"Juventude se abraça
Faz de tudo pra esquecer"

Manigold estava feliz, não era alguém triste, mas aparentava estar ainda mais animado, sorrindo abertamente para todos, até mesmo Asmita, que nunca fora um de seus favoritos já que era muito quieto e estava sempre meditando.

Havia até mesmo agradecido ao cavaleiro de Áries pelos conselhos, especialmente o da flor, dizendo que ele havia sido muito útil e que os curativos que ele fazia eram ótimos, recebendo um sorriso do loiro.

Albafica gostava de ver o outro tão feliz, e saber que era a causa dela o deixava igualmente alegre, apesar de não demonstrar tão claramente como o italiano fazia.

Se passaram alguns dias desde o dia em que o pisciano o levou para seu lugar especial e ele finalmente tocou a pele quente do maior, ato que não voltou a acontecer, fato que o canceriano não parecia dar muita importância.

Suas rotinas voltaram ao normal, com as velhas missões, lutas e treinamentos, e com isso a mania do menor de evitar contato, não permitindo que ninguém o tocasse, se aproximasse demais e se trancando em seu templo, somente saindo de lá durante as visitas do parceiro ou de outro cavaleiro, que aconteciam mais frequentemente agora.

Durante suas visitas o canceriano não tentava se aproximar, mas mesmo assim algumas vezes chegou a imitar o companheiro e deu broncas nele, afinal, o mesmo havia dito que tentaria se importar menos com o sangue e não parecia estar se esforçando muito para fazer isso.

— Vamos, Alba-chan, saia dessa casa, você está trancado faz tempo! — gritou, o chamando pela terceira vez, mas mesmo assim levando vários minutos até ser atendido.

— Perdão pela demora. Boa tarde, Manigold. — disse com suavidade e sorriu, atravessando rapidamente o tão conhecido jardim.

— O que você estava fazendo? Eu quase desisti de falar com você hoje. — reclamou, paciência realmente não era o seu forte.

— Estava cuidando da sua flor, ela está brotando novamente. — explicou.

— Oh, então você não me esqueceu? — perguntou e sorriu, se aproximando para brincar com os cabelos azuis claros, ato que passou a ser frequente.

— Você não me permite.

— Então quer dizer que se eu não viesse te ver você me esqueceria? Você é cruel, Alba-chan. — disse e riu. — Como ela está?

— Esteve próxima de fenecer por causa das rosas, mas conseguiu sobreviver.

— Oh, eu deveria trazer outras, se esta não conseguir se manter viva você vai precisar de outra para se lembrar de mim.

— Ela apreciará um semelhante.

— Você já disse que plantas não gostam de ser solitárias. — lembrou, pensando em como isso também se aplicava ao mais novo, mas decidiu não dizer nada, recebendo um sorriso como resposta.

— Você prestou atenção ao que eu disse, que surpresa.

— Eu deveria me ofender com isso? — perguntou e deu risada, mas dessa vez não foi respondido, porém não questionou o silêncio do menor, que o observava com um sorriso no rosto, ele gostaria de saber o que o outro pensava sempre que ficava quieto, ignorando as provocações bobas do maior, mas nunca conseguia faze-lo com clareza.

Após mais alguns segundos o cavaleiro de Peixes suspirou e levou lentamente uma de suas mãos até a mão alheia que brincava com seus cabelos e a segurou com suavidade, a afastando das mechas claras, fazendo o outro perceber o que ele fazia em silêncio, estava pensando se deveria ou não tocar no italiano, porém não a segurou dessa forma por muito tempo, logo abriu a mão do maior, a deixando com a palma para cima e colocou uma rosa sem espinhos nela, se afastando ligeiramente em seguida.

— Você precisa aprender a ter responsabilidade. — disse de forma séria, mas suave. — Assim irá ouvir tudo o que eu digo.

— Então eu tenho que cuidar de uma rosa? — sorriu, segurando a planta com suavidade, tomando cuidado para não estragar nenhuma pétala ou o cabo. — Ou você está cuidando para que eu não te esqueça?

— Cuide bem dela, não é comum surgir uma sem veneno em meu jardim. — devolveu o sorriso.

— Não se preocupe, não a deixarei sozinha. — piscou um olho para seu parceiro antes se virar e começar a caminhar de volta para o seu templo.

Manigold sabia que Albafica entendia o que ele estava dizendo de verdade e não se importava em ser tão transparente quando o outro tentava se manter escondido, também não se importava com sua nova tarefa já que fora um presente para que não se esquecesse do mais novo, como se ele fosse capaz de fazer isso.