Lealdade, Honra, e um Coração Disposto escrita por Dagny Fischer


Capítulo 6
Cap. 6 – Happy Hour




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/587266/chapter/6

Depois de uma breve reunião entre Elrond, Ellen, Thorin, Gandalf, Dwalin e Balin, onde se definiu que ela havia se mostrado digna da Companhia de Thorin, ela e Dwalin foram dispensados, e a todos foram mostrados seus aposentos. As mulheres apreciaram a oportunidade de tomar um banho de verdade, e algumas roupas limpas e mesmo camisolas foram emprestadas. As garotas estavam curiosas sobre a reunião, e todas conversavam distraidamente enquanto se revezavam na banheira.

A elfa lhes contou que Dwalin disse a Thorin que ele a considerava rápida, mas que seus golpes poderiam ser mais fortes, mesmo tendo uma lâmina bem afiada para compensar. Ele notou, acertadamente, que ela não estava acostumada a mirar cabeça e pescoço, o que era verdade, porque no boffering isso é proibido, mas que poderia ser corrigido com treino. Então Thorin perguntou sobre as habilidades das garotas, e Ellen explicou o melhor que pôde sem uma demonstração. Então ele resolveu que elas teriam um pouco de treinamento dali em diante, em todo tempo livre possível, e escolheu Fíli para treinar Iris, já que ele se distinguia na luta com duas espadas; Kíli tomaria conta de Lily, uma vez que ambos eram arqueiros; e Thorin treinaria Ellen ele mesmo.

“Vai ser legal, esses dois são divertidos!”

“Você só está dizendo isso porque ganhou uma moeda de ouro deles.”

“Como é que você conseguiu uma peça de ouro, Iris?”

A hobbit riu alto.

“Eles estavam fazendo apostas na sua luta. Nós apostamos uma peça de ouro em troca de uma lata de atum!”

“E você ganhou a moeda e não perdeu o atum, certo?”

Ellen queria desembaraçar o cabelo antes de lavar, de modo que fosse mais fácil remover a sujeira, e foi a última a se despir para o banho. Estremeceu quando tirou o corpete de couro, então tiou a camisa que era-uma-vez- branca. Lily assobiou, olhando a grande equimose preta nas costas de Ellen com olhos arregalados

“Titia, isso não parece nada bom!”

“Eu sei.” Ela disse, se crispando de dor quando a sobrinha a tocou levemente.

“Precisamos fazer alguma coisa, você pode ter quebrado uma costela! Vou dar uma olhada no meu kit de primeiros socorros, mas o mais provável é que lá só tenha ervas secas e cascas de árvores em vez dos nossos remédios alopáticos. Vou ver se existe algum gelo nessa casa, se eles têm eletricidade é possível que também tenham um freezer.

“É, pode ser que sim. Você viu a cara dos anões quando as luzes foram acesas? Acho que pensam que é algum tipo de mágica!” Disse Iris, rindo novamente.

“Todas essas cachoeiras são excelentes fontes de energia, para quem sabe como usá-la. Esse Mestre Elrond deve ter seu mestrado em engenharia!” Ellen curtia a água morna e toda a espuma de sabão em seu cabelo, mas estava com dor. “Lily, não diga a nenhum dos anões que eu estou machucada. Vamos manter isso só entre nós.”

“Mas por quê?”

“Eles podem achar que sou fraca, e daí podem não estar dispostos a deixar que vamos com eles. Precisamos ir com eles, senão não vamos voltar para casa nunca mais!”

ooo000ooo

Lily vestiu roupas limpas, saiu dos aposentos e achou uma elfa gentil que a guiou até uma cozinha. Como elas suspeitavam, eles tinham gelo, mesmo que não num freezer que elas reconheceriam como tal. Mas a cozinha não estava vazia.

“O que você está fazendo aqui?” Perguntou um Thorin bravo com um baldinho cheio de gelo nas mãos. Lily olhou para o gelo e quase riu, adivinhando corretamente que ele estava zangado por ter sido pego em flagrante levando gelo para cuidar dos hematomas de Dwalin. Ela sabia que Ellen podia estocar com força às vezes.

“Hmm, só o mesmo que você, senhor. Pegando um pouco de gelo. Poderia me dizer onde achar um baldinho como o seu?”

Elrond respondeu no lugar do anão, já que ele mesmo havia guiado Thorin até a cozinha.

“Daquele lado, senhora Lily, escolha qualquer um que quiser.”

“Muito obrigada, senhor.”

“Vocês três estão tendo um drinque em particular, também?” Perguntou o elfo, quebrando uma barra de gelo com um quebrador.

“O quê?” Lily não entendeu a pergunta.

“O senhor Thorin aqui disse que alguns de seus companheiros estavam tomando um drinque em particular para terminar a noite, por isso precisavam do gelo.”

Thorin ficou vermelho como uma maçã. Ele tinha inventado a mentirinha para ocultar os hematomas de Dwalin, afinal não queria que ninguém soubesse que seu poderoso guerreiro tinha sido batido por aquela elfa. Mas pelo jeito que Elrond falava com Lily, parecia que ele não tinha acreditado muito na história.

“Ah, sim, é isso.” Ele decidiu acompanhar a mentira. “Depois de tantos dias vagando nos ermos, uma bebida gelada depois de um banho soa realmente delicioso.”

Agora era a vez de Thorin não acreditar na mentira. Considerou que podia ser uma boa ocasião para colocar aquelas três mulheres estranhas em seus lugares.

“Então, senhora, seria um prazer compartilhar um drinque ou dois com você e suas parentes. Estaremos na sala de jantar em que estávamos antes.”

Ele saiu da cozinha batendo os pés, seguido pelo olhar divertido de Elrond e o suspiro sem esperança de Lily.

ooo000ooo

“Você fez o quê?”

“Não fica brava comigo, Titia, se você não tivesse dito para não falar nada sobre seus machucados nada disso teria acontecido! Você sabe que eu sou terrível para mentir, eu não tive outra idéia a não ser seguir a sugestão!”

Ellen estava deitada de barriga para baixo numa cama, com Lily colocando gelo em seus hematomas e esfregando um unguento. Seu braço, costas e outros lugares que o anão tinha acertado estavam doloridos, mas ela tentava não se encolher muito quando algum lugar desses era tocado. Os remédios delas tinham mudado apenas um pouco, as embalagens mostrando o desenho de ervas e coisas escritas naquelas runas que elas não conheciam. Lily conhecia cada erva pelo desenho, adorava esse tipo de coisa, e o cheiro de cânfora do ungüênto era inconfundível, mesmo mascarando o cheiro mais sutil de folhas de comfrey e de arnica.

“Lily, estamos cansadas, eu estou machucada, aquele anão me odeia, não temos nenhuma bebida de verdade nas nossas mochilas e você está me dizendo que eu tenho que sair dessa cama confortável para um happy hour com eles?” Ela gemeu. “E se eu não for, vou deixar patente que não estou tão bem quanto quero que eles acreditem!”

“Sinto muito, Titia, eu não sabia o que fazer! Esse Thorin me enerva!”

“Ei, vamos fazer uma limonada desse limão, meninas!” A animada Iris estava espalhando a maior parte do conteúdo de sua mochila no chão, até achar o que queria, um olhar maligno em seus olhos azuis angelicais. “Vamos ver se eles são fortes o suficiente para nossa bebida!”

ooo000ooo

Era uma regra de ouro em campeonatos de boffering que não fosse permitido o consumo de álcool, mas havia outros usos que não beber que tinham permissão. Acender uma fogueira ou desinfetar alguma coisa estava perfeitamente dentro das regras, e para o segundo desses itens Iris tinha uma garrafa de álcool de cereais duplamente filtrado, a 70 GL, só um litro, mas seria suficiente para diluir de forma a fazer uma bebida forte, já que isso era virtualmente uma vodka muito forte.

Tinham suco de fruta liofilizado o suficiente para escolher o que queriam. Lily foi até a cozinha e arrumou algumas jarras e mais gelo, e elas já tinham água nos aposentos. Nenhuma delas estava cansada demais para aprontar alguma coisa, e o gelo nos hematomas pretos fez seu efeito anestésico, e agora até Ellen estava de bom humor o suficiente para uma pequena vingança.

Puseram suas próprias roupas, mas as que tinham em suas mochilas para a festa que estava programada para uma das noites no acampamento de boffering. Não eram tão finas como as roupas élficas que alguém colocara para elas no guarda-roupa, mas serviam bem e elas pareceriam exóticas porém não exatamente élficas para a festa anã, e era isso que elas queriam agora. Estavam frescas do banho e cheirando a lavanda, mais um pouco de cânfora, no caso da Ellen.

Quando alcançaram a sala de jantar a maioria dos anões estava lá, rindo e cantando suas próprias músicas, tendo dado um jeito de acender uma fogueira para quebrar a friagem da noite, e de ‘tomar emprestado’ um barril de vinho da adega. Aqueles que perceberam a chegada delas foram rápidos em cochichar e rir, e mais ainda em se servir de um pouco de suco de frutas. Dori foi um que se engasgou com ele, para o deleite e gargalhadas dos outros, e as mulheres tiveram sua parcela de diversão com eles. Sem seu líder por perto eles eram muito mais simpáticos com elas, e finalmente tiveram oportunidade de se conhecer melhor. A despeito do duelo com Dwalin, ou por causa dele, estavam sendo aceitas com membros da Companhia. Dwalin e Ellen cumprimentaram-se calorosamente, porque sabiam quem o outro era, e que estavam do mesmo lado. Ellen estava servindo um pouco mais de sua bruxaria na caneca de Bombur quando ouviu uma voz alegre de detrás dela.

“Eu queria experimenta-la, também!” Quando Ellen virou-se com a jarra na mão, quase a derrubando sobre Kíli, que estava a centímetros dela. “Quero dizer, a sua bebida!”

“Nenhuma noção de espaço pessoal, heim?” Ela olhou para baixo para o sorriso maroto no rosto dele, quase na altura de seus seios.

“E para que isso serve?” Ele parecia já estar um pouco bêbado e seus olhos não saiam do laço sobre os seios dela.

“Geralmente, senhor, para manter os dentes no lugar, se entende o que quero dizer!” Ela estava achando divertido, mas não tinha a intenção de recuar nem um centímetro.

“Tenha compostura, rapaz! Ninguém mexe com a minha amiga aqui!” Era um Dwalin um tanto ébrio que decidiu protege-la, e mostrar o quando ela era sua amiga com um tapa nas costas. É claro que acertou bem no lugar que seu último golpe de machado havia batido, e ela perdeu o fôlego por um momento.

“O senhor Dwalin aqui está completamente certo, senhor Kíli, e eu não mexeria com ele se eu fosse você!” Ela complementou, sentido-se à vontade para bater no peito dele com o cotovelo onde ela sabia que tinha estocado com força antes. O grunhido abafado dele foi sua recompensa.

Thorin finalmente fez sua entrada com Balin e Bilbo a seu lado. Estava agradavelmente surpreso de ver as novas aquisições de sua companhia presentes, divertindo-se e fazendo amizade com a tropa, com respeito mútuo apesar do comportamento de Kíli. Era difícil ele mudar de opinião, e algumas vezes ao longo do dia ele tentou esquecer que tinha acabado de contratar uma elfa, mas os hematomas pretos de Dwalin lhe deram uma nova dimensão do potencial dela, e agora, vendo todos juntos como uma família, era tudo que sempre quis para um exército. Essa mulheres não seriam uma distração, colocando a missão em risco, porque eram do mesmo feitio que eles. Ele ainda não havia visto as habilidades de luta das mais novas, mas uma pedra nunca cai longe de sua mina, e eram todas do mesmo sangue, por mais estranho que parecesse.

“Companhia!” Todos fizeram silêncio na hora, olhando para ele. “Teremos que esperar alguns dias até a lua certa estar no céu. Por algum tempo, seremos hóspedes na casa de Elrond. Agora, em nome de Durin, não desgastem nossas boas vindas!”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lealdade, Honra, e um Coração Disposto" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.