Fita de Seda escrita por moonrian


Capítulo 14
Capítulo 14 - O Vampiro Zero


Notas iniciais do capítulo

Hellow, my little friends!!!!
Olha eu aki pra postar capítulo novo procês hehehe
Bem, primeiramente devo explicar que o nome do capítulo é um trocadilho com o livro de Anne Rice chamado "O Vampiro Lestat", que por sinal foi o primeiro livro que li sobre o tema.
Bem, o capítulo é narrado na visão de Hime, na verdade...
Ah, gente... bem, eu sei q vcs gostam mais da Yuuki, mas deem uma chance pra Hime... ela é legal...
Beem, agora vams parar com meus blábláblás, certo?
*Boa Leitura*



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A primeira coisa que notei quando minha consciência lentamente retornava a mim foi que eu estava morrendo de sede, que minha garganta estava seca, minha língua parecia áspera na boca e a saliva espessa. A segunda coisa foi que havia um barulho irritante e incessante, e eu não tinha certeza se era um alarme, mas ele produzia o mesmo som incansavelmente.

Bip... Bip... Bip... Senhor, alguém desligue essa coisa.

Quando realmente pude me considerar de volta ao mundo real, senti-me excessivamente péssima, como se um trem houvesse passado por cima de mim e dado ré só para ter certeza de que ficaria da forma que estava; um trapo de membros dormentes, doloridos e pesados.

Abri meus olhos lentamente para a escuridão da madrugada, precisando piscar algumas vezes até que minha visão se acostumasse e eu enxergasse qualquer coisa – um teto de gesso com um ventilador lerdo que sequer fazia uma brisa. Não havia um dossel ou um lustre, como em meu quarto na casa de Kaien; ou uma fatia de luz lunar no piso de linóleo marrom claro – além do mais, o chão desse quarto era branco.

Onde eu estou?

Havia uma janela a frente da minha cama, onde as estrelas cintilavam como diamantes encrustados em um manto de seda negro. A lua estava escondida por detrás de uma grande nuvem que nadava tranquilamente, sem notar que a atrapalhava a expor seu esplendor.

Demorei a perceber uma silhueta masculina jogada em uma poltrona branca no canto, o que me deu um breve susto antes de eu perceber que era inofensiva e estava dormindo.

Semicerrei os olhos tentando identificar quem era, e finalmente a nuvem passou e deixou que a luz da lua entrasse pela janela e iluminasse a figura. Surpresa era um eufemismo para descrever o que senti quando descobri que era Zero, minha testa franzindo em total e completa confusão.

O que Zero está fazendo aqui? E onde é “aqui”?

Ele respirava suavemente, a cabeça inclinada para trás e apoiada nas costas da poltrona, as mãos sobre os braços da mesma.

Não me empenhei muito em buscar os motivos de estarmos em um lugar diferente, já que essa era a primeira vez que poderia analisar seu rosto sem pudor ou remorso, que seus traços estariam livres de qualquer negatividade de seus sentimentos sempre negros.

A suave luz era perfeita e repousava um brilho prateado sobre seu cabelo, e refletia em sua pele pálida como acontecia com própria lua sob os raios solares. Ele vestia uma camisa branca de botões, onde três deles jaziam abertos, permitindo uma boa visão da curva graciosa de sua garganta, uma faixa da pele pálida perfeita de seu peitoral e a tatuagem enorme em seu pescoço que eu nunca havia percebido – parte porque sempre estava distraída demais com minha raiva para reparar qualquer coisa naquela criatura, e parte porque não devia ser muito boa em reparar nas pessoas, principalmente se tratando de Zero.

As feições de Zero eram diferentes quando ele estava dormindo. Ele parecia vulnerável e relaxado, o alto de suas maçãs do rosto levemente coradas e os lábios graciosos com um rosa saudável – na verdade, não me lembrava de quando ele parecera tão saudável.

Tentei endireitar-me para analisa-lo melhor, o que foi complicado e doloroso, e senti algo preso em meu dedo indicador se arrastar no lençol e quase sair. Era como um pregador de roupa, mas era branco e ligado a um fiozinho da mesma cor. Segui o fio e vi um monitor marcando minha frequência cardíaca – a fonte do “bip” irritante.

Olhei ao redor, um tanto sobressaltada, questionando-me porque eu estava no hospital e me sentia tão terrível... Eu sabia que era um desastre ambulante, e seria questão de tempo até eu parar ali.

De repente Zero se mexeu, atraindo minha atenção. Ele começou a fazer sons arfantes em seu sono, seus olhos jogando-se para trás e para frente atrás de suas pálpebras. Sua mão apertou os braços da poltrona com força, e subitamente ele empertigou-se. Seus olhos arregalaram-se, ele parecendo pasmo, assustado e confuso, tudo ao mesmo tempo, o que me deixou surpresa por descobrir que o rosto dele era capaz de registrar tantas emoções quando ele estava sempre inexpressivo.

– Zero? – chamei cuidadosamente.

Os olhos lilases dele se focaram em mim, brilhantes e ardentes...

“Pavor, era tudo que eu sentia no instante em que seus orbes encontraram os meus, o maior e mais intenso pavor que já senti.

Os olhos de Zero estavam um vermelho intenso e luminoso, como o do casal Nível-E em Lunier e do monstro em meu sonho; pareciam igualmente cruéis e inumanos, e sequer pareciam me reconhecer [...]”.

Arfei, horrorizada, e não precisava ouvir as frequências do “bip” da máquina para saber que meu coração estava batendo tão rápido quanto as asas de um beija-flor.

Minhas mãos foram ao meu pescoço instintivamente, sentindo o curativo na curva do pescoço para o ombro – o golpeei forte demais no desespero de senti-lo para ter certeza de que aquilo havia sido real, o que causou uma dor daquelas no ferimento. Vi um lampejo de algo pequeno e metálico no meu braço esquerdo, atraindo minha atenção, e descobri que havia uma agulha em minha veia ligada a um tubo, onde um líquido vermelho passava.

– Você me atacou... – minha voz saiu um mero sussurro fraco.

Voltei meus olhos arregalados para Zero, que baixara a face e dava bastante atenção para suas mãos em seu colo, as palmas viradas para cima. O cabelo prateado escondeu seu rosto de minha avaliação, mas algo em sua postura me dizia que ele se sentia envergonhado e impotente.

Eu não consegui sentir pena, ao contrário, havia me ajudado a encontrar a raiva em mim.

– Você tentou me matar! – acusei, gritando dessa vez.

Ele engoliu em seco e voltou a me olhar, o cabelo caindo sobre seus grandes olhos atormentados.

Zero soltou um suspiro frustrado.

– Eu sei… – sussurrou – Eu devia ter te contado.

– Com certeza deveria! Você é um vampiro, Zero, uma droga de um vampiro! E eu não sabia de nada...

Ele trincou os dentes, as mãos se fechando em punhos.

– Eu já sei que eu errei – trovejou de repente, sua voz fazendo meus ombros se encolherem de medo – e me sinto culpado por isso, mas você tem mesmo que me torturar, Hime? Não acha que já sofro o suficiente sendo obrigado a me tornar o que mais odeio? Transformar-me nas malditas coisas que mato? Você tem mesmo que enfiar o dedo na minha ferida?

Parei por um instante de compreensão, a raiva evaporando tão rápido quanto aparecera.

“As coisas que mato”? Não me diga que...

Minha face com toda certeza registrara com muita precisão a enormidade do meu choque, surpresa e horror.

– Espere, espere... – pedi, sacudindo a mão direita na frente do corpo, já que o outro braço tinha uma agulha e eu não queria ter outro vislumbre daquela coisa nauseante – Você está se transformando em um Nível-E?

Ele bufou, e eu não tive certeza se aquilo era um riso irônico ou frustração por minha lerdeza cognitiva; talvez ambos.

– O que você pensou que eu fosse? Um Sangue-Puro?

Zero respirou fundo, tentando recuperar-se da explosão que tivera uns segundos atrás. Observei-o em silêncio, percebendo o quão ironicamente triste era um caçador de vampiros Nível-E ser amaldiçoado a virar um.

“E há os Ex-humanos, – a voz de Kaien soou em minha mente – que são pessoas normais infectadas por Sangues-Puros, condenados a passarem por uma lenta e dolorosa transição até perderem suas consciências e se tornarem por fim os Nível-E”.

Oh meu...

“Pode demorar vários anos até que um Ex-humano acabe por decair, perdendo assim toda sua consciência e humanidade – dissera o livro sobre vampiros. – O causador principal é a sede incontrolável e insaciável que os mesmos sentem, aumentando gradativamente quanto mais à infecção avança. As pastilhas de sangue ajudam a adiar o resultado inevitável até certo ponto, mas como não passa de um sangue artificial, em certa altura da transição elas não fazem mais efeito algum. Assim, a Associação de Caçadores, em parceria com o Conselho de Vampiros, se encarregam de eliminar as ameaças Nível-E.”

Oh meu Deus...

De repente tudo começou a fazer sentido, as respostas para a maioria de minhas dúvidas nunca me pareceram tão claras, porque todas elas estavam interligadas ao grande segredo de Zero Kiryuu.

Aquela noite em que ele “passara mal”, era apenas a sede de sangue. Os remédios que ele havia virado na boca e engolido a seco eram as pastilhas de sangue que Kaien me dissera.

Olhei seu rosto pálido com outros olhos, percebendo que eu o julgara mal por pensar que sua amargura habitual não fosse nada além de arrogância. Havia um motivo para o seu comportamento, por agir como se fosse uma ilha; ele queria que todos mantivessem distantes, pois ele era perigoso.

Lembrei-me do garoto por detrás da máscara, olhando para o céu como se as estrelas que abençoavam seus olhos fossem de uma beleza tão trágica e cruel... Como se o mundo houvesse lhe virado as costas e cuspido a danação eterna em sua alma.

E provavelmente cuspira mesmo.

Zero odiava intensamente os vampiros, disso eu sabia muito bem, mas nunca entendera o porquê – “ódio injustificado”, foi como eu categorizara, mas agora, tudo parecia claro. Ele mesmo havia me dito que...

– Somente um Sangue-Puro pode transformar um humano em Nível-E – murmurei mais para mim mesma, encarando o lençol branco.

Vi-o assentir silenciosamente com minha visão periférica.

Ele passara anos tendo que suportar cada sintoma da sua transformação, caçar aqueles que haviam passado pela mesma coisa que ele e me perguntei o que toda aquela situação tinha feito a ele além de sua decisão de se isolar.

– Kaname quem te transformou em Nível-E? – inqueri.

Ele riu amargamente, como se a ideia fosse estúpida e de um humor negro que poderia até ser engraçado.

– Ele não estaria vivo se fosse – declarou.

Preparei-me para a próxima pergunta que poderia tanto tirá-lo do sério quanto machuca-lo – eu não tinha muita certeza do que seria, ele nunca reagia da forma que eu esperava.

– E como isso te aconteceu?

– Da mesma forma que acontece com todos; um Sangue-Puro – respondeu, evasivo.

– Mas por que ele resolveu fazer isso com você?

Ele revirou os olhos, começando a se irritar.

– Eles não precisam de motivos, Hime, são criaturas cruéis e impiedosas. Um vampiro faz esse tipo de coisa só por prazer de causar o caos.

Não era o que eu havia perguntado, mas já tinha entendido que ele não queria falar sobre isso comigo.

Não achei que era a melhor hora para retrucar, afinal eu não era tão inocente a ponto de não saber que assim como existem humanos maus, existem vampiros maus. Eu ainda achava errado Zero generalizar e culpar a todos, mesmo que eu mesma já estivesse incerta – não era a primeira vez que eu era atacada, então...

Não podia dizer que não o entendia, sua vida fora destruída no momento em que foi condenado a se tornar um Nível-E, e não podia sequer imaginar quão doloroso era para ele saber que sua vida estava em contagem regressiva e não havia nada que pudesse fazer para evitar. Alguns em seu lugar teriam se matado, mas estava feliz por Zero não ter feito isso.

– Eu perdoo você – murmurei com os olhos em minhas pernas cobertas pelo lençol.

Ouvi seu arfar chocado.

– Você o que?

Ergui meus olhos para seu rosto.

– Eu disse que perdoo você. Na verdade, não tem o que perdoar...

Ele franziu a testa, a boca se tornando uma linha rígida nada feliz.

– Eu quase matei você, Hime – lembrou-me, parecendo questionar minha sanidade.

– Eu sei, eu me lembro muito bem e muito claramente. Mas eu vi seus olhos antes de me atacar, estavam vermelhos e não me reconheciam. Você não estava em si, não era você no controle da situação, porque eu te conheço...

Ele riu amargamente, interrompendo-me, parecendo incrédulo com minhas palavras.

– Oh, sim, era eu. Aquela coisa monstruosa era eu.

– Cale a boca, estou tentando falar. Como estava dizendo antes de ser interrompida, não era você, mas uma espécie de monstro. O Zero teria me expulsado de seu quarto e me insultado, teria gritado comigo e outras coisas mal-educadas que só ele é capaz. Zero, você tem consciência, aquilo é uma besta tentando tomar o controle.

– Eu sou a besta. Pelo amor de tudo que você considera mais sagrado, não seja tão idiota, eu não estou possuído pelo demônio, aquilo sou eu.

– Já mandei você calar a boca, caramba. Eu compreendo teoricamente o que você está passando, então... Quer dizer, a julgar por aquele dia em que você virara o frasco de pastilhas, significa que elas não estão mais fazendo efeito, não é? Então você bebeu meu sangue e ganhou mais algum tempo como você mesmo.

– Eu não acredito que você está dizendo isso – falou, indignado.

Ele parecia a ponto de explodir de novo, mas eu não estava me importando, tinha que concluir meu ponto.

– O que estou tentando dizer enquanto você me interrompe é que, por mais incrível que seja pra mim te dizer isso, eu gosto de você. Mesmo que seja a criatura mais idiota, estúpida, babaca, exasperante, amarga, mal-educada...

– Quer um dicionário de adjetivos? Você parece estar ficando sem palavras para me insultar.

Ergui um dedo, pedindo que se calasse; já a um passo de me levantar e esgana-lo.

– Deixe-me continuar. Por mais que você seja tudo que eu expliquei, você ainda é o babaca que salvou a minha vida e isso me deixa em dívida com você também. Então, o que eu estou dizendo é que… – engoli em seco, incrédula comigo mesma com o que estava prestes a dizer – quero salvar sua vida também.

Seus olhos se arregalaram, e eu sabia que ele já havia descoberto onde eu queria chegar, mas mesmo assim duvidava que eu pudesse sugerir tal coisa.

– O que quer dizer com isso?

Mordi o lábio, incerta com o que estava prestes a oferecer.

Anda era cedo demais para eu decidir qualquer coisa, havia acabado de acordar, não havia tido tempo para pensar sobre o ataque de Zero e se, por acaso, eu não havia criado algum trauma dele.

Então Kaien me veio à mente e o olhar sempre entristecido que lançava ao filho adotivo. Agora eu compreendia o motivo, estava olhando seu rosto e se perguntando quanto tempo teria com ele até que decaísse e se questionando quando seria; se estava muito perto.

Fez-me perceber que não era algo que seria apenas para retribuir a Zero, era também uma ajuda a Kaien, a quem eu devia tanto – não havia mais o que pensar, era minha obrigação fazer isso.

– Vou ser a substituta de suas pastilhas de sangue. – falei em um surto de coragem – Mas não agora, claro. Quando estiver totalmente recuperada de qualquer dano. Só, por favor, tente controlar sua sede, não quero me estabelecer no hospital.

Estava surpresa com a calma que minha voz soara, mesmo que eu estivesse completamente amedrontada com a ideia de ser a bolsa de sangue andante do albino – embora aquele “bip” idiota entregasse como meu coração estava acelerado com a possibilidade dele aceitar.

Não havia palavra melhor para explicar o olhar de Zero para mim do que “mortificado”, e não de um jeito bom.

Eu sabia que ele explodiria comigo em três… dois… um...

– Você ficou louca, garota? – esbravejou, mais irado do que me parecia possível – Você está oferecendo...

– Sim, estou oferecendo – interrompi-o, já de saco-cheio dessa chatice de consciência pesada – E pare de agir como se não fosse o que você precisa, não precisa ser tão orgulhoso. Certo, você odeia vampiros, e beber sangue não parece muito atraente; ainda mais quando estamos falando do meu sangue. Mas você vai decair logo e matar tanta gente... Talvez uma cidade inteira, como aconteceu em Lunier, o que é bem pior. Um Nível-E tão bem treinado como você não deve ser bom de enfrentar. Agora, que tal cortarmos toda essa baboseira de consciência pesada e focarmos no que você precisa: sangue.

– Eu não quero o seu sangue – rosnou.

– Claro que quer, eu não estou aqui por isso?

Talvez eu tivesse sido rude demais em minha resposta. Nem eu estava tão certa do que estava oferecendo e meus vinte segundos de coragem insana estavam chegando ao fim. Precisava prometer fazer essa idiotice logo antes que minha determinação se esvaísse e desse com o pé atrás.

Zero fez uma careta com minhas palavras.

– A falta de sangue deve estar afetando esse seu cérebro desmiolado. – ele se levantou bruscamente – A gente conversa quando você estiver mais sensata.

E Zero saiu a passos largos, batendo a porta com muita força atrás dele.


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Notas finais do capítulo

Eai? Que acharam? Zero tá meio bipolar ultimamente, não acham? Eu mesma fiquei meio impressionada com a rapidez que ele vai de "culpado" a "irritado"... E a proposta de Hime? Vamos torcer que ele pare de orgulho e tals, e aceite... SE a Hime não der com o pé pra trás, né? hihi
Esperam q tenham gostado do capítulo de hj, crianças...
E até a próxima, pessoal o/



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