Fita de Seda escrita por moonrian


Capítulo 6
Capítulo 6 - Primeiro Dia


Notas iniciais do capítulo

Ooi, pessoas o/ o/
Eu sei que demorei um bocado, mas cá estou eu para postar um novo capítulo, então guardem esses tijolos e os tomates, pfv...
Eu não sabia como proceder esse capítulo exatamente, e ele acabou ficando grandinho no fim das contas... Algo em mim diz que ele ta insosso, mas eu espero mesmo que não
Beem, hj é o primeiro dia de aula da nossa heroína e o Kaname (delicia cremosa pra uns e múmia pra outros hehehe) irá aparecer pela primeira vez, mesmo que não seja uma grande participação...
Quero super agradecer as pessoinhas que comentaram capítulo anterior *--* e a Wina pela recomendação que me inspirou ainda mais a terminar esse capitulo >
*Boa Leitura*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/585443/chapter/6

Acordei cedo demais naquela manhã com uma espécie de ansiedade se apossando de meu interior, mesmo antes de eu abrir os olhos, e eu não precisei estar “sóbria de sono” para lembrar o que me deixava tão ansiosa – era meu primeiro dia como aluna da Academia Cross. Demorara bastante para dormir na noite anterior, e para dar um charme aos meus olhos, acabei por acordar cedo e não conseguir cochilar com o bombardeio súbito de pensamentos, ideias e medos. Eu não queria aparecer para meus novos colegas com olheiras enormes, mas as circunstâncias não estavam dando alternativas para o meu corpo, – mas esse nervosismo era normal para qualquer adolescente em meu lugar.

Levantei-me da cama com um espreguiçar e fui para o banheiro tomar um banho morno, quase dormindo no processo de esfregar os cabelos. Após lava-los bem, penteei-os e olhei meu reflexo, constatando que eu estava tão bonita quanto um gato molhado – precisava urgentemente de um secador de cabelo, mas me sentia mal em pedir mais coisas a Kaien depois de tudo q ele já fizera por mim.

Enrolei-os em uma toalha e caminhei para o quarto, pegando o uniforme no guarda-roupa, estudando-o por uns poucos instantes. Assim que o vesti, amarrando a fita que mantinha o blazer fechado, avaliei-me no espelho do guarda-roupa e percebi que gostava do designe do uniforme da Day Class, tanto que ousei dar uma voltinha para ter uma visão melhor de como ele caia em mim... Parecia uma tábua branca de uniforme.

Houve três uma batida na porta.

– Posso entrar, Hime? – ouvi voz paternal de Kaien.

– Pode.

Pelo reflexo vi a porta se abrir e Kaien entrar sorrindo, tão alegre como sempre estava todas as manhãs. Virei-me para ele e sorri de volta, notando que seu olhar media-me rapidamente como se para se certificar que o uniforme estava correto.

– Sinto-me um pai enviando sua filha para a escola pela primeira vez. – ele declarou, a voz com um encantamento exagerado.

Eu ri e andei até ele retirando a toalha de meu cabelo.

– Não exagere.

Os olhos de Kaien seguiram para meus longos cabelos lisos, ainda úmidos, e seu nariz franziu em desaprovação.

– Oh, Deus! – exclamou de repente, me sobressaltando – Você precisa de um secador de cabelo, senão vai pegar um resfriado.

Eu claramente precisava, já sentia meu couro cabeludo gelado antes mesmo de sair, mas não queria dar mais trabalho ao diretor. Ele já me dera um teto para morar, algumas peças de roupas, estava me alimentando, me colocando para estudar e não me permitia ajuda-lo nos serviços domésticos, por mais que eu insistisse que eu tinha que retribui-lo de alguma forma; ele me providenciou materiais de escola, um uniforme e ainda me deu um kit de maquiagem na noite anterior – o que tinha vindo a calhar para aliviar aqueles hematomas ao redor de meus olhos – como poderia eu pedir mais alguma coisa a esse homem?

– Oh, não... – argumentei, envergonhada – Não é necessário, Kaien, tenho certeza que até a hora de sair meu cabelo já terá secado. – e sorri para ser o mais convincente possível em minha especulação.

Iria parecer um poodle maltratado quando a brisa da manhã tocasse meus cabelos, mas eu poderia controlar meu cabelo com uma trança, não era necessário que ele gastasse mais comigo.

Ele nem sabia que tipo de pessoa eu era antes de perder a memória; eu podia ser uma assaltante, uma assassina... Uma prostituta... Arfei internamente, horrorizada com a hipótese. Ok, a última estava fora de cogitação! E também, se eu dependesse disso para viver, teria passado fome e morrido.

– Claro que é necessário. – teimou Kaien alegremente – Pode usar o meu enquanto não compro um.

Engasguei com o ar, uma explosão de imagens constrangedoras e hilárias de Kaien usando o secador de cabelo alegremente na frente de um espelho.

– Você tem secador de cabelo? – arqueei uma sobrancelha.

Kaien riu humoradamente.

– É claro que tenho! Eu cuido muito bem dos meus cabelos, Hime. Vou pegar para você, já volto. – e caminhou para fora quase saltitante.

Suspirei e os cantos de meus lábios se contraíram em um sorriso involuntário. Kaien parecia demasiadamente alegre com meu primeiro dia de aula, embora eu não soubesse o que havia de tão mágico em eu ir ao colégio e ter a companhia de Zero por mais algumas horas – pois é, estava na mesma turma que o albino rabugento e era missão dele me guiar para a sala correta, mas eu tinha minhas duvidas sobre se ele me ajudaria.

Olhei para as portas de vidro de meu quarto, onde era possível ver o sol a se erguer no céu azul, imponente. Pela primeira vez, ousei caminhar até aquelas portas e abri-las, partindo para a varanda, e fiquei impressionada com o que vi. A vista era linda. Uma floresta se estendia até onde minha visão podia acompanhar; o verde das copas reluzindo com os raios solares matutinos; as árvores ladeando um caminho de pedra sinuoso.

Havia sido tolice temer tanto uma aparição na varanda, pois não havia ninguém naquela área para me ver além dos pássaros que eu apenas podia ouvir seus cantos, e outros animais pertencentes à fauna daquele lugar.

– Hime, trouxe o secador – ouvi a voz alegre de Kaien.

Girei nos calcanhares e voltei quase saltitante ao quarto, aquela paisagem havia sido uma ótima “injeção de alegria” em minhas veias, já que estava extremamente nervosa e preocupada com os adolescentes do colégio – acreditem, eles são feras selvagens. Peguei aquele objeto nas mãos de Kaien, não conseguindo olhá-lo, ainda constrangida com o quanto eu estava dando trabalho. Precisava mostrar a aquele homem o quanto eu era grata por tudo.

– Muito obrigada, Kaien. – eu disse, a voz suave, olhos atentos no objeto em minhas mãos – Por tudo.

Seu sorriso ficou mais largo e sua mão esfregou meu braço coberto rapidamente.

– Ora, não é nada, Hime. É um prazer ajuda-la. – ele estendeu um pedaço de pano branco.

Analisei o pedaço de pano, confusa.

– O que é isso, Kaien?- questionei.

Ele riu de forma sucinta.

– É sua braçadeira de monitora, – informou-me – coloque-a sobre o uniforme. Agora termine de se arrumar que o café-da-manhã já está na mesa.

Eu sorri e o abracei apertado em agradecimento, e o diretor retribuiu, dando leves batidinhas em minhas costas antes de sair.

Após secar bem meus cabelos, percebi com grande alegria que eles haviam ficado impecavelmente comportados e com movimento – estava em júbilo por descobrir que meu cabelo podia ser lindo se eu me empenhasse em trata-los, agora só faltava descobrir a disposição.

Quando cheguei à cozinha, Kaien e Zero já estavam sentados à mesa, comendo.

O albino levantou os olhos assim que entrei e ficaram cravados em meu rosto por um longo tempo, sem demonstrar qualquer emoção naqueles orbes lilases. Algo naquela atenção me fez ficar hiper consciente de cada movimento meu e de como eu estava vestida – com aquela maldita saia curta demais para meus padrões recém-descobertos; que tipo de diretor permite uma peça desse tamanho em seu colégio?

Quando me sentei à frente do diretor, ao lado do albino rabugento, ele ainda estava me olhando. Remexi-me na cadeira, incomodada, e me servi com chá e leite, me perguntando o que deveria ter de errado em mim para conseguir mantê-lo me olhando – foi um alívio quando ele voltou sua atenção para as comidas na mesa.

– E então, Hime? – questionou Kaien, empolgado, atraindo minha atenção – Está ansiosa para seu primeiro dia na Academia Cross?

Pigarreei, livrando minha mente dos questionamentos que a reação estranha de Zero havia trazido, e me ocupei em procurar algo para me alimentar.

– Estou com medo, na verdade. – admiti, ansiosa, passando geleia nas torradas.

Ouvi um bufar debochado vindo da figura branca ao meu lado.

– Deveria ter medo do seu primeiro dia escoltando vampiros e não de um bando de humanos bobocas. – Zero falou, seu olhar em sua xícara.

Essa era uma das características mais estranhas de Zero, se ele pudesse evitar olhar para as pessoas mesmo enquanto estava falando com elas, ele não olharia, e eu atribuí aquilo a algum surto de superioridade que ele devia sentir, como se ele pensasse que era melhor que todos nós.

– Zero, seja mais agradável com nossa hóspede. – repreendeu Kaien, e então olhou seu relógio de pulso – Bem, crianças, eu tenho que ir. Até o jantar!

Kaien se levantou e saiu sem mais delongas, deixando-me sozinha com a criatura irritante e branquela. Ele definitivamente não era minha pessoa preferida, era um desgosto profundo ter que gastar algumas horas do meu dia com ele. Ele era desagradável comigo na maior parte do tempo, como se não me suportasse por algum motivo que eu nunca entenderia, e isso ativava uma parte em mim que ansiava por provoca-lo como castigo.

– Vampiros podem me matar em um instante – argumentei, erguendo meu olhar para seu rosto, – mas adolescentes podem transformar minha vida em um inferno constante.

Zero me lançou um olhar afiado, como se detestasse cada mínima palavra que eu havia proferido.

– O que você sabe sobre vampiros? – inqueriu, parecendo irritado – Aliás, o que você sabe sobre inferno?

Uma sobrancelha minha se arqueou, não compreendendo porque ele ficara tão irritado, e eu estava prestes a lhe dar uma bela resposta até ele me interromper, mudando o foco do assunto.

– Hoje é seu primeiro dia como monitora e você não tem a mínima noção de autodefesa, tudo que conseguiu fazer foi aquele ataque estúpido.

– Só é estúpido pra você porque te derrubei. – retruquei, carrancuda.

Zero bufou e revirou os olhos.

– Não é questão de ter me derrubado, asna, mas por ter sido imprudente e motivado por uma vingancinha idiota. Você estava mais preocupada em me derrubar do que com a possibilidade de trabalhar com vampiros.

– Você parece ter um ódio pessoal pelos vampiros. – comentei, provocativa – O que eles te fizeram?

Eu sempre fora muito analítica (pelo menos nessa semana eu havia sido), conseguia descobrir em meio a uma discussão com Zero onde estava a ferida, e tinha uma péssima mania de cutuca-la para estressa-lo ainda mais, mesmo sabendo que ele era pior que uma jaguatirica de mau-humor – eu era louca e inconsequente, não tinha outra explicação.

As mãos de Zero agarraram o tampão da mesa com tanta força que os nós de suas mãos se sobressaíram sob a pele pálida; a mandíbula estava tensionada e seus olhos afiados semicerraram. Zero parecia a meio passo de me esganar.

– Eles não precisam ter me feito alguma coisa para eu os odiar – respondeu, ríspido, então se levantou abruptamente de sua cadeira – Ande logo, vamos para aula.

– M-mas eu ainda nem terminei meu café-da-manhã... – protestei, sobressaltada.

Zero continuou andando como se eu não houvesse dito qualquer coisa, sem ao menos olhar para trás para ter certeza de que eu o estava acompanhando. Peguei diversos bolinhos e coloquei em um dos guardanapos de panos disponíveis sobre a mesa, então corri atrás daquela criatura.

...

Bocejei pela milionésima vez e desisti de manter meu corpo ereto, jogando-me sobre a mesa e apoiando meu queixo em meus braços. Graças a aquele asno albino, eu estava completamente faminta, o que estava dificultando terrivelmente minha concentração – tudo que eu pensava era na maravilhosa comida de Kaien.

Soltei um suspiro entediado e impaciente, e tentei forçar minha mente a compreender o que o professor de matemática estava tentando me ensinar com toda aquela maluquice de poliedros, mas tudo que entendi foi que aquilo que ele estava mostrando no quadro tinha esse nome.

Após ser obrigada a me apresentar para turma toda e o professor avisar para todas que eu era a nova monitora do Colégio, que escoltaria a Night Class de seu dormitório até as salas – recebendo assim diversos olhares fulminantes das garotas da turma – caminhei até o meu lugar, tropeçando no caminho de forma vergonhosa e quase me estatelando no chão. Felizmente eu não teria que me sentar ao lado de Zero, e eu estava dividida entre soltar fogos em comemoração e fazer um número de sapateado, ou entrar em desespero profundo; e mesmo que eu não gostasse da criatura, ele era um rosto conhecido em um mar de estranhos. De qualquer forma, ele se sentava atrás de mim, e eu temia que Zero viesse a me perturbar durante as aulas, dando petelecos em minha orelha ou puxando meu cabelo; mas quando arrisquei um olhar na figura, percebi que ele não faria nada além de ficar completamente calado e alheio à aula, rabiscando coisas em seu caderno – e também, esse tipo de coisa não era do feitio do branquelo.

Sentei-me ao lado de uma garota bonita de cabelos vermelhos curtos e olhos azul topázio, que se apresentou como Naomi e me fez milhares de perguntas antes que o professor começasse sua aula tediosa, entre elas sobre o rabugento desbotado. Pelo pouco que ela me dissera, meu colega de classe era um antissocial mal-humorado (que surpresa!), e todas as garotas que tentaram se aproximar dele deviam estar fazendo terapia para superar o fora.

Quando tocou o sinal para o intervalo, eu quase subi na mesa e comemorei minha breve liberdade – não me lembrava de que estudar podia ser tão tedioso, aliás, do que eu realmente me lembrava? Estava terminando de guardar meus pertences e prestes a me virar para perguntar a Zero se ele passaria o intervalo comigo, quando o vi se retirar a passos largos pela minha visão periférica.

– Quer passar o intervalo comigo? – ouvi Naomi me perguntar.

Voltei minha atenção para ela com curiosidade e balancei a cabeça, concordando, afinal eu não conhecia ninguém e não tinha planos melhores.

Naomi se empenhou em me apresentar os cantos importantes da escola antes de me guiar ao refeitório, tagarelando coisas sobre como eu poderia entrar na lista negra de várias garotas por causa de minha função. Entramos em uma fila para pegar nossas bandejas de lanche e nos dirigimos a uma mesa, onde Naomi me apresentou a algumas pessoas.

– Então você é a sobrinha do diretor e a nova monitora do colégio... – a afirmação do garoto chamado Mitsuo parecera mais uma pergunta – Boa sorte com o trabalho, pois quando a Night Class sair do dormitório, aquele lugar vai ficar pior que os Jogos Vorazes.

Aquela afirmação fora extremamente animadora, mas não me permiti abater, tinha que manter o foco de meus deveres. Kaien não me pedira nada em troca de tudo que fizera por mim, apenas aquele serviço de monitora e independente de toda a dificuldade, eu continuaria, pois devia àquele homem mais do que poderia pagar.

Notei que eles eram apenas mais fãs dos alunos do outro turno e reclamavam da decisão do diretor em separar os alunos em turno. Fiquei imaginando se a opinião deles sobre as decisões de Kaien e os citados mudaria caso soubessem o que eles eram de verdade.

Depois do intervalo teve mais aulas entediantes e eu notei com certa curiosidade que Zero estava cabulando aula outra vez, e ao comentar isso com Naomi, ela apenas bufou e deu de ombros, dizendo que era sempre assim.

Descobri com alegria que por ser monitora, eu sempre tinha a permissão de sair vários minutos antes dos alunos, o que me deu tempo de sobra para buscar onde era o dormitório da Night Class – Naomi tinha me mostrado o caminho, faltava eu lembrar qual era.

Poucos minutos antes de tocar a sineta do fim da aula, eu encontrei a entrada em arco que levava ao dormitório, onde uma conhecida figura branquela estava recostada calmamente. Ao olhar aquele rosto inexpressivo (e infelizmente muuitooo bonito), fiquei repentinamente zangada com ele por ter me negligenciado qualquer ajuda o dia todo. Andei a passos largos e pesados, e o empurrei com toda minha força, mas ele sequer titubeou com o golpe.

– Asno branquelo e rabugento, você me abandonou para me virar nesse universo de adolescentes esquisitos e desconhecidos! – esbravejei, tentando parecer assustadora.

Zero não pareceu minimamente abalado com meu olhar cortante ou minha fúria homicida, apenas revirou os olhos.

– Eu já a aturo em minha própria casa todos os dias, quer me obrigar a te suportar no colégio também? – inqueriu, mal-humorado. – Não acha que está pedindo demais?

Cerrei as mãos em punhos, irritada, e quando abri a boca pra responder, vi a manada de jovenzinhas escandalosas correndo de forma ensandecida em nossa direção. Conte-las exigira muito de minha força corporal e equilíbrio, pois fora preciso que eu e Zero nos tornássemos muralhas humanas para impedir que as garotas invadissem o dormitório – pelo menos Zero parecia uma muralha, eu mais parecia uma cerca de borracha.

As portas atrás de nós se abriram e todas as moças histéricas recuaram, abrindo espaço para os alunos da Night Class passarem. Senti uma mão agarrar meu pulso com força e me puxar para longe da entrada, e eu cambaleei, quase caindo no chão. Lancei um olhar homicida para a criatura bruta e descobri sem qualquer surpresa que era Zero. Ele nem notara, aparentemente, parecia irritado, observando um ponto acima da minha cabeça com um olhar ferino, a mandíbula rígida, o aperto em meu pulso começando a me machucar. Puxei meu braço para longe de seu toque e me virei, curiosa para ver como eram os morceguinhos da Academia Cross, e meu queixo quase foi ao chão.

O uniforme deles era o inverso das cores da Day Class, ou seja, branco com detalhes em preto, mas obviamente não havia sido isso que me deixara boquiaberta. Eram extremamente lindos, todos eles, como modelos de capa de revista – embora os da revista sempre tivessem a ajuda do photoshop, e esses eram verdadeiramente perfeitos.

Eu fiquei a um passo de me unir as garotas do colégio e gritar escandalosamente, mesmo que não soubesse o nome de nenhum a não ser o do Sangue-Puro, mas como não sabia como ele era, eu não faria papel de tiete.

Deixei de babar nos vampiros e corri para o lado oposto, tentando conter o grupo de garotas que gritavam por um garoto loirinho que ficava lançando piscadelas para elas como se fossem os tiros da mão que representava uma arma – já exigia muita força conte-las quando estavam apenas olhando, imagine quando um deles começava a provoca-las. Eu acabei por ser jogada no chão, ralando os joelhos e as mãos. Eu praguejei infinitamente, pois a última coisa que eu queria era sangrar perto da Night Class, meu treinamento com Zero havia sido um fiasco e eu não estava pronta para me defender.

Ergui o rosto e notei com certo temor que todos os vampiros haviam parado e estavam olhando diretamente para mim, as expressões impassíveis. O rapaz que estava mais atrás disse alguma coisa para os outros por sobre os ombros, fazendo-os assentir e continuarem a seguir em direção as salas. Ele caminhou até mim, cada passo expirando elegância e confiança, então se ajoelhou a minha frente com um sorriso suave que me agitou o estômago, seus olhos castanhos avermelhados eram suaves e perscrutadores, e eu estava hiperconsciente de que as garotas estavam em silêncio, provavelmente nos observando.

– Você está bem? – ouvi-o perguntar, a voz dele era melódica era gentil.

Balancei a cabeça, concordando, e os cantos dos lábios perfeitos dele se contraíram minimamente, um sorriso delicado. O vampiro bonitão retirou um lenço branco bordado de seu casaco e segurou meus dedos, virando a palma para cima e limpando o sangue de meus arranhões com polidez.

– Não vai demorar a curar, – ele declarou, estudando os ferimentos – em poucos dias estará novinha em folha.

O rapaz de cabelos castanhos me segurou pelos cotovelos e me ajudou a levantar, então recuou alguns passos para olhar-me de cima a baixo como se para ter certeza de que todos os meus membros estavam no lugar.

– Tenha mais cuidado, Hime – aconselhou educadamente.

Franzi o cenho, confusa e curiosa.

– Espere! – chamei quando ele estava prestes a se virar e acompanhar os outros alunos – Como você sabe meu nome?

Ele apontou para a braçadeira.

– Kaien me falou de você. – declarou com um dar de ombros – A propósito, sou Kaname Kuran, líder do dormitório. Bem, agora se me der licença, estou atrasado para uma aula. – e despediu-se com um floreio.

Fiquei olhando as costas dele enquanto se afastava, sentindo uma animação crescer em meu interior, mas não por ele ser muito bonito e ter falado comigo, e sim por ter finalmente encontrado uma figura importante no mundo vampiresco – como se eu tivesse falado com Barack Obama. Tinha um milhão de perguntas para fazer a ele, mas como havia acabado de conhecê-lo e não tínhamos qualquer intimidade, teria que guarda-las para mim.

Senti uma mão segurar meu cotovelo de maneira indelicada e me virar para trás, e quase me encolhi ao encontrar certos olhos lilases furiosos – quase.

– Santo Deus, qual é o seu problema, Hime? – inqueriu, irritado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eaii? Oq acharam do capítulo? O que foi aquela super secada com o olhar de Zero? Por que será que ele não trata a nossa heroína tão bem? Ele está pegando pesado demais com a Hime? E o Kaname não foi fofis? E a fúria de Zero no fim, o que acham? Comeenteeeemmmm, meus amores!!!