"When you're with me
Baby, the skies will be blue
For all my life"

Como era de costume, o dia estava quente e ensolarado, o céu estava incrivelmente azul e límpido, dava para ouvir claramente o canto dos pássaros e a animação dos outros cavaleiros treinando, parecia que a guerra que estava se aproximando era uma mentira, que nunca chegaria.

Mas ela era real, e mesmo com um dia glorioso como esse, ainda havia maldade e Espectros espalhados pelo mundo, havia guerreiros atrás deles, lutando e morrendo, protegendo as pessoas, ajudando a boa deusa a quem eram leais.

Manigold era um deles, e dessa vez havia sido mandado para uma missão sem seu parceiro de Peixes, o que retirava o azul do céu, retirava a alegria do canto dos pássaros e retirava a beleza daquele dia, afinal, como Albafica poderia aproveitar o descanso sabendo que seu companheiro imaturo estava sozinho, enfrentando diversos perigos e colocando a vida em risco?

Ele não havia sido nem mesmo avisado de que o canceriano partiria, e iria conversar com o mesmo sobre isso, ele sempre fora com ele, por que mudou dessa vez? Provavelmente era alguma missão de última hora, algo inesperado que necessitava dos poderes que somente o cavaleiro de Câncer tinha, ou seja, domínio sob as almas dos que já se foram e acesso ao submundo, como já havia acontecido outras vezes.

Mesmo sabendo disso o pisciano não conseguia relaxar, estava inquieto, preocupado com o outro, como ficava sempre que ele partia sozinho, mas não lhe restava alternativa a não ser esperar ele retornar para contar quantos Espectros derrotou, quais eram bonitos, se vira alguma coisa interessante ou qualquer outra coisa que ele se lembrasse para comentar, ocupando boa parte do tempo do mais novo, que na verdade não se importava nem um pouco com isso.

Cuidar das flores amarelas que lembravam o maior conseguiu distraí-lo por algum tempo, agora haviam várias delas espalhadas pela casa, todas presentes do mesmo, dividindo espaço com as rosas vermelhas, que pareciam não afetar mais as outras plantas.

Ele não conseguia deixar de admitir que agora que havia se acostumado a presença constante do italiano o lugar era solitário e chato sem ele, e muito silencioso também, e sem muito o que fazer decidiu esperar nas escadarias que levavam ao Décimo Segundo Templo, esperando que ele aparecesse, observando o dia passar.

Perto do pôr do sol, quando o céu estava adquirindo uma coloração alaranjada, roxa e azul escura, que fazia o mesmo parecer uma pintura, uma figura sorridente e conhecida apareceu aos pés da escada, e não demorou a subir os degraus, parando em frente ao outro dourado, ficando levemente mais baixo por causa do degrau de diferença.

— Sentiu minha falta? — disse alegremente e aumentou seu sorriso, ele fazia parecer que estava tudo bem e que não havia curativos por todo o seu corpo, mas mesmo assim conseguiu arrancar um sorriso do outro, que não respondeu à pergunta.

— Você não me avisou que teria uma missão solo. — repreendeu, mas de forma suave.

— Ah, Alba-chan, eu não vou nem ganhar um abraço por ter voltado vivo? — perguntou e abriu os braços, sorrindo da maneira que fazia o mais novo questionar o que deveria fazer.

— O Shion tem muito trabalho por causa da sua falta de cuidado. — advertiu novamente, mas lentamente levou os braços até os ombros do canceriano e o abraçou, pressionando levemente a cabeça com os cabelos azuis e rebeldes contra seu peito, estava aliviado por ver que seu companheiro imbecil não tivera mais que alguns cortes, sendo imediatamente correspondido pelo outro, que lhe envolveu a cintura e o apertou sem muita força em seus braços, aproveitando o calor confortável que emanava do corpo que o abraçava e a sensação de calma e leveza que o ato lhe proporcionava.

Ao se separarem o mais velho abriu o maior sorriso que conseguiu, olhando animadamente para o belo homem a sua frente.

— Eu bati em um cara muito bonito, você devia ter visto. — disse alegremente e se separou, se sentando em um degrau e começando a contar suas histórias, recebendo um sorriso do menor.

Eles não se importavam que já estava escuro, não ligavam que já era noite, afinal, sempre pareceria uma manhã ensolarada enquanto estivessem juntos.