Fita de Seda escrita por moonrian


Capítulo 13
Capítulo 13 - Os Termos Cruéis da Minha Existência


Notas iniciais do capítulo

Yoo, pessoas o/
Cá estou eu mais cedo do que o previsto para postar um novo capítulo - todo mundo gritando eeeeeh o/ cri... cri... cri...
Então, capítulo de ontem era sobre o ataque de Zero e pá (sou das quebradas agora hehe), e o de hoje ocorre no mesmo dia só que com um porém:
Narração do Zero o uhhuullll
Então tá esperando oq? Vá ler!!!!
*Boa Leitura*



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A enfermaria da Academia Cross era quase tão boa para cuidar dos alunos quanto um hospital seria; exceto que o Colégio era muito mais especializado para cuidar hemorragias do que problemas diversos – um lembrete sempre claro que sequer Kaien acreditava plenamente em suas intenções pacifistas, e que vampiros nunca seriam confiáveis.

Eu mesmo era uma prova disso, um tolo que acreditou que três dias longe de Hime seriam o suficiente para recuperar meu autocontrole em frangalhos, e que eu seria forte para resistir ao aroma atrativo de seu sangue. Além do mais, eu havia sido inconsequente por não esforçar-me mais para ensina-la a se defender de coisas como eu, e por eu baixar a guarda sobre mim mesmo, o que foi suficiente para coloca-la em um quarto da enfermaria.

Como castigo por tamanha prepotência e estupidez, Hime estava inconsciente em uma cama, recebendo sangue de uma bolsa, e a pele mais pálida do que naturalmente era. Seus lábios, sempre rosados, estavam brancos e ressecados; a aparência de boneca de porcelana nunca tão frágil. Havia um pregador em seu dedo que marcava seus batimentos cardíacos baixos e suaves, marcados em um monitor ao lado da cama.

Bip... Bip... Bip... Era um som monótono, mas ainda sim satisfatório.

Estava sentado em uma poltrona velha e desconfortável no canto do quarto tomado pela escuridão da noite, na mesma posição e observando a respiração suave de Hime desde que fora colocada ali e seu estado estabilizara. Usava-a como uma tortura, a prova irrefutável do que minha vida destrutiva causava, esperando que assim eu finalmente tomasse a atitude sensata de meter uma bala de Bloody Rose em minha cabeça.

Havia algumas horas desde que eu quase a matara em meu quarto, minha consciência voltando pouco antes de sua perda de sangue ser agravada a ponto de ser fatal – e só conseguira retornar ao domínio de meu corpo porque a quantidade que tomara dela fora o suficiente para aliviar a sede que sentia havia algum tempo, já que as pastilhas não amenizavam mais.

Eu havia sido o responsável por aquela atrocidade, a quase morte daquela garota inocente que conseguia tirar o pior de mim, e mesmo assim era capaz de ser afetuosa e sentir minha falta. Lembrei-me da surpresa quando ela me abraçou e então o cheiro atraente de seu sangue perturbando-me a tal ponto que quase a mordi naquele instante, antes que tivesse força o suficiente para empurra-la. Tive tanta raiva dela por aquele abraço, como se ela estivesse fazendo de propósito só para me testar; como eu a odiei e a culpei em todos os dias que ela estivera hospedada em minha casa, por eu estar fraquejando, por estar decaindo mais rapidamente.

Eu devia ter contado desde o início que eu era um Ex-Humano, que eu estava destinado a me tornar uma criatura desprezível e animalesca; talvez assim ela tivesse colocado mais empenho em seu treinamento para aprender a como se defender quando eu a atacasse.

A como me matar, me dar finalmente à paz; fazer o que eu não tinha coragem.

Era óbvio que mesmo que eu contasse que estava decaindo, sobre os termos cruéis de minha existência, ela não teria tempo suficiente para aprender alguma coisa bem o bastante, eu já estava perto demais do fim e esses lapsos seriam cada vez mais constantes.

Vê-la daquela maneira doía, pois era um lembrete claro do meu destino inevitável, mas ainda assim não era o suficiente para me fazer pegar a arma em meu casaco e me matar.

Deve haver alguma coisa… Tem que haver alguma coisa que...

Coloquei a cabeça entre minhas mãos e soltei um suspiro frustrado, odiando profundamente aquela vozinha idiota que me dava vãs esperanças de um mundo onde a justiça prevalecesse.

Se houvesse justiça, não haveria vampiros para dizimarem famílias e vilarejos, deixando crianças órfãs. Se houvesse justiça nesse mundo desprezível, minha família estaria viva; Hime teria memória e estaria em sua vida com a população de Lunier e, principalmente, não estaria quase morta em uma maca.

A porta da enfermaria se abriu e Kaname Kuran passou por ela silenciosamente, passos suaves e comedidos. Ele segurava uma flor azul em sua mão esquerda – não tinha ideia de que espécie era, eu não me preocupava com os tipos de flores o suficiente para identificar. Meu corpo ficou tenso assim que vi sua figura, um rosnado de fúria soou baixinho no fundo de minha garganta, um ódio intenso daquela coisa e o que sua espécie fez comigo.

Kaname me ignorou como se eu fosse tão digno de atenção quanto à poltrona em que eu estava sentado, e então se sentou na beirada da cama de Hime com um suspiro baixo, acariciando levemente sua mão pálida e flácida com as pontas de seus dedos longos.

Coloquei-me de pé num salto e avancei um passo, nauseado e irritado com a visão dele tocando-a.

– Tire suas mãos dela, Kuran – rosnei.

Kaname me olhou por cima dos ombros, como se não fosse nada mais do que um alguém petulante e sem valor, e sua reação me fez cerrar os punhos.

– Acho estranho você estar fingindo protege-la de mim quando é culpa sua ela estar aqui. – falou de maneira clara e impassível – O único perigo para ela aqui é você, Nível-E.

Não fui capaz de conter a surpresa e a raiva que atravessou meu rosto por um breve instante, mesmo que ele não estivesse inteiramente certo, afinal ele era um perigo para Hime, mesmo que fosse um maldito Sangue-Puro – não foi graças a um Sangue-Puro que eu estava nessa situação?

– O que você faz aqui? – exigi – O que você quer com ela?

Kaname voltou sua atenção para a jovem inconsciente na maca, e observou-a por segundos que me pareceram imensuráveis sem responder o que eu perguntara. Ele deixou a flor em um vaso de vidro ao lado da cama de Hime, então se levantou com muita delicadeza para não perturba-la, e se virou para mim com um olhar amargo e desgostoso.

– Ver que meu aviso não foi suficiente para salva-la de você. Veja o resultado de sua decisão de tentar se passar por humano e a manter no escuro. Ela por pouco não está morta, Kiryuu, por muito pouco, e não graças a você. Mas e no próximo ataque? Quando você perder o controle de si mesmo outra vez? Será que vai ter tanta sorte?

Eu já havia pensado em cada uma das acusações de Kaname, pesado o que poderia ter acontecido e o que eu poderia ter feito para evitar aquela situação, mas ele definitivamente não era alguém com quem eu compartilharia os infortúnios da minha vida.

– Nunca mais cometerei o mesmo erro...

– O erro de se manter perto dos humanos, certo? - interrompeu-me – Vai buscar o de sua categoria e viver entre eles, levando morte e destruição a outras pessoas...

– Então a possibilidade de eu levar morte e destruição não é tão terrível quanto eu fazendo mal a Hime? – interrompi-o – Só viu Hime uma vez e já está arrastando sua asa de morcego por ela? – debochei.

– Vi-a duas vezes, na verdade, sendo a primeira quando permitiu que ela andasse a esmo pelo Dormitório da Lua, quando claramente não confia em nós. Você não tem preocupações com ela, Zero, tudo que sente nesse momento é culpa por sua perda de consciência e está tentando confortar-se sendo arrogante e idiota comigo. Isso não vai compensar sua falta grave.

Eu me preocupava com Hime, sim, mas eu não devia satisfações a Kaname Kuran sobre o que eu sentia ou sobre minhas faltas graves; ele quem me devia satisfações sobre o porquê dele estar no quarto de Hime. Eu a salvei, isso tornava dela parte responsabilidade minha.

– Foda-se o que você pensa, Kuran, – rosnei – eu só quero saber o que você está fazendo no quarto dela; e eu tenho certeza que não é para ver os resultados do que sua espécie nojenta fez comigo.

– Talvez porque eu me importe um pouco com ela. – sugeriu de maneira não muito convincente – Ou que não confie em você perto dela e queira me certificar de que ainda não a matou – deu de ombros.

Meus dentes trincaram, os olhos se tornando fendas.

– Eu nunca mataria Hime...

Estou tentando me defender ou me convencer?

– Não agora, quando o sangue dela preenche seu sistema e da cor a sua aparência pálida e insípida. Mas e quando o sangue dela sair de seu sistema? As pastilhas ainda funcionam, Zero? Ambos sabemos que o cheiro do sangue dessa garota é mais doce e delicioso do que o de qualquer outro; e para você, um Nível-E tão perto de decair, com certeza deve ser sua perdição.

– Quanta especulação supostamente a favor dela, faz até parecer que um monstro como você tem um coração.

Ele sorriu vagamente.

– Eu tenho, e talvez você também tenha um, mas futuramente não terá, e você sabe disso. – ele caminhou até a porta e girou a maçaneta para abrir, então parou por um instante – Seria bom você ir embora e deixa-la se recuperar, você é a última pessoa que ela desejará ver quando estiver acordada.

Ele saiu do quarto andando com calma e elegância, não parecendo minimamente abalado com qualquer uma das minhas provocações enfurecidas – como se falar comigo tivesse sido conveniente até certo momento e então me descartasse como um objeto qualquer e sem valor.

Como esse idiota se acha superior...

Joguei-me na poltrona novamente e voltei a observar a respiração fraca de Hime, jogando todas as memórias da visita do Líder do Dormitório da Lua em uma lata de lixo. Eu sabia que Hime não desejaria me ver, o que era completamente sensato levando em conta que eu quase a matei, e estava me tornando a criatura que provavelmente a traumatizou para sempre. Só porque eu a trouxera em meus braços para a enfermeira Himiko, que pôs os olhos nela e soube imediatamente o que eu fiz; eu sabia que ela provavelmente me odiaria quando acordasse – na melhor das hipóteses, na pior ela ficaria ainda mais traumatizada e teria medo de mim. De qualquer maneira, eu não planejava deixa-la me ver, só queria ter certeza de que ela ficaria bem, então poderia me afastar completamente.

Levantei-me, me sentindo mais calmo, e sentei a beirada da cama desconfortável, encarando o curativo enorme na curva da clavícula, onde eu mordera. Era possível ver a borda do hematoma escuro que eu deixara onde mordera, e meu estômago embrulhou horrivelmente, causando-me espasmo.

Não vou vomitar. Não vou vomitar. Não vou vomitar. Não vou vomitar...

Repeti as palavras como um cântico para que se fixassem em minha mente, mas elas lentamente foram perdendo seu significado, como sempre acontece quando se faz tal coisa.

Recuperei o controle de mim respirando pelo nariz e soltando o ar pela boca, afastando Hime de minha visão por um instante, e acabei por encarar a flor que Kaname deixara. Nos primeiros segundos não tive consciência de que a olhava e assim que notei que aquela coisa ainda estava ali, peguei-a em um surto breve de fúria, amassando as pétalas em meu aperto, e joguei-a no lixo. Hime não precisava daquela flor que ele deixou – ela não precisava de porcaria nenhuma de vampiros depois do que eu fizera com ela.

Olhei-a novamente, apenas para me certificar de que ainda estava dormindo e com o coração batendo, a raiva se aliviando lentamente – o que era uma surpresa, já que ela era sempre ela que me tirava do sério. Evitei copiosamente a visão daquele curativo; e notei que a franja negra em sua testa estava bagunçada e tocando suas pálpebras, agora roxas. Involuntariamente meus dedos tocaram seus cabelos lindos como seda e os afastou para o lado, antes que eu me horrorizasse com a minha ousadia de toca-la depois do que fiz.

Voltei para a poltrona no canto, certo de que quanto mais distante dela melhor seria.

Olhei para o teto branco de gesso, tentando me distrair com o ventilador que girava preguiçosamente e o som do aparelho que marcava os batimentos de Hime. Aquilo me deixou extremamente sonolento, e antes que eu percebesse e pudesse evitar, já estava dormindo.


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Notas finais do capítulo

Zero tá se sentindo meio culpado... Tadenho, acho q ele ta precisando de consolo, alguém se habilita? Se voluntariem rápido, pq senão eu vou? Concordam ou discordam de Kaname? Respondam-me, pq cês já sabem que eu A-DO-RO reviews hehehe
E inté a próxima o/



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