Love Remains escrita por Lady Danvers


Capítulo 10
Resolução


Notas iniciais do capítulo

Esse é um capítulo ultra Enorme porque eu não consegui dividir em duas partes então é melhor postar logo.
Aproveitem.



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JULIE

 

Ouvi a risada melodiosa de Maureen pela quarta vez consecutiva enquanto caía de cara no chão.

Depois do que houve com Loki e Brad, voltei para a Academia para continuar meu treinamento. Não que eu fosse muito boa em artes marciais, até aprendi alguns golpes, mas Maureen era infinitamente superior a mim.

— Não vai desistir agora, vai princesa?

Levantei, limpando o suor do rosto e tentando não encarar os outros trinta recrutas que observavam nossa luta. O objetivo era desarmar o golpe do oponente, o levando ao chão e até agora, Maureen havia levado a melhor em todas.

— Sem chance, Jones – respondi, me posicionando corretamente dessa vez.

Maureen era uma artista marcial quase completa, ela sabia dez tipos diferentes de luta e era a recruta que estava mais perto de se graduar, mas ela não era perfeita. Por sorte, estudei sobre o estilo de luta de Maureen para a eventualidade de sua antipatia por mim se tornar física.

Acho que fiz bem em me preparar.

Steve disse que a respiração correta é a chave para se sair bem em uma luta, muito mais que apenas força bruta. Permaneci calma e atenta enquanto Maureen avançava sobre mim, por sorte, treinei exaustivamente com Steve um único desarme que me beneficiaria naquele momento.

Mais rápida do que jamais fui nos últimos 18 anos, desviei do golpe de Maureen fazendo-a desequilibrar. Em um ato, fui ao chão e passei a perna em Maureen que caiu de cara no chão.

— Muito bom para uma princesinha, não acha? – falei, estendendo a mão para ela.

Maureen parecia me matar com o olhar, mas sorriu e aceitou minha ajuda.

— Sorte de principiante – Maureen respondeu e se afastou. O treino havia acabado.

— Nada mal, Stark – a Supervisora Lars disse, anotando em sua prancheta. – Mas você caiu quatro vezes antes de acertar qualquer golpe. Trabalhe mais com o seu S.O.

— Sim, senhora.

A turma foi dispensada e notei que Maureen estava parada em um canto, mexendo em sua mochila.

— Você foi ótima hoje – Maureen parou ao me ver, apesar de ter se exercitado a pouco tempo ela ainda parecia uma boneca de porcelana, sem um fio de cabelo louro fora do lugar. – Talvez eu aprenda algo novo agora que somos parceiras de treino.

— Se acha que vamos virar amiguinhas só porque estamos sendo forçadas a ser uma dupla, pode esquecer, princesa – Maureen me deixou falando sozinha, indo direto a saída.

Maureen podia ser uma das pessoas mais irritantes que já conheci, mas temos que trabalhar juntas se tivermos alguma aspiração de subir de ranking na SHIELD.

Respirei fundo e a segui.

— Você gostando ou não, temos que trabalhar juntas. Nossos futuros dependem disso.

— Nossos futuros? – ela parou e me encarou, parecia incomodada apenas pela minha presença. – Além de ser totalmente despreparada, imprudente e arrogante, você sempre teve tudo o que quis. Aposto que vai correr de volta para o dinheiro e o conforto que seu pai banca quando cansar daqui.

— O quê? – quase gritei, chamando atenção de quem ainda estava na sala.

— A maioria de nós lutou para chegar até aqui. Você ganhou essa posição de mão beijada porque se envolveu por acidente em algo muito maior do que você e sua família.

— Quer saber, Maureen? Aposto que muitas pessoas aqui pensam como você – Maureen não retrucou então provavelmente era verdade. – Em parte, você está certa. Sou despreparada, imprudente e até arrogante, mas não ouse falar que estou aqui por privilégio de algo que eu nem tinha conhecimento até alguns anos atrás. Droga, quando eu soube sobre meu pai, atravessei o país sozinha esperando que ele me abraçasse, apenas para chegar e ser rejeitada mais de uma vez. Você não faz ideia do que já passei. Do que estou passando.

 Maureen finalmente parecia sem palavras. Aposto que ela não contava que eu a desafiasse desse modo.

— Não precisamos ser amigas, quero apenas que me respeite como sua igual – completei. – Até o próximo treino.

Passei reto por Maureen e não olhei para trás.

Ignorei todos em meu caminho e segui para o dormitório. A vontade de acertar alguma coisa com força me dominava. Por que deixei minha armadura em casa?

“Você não está bem”, a voz de Loki ecoou em minha mente.

Suspirei pesadamente. Depois do incidente, minhas visitas em seus sonhos se tornaram constantes, ainda que não tão comprometedoras como da primeira vez.

— Você sonha em me apresentar para a sua mãe? É fofinho – falei em uma de minhas intrusões. Na ocasião, Loki estava tomando chá ao lado da mãe dele, uma mulher loira e muito bonita, e comigo.

— Essa foi a última vez em que a vi – seus olhos ficaram sombrios e, instantaneamente, me arrependi de ter dito qualquer coisa. – Acho que ela teria gostado de você.

Angústia me preencheu e eu não sabia se vinha de Loki ou de mim. Não consigo imaginar perder a minha mãe.

— Sinto muito – coloquei a mão em seu ombro e senti-o relaxar. Foi uma de nossas poucas interações realmente positivas. Não havia nada malicioso ou segundas intenções, havia apenas a dor de Loki e minha compaixão por ele.

Já estava quase me acostumando a tê-lo como um confidente.

— Obrigada por dizer algo que eu já sei – murmurei, caindo exausta na cama. – Tem algum conselho para lidar com pessoas que acham que você não merece algo?

“Você não precisa da permissão deles para nada, Juliet. Quer que eles a respeitem? Seja a melhor, mostre que você é superior.”

— Isso funcionou para você?

“Agora todos me levam à sério, então sim.”

Tive que concordar com ele nesse quesito.

— E você, Loki? Você está bem? – perguntei em voz alta, olhando a todo o momento para ver se ninguém aparecia. Ainda não me acostumei a conversar telepaticamente.

“Sobre isso, acho que não nos falaremos por algum tempo, Juliet.”

— O quê? Como assim? – Levantei rapidamente, quase gritando.

“Meu irmão pediu minha ajuda. Asgard está em perigo.” Loki disse e nunca o senti tão sério. “E não. Não há nada que você possa fazer, Juliet.”

— Como assim, nada? Se pedirem, os Vingadores podem ajudar – repliquei, caminhando de um lado para o outro no quarto. – Posso explicar a situação.

“Isso não diz respeito aos Vingadores, é uma guerra asgardiana”, Loki explicou. “Só queria lhe avisar, caso algo aconteça.”

— Não fale bobagem. Não vai acontecer nada – falei, mas sentia meu coração pesado. Não sei o que aconteceria comigo caso Loki morresse. – Apenas prometa que vai se cuidar.

“Claro, Juliet”, senti a surpresa de Loki em suas palavras.

Ele realmente achava que eu não me importava?

“Eu prometo”, ele disse, antes da conexão entre nós desaparecer.

Continuei caminhando pelo quarto, pensando no que fazer. Bem, não havia o que fazer. Asgard estava distante para mortais e eu não tinha como explicar o que eu sei. Me restava confiar em Loki.

O som do telefone tocando me sobressaltou. Era uma mensagem do meu pai perguntando se eu queria acompanhá-lo em uma visita à madrinha dele. Era aniversário dela.

Aceitei o convite. Seria bom fazer algo que não me deixasse culpada de vez em quando.

 

 

 

                                              MEGAN

 

Depois de alguns dias enclausurada na SHIELD, voltei para a faculdade. Pensei que já tivesse perdido o semestre devido a quantidade de faltas, mas, aparentemente, Nick Fury havia cuidado de tudo. Foi isso o que Steve disse, pelo menos.

Espero que ‘cuidar de tudo’ seja apenas uma carta ao Reitor.

Tentei não pensar muito no assunto, voltei a focar nos estudos entre minhas conversas por mensagem com Steve.

Depois daquela noite, sempre nos falávamos. Não importava se era uma ligação ou mensagens, ou se estávamos muito ocupados, Steve sempre perguntava sobre o meu dia, sobre como eu estava.

Era fofo da parte dele.

Depois de tantas mensagens trocadas, considero Steve um amigo querido e nada mais. Por mais que Julie queira que aconteça algo entre nós, não acho que Steve está interessado em mim dessa maneira e estou bem com isso. Nem sempre temos o que idealmente queremos.

Sei mais sobre Steve em poucos dias do que soube sobre meus ex-namorados em meses. Ele me contou sobre sua vida na década de 1940, seus pais, seu melhor amigo, seus sonhos. Sinto que o conheço melhor do que ninguém.

 Por isso, o convidei para visitar a tia Peggy junto com minha família no aniversário dela, mas antes, eu tinha que ter uma palavrinha com meus pais.

Meus pais e eu já estávamos no parque Rock Creek em Washington à espera de Sharon. Ela preparou tudo para o aniversário da tia Peggy, disse que seria bom ela ficar ao ar livre por algumas horas.

O que me fez ter de encarar meus pais e suas mentiras. Logo depois que voltei para Princeton, discuti com meu pai pelo telefone e o acusei por suas mentiras de todas as maneiras que consegui. Minha mãe me ligou diversas vezes, sem sucesso. Ela só deixou umas mil mensagens explicando tudo.

Essa era a primeira vez em que estávamos todos juntos.

— É um lindo parque – meu pai começou a falar enquanto fotografava a paisagem. – Não acredito que nunca vim até aqui.

— Sem dúvida, Peter – minha mãe respondeu. Apesar de estarmos em um parque, Diana parecia estar pronta para um baile de gala. – O que você achou da escolha da sua prima, querida?

— Acho que há um misto de mentira e hipocrisia permeando o ar – falei e quase me arrependi ao ver os olhos tristes do meu pai. Minha mãe, por outro lado, apenas revirou os olhos.

— Quantas vezes tenho que explicar que você teria morrido aos três anos se não tivéssemos feito isso – ela disse, naquele seu tom condescendente que me deixava ainda mais irritada.

— Não é por isso, mãe! Você realmente não me conhece, não é!? – explodi, as palavras saindo em torrentes. Minha mãe arregalou os olhos, não era do meu feitio gritar com ninguém. – Vocês mentiram para mim! Sempre disseram que me contariam a verdade, lembram? Acho que o fato de quase ter morrido e ter um soro milagroso correndo pelas minhas veias que, aliás, pode interessar à super vilões, é uma informação valiosa demais que deveria ser compartilhada com a pessoa mais interessada no assunto. Eu!

Finalmente parei e respirei, meus olhos marejados por ter guardado todas aquelas palavras por tanto tempo. Senti alguém se aproximar e notei que era meu pai. Ele colocou suas mãos em meus ombros, seus olhos azuis marejados como os meus. Peter Hoffman podia ser um arquiteto linha dura, mas era uma manteiga derretida por dentro.

— Sinto muito, minha filha. Só queríamos proteger você – ele disse. – Você é minha princesinha, lembra?

— Aí é que está o problema, pai. Se tivessem me contado, talvez eu teria tido mais cuidado, e nada teria acontecido – senti minhas mãos começarem a tremer pelas lembranças e me afastei.

— Megan – mamãe se aproximou, me olhando com preocupação. – Não se culpe por algo que estava além do seu controle.

— Eu só... preciso de tempo – falei, me afastando. Apesar dos protestos de meus pais, comecei a andar pelas trilhas do parque.

O parque era realmente lindo. A primavera havia começado recentemente, o que fazia com que tudo ali parecesse ter saído de um conto de fadas.

Cheguei a uma ponte de pedra, com o riacho correndo logo abaixo. Um senso de tranquilidade inundou minha mente. Às vezes era bom escapar de tudo. Estava cansada da montanha russa que minha vida havia se tornado.

— Essa é a sua vida, Megan. Acostume-se – murmurei, jogando uma pedrinha no riacho.

— Parece uma vida solitária.

Virei rapidamente e o vi. Steve parecia um anjo, a camisa branca certamente ajudava. Ele se aproximou, carregando um presente. Provavelmente para a tia Peggy.

— Todos já chegaram?

— Quase todos – Steve parou ao meu lado e se escorou no parapeito da ponte. – Seus pais pediram para procurar por você, disseram que um amigo talvez possa ajudar.

— Eu já estou melhor, obrigada – Steve ainda estava me encarando, provavelmente vendo por trás de minhas mentiras. – Eu só preciso de tempo para processar tudo.

— Eu sei e quando estiver pronta, vou estar aqui – ele me tratava com tanta delicadeza como se eu fosse algo valioso demais para se perder.

Ficamos em silêncio, encarando a água do riacho correr. Vi que Steve segurava o presente em suas mãos, ele parecia inquieto.

— Você pode voltar para entregar o presente – Falei e Steve me encarou. Parecia surpreso? – Tenho certeza que a tia Peggy vai adorar.

— Ahh, esse – ele sacudiu o pacote, quase gaguejando. – Na verdade, eu já entreguei o dela. Esse... Es... Esse é para... você.

— Para mim? – Franzi o cenho. Steve riu sem vontade, ele parecia muito desconfortável.

— Sim, é para você – Ele me entregou o pacote, parecia pesado. Abri e dei de cara com um livro. – Eu o li e... pensei em você.

Stardust, por Neil Gaiman. Eu nunca havia lido esse, mas só por Steve pensar em mim já era incentivo o suficiente.

— Obrigada, Steve. Vou ler assim que voltar para casa – sorri para Steve, mas ele ainda parecia estranho. – Você está bem?

— Estou... só... espero que goste – ele disse e eu podia jurar que seu rosto tinha assumido um tom avermelhado. – Você é como a estrela da história... para mim.

— Ok... – falei, tentando entender aquele enigma. Eu tinha que ler esse livro o mais rápido possível.

Voltamos ao centro do parque e todos já estavam lá. Sharon havia chegado com a tia Peggy, que conversava com o Sr. Stark. Meus pais e Julie nos encararam quando chegamos juntos.

Principalmente Julie.

— Por que o Stark está aqui? – Steve perguntou, genuinamente confuso.

— A tia Peggy é madrinha do Sr. Stark – expliquei. – Ela e o Howard eram muito amigos.

— E é por isso que você é minha madrinha favorita – escutei o Sr. Stark falar.

— Eu sou a única madrinha que você tem, querido – nunca vi a tia peggy tão feliz como agora. Nas condições dela, há dias bons e ruins e hoje parecia ser um dia ótimo. Nossos olhares se encontraram e ela sorriu. – Megan, minha querida. Vejo que Steve encontrou você.

— Feliz aniversário, tia Peggy – a abracei e, instantaneamente me senti melhor. – Espero que tenha gostado do presente que lhe mandei.

— Eu amei, querida.

Deixei a tia Peggy conversando com o Sr. Stark e me voltei para Sharon. Minha prima parecia radiante, eu raramente a via assim.

— Obrigada por preparar esse dia para a tia Peggy – falei.

— Ela merecia um dia assim. Como você está? – percebi a preocupação em seu olhar e, mesmo sem nunca termos sido muito próximas, quis poupar Sharon dos meus problemas.

— Estou indo. Vai demorar um pouco até que eu me acostume com tudo que descobri, mas tenho vocês e meus amigos. Vou superar.

— Eu vi seu 'amigo' – Sharon disse, erguendo as sobrancelhas. – Ele te olha como se você fosse a estrela mais brilhante em um céu escuro.

— O quê? Não, ele não olha – falei, acompanhando o olhar de Sharon. Steve estava olhando para nós, mas rapidamente desviou o olhar. – Bem, eu acho que não.

— Acho melhor arranjar um novo par de olhos, prima. O Sr. América está totalmente apaixonado por você.


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