Love Remains escrita por Lady Danvers


Capítulo 11
Sonhos e Sangue




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MEGAN

 

— Stardust!? Ah, meu Deus! – Julie me encarava de olhos arregalados enquanto segurava o livro que Steve me deu de presente.

Estávamos no meio do parque, afastadas dos demais que cercavam a tia Peggy entre conversas e risadas. O sol já estava se pondo e eu não conseguia lembrar de ter um dia tão agradável como esse em meses.

Tirando o surto que tive com seus pais mais cedo.

— Eu sabia! Eu sabia! – Julie agora dava pulos de alegria na minha frente, tagarelando sem parar. – Até o papai vai ficar feliz em saber e a gente quase não fez nada! Isso é incrível!

— Julie! – a segurei pelos ombros até ela parar de se mexer. – Pode me explicar o que está acontecendo? Por que esse livro é tão importante?

— Esse é um dos livros mais românticos que eu já li na minha vida e eu já li muitos – ela explicou, finalmente calma e me entregou o livro de volta. – Ele claramente está interessado em você.

— Será? – Me virei e comecei a caminhar.

Sonhar que Steve um dia retribuiria meus sentimentos era uma coisa linda e distante, mas ter quase certeza de que ele realmente gostava de mim me assustava mais do que eu gostaria de admitir.

— Não me vem com essa de “Será”, Megs – Julie disse, acompanhando meus passos um tanto quanto apressados. – Leia o livro e verá.

— Eu não sei, Julie. E se ele não estiver interessado realmente? E se eu for apenas uma substituta para o que ele sentia pela tia Peggy? – aqueles pensamentos a incomodavam mais do que ela deixava transparecer.

Tentei não parecer abalada com minhas dúvidas, mas Julie notara.

Julie sempre notava.

— Sabe do que você precisa? – Julie me perguntou e achei que ela fosse responder, mas ela continuou me encarando.

— Do que eu preciso? – perguntei, respirando fundo.

— Precisa parar de se auto sabotar – Julie disse. – Você e a Peggy não tem nada a ver uma com a outra, a não ser um parentesco levemente distante. Conheço o Steve a algum tempo e não acho que ele seja esse tipo de homem.

Minha lógica concordava com Julie. De tudo que aprendi sobre Steve, cafajeste manipulador não combinava em nada com ele.

Ainda assim, minhas emoções adoravam trair a lógica, fazendo com que todas as possibilidades desastrosas de como tudo poderia acabar martelassem na minha mente. Eu tinha que resolver isso.

E logo.

— Você tem razão – falei, mais para acalmar Julie do que a mim mesma. – Mas que tal falarmos um pouco de você?

— AH, não tem nada para falar e sei que está mudando de assunto – Julie imediatamente ficou na defensiva. Eu não podia culpá-la por agir assim, provavelmente faria o mesmo se estivesse passando por tudo que ela passa.

— Como estão as coisas com o Brad?

— Estão indo. Na verdade, acho que ele está escondendo algo, mas eu também estou então não posso julgar ninguém – paramos nas margens de um lago. Julie pegou uma pedra e atirou, criando reverberações na água. – Mas nem é isso que me preocupa.

— O que poderia ser mais preocupante do que mentiras?

— O fato da minha parceira de treinamento me odiar.

— É tão ruim assim? – acompanhei Julie nos arremessos, era bom ter uma distração dos meus problemas.

— Ela basicamente me chamou de princesa mimada e arrogante. E sei que algumas pessoas podem ter essa impressão sobre mim.

— Algumas? - Perguntei, minha expressão denunciando meu divertimento. Julie era filha de Tony Stark, é claro que transpareceria alguns de seus traços, mesmo que acidentalmente. - Acho que você deveria investir nisso.

— Nisso o quê? – Julie bufou dramaticamente, já esperando minha resposta.

— Você vai precisar de amigos enquanto estiver na academia e se essa Maureen vai ser sua parceira por um bom tempo, vai ser bom que ela não te odeie - completei.

— Está dizendo que sou fácil de odiar? - ela me olhou enviesado, analisando tudo.

— Você é fácil de ser mal interpretada - corrigi. - Não lembra de como nos conhecemos?

— Desculpe, mas me recordo bem da senhorita me chamando de "cheia de si" – Julie respondeu, fazendo aspas com as mãos.

— Depois de você ter me chamado de patricinha porque eu reclamei da terra que você jogou na minha roupa – Julie se preparou para responder, mas a interrompi. – E eu nem estava participando do jogo.

— Em minha defesa, você estava perto demais da goleira – rimos juntas com a lembrança. Não foi engraçado na época, tive que lavar meu cabelo duas vezes seguidas só para tirar toda a terra. – Acha que eu devia tentar me dar bem com Maureen?

— Claro que sim. Quem sabe vocês não se tornam grandes amigas.

— Sei – Julie murmurou. – Acho mais fácil cair um trovão agora mesmo.

 

 

 

 

 

STEVE

 

Engraçado como tudo podia mudar em um instante.

A escolha de afundar o avião no gelo me trouxe ao momento que estou vivendo. Desde que acordei, estou me ajustando a vida no século 21, tudo é tão diferente dos anos 1940 que ainda encontro dificuldades, principalmente no que diz respeito a tecnologia e sociabilidade. A forma de cortejar alguém mudou muito desde que acordei.

— Sonhando acordado, Steve? – Peggy me olhava. Seu olhar encantador e decidido não havia mudado mesmo depois de tantos anos.

— Pensando no que fazer com minha vida – falei, com sinceridade. Se havia alguém para quem eu não conseguia mentir era Peggy.

A acompanhei pela trilha de cascalhos. Já estávamos caminhando há alguns minutos a pedido dela que exigiu não se sentir uma inútil no próprio aniversário.

Peggy estava fazendo 94 anos e, apesar da doença, ela parecia a mesma mulher que conheci há tanto tempo. A mesma mulher que amei.

— Você tem muito tempo pela frente – ela afagou meu braço em um gesto quase maternal. – Sei que você vai ser muito feliz.

— Não tenho tanta certeza. Não depende só de mim – Peggy me encarou e tive certeza de que ela sabia do que eu estava falando. De alguma forma, ela sabia.

— Dê tempo ao tempo – Peggy sorriu. – Ela vai entender.

Devo tê-la encarado com os olhos arregalados porque Peggy começou a rir.

— Está tão óbvio assim?

— Ah, Steve. Você é tão sutil quanto uma marretada na cabeça – ela disse e supus que era verdade.

Nunca tive muito jeito com as mulheres e, não sei dizer quando os sentimentos em relação a Megan começaram, mas sei o que senti naquela noite. Quando ela confiou em mim com sua dor e chorou nos meus braços, senti meu coração despedaçar.

Eu queria vê-la sorrindo novamente, ver seus olhos azuis cheios de vida, não de dor. Naquele instante, percebi que havia mais em meus sentimentos por ela do que amizade.

Meu Deus, espero que ela sinta o mesmo.

Espero que ela perceba na história do livro o que quero dizer a ela. Sei que pode parecer um plano estúpido e que a melhor alternativa é sempre a mais simples.

Ainda assim, o medo me segura.

Se é medo de rejeição ou de finalmente seguir em frente, eu não sei. É apenas medo.

Suspiro pesadamente, me dando conta de que estávamos quase voltando para a família dela.

— Você sempre foi uma das melhores pessoas que já conheci – falei e senti que ela entendia.

O passado é o passado e não há nada que possamos fazer para mudar isso. Peggy viveu a vida dela, amou pessoas diferentes e agora estava em paz porque ela fez tudo o que tinha que fazer.

— Obrigado – falei. Peggy apenas assentiu.

Era hora de seguir em frente.

 

 

 

 

JULIE

 

— E então, quer fazer alguma coisa? Ainda são 18:30 – papai disse enquanto andávamos pelas ruas de Washington.

Depois de nos despedirmos do pessoal, papai propôs uma caminhada. Ele havia vindo de jatinho de Malibu e o piloto só voltaria daqui há uma hora.

— Tipo o quê? – perguntei, meu braço seguro no dele. Só fomos parados para autógrafos cinco vezes, nada que me incomodasse mais.

— Sei lá, você escolhe. Vai ser um programa pai e filha, que tal?

— Mesmo se eu escolher uma boate? – eu estava brincando, é claro. Levar Tony Stark para uma noite de bebedeira e degradação era a última coisa que eu faria na vida. – Concederia esse desejo para a sua filha?

— Se minha filha quer que seu querido e lindo pai seja assassinado pela namorada, eu ficaria honrado em aceitar o seu convite – ele falou tão dramaticamente que só me restou rir.

— Ah, não. Vocês ainda nem se casaram. Eu nem pensaria nisso – falei e senti o papai hesitar por um instante. – Vocês vão se casar, né?

— Um dia – ele deu de ombros, tentando desviar da questão. Continuei encarando-o. – Quê?

— Já ouviu aquela expressão “selar com um anel”? – podia jurar que o vi revirar os olhos. – É isso que o senhor precisa fazer se quer continuar a ter aquela mulher maravilhosa ao seu lado.

— Como assim continuar? A gente tá ótimo.

— Ótimo com o senhor quase morando na oficina com as suas armaduras? – o silêncio dele já dizia tudo. - A Pepper é ótima e se continuar ignorando-a, logo ela vai se cansar - completei. 

— Thalia, está tudo bem. Que tal um milkshake?

Chegamos em uma sorveteria e ficamos completamente em silêncio. O pior é que nenhum de nós é bom em calar a boca. 

— Pai, o JARVIS me disse que o senhor está com problemas para dormir e que vem trabalhando demais - disparei.

— JARVIS é um traidor que vai ter os circuitos digitais deletados - papai respondeu.

— Mas é verdade e estou preocupada com o senhor. A Pepper também - peguei na mão dele. - Sei que o que aconteceu em Nova York foi…

— Tá bem, eu vou relaxar. Palavra de escoteiro - ele interrompeu e seu olhar parecia distante. Ele realmente não queria falar sobre isso. - Eu juro. 

Eu sabia que o assunto era muito mais complexo, mas deixei de lado, por enquanto. Às vezes, as pessoas só precisam de tempo.

Nossos milkshakes chegaram, os dois de chocolate e menta.

— E por que essa obsessão com meu talvez casamento?

— Porque a Pepper vai poder te pôr nos trilhos quando ela se mudar permanentemente. 

— Talvez, mas é quanto a você, Thalia? - papai me olhou daquela maneira de alguém que está prestes a vencer o argumento. - Como anda sua relação com o Legolas Jr.?

— Ótima, na verdade. Nunca esteve melhor - menti.

A verdade era que eu estava evitando ao máximo falar com o Brad, mas sei que terei que confrontá-lo sobre as mentiras. Só me falta coragem. 

— Por isso, você é minha filha. É uma péssima mentirosa.

— Vou considerar isso como um elogio - falei e caímos no silêncio, aproveitando o tempo.

— Mas sério, você está bem? Porque se não estiver, posso largar o Arqueirinho em um lugar muito longe e escuro - ele falou com tanta seriedade que quase acreditei que faria isso.

— Não precisa, pai. Só… acho que ele está escondendo algo de mim.

— Grande novidade, ele é homem - papai resmungou. O encarei de cara feia. - Que foi? Falo por experiência própria. Homens mentem, namorados principalmente. 

— Você também?

— Exceto eu - ele disse como se nunca houvesse feito nada de errado na vida. - E o Steve. Aquele cara é a virtude em pessoa.

Nisso ele não estava errado.

— O que acha que devo fazer?

— Coloque o medo de Deus nele. Se ele achar que você quer acabar com tudo, vai confessar o que está escondendo rapidinho - papai disse. Era estranho ouvir conselhos do próprio pai sobre relacionamentos, mas ele era muito mais experiente nisso do que eu. O pior é que nem sei como me sinto em relação a tudo isso. - Você não quer acabar com tudo, não é?

Droga. Ele me conhecia mesmo.

Fui salva pelo celular do papai, que tocava sem parar. Era o piloto do jatinho avisando que havia chegado. 

— Tem certeza que não quer voltar para casa hoje? - papai perguntou assim que chegamos na área de pouso.

Estávamos no hangar da SHIELD, no Triskelion onde o jatinho de volta para Malibu aguardava.

— Tenho que resolver isso - o abracei, pegando-o de surpresa. Apesar de ainda não ser muito bom em expressar seu amor em público, papai já havia se acostumado com minhas demonstrações de afeto. Ele dizia que herdei isso da família da mamãe. 

— Eu te amo - falei, sentindo um ardor nos olhos que me surpreendeu. Seriam minhas emoções ou as dele?

— Também te amo - ele sussurrou, colocando a mão no meu ombro - E se as coisas derem totalmente errado, vem pra casa. Vamos tomar sorvete e assistir a filmes tristes de cachorro.

— Combinado - só papai para arrancar uma risada em uma situação tensa. - Não tome todo o meu sorvete.

 

 

 

STEVE

 

Mais um dia.

Depois que voltei a ativa tenho vivido para o trabalho, seja com os Vingadores ou a SHIELD, e por muito tempo isso foi o bastante para me manter estável em um mundo de instabilidade e caos. 

Hoje eu só queria voltar a dormir.

Depois do aniversário da Peggy, os pais da Megan, Peter e Diana me convidaram para jantar com eles. Diana disse que gostaria de conhecer melhor o “amigo” da filha dela.

— Desculpa pelas aspas, ela exagerou na bebida hoje – Megan sussurrou em meu ouvido. Com o calor que emanava de seu corpo pude sentir que ela estava totalmente envergonhada, assim como eu.

Passei o jantar inteiro respondendo perguntas dos pais dela e estava bastante claro que eles aprovavam nossa relação. Não que houvesse qualquer tipo de relação além de amizade.

Ainda.

Só consegui realmente conversar com Megan quando nos despedimos.

— Obrigada por ter vindo, Steve e obrigada pelo presente – Megan sorria daquele jeito desconcertante de alguém que sempre foi feliz. Ela tinha aquela atitude doce e determinada que fazia com que eu me sentisse mais feliz só por vê-la.

Era um sentimento estranho demais.

— Você vai voltar para o Campus hoje? Porque você e... eu... quero dizer... podíamos... – as palavras estavam entaladas em minha garganta e não pareciam querer sair de jeito nenhum.

— Steve, você está me convidando para um encontro? – os olhos azuis de Megan estreitaram-se em busca de uma resposta que eu não conseguia dar.

— Sim... Se você quiser, é claro – finalmente consegui responder, mas as palavras ainda saíam aos tropeços. – Pode ficar hoje?

— Eu gostaria muito, mas tenho prova amanhã – ela se desculpou, mas ainda assim me senti um idiota. É claro que ela estaria ocupada.

O que ele estava pensando?

— Mas podemos sair semana que vem. Eu prometo que não terei nenhum compromisso, que tal?

— Cl-claro – gaguejei, sem jeito. – Está marcado então.

— Ok, mas prepare-se porque vou mandar muitas mensagens durante a semana com o meu progresso de leitura – meu sangue gelou só de pensar em sua opinião. Será que entenderia?

Sem dizer mais nada, Megan se aproximou. Pensei que ela fosse me abraçar, mas Megan virou o rosto para o meu e me beijou.

Foi apenas um beijo no rosto, mas ainda assim eu me sentia eletrificado, como se tivesse tocado um fio desencapado.

A última memória que tenho de ontem à noite são os olhos azuis de Megan brilhando enquanto se afastava.

— Rogers?

A voz de Sharon me traz de volta a realidade. Ela me olhava como se já estivesse tentando chamar a minha atenção há algum tempo.

— Está indo para a sala do Diretor Fury?

— Sim. Você também? – começamos a andar lado a lado. Apesar de serem parentes, Sharon e Megan não eram parecidas e, pelo o que pude notar, não tinham nada em comum.

Mas pareciam se dar bem. Megan nos apresentou no dia anterior e senti que, apesar de ser reservada, Sharon se importava com a prima.

— Sim, tenho notícias sobre o caso da Megan – Sharon balançou a pasta que carregava, me fazendo perceber o perigo que Megan ainda corria.

— É muito ruim?

— Defina ruim.

— Rogers e Carter – Fury anunciou assim que abriu a porta. – Querem continuar de conversa fiada ou podemos começar?

Nick certamente não estava de bom humor.

— Bem, depois do que ocorreu com Megan, eu fiquei responsável por rastrear onde a mulher que a sequestrou pudesse ter ido – Sharon começou. – Depois de muito procurar, meu time e eu entramos em contato com a Inteligência Britânica e o chefe deles, Brian Braddock, conseguiu as informações que precisávamos.

Sharon nos entregou arquivos, um deles era a foto da mulher que ordenou o sequestro de Megan.

— A mulher que ordenou o sequestro se chama Valentina de Fontaine, tem 40 anos e é polonesa. Seus pais eram operativos da HYDRA que foram recrutados pela SHIELD depois da guerra. Fontaine foi agente da SHIELD na Europa nos anos 90 até desaparecer em 2003, com sua aparente morte declarada em 2004.

O recrutamento de antigos agentes da HYDRA não me surpreendia mais. Foi um mal necessário para proteger o país, mas ainda me pergunto o que ainda falta ser desencavado desse passado.

— O que é isso? – puxei uma foto de dentro da pasta. Parecia ter sido tirada por um drone.

— Isso é o último paradeiro conhecido de Fontaine – Sharon explicou. –  Foi tirada há 3 dias. É a foto de uma base abandonada na Polônia. O que quer que estivesse fazendo, tem a ver com aquele lugar.

— Ótimo trabalho, Agente Carter – Nick elogiou. – Quero que escolha os melhores agentes e monte uma equipe para vistoriar o local. Qualquer coisa ou objeto suspeito, traga para análise.

— Sim, senhor – Sharon saiu da sala, assentindo em minha direção.

— Antes que diga qualquer coisa, não é necessário que você vá – Nick cortou, quando iria me voluntariar para a missão. – Quero que descanse, sei que vamos precisar de você em breve.

— Mas, Nick...

— Rogers, descanse – Fury disse. – Isso é uma ordem.

 

 

JULIE

 

Depois de perambular por mais de meia hora atrás de Brad pelos corredores da Academia, um de seus parceiros finalmente apontou onde ele estava.

Eu estava nervosa. Apesar de ser bem eloquente quando precisava, eu nunca havia confrontado alguém desse jeito e é meio assustador, para dizer a verdade, mas papai tinha razão. Eu tinha que confrontar Brad, ele me devia a verdade.

O que significava que eu também teria que me expor. Teria que contar sobre minha ligação com Loki, eu devia isso a Brad.

Devíamos a verdade um para o outro.

— Brad? – entrei no alojamento masculino que parecia deserto. – Brad?

A água do chuveiro estava correndo. Me aproximei mais e vi o celular de Brad em um balcão. Contemplei por 5 minutos se devia ou não me comportar como uma namorada neurótica.

Se bem que não acho que Brad esteja me traindo. Peguei o celular e respirei fundo.

Era pelo bem maior.

Infelizmente, meu timing era terrível pois Brad escolheu essa hora para sair do chuveiro.

— Julie? O que faz aqui? – Seu olhar desviou para as minhas mãos e notei seu maxilar contraindo.

— Só vim ver você – larguei o celular. – Temos que conversar.

— Ok. Boa noite para você também – Brad se aproximou e tocou meu rosto. Por um momento, esqueci o que tinha de fazer quando ele me beijou.

— Brad, espere – falei, o afastando. Ele me olhou confuso. – Não sei por onde começar.

— Que tal do começo? – ele sorria e me senti uma megera por estragar o momento.

— Eu sei que está mentindo para mim – comecei e vi o choque em seu olhar. – Naquela noite, escutei você ao celular e não era com sua irmã. Quero saber, por que mentiu?

— Julie, eu realmente falei com minha irmã. De onde você tirou isso?

— De onde tirei isso? Você é inacreditável, Bradley – falei, minha raiva tomando conta. – Ouvi você falando sobre Fury e um tal de Rumlow e não parecia coisa boa.

Ele estava mentindo na minha cara. Não sei se fico chateada ou impressionada por ele ser tão bom nisso.

— Eu não posso falar das minhas missões para você, Julie – Brad disse. – Sinto muito, mas é confidencial.

— Isso parece estranho, Brad. E você prometeu que nunca mentiríamos um para o outro.

— E o que você vem fazendo nas últimas semanas além de mentir, Julie? – suas palavras me congelaram no lugar assim que ele as disse. – Acha que não notei que você mudou? Que está me evitando a todo custo?

— Não vire o jogo desse jeito! Isso é sobre você mentindo para mim, não o contrário! – gritei e acho que todos que estavam em um raio de 3 km ouviram.

— É por causa dele, não é? – Brad falou tão baixo que mal o escutei. – Loki.

— O quê? – sussurrei.

— Acha que não sei que sussurrava o nome dele enquanto dormia? – me senti fraca diante da afirmação, mas tentei voltar ao foco. Brad sabia de tudo. – Juro que tentei dar espaço a você depois de tudo que ele fez. Juro que tentei, mas não entendo o que está acontecendo com você, Julie porque você foge de mim. Você se afasta de mim e, de alguma forma, vai de encontro a ele.

Eu me sentia tonta, incapaz de responder.

— Você... você sabia o que eu estava passando e... decidiu não me ajudar? – Senti lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto, meu peito arfava e imaginei se aquela dor era apenas minha.

Nunca me senti tão traída.

— Que tipo de amigo você é!? – esbravejei e pude jurar que meus pulmões estavam queimando.

— Julie... Julie! – Brad veio correndo quando meus joelhos chegaram ao chão.

Algo estava errado.

Meus pulmões pareciam pegar fogo. Sem conseguir respirar, me apoiei em Brad que gritava meu nome.

Foi quando vomitei sangue que eu soube. Não era eu que estava morrendo.

Era Loki.


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Notas finais do capítulo

Me contem o que acharam!



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