Lealdade, Honra, e um Coração Disposto escrita por Dagny Fischer


Capítulo 7
Cap. 7 – No Campo de Treino




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A manhã seguinte encontrou a maior parte dos anões dormindo profundamente. Havia passado muito tempo desde que haviam tido uma boa noite de sono, sem vigílias, e sob um teto seguro. Era realmente repousante. Para a parte feminina da turma havia sido menos tempo, mas de alguma forma mais difícil, porque elas tinham turnos de vigília mais longos e, portanto, menos horas de sono, mais a angústia de não saber o que esperar a cada manhã. Mas elas se levantaram com os passarinhos, já que eram esperadas no campo de treino e havia sido tão difícil conquistar a confiança de Thorin e sua Companhia que não se arriscariam a perde-la tão rápido.

Depois de um café da manhã composto principalmente de aveia, frutas e leite, para a infelicidade dos anões, foram para o campo. Para surpresa das mulheres, o hobbit Bilbo estava lá também, parecendo infeliz, com uma pequena espada a seu lado. Ele seria treinado por Fíli, junto com Iris, e era embaraçoso para ele que uma garota, e bem mais nova que ele, fosse treinar técnicas avançadas de esgrima com duas espadas enquanto ele nem sabia direito como segurar uma só. Seu abridor de cartas, como Balin havia observado. As dela eram mais ou menos da altura da cintura, mas incrivelmente leves, e realmente funcionavam para Iris. Pelo menos era Fíli que iria treina-lo, ele se sentia mais à vontade com os anões mais novos.

Fíli lhe ensinou alguns movimentos e posições básicos e o deixou sozinho lutando contra um manequim. Então fez Iris mostrar o que ela sabia fazer, e começou a corrigir seu equilíbrio e ginga, uma vez que ela não estava acostumada com lâminas afiadas que realmente cortavam o ar. Kíli e Lily ainda estavam testando o alcance dela, pois seu arco tinha mudado muito na transposição de mundos. E Ellen estava pensando em como poderia escapar do olhar severo de Thorin, e chegou à brilhante conclusão de que era melhor terminar isso o mais rápido possível e tentar repousar suas feridas.

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Fíli tinha posto os dois hobbits para lutar um com o outro com embotadores nas espadas, Iris com apenas uma espada. Ele disse que ela deveria treinar luta com uma só mão também, para o caso de perder uma espada ou ter uma mão ferida - ou amputada, como ele insistia em dizer para assusta-los mais.

Bilbo estava desconfortável em lutar com uma garota. Como estavam treinando num ritmo suave, com Fíli não muito preocupado em força-los, eram capazes de conversar, os três. Descobriram que a idade dela em anos de hobbits deveria ser algo como vinte e cinco, ou seja, em sua vintena, os anos agitados e irresponsáveis entre vinte e trinta; mas isso também significava metade da idade de Bilbo, que de repente pensou em si mesmo como um halfling velho, amargo e solitário. Ela era pura radiância, seus cachos vermelho-fogo emoldurando o rosto delicado iluminado por olhos azuis como o céu. Ele pensou que nunca houve alguém como ela lá no Condado.

“Bilbo, você vai ser morto na hora se não focar sua mente onde deveria estar!”

“Sim?” ele se voltou para Fíli, alarmado, no seu mais perfeito modo sem noção.

“Não! Não olhe para mim, olhe para ela!”

“Não é isso que eu estava fazendo?”

“Sim, mas…” Era um caso perdido. “Ah, esqueça. Descanse um pouco, vou mostrar algumas técnicas para Iris.”

Bilbo sentou e ficou olhando para Iris, seu cabelo flutuando no vento como uma chama enquanto duelava com Fíli. O anão parou algumas vezes para corrigir sua empunhadura, seus movimentos, segurando a espada com sua mão sobre a dela, fazendo ela se mover junto com ele, e isso era completamente desnecessário, Bilbo tinha certeza.

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Lily estava tão feliz quanto seria possível, pensando que isso era mais interessante do que qualquer torneio de boffering que ela jamais participaria. Kíli era divertido e excelente companhia, apesar de nunca perder a chance de tirar o sarro dela. Primeiro testaram seu alcance, que era um pouco menor que o dele, então sua precisão, então precisão com alcance, e isso foi quando pararam para assistir o tio dele e a tia dela lutarem, junto com a irmã dela e Fíli. A lembrança do duelo com Dwalin estava fresca, mas os rapazes sabiam que seu tio era mais do que força bruta, e era óbvio que a elfa estava passando maus bocados com ele.

A garota anã estava preocupada com Ellen, porque ela sabia a extensão dos ferimentos dela, mas preferiria morrer a de dizer qualquer coisa sobre isso para os rapazes. Sem nada melhor a fazer enquanto assistia a luta, começou a enrolar as mechas de suas costeletas.

“Você devia trançar.”

“O quê?”

“Você devia trançar sua barba.” Respondeu Kíli. “É o melhor jeito de mante-la fora do caminho quando estiver atirando flechas. Você realmente não a quer embaraçada numa flecha quando você atirar.”

Ela sorriu para ele. Ele era engraçado e atencioso, não todo bravo com todo mundo como Thorin. Ela iria gostar de conversar com ele mais frequentemente.

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“Eu a ví ontem, então tenho uma boa idéia do que esperar de você. Vamos usar manequins para treinar órgãos vitais. Lamento por qualquer treinamento que você tenha tido antes, mas tocar não é o suficiente, você precisar visar uma morte, ou desmembramento, ou um golpe incapacitante, e precisa ser forte o suficiente para realizar isso. Entendeu?”

Ellen respirou fundo para o Diretor de Recursos Humanos.

“Sim, senhor.”

“Você tem um círculo de cinco manequins. Mate-os.”

A elfa sorriu com a lembrança do donuts da morte, um modo de treino que seu grupo de boffering costumava usar. Eles faziam um círculo e um lutador ia até cada um para um duelo de um toque, e então para o seguinte, até o círculo ser completado. Era quase como se ela tivesse um donuts da morte sem ninguém tentando acerta-la.

Mas ela estava errada.

Thorin estava ao lado do manequim, bloqueando todos movimentos dela, protegendo o maldito manequim. Ele não estava atacando, o que era uma sorte, mas era quase impossível alcançar os manequins. Quando ela conseguia, ele estava lá bloqueando a força do golpe dela, fazendo com que quase errasse, fazendo com que tocasse apenas de leve, e ela já estava suando e bufando e não tinha ‘matado’ nenhum manequim ainda. Isso não ia dar certo.

“Vamos lá, não consegue fazer melhor que isso? Estou só bloqueando, o que você vai fazer quando o inimigo te atacar? Morrer? Como você pode proteger quem quer que seja ou até você mesma numa luta de verdade se não consegue sequer matar um manequim estúpido?”

Céus, como se não estivesse ruim o suficiente, agora ele a estava provocando, tentando fazer com que perdesse a paciência. Ela tinha tido diretores assim antes, mas geralmente aquele tipo fazia isso para que alguém se irritasse, perdesse a paciência e fosse desqualificado, para que pudessem colocar um capacho em seu lugar. Mas Thorin não precisava disso, ele já tinha todos aqueles anões e ela não estava em nenhuma posição que qualquer um deles precisasse. Então, o que seria?

“Eu aposto uma lata de atum no manequim.”

Ela ouviu Iris perto dela. Era um alívio ouvir o quanto sua sobrinha confiava nela, céus!

“Sem chance, você está tentando ganhar mais uma peça de ouro de mim, é isso que você está fazendo!” A voz de Fíli respondeu. Grande, agora havia uma platéia para ve-la falhar em matar um único maldito manequim estúpido.

Então ela se deu conta. Havia cinco manequins para serem mortos, não um único, e ninguém disse que ela tinha matar um de cada vez como no jogo de donuts da morte. Thorin estava certo, ele não a estava atacando. Então devia ser só… gingar, bloquear, e golpear!

Ellen gingou sua lâmina longa em direção ao mesmo manequim de sempre e, exatamente como antes, Thorin a bloqueou com sua espada; ela levantou a lâmina curta para manter a dele bloqueada para trás com ela e girou com selvageria com sua espada bastarda. O defensor dos manequins não podia estar em todos os lugares ao mesmo tempo, e três deles ‘morreram’, um decapitado, outro com o tronco cortado profundamente e o terceiro com uma perna severamente fendida.

Quando ela voltou a encarar Thorin ele estava sorrindo, mas ainda havia dois manequins para liquidar, e ele estava entre eles. Um deles ela deu jeito de acertar com força na cabeça quando ela ameaçou avançar para o outro com a direita e bateu de volta com a esquerda. Voltando com um movimento fluido ela girou em volta do sorridente guardião do único maldito manequim estúpido, aquele que ela arranhara várias vezes e nunca conseguira um bom golpe, trocou as mãos de bloqueio e decapitou-o.

“Agora… água… por favor…”

Ela desabou no chão, arfando. Thorin olhou para baixo para ela, sobrancelhas franzidas.

“Você não está acostumada a muitas horas de luta, está?”

“Na verdade, não.”

Ela agarrou o cantil que Lily lhe trouxe e bebeu tudo.

“Nem as jovenzinhas?”

“Elas estão em melhor forma do que eu, eu já fiquei anos demais trancada num prédio de escritórios.”

Ele se questionou o que seria um prédio de escritórios, mas parecia que não era bom para a saúde, soando quase como algum tipo e masmorra.

“Você vai se acostumar. Se Bombur não atrasa a Companhia, não é você que vai atrasar. Suficiente por essa manhã, vamos ver como estão suas sobrinhas.

Ellen estava grata pela pausa, seria sua vez de ser platéia para as meninas enquanto fazia apostas. Ela só não sabia o que apostar, mas como parecia importante para eles, ela daria um jeito. Mas então Lindir chegou e pediu que o acompanhassem, uma vez que o senhor Elrond queria conversar com ela e Thorin juntos. Estraga-prazeres.


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