A tale of Nevareth escrita por Yokichan
As primeiras missões que fizeram juntos foram um desastre.
Durante os calabouços onde eles precisavam exterminar criaturas que, como uma peste, vinham de todos os lados, e conseguir os itens necessários para a missão enquanto corriam contra o tempo, Jhony parecia se esquecer de onde estava e do que tinha que fazer. Cego para todo o resto, só havia ela e o medo de que se machucasse — como se Whuthering fosse uma novata pegando num arco pela primeira vez.
Jhony perdia tempo lançando skills erradas nos momentos errados e esquecendo-se dos buffs especiais enquanto todos do grupo davam duro para derrubar um boss, o que acabava prejudicando o andamento da missão. Além disso, quando conseguiam finalizar o calabouço, ele geralmente estava coberto de arranhões e pequenos ferimentos que haviam resultado de seus deslizes. Nesses momentos, Whuthering pendurava-se em seu pescoço, o beijava e reclamava por Jhony ter sido tão distraído, enquanto os demais membros do grupo o encaravam com irritação e olhares afiados.
Porque aquilo era inadmissível para um líder.
Então à noite, quando todas as suas feridas já haviam sido cuidadas e Whuthering estava cansada de falar e falar e falar sobre como ele deveria ser mais atento nas próximas missões e não deixar que qualquer “porcaria de zumbi sem cérebro” o colocasse no chão, Jhony a puxava para si e a beijava. Beijava seus lábios, sua nuca, sua pele branca como a primeira neve do inverno e, sorrindo, a chamava de “minha bonequinha”.
— Não podemos mais trabalhar juntos. – ela acabou por decidir certa vez.
Whuthering o afastou e o deixou sentado na beira da cama com cara de quem havia sido deixado sozinho no escuro sem nenhuma explicação para o castigo.
— Por quê?
— Porque você age como se eu fosse uma idiota indefesa.
— Espera... — ele riu baixinho. — Eu não posso acreditar que você está falando isso.
Ela atirou-lhe um rolinho de gaze e, de cara fechada, foi deitar-se do outro lado da cama, de costas para ele. Jhony acreditava que, se tentasse tocá-la, seria a última coisa que faria naquela vida.
— Eu só quero proteger você!
Silêncio.
— Whuthering!
Nada.
O mais assustador, contudo, foi que, após uma noite em claro pensando em como ele poderia ser capaz de deixá-la ir sozinha naquelas malditas missões e se punindo mentalmente por ter duvidado da força dela, Whuthering levantou-se e deu-lhe bom dia com um sorriso e um beijo.
Como se nada tivesse acontecido.
E a partir daquele dia, Jhony não insistiu mais no assunto.
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