Fita de Seda escrita por moonrian


Capítulo 12
Capítulo 12 - Pecados Vermelhos


Notas iniciais do capítulo

Oláá, Morceguinhos e Morceguinhas!! Estão sentindo o cheirinho de ferrugem e sal? Pois é, tem sangue nesse capítulo e mordidinhas mui loucas e excitantes hehehehe
Enfiim, como vcs provavelmente já desconfiaram, Zero vai retornar pra casa!!! Mas antes que vcs fiquem alegrinhos... Aaah, nem adianta q se eu contar vcs vão continuar alegrinhos hahaha
Tenham uma boa leitura...



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Nunca havia pensado que a companhia de certa pessoa irritante me faria falta, afinal, eu nunca me sentira tão sozinha quanto nos três dias em que Zero ficara fora – mais tempo do que ele havia dito. Kaien e eu estávamos começando a ficarmos preocupados, já que ele não dera notícias nenhuma nos dias que seguiram, mas o diretor sempre dizia que não devíamos nos preocupar demais, pois Zero dava esses sumiços de vez em quando e ele sabia se cuidar. Então, tentávamos falar sobre o rabugento o mínimo possível, fingindo não estarmos apreensivos e ansiosos para que Zero enviasse alguma prova de que ainda estava vivo.

Kaien não tinha tanto tempo para mim quanto eu gostaria, sempre muito ocupado com sua obrigações acadêmicas; costumava vê-lo apenas durante as refeições, o que me dava bastante tempo sozinha, solitária, entediada e definhando pelos cantos.

Minha curiosidade não havia desaparecido, havia muitas questões a serem pesadas sobre o “Mistério de Zero”, como os remédios que ele tomava, onde estavam seus pais biológicos, a noite em que ele me assustara com seu comportamento esquisito que me fazia lembrar o aviso de Kaname sobre como o ranzinza desbotado podia ser perigoso – mesmo que eu ainda achasse difícil cogitar essa possibilidade. Sempre que pensava nessas palavras de Kaname tudo que conseguia pensar era no rapaz por detrás da máscara de frieza que ele colocara no próprio rosto, a expressão desolada com que contemplara as estrelas.

Em meu desespero para distrair minha mente, li todos os livros sobre vampiros, até aqueles que explicavam a política dos Conselhos e sobre o que era a Associação, mesmo que tais questões me entediassem – e isso comprova meu desespero.

Meus pesadelos haviam retornado com força total, o que significa que era muito comum acordar gritando vergonhosamente no meio da noite nos últimos dias; mas para minha alegria, Kaien não os ouvia graças ao sono pesado e a distância entre meu quarto e o dele. Vinha tendo sempre o mesmo sonho, de eu estar correndo por Lunier e ouvindo os gritos de todos até que uma figura se colocava na minha frente, os olhos vermelhos muito visíveis na escuridão.

Estava jogada no sofá e encarando o teto naquela entediante tarde de sexta-feira. Ainda vestia meu pijama, o cabelo preto feito piche bagunçado como quem havia acabado de acordar (o que eu havia mesmo) e estava espalhado na almofada. Para a surpresa de ninguém, eu estava matando aula novamente, só que dessa vez eu teria sucesso, pois ficaria apenas enfurnada em casa desfrutando de um tédio mais confortável do que na escola – onde eu era perseguida pelas garotas fanzocas de Kaname Kuran na esperança de que eu lhes desse informações sobre ele que elas desconhecessem.

Encontrava-me sem qualquer ânimo sequer para me mover no sofá, quanto mais para atender ao pedido de meu estômago por comida, e sentia-me frustrada por ter tido o pesadelo novamente aquela noite.

Ouvi o som da porta de entrada se abrindo e tive um mini enfarto com a possibilidade de ser pega vagabundando no sofá por Kaien, já que eu não tinha uma boa justificativa para faltar – rapidamente pensei em dizer que estava com cólica. Sentei-me abruptamente e meu coração deu um salto ao ver uma conhecida figura pálida atravessando a porta.

– Zero – sussurrei, surpresa.

Seus olhos lilases se voltaram para meu rosto, surpresos, como se não esperassem me ver ali – talvez porque era horário de aula, mas quem liga? Eu não sabia que gostava de Zero até ele desaparecer.

Ver seu rosto branquelo e inexpressivo me animara profundamente, tanto que fui capaz de fazer algo por impulso que sabia que me arrependeria depois. Saltei do sofá desajeitadamente em uma euforia maluca, e joguei meus braços ao redor de seu pescoço, apertando-o. Mesmo que ele fosse a criatura mais irritante que eu conhecia, me incomodasse profundamente e se dedicasse ao máximo a essas funções, eu havia sentido a falta dele e de sua companhia pouco agradável; afinal, ele ainda era o cara que salvara minha vida.

Zero enrijeceu assim que o abracei, e pareceu uma estátua até que suas mãos me segurarem pela cintura firmemente. Meu coração deu um salto, e antes que venham romantizar a situação, era apenas porque aquele rabugento que me detestava estava retribuindo meu abraço – ok, confesso, também era porque segurando minha cintura, o que era…

De repente ele me afastou de forma um pouco rude, seus olhos me fulminaram.

– Bateu com a cabeça novamente? Por que você está me abraçando? – perguntou, a voz rouca.

Zero parecia parte surpreso e parte irritado com minha demonstração de afeto idiota, e que eu sabia desde o início que me arrependeria.

Ok, talvez eu estivesse o romantizando demais na sua ausência.

Dei vários passos para trás, irritada, afastando-me dele e me perguntando por que raios eu sentira falta daquela criatura.

– Essa é uma boa pergunta, já que a vida era mais tranquila com você longe. Talvez deva procurar no fundo de sua mente a resposta desta questão.

Ele revirou os olhos e endireitou a mala que carregava nas costas.

– Estou cansado demais para ouvir suas besteiras, Hime. Preciso de um banho e mais algumas horas de descanso de você.

Uau, e por que eu senti falta dele mesmo? Ah, é, porque eu sou extremamente estúpida.

– Está três dias longe de mim – retruquei – E eu tenho perguntar para te fazer.

Zero, que sequer me olhava, tentou passar por mim para ir às escadas, mas me coloquei teimosamente em seu caminho.

– Francamente, Hime, eu não estou interessado em um interrogatório idiota neste instante.

Estreitei meus olhos, indignada.

– Não é um interrogatório idiota, você que é idiota. Tenho perguntas importantes a fazer e...

– Você não devia estar na aula? – inqueriu, interrompendo-me.

Bufei com a ironia da situação.

– De todas as pessoas que poderiam reclamar sobre eu estar em casa, você é a última delas. Você vive faltando aula, Zero, e raramente com justificativa. De qualquer maneira, você está me distraindo da minha missão.

Ele suspirou pesado, impaciente.

– Me irritar?

– Não, embora esta seja divertida. Eu desejo tirar algumas dúvidas, e para começar tenho que confessar que fui ao Dormitório da Lua conversar com Kaname Kuran.

Surpreendentemente descobri que o rosto de Zero era capaz de demonstrar emoções, que não tinha uma espécie de paralisia nos músculos. Seu belo rosto marmóreo se transformou em uma careta de incredulidade e fúria, seus olhos afiados o bastante para cortar aço.

– Você o que? – sua voz subira três oitavas.

Ergui as mãos numa vã tentativa de apaziguá-lo.

– Calma, foi tudo muito bem. Foram todos civilizados e se mantiveram longe da minha jugular.

Ele me observou por alguns instantes, me avaliando e ponderando até que soltou um suspiro resignado.

– O que você foi fazer lá?

– Kaname sabia algumas coisas sobre Lunier e eu quis descobrir. Mas não é por isso que estou te irritando, e sim pelo que ele me disse nesse dia.

– O tipo sanguíneo favorito dele? – disse de maneira ácida.

– Não, que você é perigoso – disse devagar – e que eu deveria tomar cuidado.

Não tinha certeza se eu errara em dizer que minha fonte de informação era Kaname, principalmente tendo consciência que Zero não gostava nem um pouco do Sangue-Puro. Mas, talvez com ele sabendo quem havia me dito, saberia melhor o que me responder do que se eu começasse a pergunta com “Um passarinho me contou que...”.

Os olhos de Zero endureceram, sua mandíbula e toda a postura tensas; uma expressão impassível – e eu sabia que exigia muito autocontrole dele controlar suas emoções naquele instante.

– O que ele quis dizer com isso, Zero? – tentei.

Ele engoliu em seco e desviou seu olhar do meu, fixando-se em um ponto distante acima da minha cabeça.

– Algo que realmente não é da sua conta e muito menos daquele vampiro filho da puta. – trovejou.

Zero passou por mim, seus ombros atingindo os meus tão grosseiramente que eu fui lançada para o lado. Ele subiu as escadas a passos rápidos e pesados, e não muito depois ouvi o som ruidoso de uma porta se fechando.

Eu estava igualmente irritada por ser mantida no escuro e por sua passagem por mim nada delicada, e pela primeira vez eu desejei treinar na esperança de que o esforço físico aliviasse aquele sentimento – treinar e imaginar que Zero era meu alvo.

Subi as escadas para vestir minhas roupas de “batalha”, como uma Caçadora de Sombras faria – pois é, andava lendo muitos livros da Cassandra Clare também. Como eu não tinha roupas de couro e cheias de estilo, vesti um short escuro e uma camiseta cinza; prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto e coloquei Red Promises embainhada em uma gaveta do criado mudo, porque eu não tinha muita coordenação motora pra ficar brincando com algo tão afiado.

Fui para área de treinamento habitual, nos fundos da casa, e revisei todos os golpes que Zero havia me ensinado, sentindo-me a próxima Karatê-kid. Descarreguei toda a raiva e a frustração em cada golpe, empenhando-me em trabalhar cada um até que estivesse suada e exausta, mas aliviada dos sentimentos negativos e por aquela tarde ter sido frutífera de alguma maneira.

Tomei um banho prolongado e relaxante, mantendo as dúvidas sobre Zero longe de meus pensamentos e ocupei minha mente com a tarefa de enxugar meus cabelos e secar com o secador até que ficassem perfeitos.

Vesti um dos dois vestidos que pendiam nos cabides, o preto e florido, e quando estava finalmente apresentável peguei um dos livros que encontrei na biblioteca de Kaien, chamado “O Anjo Mecânico”, da série As Peças Infernais.

Inesperadamente ouvi o som de algo estilhaçando no chão e o grito rouco de Zero, me sobressaltando.

Corri em direção ao seu quarto, imaginando que poderia ser a doença que ele tinha lhe causando dor, e sem me importar girei a maçaneta e abri a porta.

O albino estava com as costas recostadas na parede, a cabeça pendendo para trás e vestia nada mais do que uma calça jeans lavada pendendo um pouco abaixo do osso do quadril. Eu tive tempo para arfar de surpresa, mas não para notar como os músculos de seu corpo eram bem definidos e austeros, ou que sua pele pálida era linda e impecável, e que todo ele parecia um deus esculpido em mármore – não tinha tempo para esse tipo de observação. Tudo que notei era que Zero sentia muita dor a ponto de gemer e engasgar, seus dedos longos agarrados à garganta.

Aproximei-me rapidamente, preocupada e assustada, ouvindo os cacos de vidro estilhaçar sob a sola de meu tênis a cada passo meu; e segurei seus ombros. A pele dele estava úmida e muito quente, as bochechas coradas enquanto seu peito subia e descia muito rapidamente.

– Zero... – chamei-o, sacudindo seus ombros para chamar sua atenção para mim.

Quando ele abriu os olhos, cada músculo meu enrijeceu e eu me tornei uma estátua, meu coração tropeçando e pulando uma batida antes de acelerar, martelando em um ritmo que poderia me causar um enfarto. Minha respiração ficou presa na garganta e a mente lívida, apenas o choque tomando cada célula de meu corpo.

Pavor, era tudo que eu sentia no instante em que seus orbes encontraram os meus, o maior e mais intenso pavor que já senti.

Os olhos de Zero estavam um vermelho intenso e luminoso, como o do casal Nível-E em Lunier e do monstro em meu sonho; pareciam igualmente cruéis e inumanos, e sequer pareciam me reconhecer.

Minhas mãos escorregaram de seus ombros lentamente, catatônica, e instintivamente dei um passo para trás, o som do vidro cortando o silêncio mortal que se estendeu entre nós. Tão rápido que eu sequer pudera entender como aconteceu, minhas costas atingiram o colchão da cama e Zero estava sobre mim, uma expressão animalesca.

Um surto de adrenalina cortou a petrificação de meus músculos, e soquei seu peito com toda a minha força, desesperada, usando meus joelhos para tentar tira-lo de cima de mim, mas ele sequer se moveu.

Suas mãos agarraram meus pulsos com firmeza férrea e os prenderam acima de minha cabeça, as suas pernas empurraram as minhas para o lado, eliminando toda a minha possibilidade de resistência e antes que eu tivesse tempo de arfar ou gritar, senti seus dentes cravarem em meu pescoço e o som nauseante de sucção.

A dor foi tão insuportável que me tirou fôlego completamente, e congelaram os meus membros, um frio horrendo me atravessando o corpo. Pouco depois veio o silêncio, a quietude... Uma paz tão intensa que poderia se igualar a morte.

Sabia que ainda estava presa abaixo do corpo de Zero, e, no entanto, meu corpo parecia livre da ação da gravidade, como se flutuasse. Senti cada centímetro meu adormecer, meus sentidos letárgicos e uma espécie de êxtase tomar-me por inteira.

Meus lábios se moveram para dizer o nome dele, mas não saiu som algum.

O tempo passava com mais lentidão enquanto Zero me sugava, os segundos alongando-se e perdurando infinitamente, passando de forma suave e graciosa enquanto aquela situação se arrastava.

Percebi que não estava mais respirando, não tinha mais forças ou necessidade de puxar o ar para meus pulmões; minha consciência se esvaindo pelo ferimento em meu pescoço para os lábios de Zero.

Havia algo de íntimo naquela situação, mesmo que fosse mórbida, como se aquilo estivesse nos ligando de alguma maneira estranha e doentia.

Senti, com uma estranha agonia, que aquele momento único de paz havia cessado e o tempo voltara a correr da maneira de sempre, que não havia mais um aperto em meus pulsos.

Usei a pouca energia que me restava para abrir os olhos, notando que um par de olhos lilases me fitava, arregalados e horrorizados.

O efeito da gravidade retornou com muita força, e meu corpo retornara a mim com suas dores e sofrimentos físicos, e senti-o pesado demais.

Finalmente minhas pálpebras se fecharam lentamente para uma escuridão doce e libertadora.


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Notas finais do capítulo

Eaii, amorees, o que acharam do capítulo? Eu não tinha e ainda não tenho muita certeza se consegui passar com clareza de detalhes o que a Hime sentiu após essa mordidinha, mas espero que tenham entedido um pouquinho...
Ah, que acharam da mordidinha, falando nisso? Alguns ae estavam ansiosos por isso desde o capítulo 5.
Então... Até o próximo capítulo o/



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