Eu estive pensando um pouco. Eu não faço muito isso, sou mais daquelas que agem, entende?

Eu estou no zoológico, e enquanto eu estava aqui, percebi o quanto pandas são fofos. Eles são animais incríveis. Posso estar parecendo idiota, mas acho que eles são os animais mais fofos do mundo.

Na verdade, eu já achava isso, o meu Tumblr é cheio de fotos deles. Eu amo o Tumblr. Foi lá que eu conheci o melhor baterista de axé vivo atualmente, Kurt Cobain.

A minha vida mudou bastante desde que minha mãe se mudou para algum lugar maluco do mundo e eu ganhei aquele estoque de Danoninho no concurso, mas, por algum motivo, eles ainda não foram entregues.

Acho que já passei bastante tempo no zoológico. Vou para casa. Já está na hora de comer meu strudel de bacon e compartilhar no Facebook como eu sou vintage e amo a década de 40.

Um tempo depois...

– Um fato trágico aconteceu – diz o repórter – Hoje, um caminhão carregado de Danoninho, pertencente à escola Doce Love, acabou caindo de um desfiladeiro e explodindo. O motorista está bem, mas o Danoninho foi completamente comprometido. O que havia restado sumiu, e algumas pessoas, como o senhor Roberto Almeros aqui, testemunharam o ocorrido.

– Exatamente, senhor repórter. Eu estava indo para o trabalho no meu carro, e vi o acidente. Eu fui lá checar se estava tudo bem, e vi uma criatura pegando uma caixa inteira de Danoninho e fugindo.

Mas que tragédia! O meu Danoninho! Como terei energia para propagar as ideias de Marx no meu perfil do Face sem Danoninho?

– Você consegue descrever a tal criatura? – pergunta o repórter.

– Mais ou menos. Eu vi que ele era verde e tinha duas caudas, uma ficava nas costas e outra na frente do corpo – responde Rodrigo.

Desligo a TV. Não aguento mais ficar ouvindo isso. Como pode algo assim ter acontecido com o alimento dos Deuses? Eu me recuso a acreditar!

Eu sei que eu já tenho bastante energia provida pelo Choco Milk, pelo Toddynho, pelo meu strudel com bacon e tudo o mais, mas o Danoninho é sagrado.

Ouço palmas. Alguém está no portão.

– Bom dia! – diz o carteiro – Eu vim entregar uma carta especial para a Srta. Julieta Styles Cobain da Silva.

Eu corro até o portão e pego a carta. Meu Deus, eu estou... quero dizer... caramba, eu sempre esqueço que sou ateia. Pelo menos quando estou longe da minha mãe. Bom, eu conto mais detalhes sobre meu ateísmo depois de ler essa carta enquanto como meu ovo de Páscoa.

“Cara Srta. Julieta

Você acaba de ser convidada para a exímia escola de Mogwarts. Essa escola é muito bacana e foi feita exclusivamente para pessoas raras e diferentes. Aqui você aprenderá bruxarias e muitas coisas. Por favor, abra a caixa mágica e coloque o chapéu.”

Ai, que luxo! Finalmente reconheceram a minha raridade. Deve ser por que hoje eu compartilhei no meu Facebook uma frase da Clarice Lispector e uma foto sobre quanto o Chaplin é o melhor ator de todos.

Eu abro a caixa que veio junto com a carta. Dentro tem uma touquinha de panda. Que linda! Eu a coloco e fico meio tonta. O mundo começa a girar em uma explosão psicodélica de cores, sons, pandas e Toddynhos. Eu sinto meu corpo tremer e de repente, minha casa some e eu sou sugada para um vortex.

Muitas horas depois...

Ai, minha cabeça. Acho que eu apaguei. A última coisa que eu me lembro é de colocar aquele chapéu de panda. Eu abro os olhos e vejo que tem alguém me olhando. É um garoto de cabelo marrom que usa um óculos de nerd. Ai, que tudo! Eu amo nerds, combinam comigo, afinal eu sempre fui a nerd feia da minha escola.

– Bem vinda à Mogwarts, cara amiga diferente. Meu nome é Larry Potter, e eu sou o aluno mais popular dessa escola que nunca dá atenção para as garotas novas não-populares. Minha função é te mostrar a escola e tudo o que há de bom.

Eu acho que eu estou apaixonada. De novo. Bem, haja o que houver eu não irei deixar esse romanca ir por água abaixo, como aconteceu com o Leonardo, que acabou morrendo de uma maneira totalmente trágica. Mas eu tenho certeza que esse garoto muito popular está apaixonado por mim.