota suspirou. Estava cansada.

– Eu não sei dançar.

– Eu te ensino. Te ajudo.

– Tá – se deu por vencida, e não se arrependeu ao ver o sorriso estampado no rosto dele. – Não aguento mais ficar desse jeito. – ofereceu os pulsos para ele.

Pedro puxou a ponta da fita com os dentes, enquanto Karina observava. Ele ficou incrivelmente sexy fazendo aquilo, e a garota não sabia porque pensava isso, logo ficando corada. Agradeceu mentalmente por estar mal iluminado onde eles estavam. Ele desenrolou a fita, libertando as mãos da menina.

Seus pulsos estavam vermelhos, e Pedro inconscientemente passou a mão por eles, para melhorar a circulação sanguínea, e tirar a cola da fita. Karina observava cada movimento seu, estática.

– Pronto. Está livre.

– Até que enfim. – disse passando as mãos pelos pulsos.

– Bom, agora dança comigo?

– Tenho outra opção?

– Não. – ele disse rindo – Vem, vou te ensinar. Primeiro, vamos ter que ficar bem pertinho, assim ó. – ele a puxou para si, vendo a loira arregalar os olhos, e provavelmente ficando vermelha. Botou a mão em sua cintura, e puxou uma de suas mãos. – Agora, a gente se movimenta, pra lá e pra cá. Acompanhando a música.

Eles começaram a se mover, porém como Karina estava meio desajeitada, acabou pisando em um dos pés de Pedro.

– Ai!

– Eu te falei...- ela disse rindo

– Então, vamos ter que fazer assim. – ele ergueu a loira do chão, e a colocou em cima de seus pés.

– Pedro, isso é sério?

– Só presta atenção nos meus passos, Esquentadinha.

It's only half past the point of no return

The tip of the iceberg, the sun before the burn

The thunder before the lightning, the breath before the frase

Have you ever felt this way?

Karina prestava atenção nos movimentos de Pedro, porém em um momento, ergueu a cabeça e o olhou nos olhos. Ele também a encarava, e os dois ficaram ali, por um tempo, apenas olhando um para o outro, perdido nos pares de olhos á frente de cada um. Karina apertou sua mão no ombro de Pedro, enquanto o mesmo erguia uma de suas mãos para fazer carinho no rosto da loira. Porém, a garota o interrompeu, descendo de seus pés, e se afastando dele.

– Karina?

A menina se virou e saiu correndo, indo para o lado de fora do bar. Parou na calçada, buscando fôlego, e sentindo seu coração bater rápido demais. Botou uma das mãos no peito, sentindo as batidas compulsivas, e não entendendo porque estava naquele estado. Ela se sentia desnorteada. Como se estivesse acabado de sair de uma atmosfera que a consumisse. Passou a mão pelos cabelos, e engoliu em seco, tentando se acalmar.

– Ei? Você tá bem, Esquentadinha?

Não.

– Pedro...eu só preciso de um pouco de ar.

– Tudo bem...mas...por que você saiu correndo? – ele parou na sua frente, de modo que agora a loira conseguia ver direito seus olhos.

– Eu...eu não sei.

– A proximidade te deixou nervosa? – perguntou em um tom divertido

– Talvez. Gosto do meu espaço próprio. Grude não é comigo. – respondeu convencida

– Alguns grudes podem ser bons. – ele disse se aproximando

– Não concordo. – ela foi andando para trás

– Eu posso te fazer mudar de ideia. – ele a encurralou em uma parede olhando bem nos olhos dela.

– E eu posso te dar um chute agora mesmo.

– Calma, sem violência. Eu só quero...

– O quê? – o olhar da menina se direcionou para os lábios do garoto a sua frente. Era evidente o que os dois queriam.

Pedro acabou com a distância entre eles, selando seus lábios. Suas línguas dançavam juntas, grudadas uma na outra, como tinham feito há poucos minutos. De repente, uma chuva começou a cair. Porém eles não interromperam o beijo. Pedro mordeu o lábio inferior da menina, causando arrepios na loira. A mesma puxou o cabelo dele em resposta, que a essa altura já estava completamente molhado.

Os dois se separaram em busca de ar, sentindo os pingos caírem repetidamente em seus rostos. Eles já estavam encharcados.

– Te fiz mudar de ideia? – ele perguntou sorrindo

– Me erra, moleque. – ela se afastou, sorrindo sem que ele visse. Entrou de novo na boate, assim percebendo o quanto estava molhada.

– Ei... – Pedro vinha atrás dela, porém ele foi interrompido antes de falar algo.

– Pedro! Cara, quantas vezes vou ter que correr atrás de você essa noite? Você foi pra onde, pra Nárnia? – perguntou o mesmo menino de óculos de mais cedo.

– Não, mas foi tão incrível quanto. – falou sorrindo maliciosamente para a loira, que revirou os olhos.

– Hm, entendi. Legal, mas dá para irmos pro palco agora, continuar o show?

– Claro, vamos lá. Te vejo depois, Esquentadinha. – disse ele dando uma piscada.

A loira revirou os olhos mais uma vez, com o gesto careta do menino. Resolveu ir atrás de Bianca, e tentar implorar para irem para casa.

Ou talvez...até tivesse curtindo. Havia um bom tempo que não se sentia assim. Decidiu ir ao bar. Sentou em um dos bancos e pediu mais uma cerveja, enquanto ouvia a banda começar a tocar novamente.


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Notas finais do capítulo

então, gostaram? :3 me digam nos comentários! As músicas citadas no capítulo, em ordem cronológica, são: Legião Urbana - Quase Sem Querer / The Killers - Shot At The Night / Pink - Glitter In The Air. Me sigam no twitter: @perinaseries Espero que tenham gostado :) xoxo