– Mas que merda vocês estão fazendo? - Perguntei, quase em um sussurro.

Alice estava sentada na bancada da minha cozinha e Jack estava praticamente engolindo seu pescoço. Algumas coisas estava jogadas no chão, o que explicava o cabelo bagunçado de Alice. Quando ouviram minha voz, Jack rapidamente saiu do meio das pernas de Alice, que pulou da bancada, onde a alguns segundos atrás eles estavam quase fazendo... Quase fazendo... Quase fazendo... Ok, eu não consigo falar esta palavra.

Sexo. Era isso que eles estavam quase fazendo. - Meu subconsciente gritou dentro da minha mente e meu estomago se revirou.

Alice fez uma cara de sem graça, mas por trás daquela vermelhidão em seu rosto, eu podia ver seu olhar de triufo. Respirei fundo algumas vezes, tentando me acalmar e retomei a pergunta.

– Então?

– Não parece óbvio? - Alice revirou os olhos.

– Na verdade não. - Disse seca.

– Bem, então você é mais idiota do que parece. - Ela falou e Jack passou a mão em sua cintura, onde ele deu um leve apertão. - Quero dizer... Ai meu Deus, me desculpe por ser grossa. É que eu estou tão nervosa. - Ela arrastou a voz como uma puta.

– Thals, nós estamos namorando. - Jack disse sorridente.

– O QUÊ? - Berrei surpresa.

Alice fez uma cara de santa que não combinava mais nada com ela e sussurrou algo como eu te avisei, para Jack. Um silêncio constrangedor se instalou na cozinha, minhas mãos suavam e eu estava nervosa. Ela estava conseguindo tirar ele de mim, eu sabia que sim. Ele nunca deixaria um patricinha mesquinha como Alice falar comigo daquele jeito, não antigamente.

– Thalia, você tá fabricando a comida? - Katherine entrou na cozinha e parou assim que notou a cena. Jack e Alice abraçados em frente a bancada e eu congelada na porta.

– Mas que porra, será que eu não posso ficar um pouquinho no sol que as coisas já dão errado?! Qual é o problema, desta vez? - Kat revirou os olhos e apoiou as costas na parede.

– Nenhum! - A vaca mugiu. - Acontece que a nossa amiguinha, não pode ficar feliz por eu e Jack estarmos juntos, porque ela é uma completa invejosa. - Ela fez sua voz de puta novamente e agora que eu começei a notar que esta voz fica perfeita nela.

– Vocês estão juntos? - Kat disse meio surpresa.

– Mas o quê? Você tá maluca Alice? Em primeiro lugar, a única invejosa aqui é você! E mais uma coisa, PARA DE FALAR DESSE JEITO COMIGO ANTES QUE EU TE ARREBENTE! - Gritei.

– E de que eu teria inveja? Nem tem do que ter inveja de você. Sua vida é tão merda, você é tão merda, que nem seu pai te quis.– Ela finalizou.

Sem pensar duas vezes lançei minha mão em direção ao seu rosto, mas antes eu fiz questão de checar se ela estava bem fechada. Acertei um soco em seu nariz e ela levou a mão ao sangue que escorria. Vi Kat correr em direção a Alice que estava no chão e Jack agachar ao seu lado.

– Meu Deus Thalia, qual o seu problema? Olha só o que você fez, tá sangrando. - Jack me encarou.

– O MEU PROBLEMA? Você ouviu o que ela falou? - Perguntei abismada. Katherine ajudou Alice a se levantar, parecia que eu tinha batido tanto nela que era impossível se levantar sozinha. Elas passaram por mim e Kat me lançou um olhar de reprovação.

– É, ela falou que você ficaria assim, eu só não quis acreditar. - Ele passou a mão no cabelo e mexeu a cabeça em negação.

– Você só pode estar brincando. - Ri nervosa. - Quer saber, foda-se. Se você quer ficar do lado dela o problema é seu. Você viu o que ela falou, viu o que ela fez e...

– Exatamente, eu vi eu te contando algo que era importante para mim e você dando uma de louca. - Ele me interrompeu. - Será que em algum momento você vai parar de se preocupar só consigo mesma e vai olhar mais para os outros? Bem, eu acho que não. - Ele disse e saiu da cozinha.

Minhas pernas tremeram e meu corpo desabou no chão frio. Aquilo era demais para mim. Senti algo molhar minha perna nu. Uma lágrima. Meu corpo se moveu involuntáriamente para frente. Um soluço. Meus olhos ardiam e minha garganta parecia se fechar cada vez que eu tentava respirar. Minhas costas tocaram a parede gelada e eu encolhi minhas pernas e as abraçei. Lágrimas e mais lágrimas começaram a rolar pela minha face enquanto meu corpo se balançava com os soluços que escapavam da minha boca.

Ele tinha prometido estar ao meu lado. Elas tinham prometido me proteger, mas agora tudo estava voltando, toda dor, tudo de novo.

Me levantei e praticamente rastejei até meu quarto. Tranquei a porta e me joguei na cama. Meu corpo estava pesado e eu ainda estava chorando. Peguei meu celular e disquei o último número que eu pensaria em ligar em qualquer outra situação. Repirei fundo enquanto a ligação não era atendida até que...

– Eu juro que se não for importante...

– Preciso de você. - Disse voltando a chorar.

– Grace? - Ele perguntou e por alguns segundos eu me arrependi de ter ligado, mas só por alguns segundos.