Fita de Seda escrita por moonrian


Capítulo 8
Capítulo 8 - Uma Conversa Quase Civilizada


Notas iniciais do capítulo

Eaaii, meu povo?? Olha eu aki, mais cedo que o previsto para postar um novo capítulo o/
Bem, sabem como é... a criatividade bateu e quando vi, já tinha terminado! kkkk
Tão sentindo o cheiro de treta no ar? Siim, vem desse capítulo!!!
Mas se acalmem que o nome do capítulo tem sentido, pq, acreditem, eles conseguiram conversar civilizadamente por uns poucos minutos hehe Agora chega de spoiler do capítulo, né? Vão ler!
*Boa Leitura*



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Não conseguira dormir muito bem aquela noite com a enxurrada de perguntas sem resposta atropelando-se em minha mente. Kaien havia sido evasivo quanto ao que acontecia com seu filho, dizendo que o segredo não era dele, e Zero quem deveria me contar caso desejasse partilha-lo comigo – e minha esperança de que ele me contasse tinha o mesmo nome que o próprio; Zero. Então, como minha curiosidade era algo que eu nunca conseguira controlar, fiquei a revirar na cama pensando mil motivos do por que a criatura passara mal e tomara tantos remédios.

Em uma tentativa desesperada de dormir, porque teria uma prova no dia seguinte (felizmente era em dupla e eu tinha Naomi), tentei distrair minha mente com qualquer estupidez possível, mas tudo me levava de volta ao evento com o albino – até quando tentei contar carneirinhos, porque na minha lógica mental, os carneiros que imaginei eram brancos e branco me lembrava da palidez de Zero, que me levava a um certo segredo...

Para completar minha desgraça, fui acordada cedo demais àquela manhã com batidas insistentes e altas – quem raios estava me obrigando a levantar as 05h10min quando eu só tinha que me levantar daqui a cinquenta minutos? Quando tentei sair da cama, ainda zonza e com metade do cérebro a dormir, me embolei nos lençóis e acabei por me estatelar no chão. Levantei-me esfregando o quadril, que fora o primeiro a encontrar o chão e por isso estava dolorido; e cambaleei até a porta que ainda era golpeada por alguém muito irritante. Quando a abri, dei de cara com a figura branca apoiando-se muito casualmente na soleira da minha porta, a face em sua inexpressividade habitual. Era quase como se a noite anterior, quando ele me assustara com aquele comportamento esquisito e a expressão predatória, nunca tivesse ocorrido,

– O que você quer, criatura? – inqueri, irritada e com a voz rouca – Sabe que horas são?

Ele deu de ombros, indiferente.

– Pouco me importa a hora, Hime. – retrucou – Você continua precisando de treinamento, então trate de vestir uma calça e me encontrar atrás da casa daqui cinco minutos, senão virei busca-la.

Meu senhor, ele acordou mandão essa manhã!

Minha cabeça tombou para o lado, confusa. Minha mente não trabalhava muito rápido, graças a sonolência.

– Treinamento? Vestir uma calça?

Uma sombra de sorriso tocou seus lábios, como se tivesse alguma piada interna, então seu dedo indicador apontou para minhas pernas.

Senti meu coração gelar em meio segundo e meus olhos se abriram mais com o medo; e eu implorei a Deus, aos anjos, aos santos e tudo mais que havia de divino para não ser o que eu estava pensando, que isso não estivesse acontecendo comigo mais uma vez. Lentamente baixei o rosto para ver minhas pernas pálidas, constatando que mais uma vez eu estava seminua na frente dele. Eu não estava usando nada além de uma camisa branca e uma calcinha cinza (pelo menos ela era grande, né?).

Dei um gritinho horrorizado, minha bochecha em mil matizes de vermelho, e fechei a porta na cara dele.

– Não se esqueça de que você tem só cinco minutos.

– Vá a merda, Zero! – gritei, mortificada, envergonhada, humilhada...

Será que se eu ficar com os braços pra cima, Deus me puxa? Já tive vergonha por uma vida!

Quando ouvi os passos de Zero na escada e o som da porta da frente batendo, soltei um suspiro aliviado e praguejei um milhão de vezes mentalmente com aquele belo começo de manhã. Deveria mandar uma carta pra vida e perguntar qual era o problema dela comigo, pois já não bastava ter perdido minha memória e conviver com uma pessoa tão ranzinza, teria que passar por tanta vergonha também? E ter aquele carma como testemunha de cada uma delas?

Fui direto para o banheiro, e assim que me olhei no espelho me surpreendi com a resistência do mesmo ao ver meu reflexo. Meu cabelo estava completamente bagunçado, meu rosto estava amassado e metade dele tinha a marca da fronha do travesseiro. Penteei meu cabelo o melhor que pude e fiz um rabo-de-cavalo alto.

Assim que terminei minha higiene matinal, saí do banheiro não me sentindo nem um pouco melhor. Olhei com melancolia para a maravilhosa cama de casal com dossel, ainda com os lençóis revirados, e ouvi-a cantar meu nome – como resistir quando a cama pede tão docemente?

– Que Zero fique congelando o bumbum lá fora! – resmunguei, agarrando-me a teimosia – Ele não manda em mim e eu vou dormir.

Joguei-me na cama e soltei um suspiro apreciativo, agarrando-me a um dos travesseiros disponíveis. Permiti-me relaxar naquela maciez maravilhosa do colchão, que fazia toda aquela experiência parecer que eu estava a deitar em nuvens. Hypnos, o deus do sono, estava quase me levando quando ouvi a porta do quarto se abrir e uma mão agarrar meu tornozelo, me puxando para a beirada da cama; logo depois estava sendo carregada nos ombros para fora do quarto – tudo isso numa fração de segundos.

Comecei a socar as costas de Zero com toda a minha força – era tudo que eu podia fazer já que ele imobilizara minhas pernas.

– Solte-me, seu louco! – protestei, irritada – Que espécie de homem das cavernas é você, que faz essa crueldade com uma pobre garota com sono?

– Eu avisei que você tinha só cinco minutos – lembrou-me.

Rosnei e voltei a soca-lo com ainda mais força e determinação, enquanto ele passava pela porta dos fundos para nosso local de treinamento, aparentemente não sentindo dor nenhuma com minhas investidas.

– Você não manda no meu tempo ou em mim, então me esqueça.

Mais alguns passos e então me enxotou de seus ombros, e como eu não tinha reflexos felinos, caí sentada no chão, o que doeu bastante.

– Caramba, Zero, não doeria ser mais delicado. – reclamei, levantando-me e limpando o short.

A criatura branquela revirou os olhos.

– Você precisa treinar, se lembra? – disse, como se detivesse toda a razão – Se dependesse de você, ainda estaria dormindo lá em cima.

– Com certeza estaria – resmunguei, carrancuda.

– Com essa disposição vai continuar sendo uma ótima candidata a petisco de vampiro.

Arqueei uma sobrancelha desdenhosa.

– E por que você se importa? – inqueri – Não é segredo pra ninguém que você me odeia, Zero.

Ele me encarou por vários instantes com o cenho franzido, como se eu tivesse dito que acabara de ver um duende montado em um unicórnio cavalgando em um arco-íris.

– Hime, eu não te odeio. – declarou como se fosse a afirmação mais óbvia no mundo.

Uma surpresa tomou minhas feições antes de eu me recompor e arquear uma sobrancelha, incrédula.

– Você só não é minha pessoa preferida – ele continuou a explicar, após ver minha expressão – Você me irrita demais, o que torna gostar da sua companhia algo além do meu alcance.

– E o que eu faço que te irrita? – inqueri, confusa.

– Faz perguntas demais. Invade minha privacidade. Respira.

– Mas eu...

– E essa sua teimosia? – interrompeu-me – Me irrita completamente... Mas isso não quer dizer que eu a queira morta – acrescentou.

Sorri com escárnio.

– Ah, que bom você não me abominar a ponto de me querer morta – disse com ironia – É muita gentileza da sua parte, Zero.

Ele revirou os olhos.

– Deixe de ser tão sensível, pirralha. Agora vamos treinar.

Bufei com desgosto.

– Ah, não... – reclamei, chorosa – Olha, eu concordo plenamente sobre eu ter que treinar, mas não podemos deixar isso para outra hora?

Ele suspirou, a baixa quota de paciência começando a se esgotar.

– Não. O Conselho de Caçadores pediu que averiguasse um local.

Meu interesse e curiosidade foram atiçados.

– Mais um Nível-E?

Ele deu de ombros, e se eu não conhecesse Zero, não teria notado o leve incômodo.

– Sempre é um Nível-E, Hime, para isso que existe o Conselho.

Eu balancei a cabeça, compreendendo.

– E você vai ficar quanto tempo fora? – questionei, curiosa.

– Talvez um dia... Ou dois... Por isso é importante que você treine hoje. Sei que você não vai atender o meu pedido de suspender qualquer atividade como monitora enquanto eu estiver fora, então tenho que fazer o meu melhor para que você aprenda, já que você é uma idiota teimosa e suicida.

– Own, ele quer me proteger dos morceguinhos. – debochei humoradamente, ignorando a série de insultos.

Ele revirou os olhos como se me achasse uma grande estúpida.

– Só não quero ter o trabalho de enterrar seu corpo em um terreno baldio, mais tarde; ainda mais ter que aturar as lágrimas de Kaien.

Dei-lhe um soco no ombro, indignada com sua frieza ao tratar de minha morte e do sofrimento de Kaien.

Eu não estava interessada em treinar, mesmo sabendo que não teria Zero para me ajudar em meu segundo dia, então resolvi que faria alguma das perguntas que eu guardara para mim havia um tempo e tinha necessidade que fossem respondidas – era cruzar os dedos e esperar que ele estivesse em seu melhor humor possível e que ele fosse o suficiente para recebe-las sem ser evasivo e birrento.

– Por que você não chama Kaien de “pai”? – inqueri.

Zero recostou um dos ombros no muro casualmente, enfiando as mãos no bolso da calça, e deu de ombros.

– Porque ele não é meu pai. – respondeu simplesmente.

Meu queixo foi ao chão.

– Mas como assim ele não é seu pai? – questionei, incrédula.

Ele me lançou um olhar indagador, como se não acreditasse no que eu acabara de dizer.

– Você é mais tonta do que eu pensei, Hime. – concluiu, indolente – Você sabe meu sobrenome e o de Kaien, percebe que não temos nenhuma característica física em comum e mesmo assim, achou que ele fosse meu progenitor?

Meus lábios entreabriram com a surpresa brevemente e então baixei meu olhar para o chão, completamente envergonhada com aquele detalhe óbvio que eu sequer assimilara. Aquilo levantara uma grande questão sobre onde estavam os pais dele, mas eu temia pergunta-lo e receber alguma de suas respostas ignorantes, logo quando finalmente estávamos conseguindo conversar civilizadamente; então achei que o melhor era partir para outra questão.

– Como você se tornou caçador?

Ele se remexeu um pouco, incomodado, mas mesmo assim respondeu.

– Odeio vampiros, e minha família era de caçadores, então... – e deixou a questão no ar.

Balancei a cabeça, compreendendo.

– Caçar coisas. Salvar pessoas. O negócio da família. – recitei com humor.

Zero arqueou uma sobrancelha para mim, confuso, o que me fez rir.

– Frase de Sobrenatural, lembra? – disse com um sorriso – Os irmãos Winchester...

Ele bufou, entediado, e revirou os olhos.

– Sabe, Hime, acho que sei por que você não se lembra da sua vida.

Minha cabeça tombou para o lado.

– Por que?

– Provavelmente porque você não tinha uma, – respondeu friamente – vivia na frente da televisão, assistindo essas bobagens.

Minha boca se abriu em um perfeito O, completamente ofendida.

– Sobrenatural não é bobagem! Pelo menos eu não devia passar meus dias trancada em meu quarto, mal-humorada e olhando para o teto! – retruquei, carrancuda, cruzando os braços – Por que isso é bem produtivo, não é?

Ele revirou os olhos, e eu sorri vitoriosa.

– Que seja! – ele falou, indiferente – Não te chamei aqui para bater papo, então vamos treinar.

Eu suspirei, completamente desanimada, mas que escolha eu tinha?

Um treinamento para alguém tão sedentária quanto eu já era complicado, agora um treinamento com Zero para uma pessoa como eu era uma completa crueldade – e no quesito “crueldade”, o branquelo sádico devia ter mestrado. Ele não facilitava, mesmo sabendo que eu era iniciante, magrela e estava com o cérebro lento por causa do sono. Ele me obrigou a treinar meus reflexos, já que eu era “fraca e desajeitada demais para machucar um vampiro. E de qualquer forma, o mais importante em uma batalha não era bater, e sim não apanhar”. Então ele desferia uma sessão de golpes em minha direção, e meu trabalho era desviar – não eram fortes, mas era uma série de tapinhas irritantes em meu rosto, enquanto ele me desafiava a desviar e revidar. Demorei bastante para ficar mais desperta e atenta quanto aos seus ataques, mas ainda não era rápida o suficiente para me esquivar.

Quando terminamos, eu me joguei sentada no chão, ofegante e exausta, minhas bochechas ardiam, provavelmente avermelhadas, e eu estava muito enfurecida com ele.

– Você é um maldito covarde – reclamei, querendo mata-lo – Não tinha como começarmos por um nível mais fácil? Quer mesmo que eu comece logo no difícil?

Zero se sentou ao meu lado, a uma distância de um braço.

– Se você não tivesse aceitado ser Guardiã, não estaríamos aqui. – rebateu, impassível – Então a culpa é inteiramente sua. É muito mais fácil te deixar do jeito que está e enterra-la depois.

Grunhi ainda mais enfurecida. Ele me provocara o treino inteiro com insultos como “fraca, desengonçada, lerda”, e eu já estava cheia daquela falta de respeito.

– Você está exagerando, Zero. Devem existir vampiros ruins por aí, mas não devem ser os que estão neste colégio. E você é só um boboca preconceituoso, sem qualquer motivo válido para odiá-los...

O olhar que Zero me lançou fez eu me calar imediatamente. Era cortante e cheio de uma fúria animalesca que fez meu coração disparar, amedrontado, e meus ombros se encolherem; a raiva agora parecia uma realidade distante. Algo nele naquele instante me fez lembrar como ele estivera na noite anterior, com aquela áurea negra intensa e predatória.

– Você não sabe nada sobre eles – ele disse cada palavra muito distintamente, entredentes – e não sabe nada sobre mim. Mas já que você confia tanto nos desprezíveis, sua amante de vampiros; irei deixa-la a mercê da própria sorte. – ele se levantou – Apenas lembre-se que você está aqui, sem memória e provavelmente órfã, graças a essa espécie que tanto defende.

E caminhou a passos largos para dentro da casa, fechando a porta com um estrondo.

Suspirei parte aliviada e parte culpada.

– Agora sim ele me odeia.


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Notas finais do capítulo

Eai, o qe acharam do capítulo? Zero tá muuuiitooooo irritadiço, né? :v Pois é, reparei também kkk O nome do capítulo ia ser "Um despertar nada animador", mas a breve conversa normal deles era algo ainda mais surreal, então tinha que ser o nome do capítulo kkkkk
Próximo capítulo tem Kaname, bebês heuaheauhe
Não se esqueçam dos meus reviews, pfv!!
E inté a próxima o/