Fita de Seda escrita por moonrian


Capítulo 7
Capítulo 7 - Um medo inexplicável


Notas iniciais do capítulo

Eai, genteeee??? Como vocês tão?
Bem, eu ia postar esse capítulo só amanhã, mais ou menos durante a tarde, ai pensei: caramba, pq to esperando pra postar se eu acabei de terminá-lo e revisá-lo (só até a metade kkk)? Então cá estou eu para postar um capítulo recém saído do forno... *inspiro profundamente* ainda tá com cheirinho de novo :3
Um super bjo e um obrigada a Kaori, Henrietta e Wina por terem comentado o capítulo anterior, essas lindas sz
O capítulo de hj começará com uma narração misteriosa em terceira pessoa (Mwahahahaha) e depois voltará para a maluquinha da Hime, uma continuação do seu primeiro dia de aula.
Enfim...
*Boa Leitura*



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A bruma densa cobria as ruas de terra da agora silenciosa aldeia de Lunier, brilhando sob a luz da lua cheia que iluminava suavemente o caminho. Por onde a névoa se abria, o belo homem de cabelos negros passava com um caminhar lento e despreocupado, avaliando cada canto daquele cenário destroçado com muita atenção para que não perdesse qualquer detalhe.

O cheiro de podridão era pavoroso e poderia ser o suficiente para que ele fugisse as pressas se quem ele buscava não fosse tão importante.

O rapaz parou e virou-se na direção da maior casa daquela aldeia, uma cabana simples de madeira que mais parecia um celeiro, onde o alguém que ele queria encontrar morara antes do massacre. Com passos tranquilos e comedidos, ele caminhou até a porta destroçada e a empurrou de seu caminho, fazendo-a abrir com um ranger que cortou o silêncio de toda a rua, talvez até de toda aldeia. Uma lufada de ar quente atingiu seu rosto trazendo um odor fétido que fez seu estômago revirar com a repulsa. Ele olhou por sobre os ombros, despreocupado, mas atento à possibilidade do barulho das dobradiças da porta terem atraído algum Nível-E que restara após aquele massacre – a aldeia havia se tornado uma espécie de paraíso para aquelas vis criaturas.

Assim que entrou, os olhos azuis cobalto do rapaz, tão visíveis mesmo na escuridão, sondaram cada canto da sala em busca de alguma pista, vendo móveis revirados e corpos estirados inchados com a decomposição avançada – poderia conjeturar que o ataque havia acontecido um pouco mais de uma semana. Não poderia reconhecer com precisão quem era aquelas pessoas, mas deviam ser a criada, o cuidador e os outros apenas cidadãos tolos que tentaram proteger a garota de uma ameaça que não podiam lutar.

Ele subiu as escadas, os degraus gemendo com o seu peso, e alcançou o único quarto da casa, onde uma cama de solteiro tinha seus lençóis revirados e um Nível-E morto degolado. Um sentimento de orgulho contraiu o canto de seus lábios, junto com um alívio por ter encontrado indícios mais que suficientes para que pudesse afirmar que a garota ainda estava viva. Era de suma importância encontra-la, pois além de ser a última de sua estirpe, o mundo era perigoso demais para alguém tão único quanto ela, com tanto potencial. Era seu dever protegê-la, custando o que custasse, e para isso precisava descobrir onde Hime havia se escondido o mais rápido possível.

***

O ar noturno estava refrescante até demais para minhas pernas desnudas graças àquela saia minúscula, minha pele se arrepiando costumeiramente com a passagem do vento. Como guardiã, era minha obrigação fazer rondas pelo dormitório da Night Class antes do retorno dos vampiros, para que não houvesse um contratempo com alguma tiete alucinada, e era exatamente o que eu estava fazendo naquele instante.

Ainda era meu primeiro dia como Guardiã e monitora, e para a surpresa de ninguém, havia me desentendido com meu parceiro, Zero, que parecia realmente me odiar por motivos que eu nunca soubera. Nosso desentendimento daquele dia começara após eu me estatelar no chão de maneira vergonhosa para toda a Day Class e até a Night Class verem, e fui acudida pelo líder de dormitório Kaname Kuran. Logo depois dele se despedir de forma tão antiquada e educada, Zero teve alguma espécie de ataque de pelanca, perguntando-me qual era o meu problema.

– A falta de equilíbrio e força corporal – resmunguei, avaliando meus joelhos machucados.

O trabalho como segurança de sanguessuga não era fácil para garotas sem musculatura como eu, e precisara me machucar verdadeiramente para perceber onde eu havia me metido.

– Bem-feito! – articulou, zangado – Eu disse a você que não tinha qualquer preparação para o serviço. Machucou-se toda por causa de garotas normais, e ficou parecendo um belo petisco de vampiro estirado no chão, infestando o lugar todo com a porra do cheiro do seu sangue.

Arfei, horrorizada.

– Olha o linguajar, seu desbocado. – repreendi, dando-lhe um soco no ombro que ele não pareceu sequer ter sentido – E eu apenas me desequilibrei, seu grosso. É meu primeiro dia como monitora, não pode esperar de mim a perfeição.

Ele revirou os olhos.

– Nunca esperei de você a perfeição, Hime, apenas um pouco de bom-senso.

Cruzei os braços, já zangada com ele, meus olhos semicerrando.

– Eu não consigo entender por que você está tão zangado.

Ele trincou os dentes.

– Porque eu falei pra você, sua cabeça oca, não se afastar de mim. E quando eu penso que você está cooperando uma vez na sua vida, eu sinto a droga do cheiro de seu sangue e você do lado de um vampiro, olhando-o como uma besta. – e antes que eu pudesse questiona-lo como raios ele havia sentido o cheiro do meu sangue, Zero me deu as costas, caminhando para depois dos limites do arco branco.

Suspirei e baguncei a franja em minha testa, ainda frustrada com a lembrança daquela discussão, e mesmo após algumas voltas ainda não o encontrara ou alguma garota apaixonada por vampiros, querendo ter algum romance inter-racial – e conclui que a única garota a vagar por aquela área era eu, então resolvi que era hora de voltar para a casa de Kaien e matar quem estava me matando: a fome. Quando dei o primeiro passo para a liberdade ouvi um som estrangulado, como se alguém estivesse engasgando. A primeira coisa que eu pensei, ponderando que estava em uma área de vampiros, era que alguma garota havia tido um encontro terrível com um dos morceguinhos e estava se afogando no próprio sangue. Girei nos calcanhares e provando mais uma vez ser uma insensata suicida, corri atrás do som o mais rápido possível. Mesmo me lembrando eu não conseguia me proteger de garotas, quem dirá vampiros, aquilo não fora suficiente para me fazer parar de correr, sentindo o peso da culpa antecipadamente por não ter visto a garota e a retirado do local antes que aquela crueldade fosse cometida.

Assim que virei à esquina congelei de surpresa ao ver Zero uns metros de mim, de joelhos, uma das mãos virando um frasco laranja de remédios em sua boca, engolindo as diversas pastilhas com sofreguidão, a respiração profunda e entrecortada.

Caminhei com passos lentos em sua direção, preocupada.

– Sabe Zero, – eu disse, sentindo os meus batimentos cardíacos diminuírem lentamente – sei que não sou médica, mas acho que ninguém pode tomar tantas pílulas simultaneamente.

Zero baixou a mão com o frasco e suspirou, o rosto lívido de qualquer emoção e seus olhos fechados. Ele nada disse enquanto eu me aproximava, sequer se moveu; ficou parado como uma estátua de mármore branca de um esquecido deus da lua – prateado, distante e frio como a própria.

Aquele silêncio me dava arrepios e provava que havia algo de muito errado no albino, sua áurea negra mais densa, alertando-me sobre um perigo que eu não compreendia. Era como quando você assiste a um filme de terror e vê que um dos personagens está se aproximando de outro e o acha um grande idiota por não perceber que tem algo muito errado com o conhecido; você sabe que o mais sensato seria dar meia-volta e fugir... Bem, naquele instante eu sabia o que aqueles personagens, que eu julgava idiotas, sentiam.

– Espero que este seja o seu remédio para a bipolaridade – brinquei, dando um sorriso duro.

Mesmo que eu me empenhasse em fazê-lo retrucar ou no mínimo se mover, ele nada fazia, seu rosto continuava impassível e os olhos fechados, eu nem tinha certeza se ele respirava.

– Sua imobilidade está começando a me assustar. – admiti.

Finalmente ele reagiu, mas não da maneira que eu estava esperando. Zero riu breve e amargamente, então baixou o rosto, o cabelo prateado escondendo seu semblante como uma cortina.

– Deveria mesmo estar assustada, Hime, – respondeu com a voz baixa e azeda – isso mostra que no fundo você tem um pouco de bom-senso.

Zero suspirou pesadamente e se pôs de pé, os ombros curvados como se sustentasse o peso do mundo por muito tempo e já estivesse cansado. Ele abriu os olhos vagarosamente e fitou o céu acima com melancolia, como se o que visse fosse algo tão trágico que ele não conseguia sentir nada além de repulsa.

Aquilo me surpreendeu, pois por um momento eu percebi que talvez Zero pudesse ter algum motivo para tudo que fazia, um motivo para me odiar e ignorar todas as outras pessoas existentes nesse mundo. Havia mais naquele rosto do que frieza e raiva (de mim). Seria sua indiferença uma máscara? O rapaz que observava o céu poderia ser o verdadeiro Zero Kiryuu? Se sim, por que ele parecia ser tão sofrido e amargurado?

– Você está bem, Zero? – inqueri, angustiada, remexendo as mãos.

Ele pareceu se lembrar que eu ainda estava ali, mas não se importou o suficiente para vestir novamente a máscara de frieza. Ele apenas virou o rosto de forma branda para mim e o sorriso que se formou em seus lábios era tão irônico e cruel que fez meu coração dar um salto, assustado.

– Venha aqui perto, Hime – ele pediu, a voz baixa e calma, e algo nisso me estremeceu.

Eu não entendia por que sentia medo da possibilidade de me aproximar de Zero naquele momento, por que eu não conseguia dar um passo sequer na direção dele ou o motivo de meu corpo estar congelado. Era apenas o Zero, o mesmo garoto rabugento e que não representava risco fatal para ninguém… certo?

Zero arqueou uma sobrancelha.

– Está com medo, Hime?

Aquelas palavras pareceram me dar forças suficientes para lutar contra a imobilidade e provar a mim mesma que eu não tinha o que temer, que tudo aquilo era patético. Aparentando estar mais decidida do que realmente estava, caminhei em sua direção, ignorando uma vozinha que me gritava loucamente que havia algo de terrivelmente errado em Zero e que eu deveria correr. Parei poucos centímetros de distância e com o coração batendo forte arrisquei um olhar em seu rosto, agora sério, mas ainda não vestia a impassibilidade de sempre. Ele estava desnudo de toda aquela faixada e permitindo que eu tivesse um vislumbre do rapaz que ele sufocava dentro de si.

– Você é uma garota corajosa, Hime, – ele falou calmamente – mas extremamente idiota também. Posso sentir seu medo, e mesmo assim aqui está você, bem na minha frente. Quando seu sexto sentido te disser que não deve se aproximar de alguém, pare de achar que é idiotice e fuja. Entendeu?

Ignorei seu conselho e o pequeno detalhe de ele ter me insultado novamente, apontando para o frasco de remédios em sua mão.

– Para que isto serve? – quis saber, curiosa.

Seu rosto endureceu e seus olhos sondaram meu rosto por uns poucos instantes, o cenho franzindo como se houvesse sentido uma pequena dor. Zero engoliu em seco, segurando o frasco de remédios com mais força e olhou para além de mim, evasivo.

– Para nada. – foi tudo que disse.

Ele passou por mim, tendo todo o cuidado de não me tocar.

– Vamos embora, pirralha – ouvi-o me chamar. – Não vai querer estar aqui com esses machucados recentes enlouquecendo os vampiros.

O caminho de volta para a casa de Kaien havia sido silencioso e esquisito, o albino mantendo uma distância de um metro a frente de mim. Eu ainda estava curiosa sobre o remédio, que ele já havia guardado no bolso da calça, e queria saber se ele tinha algum problema de saúde – e a questão não me pareceu impensável, pois havia algo de enfermo em sua aparência; ele era pálido demais até para um albino, faltava-lhe alguma cor em suas bochechas e em seus lábios.

Quando entramos, Zero foi direto para as escadas, provavelmente indo para o seu quarto para se isolar como sempre fazia. Antes eu acreditava ser parte de seu surto de superioridade, agora eu não tinha mais certeza.

– Hime? Zero? São vocês? – ouvi a voz de Kaien vindo da cozinha.

Segui-a rapidamente, ansiosa para despejar minha tonelada de perguntas sobre o Zero para cima de Kaien. Eu tinha uma grande necessidade de saber mais sobre o albino e entende-lo, mesmo que fosse por intermédio de seu pai. Ele não poderia me explicar o que Zero sentia com tanta precisão quanto o próprio, mas poderia no mínimo me colocar no caminho para que eu tirasse minhas próprias conclusões e depois enchesse o albino de perguntas – sabendo sobre o que ele me escondia, não o daria outra opção a não ser me contar.

– Sim – respondi, assim que entrei. – Quer dizer, o Zero foi para o quarto.

Kaien suspirou, aflito, então se sentou em um dos bancos em frente à bancada, onde um banquete tipicamente japonês se encontrava a disposição.

– Fiz a comida preferida dele... – contou, entristecido.

Assim que analisei o rosto de Kaien me questionei como eu não havia notado que existia algo muito sério acontecendo naquela casa, ou em como Kaien parecia frustrado quando o assunto era seu filho albino e antissocial. Eu provavelmente estivera muito preocupada com meus próprios problemas para notar que o homem que me abrigava e apoiava tinha os seus próprios, e isso me fez sentir culpada.

Sentei-me ao seu lado e segurei sua mão, sentindo um aperto no coração por não poder fazer nada por ele a não ser ouvi-lo naquele instante; talvez compartilhar o segredo pudesse diminuir o peso em seus ombros.

– Kaien, o que tem de errado com o Zero? – questionei muito delicadamente.

Houve um breve lampejo de surpresa em seus olhos dourados antes dele se recompor e analisar meu rosto, e eu sabia que a confusão que franzia suas feições era teatro. Não havia nenhum resquício do homem maluco e animado que eu conhecia tão bem, o Kaien que estava a minha frente era sério e muito cuidadoso quanto ao que queria transparecer para mim; e não podia negar que essa face me surpreendera.

– O que quer dizer com isso, Hime? – perguntou.

Notara muito mais do que ele quisera me mostrar com aquela pergunta. Sua resposta dependeria de como eu faria minha inquisição.

– Hoje Zero passou mal. – comecei a dizer, a voz indolente – Parecia estar com alguma espécie de dor física e virou um frasco com remédios na boca, engolindo-os a seco. Kaien, por favor, não minta pra mim... O que o Zero tem?


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Notas finais do capítulo

Eai, o que acharam? Quem ai estava tão doido(a) para que a Hime levasse uma mordidinha do Zero quanto eu levanta a mão o/
E ai, acham que o Kaien vai contar pra Hime ou vai inventar alguma história louca que o Zero, sei lá, tem o mesmo câncer que o carinha de A Culpa é das Estrelas? :v Comentem, galera, pq vcs sabem... eu adoro reviews :3
E inté a próxima o/ o/