Fita de Seda escrita por moonrian


Capítulo 11
Capítulo 11 - Atenção Indesejada


Notas iniciais do capítulo

Oieee, pessoas amadas, queridas e lindas!! Cá estou eu, como prometido, para postar um novo capítulo para vocês!!
Como estou devendo esse capítulo tem Muiitooo tempo, não vou importuna-los com uma nota muito grande, então...
*Boa Leitura*



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O caminho de volta com a companhia de Kaname fora silencioso. Ele manteve-se distraído com seus próprios pensamentos, observando a frente com as mãos escondidas no bolso da calça.

Tinha necessidade de enchê-lo com perguntas sobre o que ele quis dizer com Zero ser perigoso e ser “típico de Kaien querer esconder o perigo que o afilhado representa”, mas algo no tom que Kaname usara para terminar o assunto me dizia que ele não diria mais nada além do que já revelara – ele era intimidante, mesmo que fosse calmo e constante. Provavelmente minha única alternativa seria a que ele sugerira, perguntar a Kaien qual era a situação.

Para minha surpresa, quando finalmente fiquei consciente do espaço ao meu redor descobri que Kaname quebrara sua promessa e se aproveitara da minha distração, guiando-me na verdade para a sala de aula – desnecessário dizer que toda viva alma nos olhou assim que paramos em frente à porta.

Senti-me terrivelmente traída por ele, pois o havia confiado à tarefa de me conduzir na certeza de que me levaria para casa e, com uma punhalada nas costas, ele me levou para a aula – certo, dramatizei demais, mas puderam entender minha revolta.

Lancei-o o que considerei meu pior olhar traído e enfurecido, e Kaname riu baixinho, um som suave e melódico.

– Quando você me disse que me acompanharia até em casa, esperava que estivesse falando sério – resmunguei baixinho, para que só ele ouvisse.

Kaname ainda sorria.

– No momento em que proferi tais palavras não havia me recordado de que você ainda estava em horário de aula.

Franzi o cenho.

– Foi uma fala bem antiquada – comentei – Mas de qualquer forma, eu estava matando aula, Kaname. Obviamente não queria aparecer.

– Sinto muito. – foi tudo que disse.

Semicerrei os olhos, notando que ele não parecia sentir muito.

Kaname se inclinou em minha direção numa reverência extremamente antiquada, seu belo rosto ficando muito próximo e seus olhos castanhos avermelhados penetrando os meus – e eu prendi a respiração, temerosa de que meu sangue o fizesse perder o controle e acabasse por cravar as presas em mim (e jurei que as meninas da sala fizeram o mesmo, mas não por temor a minha vida).

Ele está tentando usar sua sedução de vampiro em mim? Porque, uau, ele é bom nisso!

– Isso também é muito antiquado – observei com humor.

– Eu sou antiquado, Hime.

Segurei a minha saia e flexionei os joelhos em um cumprimento arcaico que lhe arrancou uma risada.

– Milorde. – zombei.

Ele se empertigou tentando conter sem muito sucesso um sorriso.

– Tenha uma boa aula, Hime. – sussurrou suavemente.

Dei de ombros, sentindo as dezenas de olhares sobre nós.

– Tenho certeza de que não terei.

Estávamos fazendo uma cena na porta, mesmo que nenhum deles pudessem nos ouvir. Algumas da minha turma tinham uma queda mortal por Kaname e já podia sentir que elas me fuzilavam com o olhar; precisava terminar com aquilo, pois eu não precisava de garotas me odiando por causa de Kaname, já tinha problemas demais.

Caminhei para dentro com cada músculo e órgão meu retraído com a atenção excessiva, mas tentei fingir que não notava.

– Obrigado por se juntar a nós, Senhorita Kurosu. – disse o professor com sarcasmo.

Sentei-me em meu lugar com os olhos inquisidores de Naomi sobre mim, e olhei ao meu redor brevemente para avaliar se ainda detinha toda a atenção, a confirmação me desconfortando.

Demorei alguns segundos para entender que “Senhorita Kurosu” era eu.

– É sempre um prazer – respondi com um sorriso meio sardônico.

Sim, eu estava terrivelmente mal-humorada para ter a audácia de responder o professor daquela maneira levemente sarcástica, mas pelo menos eu devia ganhar o crédito por conseguir controlar meu tom de voz. Eu não estava nem um pouco feliz de ter que estudar depois de tudo que descobri sobre Lunier, com as questões sobre Zero que Kaname levantou e a possibilidade de Kaien estar acobertando um assassino ou sei lá.

Avaliei todas as situações na presença do albino ranzinza procurando qualquer indício de que ele fosse alguma espécie de criatura perigosa que poderia me machucar como Kaname havia deixado a entender, mas achei difícil imaginar Zero nada além de um jovem mal-humorado, antissocial e que me odiava por motivos desconhecidos – além do mais, eu parecia ser a única vítima de seu mau-humor e suas palavras ríspidas, todos os outros ele ignorava.

As aulas passaram com uma lentidão dolorosa, e como eu já desconfiava, estava sem cabeça para prestar atenção em Volume do Prisma ou a Primeira Guerra.

Quando finalmente soou o sinal para o intervalo, um som que me pareceu maravilhoso e libertador, fui seguida por todas as meninas de minha turma, elas perguntando coisas sobre Kaname e o nosso – segundo elas – “encontro”.

– Meu Raziel, como vocês romantizam tudo – falei, enquanto sentávamos nos bancos do pátio para comer. – Era apenas uma reunião profissional, não houve nada de íntimo nisso.

A garota de cabelos curtos, que parecia liderar as tietes de vampiro, bufou em protesto.

– Deu para perceber muito bem que havia muito mais que isso, Hime. Todas viram a forma como ele olhou para você enquanto se despedia de maneira tão... – ela soltou um suspiro sonhador.

– Brega – completou Mitsuo, que estava sentado no banco de pedra ao meu lado.

A garota de cabelos curtos endireitou os óculos de grau e lançou um olhar frio ao meu colega.

– Eu ia dizer “romântica”. – retrucou, indignada.

Mitsuo revirou os olhos, impaciente.

– Que seja! Agora deixem a gente comer. Hime não está interessada nessa besteira de romantismo, muito menos naqueles esquisitões da Night Class.

Eu sabia que Mitsuo havia acabado de assinar um contrato de sangue com a própria morte assim que proferiu as palavras de insulto contra a Night Class, e eu senti meu coração se apertar por ele estar arriscando a própria vida para me livrar das lunáticas – e não estou exagerando muito dessa vez.

As ações a seguir aconteceram muito rápidas para eu entender de fato. Todas arfaram em ultraje as palavras de Mitsuo, então todas o fulminaram com o olhar e de repente ele não estava mais do meu lado, e um alvoroço se iniciou entre as garotas – elas castigando o pobre rapaz.

Eu estava prestes a me levantar e salvar meu amigo quando Naomi me segurou pelo braço e me afastou um pouco do grupo de meninas sedentas por sangue – olhe que ironia.

Ela parecia estranha, como se estivesse incomodada e inquieta com alguma coisa, os olhos atentos ao chão. Naomi abriu e fechou a boca diversas vezes, como se buscasse as palavras certas; havia uma leve película de suor em sua testa e a mão em meu braço tremia um pouco.

– Está acontecendo alguma coisa entre você e Kaname? – indagou finalmente.

Analisei o rosto dela a procura de qualquer pista do por que ela estaria me fazendo aquela pergunta ou o motivo dela não conseguir me olhar.

Naomi nunca tivera muita paciência com as adoradoras de Aidou e companhia, e fiquei me perguntando se ela estava temendo que eu tivesse ficado igual às outras.

– Ah, Naomi, você também, não. – murmurei com frustração. Olhei para as garotas malucas que ainda linchavam Mitsuo, que erguia um braço em meio às agressoras como pedido de ajuda – Já basta todas essas tietes de...

Parei na metade da frase com a obviedade da situação e como eu era tola por não notar rapidamente o que estava acontecendo ou por que Naomi agia daquela forma estranha.

O choque me tomou cada centímetro de meu rosto, por mais que eu não quisesse, e meu olhar lentamente retornou para o rosto constrangido e ansioso de Naomi.

– Você também é apaixonada pelo Kaname. – minha voz subiu três oitavas e soou aguda e estranha. – Oh meu Deus!

Naomi olhou em volta preocupada que alguém pudesse ter me ouvido, parecendo mais desconfortável do que já estava.

– Fale baixo, Hime! – protestou.

Eu definitivamente estava surpresa por ela, a garota que vivia rindo e reclamando das malucas que dificultavam meu trabalho de monitora, ela, a garota que zombava das admiradoras da Night Class; logo ela, estivesse apaixonada por Kaname Kuran, o líder do Dormitório da Lua. Aquilo era demais para mim, e eu estava me esforçando terrivelmente para não rir daquela ironia.

– Não consigo acreditar que você é apaixonada pelo Kaname – sussurrei, surpresa e humorada – Isso só pode ser uma grande ironia cósmica.

– Shhh... – reclamou. – Pare de dizer isso, por favor.

Revirei os olhos.

– Não tem ninguém nos ouvindo, fique calma. E respondendo sua pergunta: não, não há nada entre eu e Kaname. Eu já disse, foi apenas uma conversa profissional.

Naomi analisou minhas feições por alguns instantes, duvidosa, antes de assentir e aceitar que eu estava falando a verdade – embora eu não estivesse, mas o que importa era que o ponto essencial era que eu não estava tendo encontros românticos com o Drácula da Night Class.

Após cumprir todas as minhas obrigações como aluna e Guardiã, retornei para casa o mais rápido que pude, impulsionada pela curiosidade e o desejo de satisfazer pelo menos uma das milhares de questões que me atormentavam – não que tal questão estivesse me incomodando a tanto tempo quanto as demais.

Sempre que retornava das minhas obrigações, Kaien estava na cozinha fazendo a janta (quando não estava ocupado com os assuntos acadêmicos), então foi o primeiro lugar em que decidi procura-lo.

Corri para lá, encontrando-o remexendo um conteúdo na panela de metal no fogão e cantarolando alguma música americana que falava sobre ele fechar o seu coração e limpar as lágrimas.

– Ooláá, Hime! – exclamou Kaien animadamente assim que me viu – Espero que esteja com fome.

Encontra-lo finalmente refreara toda a urgência que eu sentira anteriormente, exceto pelo ritmo cardíaco que continuava o mesmo graças ao esforço e meu sedentarismo. Minha língua pareceu áspera e pesada assim que pus meus olhos em seu rosto, já não tão certa confiante. Caminhei para a ilha de granito na cozinha calmamente e sentei-me em um dos bancos de madeira, mantendo uma atenção ilegítima aos meus dedos que batucavam a pedra fria de maneira irrequieta.

Tornara-me consciente tardiamente sobre o que eu estava prestes a tratar, perguntando a mim mesma se eu realmente ousaria questionar Kaien sobre o que Kaname havia me dito. Da forma como o Sangue-Puro me dissera, deixara bastante claro quão íntima era a questão sobre Zero ser um perigo. Era um segredo familiar, aparentemente, algo que permanecia um assunto entre pai e filho, e de alguma forma desconhecida, Kaname soubera.

– Há algo a incomodando, Hime? – inqueriu Kaien, curioso.

Ergui os olhos para seu rosto, levemente sobressaltada por ele notar, mas esperando que eu não deixasse transparecer minha surpresa.

Pigarreei, incomodada e fitei-o por segundos que me pareceram imensuráveis, pesando os prós e contras de comentar sobre a questão do albino.

Decidi começar por outro assunto.

– Eu visitei o Dormitório da Lua – comentei calmamente.

Kaien ficou chocado com a minha revelação, aparentemente um sinal de desaprovação por eu ter ido fazer uma visitinha aos vampiros.

– Precisava ver Kaname. – continuei antes que começasse com o sermão – Ele sabia coisas sobre Lunier, a aldeia em que fui encontrada.

O diretor desligou o fogo e se sentou a minha frente, agora bastante interessado no que eu tinha a dizer.

– Kaname me contou sobre os habitantes de Lunier odiarem a espécie dele por acreditarem que a deusa da Lua os amaldiçoara a se tornarem demônios, que haviam os expulsado de suas terras havia muito tempo.

Kaien assentia para cada palavra minha de forma compreensiva.

– E isso despertou alguma coisa na sua memória? – inqueriu, sério.

Balancei a cabeça, frustrada.

– Sequer uma fagulha. A única coisa que pensei foi que não acredito em deuses solares ou lunares, que tudo me parece baboseira para criança dormir.

Soltei um suspiro entristecido e baguncei a franja negra em minha testa, frustrada com todo aquele mistério sobre mim.

Kaien inclinou-se sobre o balcão e segurou minha mão de maneira caridosa.

– Mantenha a calma, Hime, alguma hora você vai lembrar.

– Minha memória precisa voltar rápido, Kaien, eu não posso viver para sempre as suas custas. Não é certo. Mas eu não tenho ideia de como recuperá-la.

Kaien fez uma careta de dissabor.

– Não fale como se fosse um estorvo para mim, porque você não é. Eu gosto da sua companhia e sua estadia aqui; as coisas são mais animadas com você por perto.

Eu sorri com humor, perguntando-me se algum dia poderia retribuir àquele homem algum dia.

– Sou uma companhia melhor que o ranzinza albino – brinquei.

Kaien sorriu humorado, mas logo se dissolveu em uma expressão parte preocupada e parte triste. Eu tinha certeza que ele estava pensando em Zero.

Pergunte agora, Hime!

– Kaname me disse mais coisas durante a minha visita – prossegui, baixando meu olhar para minhas mãos entrelaçadas sobre o granito – Disse-me que devia tomar cuidado com Zero, pois ele era perigoso.

Um silêncio profundo, intenso e incômodo se instalou por um tempo longo demais, como se um grande abismo houvesse sido aberto entre nós.

Arrisquei um olhar para Kaien, curiosa, e notei que ele me encarava com assombro, como se eu tivesse dito que havia comido o cérebro de seu filho com uma colher.

Vê-lo em um estado tão catatônico não havia melhorado nem um pouco a situação para mim, que tinha consciência de que estava me metendo em assunto familiar; mas eu já havia começado, então não faria mal continuar.

– O que ele quis dizer com isso, Kaien? – insisti.

Kaien engoliu em seco, tentando recuperar a compostura perdida, então me deu as costas, voltando a se ocupar com a comida.

– É assunto de Zero – respondeu evasivo – Se ele quiser partilha-lo com você, ele fará. Espere o retorno dele, Hime.

Por mais que achasse irritante essa mania de empurrarem minha curiosidade para o próximo e desejasse a resposta naquele minuto, resolvi seguir o conselho de Kaien para não atormenta-lo.

Eu devia mais a Kaien do que poderia pagar, me parecia justo importunar Zero com minhas dúvidas, afinal tira-lo do sério não me traria remorso algum. Na verdade, irritar Zero era um talento e um prazer.


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Notas finais do capítulo

Eai, oq vcs acharam? Será que Mitsuo sobreviverá ao ataque das garotas? Hime finalmente descobrirá que Zero é um Nível-E? Zero contará ou ela vai descobrir por contra própria? Comeenteeem!!!!
E até o próximo capítulo o/



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