Um barulho de pisão invadiu o ginásio. Eu olhei para trás e vi a pior visão da minha vida, quase pior do que aquela vez que eu abri a geladeira e não tinha nenhum Toddynho.

Era o boy-magia bonzinho que agora estava com a Patrícia, mas ele estava diferente. Estava muito mais alto, muito mais forte, e muito mais magia.

— Esse é Felipe – disse Patrícia – Eu descobri uma combinação de Chamito, Guaraná Dolly e Sucrilhos que resultou em algo muito mais eficaz do que qualquer esteróide.

— Felipe vai esmagar – dizia ele, com a voz muito grossa – Eu adoro Danoninho...

Ai gente, to bege! Essa louca siliconada loura oxigenada roubou o meu bofe e ainda transformou ele em um monstrão a base de cereal com guaraná? É preciso que algo aconteça.

Felipe avança até o palco e se posiciona ao lado de Patrícia.

— Juntos, nós dominaremos a escola – gritou Patrícia, dando uma risada maquiavélica.

— Não tema, meu amor – gritou uma voz vinda de um andaime acima do palco.

Era Harry Styles. Ele estava em um andaime que passava por cima da criatura gigante e colossal.

— Eu vou pular nesse monstro e nocautear ele – disse Harry – Para provar meu amor por você, eu irei me jogar e matar ele.

Por alguns instantes, Harry apenas ficou lá parado, e eu fiquei admirando ele... digo, cruzes, que cara escroto. Odeio 1D, o negócio é Nirvana, Kurt Cobain é o melhor baterista vivo de hoje em dia.

Harry continuou lá parado.

— Se joga logo, caralho – gritou alguma menina aleatória na platéia.

E foi isso o que ele fez. Ele se jogou sobre o monstro, mas não surtiu efeito algum. Harry acabou quebrando a perna. Isso porque ele não tem força nos ossos, se ele tomasse Toddynho isso não teria acontecido.

— E agora, quem poderá nos salvar? – gritou Rafaela.

E então, a parede do ginásio se quebrou. Todos nós ficamos olhando para ver quem era.

Era Dino, o grande dinossauro representante do Danoninho. E ele, com sua cauda frontal, começou a batalhar contra o monstro.

A batalha foi sangrenta, mas utilizando ataques muito poderosos, Dino venceu, e então ele criou asas de pégaso e saiu voando. E aí ele me jogou uma corda. Eu tenho que pegar a corda... Acorda!

— Acorda – gritou Rafaela – Acorda!

Eu abri os olhos. Estava tudo normal. Eu estava em um palco, tinha um troféu do meu lado, Patrícia estava chorando em um canto, Rafaela estava do meu lado...

— O que aconteceu? – eu perguntei.

— Ai, miguxa, que susto você me deu. Você ganhou o prêmio e desmaiou de emoção, fofa. Mas agora está tudo bem, você ganhou o estoque de Danoninho para o resto da vida!

— Sério? Ai, que mara – gritei eu, levantando e dando pulinhos de alegria.

— Isso não vai ficar assim – gritou Patrícia – Você ainda não venceu, Julieta. Você se acha foda por ser contra o sistema e as manipulações, mas eu vou te mostrar. Eu irei arruinar a sua vida. Você não vai ter nem chance.

Então ela me mostrou o dedo do meio.

— Patrícia Pompeu, o que diabos você está fazendo? – perguntou uma voz.

Era uma mulher alta e loira. Parecia ter uns quarenta anos de idade.

— Mamãe, desculpa, foi sem querer, é que essa ralé aí ganhou o concurso e...

— Sem desculpas, mocinha – disse a mãe da Patrícia – Você vai ficar sem trufa de chocolate depois da janta, e não vai ter mais café na cama, e pode esquecer o Ovomaltine todas as manhãs porque você está de castigo, mostrar o dedo do meio é um ato muito feio!

A mulher entrou no ginásio e pegou Patrícia pela orelha e arrastou ela para fora. Todos nós rimos. A Patrícia é muito filhinha da mamãe, não é que nem eu, que sou totalmente independente.

Opa, ligação aqui no meu celular, é a mamãe.

— Oi filhinha querida do meu coração – disse a minha mamis.

— Oi mamãezinha linda que eu amo muito – eu respondi.

— Está se alimentando bem todos os dias? Está comendo o seu misto quente com presunto de marca todas as manhãs?

— Claro mamãe, beijinhos de sabor mel para você, te amo muito!

— Eu também, abraço, filha!

E ela desligou. Mas como eu ia dizendo, a Patrícia precisa ser mais rebelde igual eu, agora é melhor eu ir para casa porque já são nove horas e está na hora do soninho.