A tale of Nevareth escrita por Yokichan


Capítulo 4
De como eles às vezes precisavam fugir




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Com o aumento do número de membros na Stormborn e a fama de “maior guilda de Nevareth” que ela passou a ter, ainda mais missões e propostas de trabalho começaram a aparecer, sem falar na quantidade de pessoas que enviavam seus pedidos de adesão todos os dias — o que transformava a mesa de trabalho de Jhony em um amontoado enorme de papéis que ele não sabia mais distinguir. Até certo ponto, ele leu e respondeu gentilmente cada uma delas, mas então acabou percebendo que chegava a ficar dias inteiros dentro daquela maldita sala e aceitou a sugestão de Whuthering: organizar torneios mensais onde apenas os melhores lutadores poderiam fazer parte da guilda.

À noite, quando todos os membros se reuniam no salão comunal e sentavam-se ao redor de compridas mesas para comer e beber, tornou-se um hábito procurar os líderes para despejar sobre eles reclamações rotineiras e pedidos como uma permissão para viajar ao norte para ver a família ou uma colocação melhor no quadro de funções da guilda, por exemplo. E embora Whuthering os afastasse ao lembrá-los de que aquele não era o momento para tratarem do assunto — e, se eles persistiam em arruinar seu jantar ou sua conversa animada com Jhony, ela simplesmente lhes lançava aquele olhar ameaçador —, ninguém parecia perceber que não havia mais paz nem mesmo para beber um gole de cerveja e relaxar ao fim do dia.

Algumas vezes, Whuthering buscava forças no olhar de Jhony e enfrentava toda aquela burocracia da qual era impossível se livrar. Mas em outras, ela o agarrava por um braço e o levava para longe de toda Stormborn, para onde ninguém além dela poderia encontrá-lo. Para um oásis perdido no meio do deserto ou para uma velha cabana abandonada na selva fechada, para qualquer lugar em que pudessem ficar sozinhos e isolados do resto do mundo. E então permaneciam perdidos durante tardes inteiras, enquanto todos os oficiais e conselheiros da Stormborn os procuravam quase em desespero.

Mas era difícil se desligar totalmente, e eles sentiam como se estivessem fugindo de uma coisa que estava bem ali, dentro de suas cabeças. Como naquele fim de tarde quente quando, depois de se amarem até o suor brotar da pele e o ar parecer insuficiente, esquecidos dentro de uma cabana nos confins da floresta, Whuthering virou-se sobre as roupas estendidas no chão e olhou pensativa para Jhony.

— Que dia é hoje? – ela quis saber.

Os dois estavam nus e ele observava como os longos cabelos dela, brancos como uma nuvem de verão, caíam sobre os seios e sobre a palidez de sua pele.

— E por que isso importa?

— Porque podemos estar perdendo o torneio da nação pela bandeira.

— Não estamos perdendo nada, meu bem.

Ele segurou-lhe o queixo e acariciou os lábios rosados dela com um dedo, para então trazê-la para mais perto. Whuthering sentia como a boca dele era quente — assim como todo o seu corpo que parecia estar sempre queimando por dentro — e como sua mão era grande e pesada, mas gentil.

Lá fora, a floresta úmida respirava em silêncio.

— Jhony... — ela gemeu baixinho quando ele beijou-lhe o rosto, o pescoço, os seios, e entendeu o que ele queria. — Você tem uma reunião com os oficiais...

— Eles podem esperar.

E, de fato, eles esperaram durante todo o dia.


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