Fita de Seda escrita por moonrian


Capítulo 27
Capítulo 27 - De volta a Ilha de Lunier


Notas iniciais do capítulo

Ohayo, galerinha linda o/
Como é que vocês estão? Eu estou aqui no meio de uma balada em casa, com todo mundo da minha família pirando e pulando ao som de Calvin Harris... kkk Brinks, a balada já acabou :3
Enfim, cá estou eu para postar um capítulo que eu estou dizendo já tem um tempinho que vai ser doideira! Vamos ter aparições inusitadas e Hime mostrando como uma garota deve agir quando tiver levado um fora da sua paixonite platônica ’3’
Enfim (enfim, enfim, enfim... como eu falo isso!), como já é regra, vou agradecer a todas as lindas que deixam comentários lindos e inspiradores, e alguns ameaçadores kkk
*Boa Leitura*



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Eu não sabia que espécie de “puritana” porcaria eu era. Eu já matara aula, me voluntariei como doadora de sangue particular de Zero, aceitara a ir ao baile com o Sangue-Puro Kaname Kuran (que eu mentira para Zero sobre tê-lo beijado, então a informação vazara e agora o colégio inteiro acreditava que era meu namorado) e estava me mostrando o oposto de “estudante exemplar”.

Será que quando recuperar a memória, eu vou ficar horrorizada comigo mesma?

Havíamos combinado de matar aula naquela quinta-feira para uma excursão à misteriosa Ilha de Lunier, em busca de algumas respostas de temas que estavam em branco havia tempo demais, além de outras que apareceram recentemente.

Sem explicações plausíveis, Zero resolvera colocar a culpa do nosso “infortúnio” em uma provável anormalidade da minha parte – sim, o adolescente Ex-humano com um humor de velho amargurado com prisão de ventre que estava a um passo de se tornar um Nível-E, estava ME chamando de anormal...

Independente do que acontecesse, decidira seguir adiante com meu plano de matar aula com Zero e ir a Lunier para fazer pesquisas sobre quem eu era – e esquecer completamente minha ação estúpida para cima dele do dia anterior. Precisava parar de adiar o inevitável e me conformar com a falta de informações pessoais, pois um dia eu teria que voltar para a minha vida antiga e as batalhas que deixei contra o Modelo Masculino Cruel – e Kaien não poderia me sustentar para sempre.

Como estava faltando demais, estava me dedicando a conseguir um álibi para minha falta. Estava jogada em minha cama ainda vestida com meu pijama e fazendo a melhor representação Garota-Morrendo-de-Cólica que eu conseguia – e eu estava ciente de que não era uma grande atriz e que era a segunda vez na semana que usava esse truque. Independente de meus talentos, eu estava muito certa de que funcionaria; Sakura não era muito atenta a qualquer detalhe vindo de mim que não envolvessem a Night Class, então provavelmente não repararia qualquer indício suspeito. Ela estava muito ocupada dividida entre a euforia e a inveja sobre meu inexistente relacionamento com Kaname e como ela já desconfiava que eu e o líder do Dormitório da Lua tivéssemos um caso – ela só pode ser biruta.

Quando Sakura finalmente saiu, eu saltei para fora da cama para me arrumar, não me importando nem remotamente que eu estivesse atrasada para encontrar Zero no portão da Academia Cross e que isso não ajudaria em nada para melhorar o humor de um albino rabugento que parecia viver em uma eterna TPM.

Estava iniciando o plano “Sem Você Eu Sei Viver, baby”, o que significava que a partir daquele dia iria me dedicar ainda mais a minha aparência do que costumava (o que não era muito difícil, já que não era vaidosa) e mostrar o que ele perdera pra Kaname – embora eu não tivesse Kaname, mas ele não precisava saber disso... Vestira uma calça jeans justa, mas confortável, que dava a impressão de que eu não era tão magrela quanto realmente era; uma regata branca; calcei meu All Star surrado e fiz um grande esforço para que meu cabelo permanecesse com um liso impecável. O processo demorou mais do que minha paciência poderia aguentar, mas valeu a pena no fim.

Eu não era como essas garotas que se jogavam nos cantos e choravam por seus sentimentos não correspondidos, se entupindo de sorvete até os ouvidos e vendo filmes românticos para se torturarem. Eu armava um plano para ficar mais diva do que nunca e manter minha autoestima em uma montanha-russa que só vai para cima.

Tenho presas de diamante, baby.

Houve batidas insistentes e irritantes na porta, e eu já sabia quem devia ser a criatura pior que o Sheldon Cooper de The Big Bang Theory.

Zero apoiava uma mão no batente da porta, uma carranca azeda desfigurando suas feições etéreas e impecáveis, e tudo porque eu estava alguns minutinhos atrasadas – e eu tive que conter minha vontade de revirar os olhos.

Ele devia ser a pessoa mais irascível do planeta ou simplesmente guardava tudo que havia de pior nele para mim.

Sua expressão vacilou por um instante e se desmanchou enquanto seus olhos lilases esquadrinhavam a silhueta de minha estrutura vagarosamente, fazendo mariposas alçarem voo no meu estômago.

Ele fez uma careta e algum ponto acima da minha cabeça pareceu interessante.

Ele está… incomodado, talvez? Ou atraído fisicamente...

Eu não estava muito certa de que sentimento era, era difícil supor quando meus próprios sentimentos acabavam por manchar minha percepção.

Quando seus olhos retornaram ao meu rosto estavam cuidadosamente impassíveis, e eu não precisava daquela ligação entre nós para saber que era teatro.

– Está uma hora atrasada – me informou, impassível.

Ser capaz de sentir o que ele sentia não era muito fácil, já que na maioria das vezes eu estava apenas fazendo suposições de qual seria a emoção da vez, não era algo objetivo – além do mais, eu só podia sentir a direção geral dos sentimentos dele.

Eu temia acabar por me dar esperanças vãs com suposições errôneas quando não conseguia entender o que se passava no interior dele – estou falando bonito hoje – então era melhor não me permitir ficar pensando demais em coisas que o envolviam.

– Que seja! – eu falei, falsamente ranzinza – Vamos logo com isso.

...

Fiquei muito surpresa ao descobrir que Lunier ficava em uma ilha distante da costa japonesa que não constava nos mapas humanos.

Foi preciso uma hora de viagem de carro até outra cidade em um silêncio estranho, mais meia-hora até alcançar um cais e então mais meia hora em uma lancha que eu não tinha ideia de como Zero a conseguira, mas achei melhor não perguntar.

Enquanto avançávamos mar adentro, Zero me contava que algumas pessoas que deviam ser de uma sociedade como Lunier haviam ido à cidade e criado uma grande pira mortuária para os corpos deles, então não precisaria me preocupar com a possibilidade de vomitar meu estômago com cheiro e/ou a visão de corpos em decomposição.

O vento se enroscava em meu cabelo negro, fazendo-o chicotear no ar e bagunçando minha franja. O cheiro de maresia, o mar azul a nossa volta que parecia se fundir com o céu no horizonte era uma visão maravilhosa, principalmente para uma garota que até agora só estivera enfurnada por trás dos muros do colégio.

Zero pilotava velozmente a lancha, e eu não fazia ideia de como ele conseguia saber que direção deveria seguir; supus que ele se orientasse através da posição do sol.

Depois de um longo caminho percorrido em silêncio, apenas o som do motor da lancha e a água, finalmente foi possível ver a ilha ao longe, um pedaço de terra desfocado pela suave bruma da manhã.

– Parece até que estamos naquele filme com Nicholas Cage; “O Sacrifício” – brinquei, praticamente gritando para que ele pudesse me ouvir – Tinha uma sociedade secreta maluca também, que vivia em uma ilha e adorava deuses da colheita ou algo do tipo.

– Você fazia parte dessa “sociedade maluca”, lembra? – zombou.

Por que eu ainda tento brincar com este ser sem senso-de-humor?

– Ah, claro, se a brincadeira não envolve um instante de insulto a minha pessoa, ela não tem graça – resmunguei.

Ele parecia estar se esforçando para conter um sorriso.

– Vou controlar a tentação de irrita-la – prometeu – Pelo menos hoje.

Era impressão minha ou Zero estava mais bem humorado?

Zero moveu a lancha em direção ao cais com grande facilidade, como se aquela propaganda sobre os carros serem como as lanchas fosse mesmo verdade – sim, o filho da mãe dirigia bem também. Fiquei me perguntando por um tempo se ele aprendera a pilotar aquela coisa em seu “Curso de Caçador”, seja lá como fosse que os caçadores da Associação estudavam o ofício.

Zero pulou para a doca com a graciosidade de um felino e amarrou a lancha de forma segura a um poste de amarração.

Ele estendeu a mão e me ajudou a sair daquela coisa, e meus movimentos não foram tão graciosos quanto o do albino. Se ele não tivesse segurando minha mão, eu teria me estatelado ou caído na água.

– Bem-vinda de volta a Lunier – anunciou.

Engoli em seco e bani da minha mente as imagens da última vez que estivera ali, o dia em que Zero me encontrara naquela casa cercada por gente morta.

Não posso mais me obrigar a fugir das memórias...

Olhei em volta, a procura de alguma pontada de reconhecimento na bela paisagem.

As ondas lambiam as rochas da ilha, uma restinga cobria parcialmente a terra mais acima onde uma trilha criada do início do cais ziguezagueava pela vegetação até uma casa de madeira clara no alto do aclive.

– Ponto de observação – murmurei, apontando o queixo para a construção – Para saber quem chega a costa.

Eu não sabia se havia concluído ou recordado aquilo, mas no fim não importava muito.

– Vamos – Zero disse, balançando a cabeça em direção a trilha.

Caminhamos para longe do cais, parte de mim já ciente de que seria um longo caminho a percorrer e eu fiquei satisfeita por minha escolha de peças para o meu look.

O dia estava abafado, o sol imponente no céu azul lançando seus raios despretensiosamente para baixo e para quem tinha cabelos pretos não era uma definição de paraíso. Só de tocar na minha cabeça era possível sentir como estava quente, e não demorou muito para estar suando e os fios do cabelo colando na pele. Como eu era uma pessoa precavida em relação a meu cabelo e sabia que ele era uma das partes do meu corpo em que menos eu podia confiar, rapidamente fiz um coque alto e desleixado, prendendo-o com um palito.

Após uma longa e taciturna caminhada pela terra escura, finalmente alcançamos a cidadezinha – composta exclusivamente por casas pequeninas de madeira, todas com algum indício do horror que acontecera durante a madrugada do mês passado.

– Você sabe onde poderia estar os registros dos cidadãos? – inqueriu Zero assim que atravessamos os limites da cidade.

O lugar havia se tornado uma espécie de paraíso para vampiros Nível-E, cheia de destroços e desolação assim como aquelas vis criaturas apreciavam.

– No cartório municipal? – sugeri, não soando nem um pouco convincente.

Zero parou de andar e me encarou por um segundo imensurável, aparentemente questionando-se porque me trouxera se eu não servia de muita coisa.

– Porque é respostas sobre mim que estamos buscando – respondi sua pergunta não dita.

Ele suspirou resignado, mas infeliz, e pôs-se a andar outra vez.

Viramos aleatoriamente em algumas ruas, nenhum de nós tendo ideia de para onde estávamos indo, mas eu esperava que Zero soubesse que caminho tomar para voltar, pois eu já não me lembrava – todas as ruas eram iguais.

Lunier se assemelhava a uma cidade fantasma de filme de terror, onde espíritos atormentados vagavam sedentos por sangue. Ok, uma analogia inadequada levando em conta o que acontecera com aquelas pessoas.

Meu subconsciente se agitava a cada rua, me apresentando, de vez em quando alguma imagem de como aquele lugar era antes de todo o horror que eu trouxera.

É culpa minha...

Senti meu coração doer e agulhadas em meus olhos com as marcas deixadas pelos monstros que o Modelo Masculino Cruel mandara, e tudo para alcançar a mim...

Comecei a apontar para alguns locais que eu conseguia me lembrar a Zero; como uma merceariazinha, uma farmácia de produtos naturais, a casa de uma senhora que tirava retratos...

Estava com uma sensação esquisita de estar sendo observada, e eu não sabia se era paranoia por causa da última lembrança do lugar ou se eu tinha alguma espécie de sexto sentido para esse tipo de coisa. De qualquer maneira, comecei a olhar em volta com atenção, pois não queria agir como as garotas de filme de terror que não levam a sério os sinais – e quando se tem um cara aparentemente bonitão e cheio de poder querendo seu coração no espeto, era melhor ficar atenta… mas também poderia ser algum Nível-E desgarrado doido para me estraçalhar.

De repente a mão de Zero envolveu a minha protetoramente, e meu coração deu um salto surpreso por seu gesto completamente incomum – principalmente por ele ser direcionado a mim.

– Relaxe, não tem ninguém aqui – tranquilizou-me.

Estranhamente ele não me soltou. Sua mão calejada – talvez um resultado de anos de treino para se tornar o grande caçador que era – manteve-se segurando a minha. Ele parecia bastante alheio ao gesto, muito mais interessado no caminho à frente, e àquela ligação não me mostrava nada demais em suas emoções.

De qualquer maneira, aquilo me deu um pouco de conforto, pois significava que eu tinha Zero ali para me proteger caso alguma coisa voasse para cima de mim.

“A não ser que a coisa te ataque bem rápido e sorrateiro, deixando apenas o braço que Zero está puxando”, falou uma parte rebelde de minha mente, ansiosa por desintegrar qualquer possibilidade de alívio.

Fiz cara feia para essa parte de mim e sufoquei-a no fundo de minha mente – eu já estava assustada sem esse tipo de coisa, não precisava de ajuda para piorar a situação. Por precaução, eu comecei a andar lado a lado com o albino, para ter certeza de que se algo acontecesse não haveria possibilidade nenhuma de ele não saber.

Viramos em outra rua e algo se agitou mais fortemente em mim, meu coração dando um tropeço mesmo que eu ainda estivesse conscientemente desinformada.

Avaliei o lugar, curiosa para descobrir que rua era aquela, e então arfei.

– Essa é a rua da minha memória – murmurei, o olhar vagando em volta.

Zero me olhou por cima do ombro, os olhos cautelosos, e assentiu.

Ele também reconheceu...

Zero parou inesperadamente, e eu quase caí quando eu continuei andando, desatenta a ele e seu braço, me puxara como um cachorro de coleira.

– Vampiro – ouvi-o murmurar.

Antes que eu tivesse tempo para ficar apavorada e pegar Red Promises, ele me puxou para trás dele ao mesmo tempo em que virava para o caminho atrás de nós e sacava Bloody Rose, disparando no que me parecia apenas um vulto de preto que ricocheteava cada bala para fora de seu caminho com algo prateado que não consegui identificar.

Então o vulto girou mais lentamente dessa vez e parou de frente para nós, partindo a última bala no meio com o que agora eu descobri ser uma espada, o projétil dividido acertando duas casas, uma de cada lado da rua.

Era um rapaz tão inacreditavelmente lindo que não pude deixar de me surpreender com cada aspecto dele.

Ele não devia ser tão mais velho que Zero.

Sua pele era dourada e de aparência macia; o maxilar largo dando ao rosto um formato quadrado, seus lábios cheios possuíam uma curva pura e suave, o nariz aristocrático. Seus cabelos ondulados quase alcançavam os ombros e o sol desbotava as matizes castanhos até que sobrasse apenas o tom ruivo.

São acobreados...

Seus olhos, que eram grandes e calorosos como se o dourado de sua íris fosse um ouro líquido, avaliou seu oponente albino como se fosse uma mera formiguinha insolente antes de seus olhos se direcionarem a mim.

Assim que nossos olhares se encontraram senti algo arranhar dolorosamente em minha mente e meu coração perder o compasso antes de disparar em uma velocidade que dava a impressão de que ele saltaria para fora da caixa torácica.

Uma poderosa e debilitadora onda de medo me engoliu, arrastando-me para um lugar negro em meu cérebro onde eu não tinha qualquer controle do meu corpo inerte.

Os lábios dele se curvaram lentamente para cima em um sorriso tão cruel e doentio que me estremeceu dos pés a cabeça, meu couro cabeludo pinicando com o medo e eu instintivamente dei um passo para trás.

Toques... Gritos... Meus braços presos...

Senti a bile subir por meu esôfago, mas não me preocupei com a possibilidade de vomitar ridiculamente, o pânico era um bolo entupindo minha garganta.

Eu o conhecia... Ele era o vampiro das minhas lembranças, o homem que sempre interrompia minha corrida e dissera que eu não poderia fugir dele.

Uma dor queimou minha cabeça horrivelmente, como se unhas estivessem rasgando meu cérebro, e se eu tivesse algum domínio sobre o meu corpo teria gritado.

E eu sei o nome dele... Eu sei... O nome dele é...

– Leigh... – a palavra escapou de meus lábios como um sussurro.

O vampiro riu e aplaudiu teatralmente.

– Ora, mas ela ainda se lembra de mim – falou de maneira apreciativa – É uma surpresa vê-la ainda viva e caminhando na companhia de um – avaliou Zero de cima a baixo como se fosse um inseto esmagado no para-brisa – Nível-E. Estava aqui desfrutando dessa maravilhosa Obra-de-arte que eu criara, e você dizia que eu não era sentimental.

Outra rajada de dor me cortou o cérebro, como se a visão de Leigh estivesse me rasgando a mente e obrigando alguma coisa sobre ele a sair, algo que estava enterrado nas profundezas. Uma forte vertigem me atingiu, movendo todas as superfícies ao meu redor. Cambaleei para o lado e não deixando de notar que o mundo estava saindo de foco ao mesmo tempo em que uma luz se acendia em meu subconsciente. Aquelas mãos conhecidas que costumavam me arrastar para minhas lembranças me agarraram com muita força, puxando-me para fora do mundo real – onde meu corpo desfalecia...


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Notas finais do capítulo

Vixi! Vejam se não é o “Modelo Masculino Cruel”, vulgo Leigh.
Ele é gataum hehe Quero dizer, ele é mal... u.u
Quem está ansioso para saber o que a Hime vai lembrar? Pois sinto muito, vão ter que esperar, porque próximo capítulo será narrado por Zero u.u hehe Bem, porque eu tenho certeza que estão curiosos para saber o que vai acontecer depois que Hime foi para o mundo dos sonhos – uma dica: luuutaaa o/ hehe
E aí, que acharam do capítulo? Comentem, galerinha!
Até a próxima