Pequena Ameaça escrita por Pipe


Capítulo 2
Essa coisa fofa




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CAP 02 – ESSA COISA FOFA

Sherlock nem resmungou ao ser colocado na cadeirinha no banco de trás. E ficou quieto a viagem para casa toda.

–John?

–O quê?

–Mycroft já enviou minhas coisas de bebê para sua casa?

–Sim. Dissemos à nossa vizinha mais curiosa que um parente meu foi internado e a esposa ia ficar com ele, portanto teríamos que cuidar do seu filho pequeno uns dias.

–Ahn... Eu não sei como me comportar como um bebê.

–Como você não está numa fase que tem muita vida social, vai ser fácil manter você dentro de casa. E minhas vizinhas não tem filhos da sua idade. Ninguém vai te obrigar a brincar.

–Mas tem um parque perto de casa com balanço e escorregador, para tomarmos sol de vez em quando...

John sorriu, Sherlock bufou. Assim que chegaram em casa, Mary foi abrir o portão, enquanto John tirava Sherlock do carro, a vizinha novidadeira se aproximou.

–Oh, esse é o filho do seu primo? Mas que criança linda! Como se chama, querido?

Sherlock ficou olhando para ela, analisando e deduzindo. Daí ele se lembrou que tinha que reagir como criança. E ponderou:

Se eu sou simpático, ela vai apertar minhas bochechas e nunca mais me livrarei dela. Se eu for horrível, não vai pegar bem para o John. Bem, algumas crianças saem pela tangente também...e eu tenho idade pra isso”.

E grudou na perna do Watson, escondendo o rosto. John se assustou com a reação, mas deu a desculpa padrão.

–Desculpe, senhora Blake. Ele está cansado, com fome e não está acostumado com tanta gente estranha ao redor. William, diga “alô” para a senhora Blake. - negação com a cabeça – Não seja tímido ou ela vai achar que achamos você no meio do mato.

Sherlock largou a perna do Watson para olhar bem nos olhos dele. O olhar dizia “sério mesmo?” com uma pontinha de sorriso sarcástico. Mas ao se voltar para a senhora Blake, Sherlock fez a carinha mais inocente possível, pondo até a ponta do dedo indicador no lábio inferior. A senhora teve um ataque de fofura e fez exatamente o que ele queria: deu um grito!

–AH, mas que coisa mais fofa desse mundo!! Oh, John, me perdoe. Eu não queria assustá-lo.

John pegou um Sherlock “assustado com direito a beicinho” no colo e segurou a cabecinha dele no ombro.

–Não é culpa sua, senhora Blake. Como eu disse, ele está cansado e confuso ainda. Quem sabe outra hora William seja mais amigável? Tenha um bom dia. - E se apressou para dentro de casa, para soltar o amigo no chão e caírem na gargalhada juntos.

Mary veio da cozinha:

–O que vocês aprontaram lá fora? Bem, me contem durante o café.

Depois de um BOM café da manhã, com rosquinhas, chá e bolo, Mary trocou os jeans e tênis de Sherlock por moleton e meias.

–E agora? O que eu vou fazer a manhã toda? Você não planejou me deixar em frente à TV com a programação infantil, não é mesmo, Mary?

–Não... eis o controle remoto, fique à vontade. Se você precisar de mim, estou lá em cima.

–E eu vou para o consultório. Qualquer coisa, me liguem.

Sherlock ficou olhando cada um ir em uma direção e suspirou:

–Agora começa o tédio... - e subindo no sofá, ligou a TV.

Mas o que Mary previu aconteceu. Uma noite sem dormir mais uma refeição quente fizeram com o que o corpinho infantil pedisse arrego. Quando Mary desceu para vê-lo, ele tinha dormido sentado, encostado nas almofadas. Ela arrumou um colchonete no chão, colocou Sherlock, cobriu e foi fazer o almoço. Ele só acordou quando John veio almoçar.

Sherlock abriu os olhos ao ouvir a porta se abrindo e por alguns instantes se sentiu muito confuso.

Onde eu estou? Por que estou dormindo na sala? Não me lembro desta sala, não é na casa da mamãe.” - e se sentou, os olhos se enchendo de lágrimas.

Daí ele olhou para John, que se agachou perto dele:

–Tudo bem, Sher? Dormiu muito?

Quem é esse cara? Cadê a minha mãe? Mycroft!” - mas quando Sherlock abriu a boca para chorar, a lembrança adulta se sobressaiu por cima das outras. E o nome que ele chamou foi – JOHN!

Mary olhou do sofá. John estava erguendo Sherlock do colchonete, com uma expressão estranha no rosto. E passando a mão em círculos nas costas do menino.

–Sim, sou eu, Sherlock. Agora está tudo bem. Vamos ao banheiro lavar as mãos? - e formou com os lábios para Mary “depois!

Mas foi somente após o almoço que eles conversaram sobre o ocorrido:

–Está acontecendo! Meu cérebro está regredindo à infância e as memórias estão se misturando. A hora em que eu acordei, eu não sabia onde eu estava, mas eu sabia que deveria estar descansando no estúdio da minha mãe, porque eu costumava ficar lá com ela.

–Então se a cura demorar muito, você não vai querer ficar conosco, porque vai estranhar o ambiente...

–Talvez minha mente confunda você com a minha mãe. Vocês se parecem um pouco. O pior vai ser chamar pelo Mycroft! Eu era muito dependente dele nessa idade... Oh! Oh! Como sou tolo!! Eu disse que febril eu não ia raciocinar direito!! QUE ÓDIO, QUE ÓDIO!!

–Sherlock, se acalme, querido. Seu primo disse que qualquer estresse em demasia faz com que o vírus avance.

–Mas eu não percebi o plano do meu irmão maquiavélico! Ele se colocou um passo adiante de mim, aquele maldito! Ele escolheu esta idade justamente por isso. Porque foi a idade em que eu comecei a andar atrás dele. Não deixem. Não deixem que ele me tire de vocês!!

–Agora se acalme. Venha aqui e me abrace. - Mary colocou o pequeno no colo. - Se depender de nós, você ficará conosco até a crise passar, ok?

–Ok. E o que eu vou fazer agora à tarde? Eu não vou dormir de novo, porque agora eu estou descansado...

–Aqui, use meu tablet. Faça-me um favor e passe umas fases de Candy Crush pra mim.

–Sério?

–Sim. Enquanto eu lavo a louça, coloque seu cérebro à prova. Vamos testar a transição...

–Ah, o tédio, esse monstro sem coração...

Mas não foi bem assim. Ele até se divertiu por um tempo, depois Mary colocou uns desenhos que ela gostava e que Sherlock nunca tinha dado a devida atenção. Quando John voltou à noite, eles estavam tomando sopa com croutons enquanto viam o noticiário na TV.

–Hey! Vocês não se mataram...

–Não. Eu vou dormir aonde?

–No quarto da nossa bebê. O estrado e a grade do berço são regulaveis, então é fácil transformá-lo em uma caminha para alguém da sua idade.

Sherlock ficou olhando para John com espanto e respeito. Depois pigarreou.

–Sinto-me tocado pela honra que vocês me proporcionam, inaugurando a cama da sua filha. Bem, eu vou ter que concordar com Mycroft e dormir de fralda. Seria muito desagradável “batizar” seu colchão, pra não dizer constrangedor.

E depois de algum tempo, Mary cutucou John. Sherlock estava “pescando” na frente da TV. John pegou o menino no colo, que beijou a bochecha de Mary no automático.

–Boa noite, querido. Até amanhã.

–'noite! - escovou os dentes e fez xixi meio dormindo. Nem se incomodou por John colocar a fralda ou por o pijama de ursinho.

–Mycroft comprou uns bichinhos de pelúcia... quer um para ficar com você no berço? - John escutou um resmungo aprovativo – Está bom essa lontra? Nem sabia que existiam lontras de pelúcia...

Watson sorriu ao ver que o parceiro de aventuras já estava dormindo ao ser coberto. E abusou: deu um beijo na testa de Sherlock.


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Notas finais do capítulo

N/A: Todos meus bebês tem um bichinho para acompanhar. E agora vamos começar a história, as complicações e a solução. 20/01/15.



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