Lost in Paradise escrita por Drylaine


Capítulo 4
Perdida no Paraíso


Notas iniciais do capítulo

Saindo mais um capitulo tenso e um tanto trabalhoso de escrever. Mas, enfim é um cap muito especial e q vai dar uma grande reviravolta a trama daqui pra frente. Quero dedicar esse capitulo as minhas duas recomendações. Obrigadu Mr Ibn La Ahad (Dry lindinho te amo) e a
BamonIsLife vcs são incriveis já me fizeram muitissimo inspirada. Então, vamos ao cap!!!



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Perdida no Paraíso

Estou acreditando

Em algo tão distante

Como se eu fosse humano

E estou negando

Esse sentimento de desesperança

Dentro de mim, dentro de mim

Todas as promessas que fiz

Só para te decepcionar

Você acreditou em mim, mas estou destruída

Não tenho mais nada

E tudo que eu sinto é este desejo cruel

Pelo qual estivemos caindo esse tempo todo

E agora estou perdida no paraíso

Por mais que eu queira

Que o passado não exista

Ele ainda existe

Por mais que eu queira

Sentir que pertenço a esse lugar

Estou tão assustada quanto você

Não tenho mais nada

E tudo que eu sinto é este desejo cruel

Pelo qual estivemos caindo esse tempo todo

E agora estou perdida no paraíso

Fuja, fuja

Um dia, não sentiremos mais essa dor

Leve tudo embora

Sombras suas

Porque elas não me deixarão ir embora

Até que eu não tenha mais nada

E tudo que eu sinto é este desejo cruel

Pelo qual estivemos caindo esse tempo todo

E agora estou perdida no paraíso

Sozinha e perdida no paraíso

(Lost in Paradise - EVANESCENCE)

~*~

Bonnie

Então, era assim que seria meu fim?

Depois de toda a minha luta e tudo o que eu passei até chegar aqui. Depois de ter ganhado mais uma chance de viver e ter me tornado a Ancora que ligava os dois mundos sobrenaturais (entre vivos e mortos), ainda como Ancora ter que ver e sentir a cada morte que passava por mim uma dor agonizante e insuportável que me deixava mortificada, sem forças e até sem alegria. Resumindo meu destino era morrer jovem, não importa o quanto eu lutasse contra isso.

Entretanto, no meio de todo o meu tormento eu ainda tinha os meus amigos, mesmo que no fundo havia uma solidão incurável. Ainda assim eu me agarrei a essa pequena e unilateral relação. Eu estava pronta pra morrer de novo com tanto que eles estivessem seguros e felizes, pois minha insegurança, medo e dor não importavam. Como o Outro Lado estava em colapso, eu sabia que pagaria um alto preço que valeria a pena por eles estarem unidos e a salvo. Eu ainda podia ouvi-los chorando e se lamentando, eu podia ouvir os gritos ao longe de Jeremy me chamando desesperado, mas era tarde demais. Não havia mais uma chance, não havia mais volta.

O Outro Lado estava desmoronando ao meu redor e no meio de todo o pânico, caos e angústia eu o vi ali caminhando incerto e ao mesmo tempo mantendo sua postura arrogante.

De todas as pessoas no mundo tinha que ser logo Damon pra dividir o meu último momento vivo?!

Nossos olhos se encontraram e eu senti, no meio das minhas emoções turbulentas, certa segurança e força. Eu estava com medo do que me esperava após a queda do Outro Lado, porém o que me acalentava era saber que pelo menos não estava sozinha.

"Sei que há um milhão de pessoas com quem nós dois gostaríamos de estar, agora." Por puro impulso entrelacei minha mão ao dele enquanto nossos olhos continuaram conectados.

"Casal mil no máximo." Ele diz ponderado.

"Você acha que vai doer?"

"Eu não sei..." Foi a última coisa que me lembro antes de ser engolida por uma grande luz branca.

Quando achamos que era o nosso fim, descobrimos que era apenas o começo de tudo. Era como uma nova jornada da qual teríamos que enfrentar se quiséssemos ser livres e voltar pra casa.

Posso dizer que viver com Damon Salvatore era um grande desafio, uma missão quase impossível. Às vezes, eu me perguntava como Elena ou Stefan e qualquer outra pessoa no mundo podia conviver com alguém como Damon, o vampiro egocêntrico, sarcástico, manipulador e homicida.

Deus, como ele me irritava! Era uma batalha todo dia, eu sempre me mantendo otimista e esperançosa e ele sempre indiferente e pessimista.

"Estou preso aqui com a pessoa que eu mais odeio no mundo. Como se isso não fosse o suficiente, ainda tem que ser uma bruxa inútil." Ele diz com puro desdém.

"Cala boca, Damon! Eu pelo menos estou tentando nos tirar daqui. Enquanto você só sabe reclamar e reclamar ou ficar aí enchendo a cara de uísque." E lá estávamos nós dois discutindo de novo até cansar, frustrada e irada eu ia embora me trancar na casa de minha avó e passar o resto do dia sozinha na companhia de Miss Afagos e do grimório de Emily.

E assim passávamos nossos dias, entre as panquecas horríveis de Damon, as minhas palavras cruzadas, músicas dos anos 90 e entre outras atividades particulares. Mas o que era fundamental todos os dias era nossas brigas intermináveis. Ambos somos cabeças duras, orgulhosos de mais e extremamente opostos (embora isso possa parecer contraditório).

"Eu odeio suas panquecas!" Eu reclamo pela milésima vez, enjoada de suas panquecas com presas de vampiro.

"Não desconte nelas a sua fúria. Minhas panquecas não têm culpa da sua incompetência." E mais uma vez estávamos nós dois brigando como cão e gato.

"Droga! Você trapaceou."

"Bruxa, você é quem não sabe perder." Brigávamos por causa do Tetris ou do banco imobiliário, ou qualquer jogo estúpido que ele sempre ganhava roubando de mim num piscar de olhos. Damon além de sarcástico, egoísta e homicida era também um trapaceiro desgraçado.

No entanto, nossas brigas não ficavam restritas a picuinhas, elas iam mais além.

"De todas as pessoas que eu poderia esta, porque tinha que ser você. Você é tão ingrato que não enxerga que se não fosse por mim, Elena e Stefan não estariam vivos e seguros. E talvez, Damon Salvatore teria sido sugado pro nada junto com o Outro lado."

"O quê?! Agora eu tenho que lhe agradecer. Pois eu preferia o vazio a viver preso neste lugar com você." Eu já me sentia perturbada com suas palavras duras e tudo ficava pior quando ele se aproximava de mim com seu corpo grande e forte, ou com sua postura ameaçadora.

Ele era tão prepotente, tão vaidoso e, sobretudo, Damon era muito frio e cruel.

"Eu poderia lhe sugar todo o sangue das suas veias, gota por gota. E não existiria ninguém pra lhe salvar." Suas feições criaram traços diabólicos, em sua face se formou várias veias horrendas e seus belos olhos azuis tornaram-se negros impetuosos, enquanto seu corpo parecia duro e pesado como mármore. Foi inevitável não sentir medo, mesmo assim, eu não me deixaria vencer por esse medo.

"Então, faça! Tome todo o meu sangue. Seja o monstro que você sempre foi." Eu o desafiei sem hesitar. Meu coração batia frenético numa mistura de medo e ódio enquanto suas mãos frias seguravam ferozmente meus pulsos me machucando. Nossos olhares se fuzilavam entre si decididos a não se render, apesar disso por trás de toda aquela fúria eu vislumbrei algo mais em seu olhar. Algo mais do que fúria.

Damon era mais do que fúria e brutalidade, ele também era solitário e complexo. Ele também estava perdido como eu. Naquele momento eu senti uma força indecifrável me impulsionar a ele. Contudo, ele fugiu como um animal indomável, precisando de liberdade. Necessitando desesperadamente se libertar de si mesmo. Se libertar da besta predadora e demoníaca que habitava seu interior. O lado vampiro sem humanidade, mas que Damon estava até que se saindo bem em domá-lo.

~~~/ /~~~

Conforme o tempo foi passando nossa relação foi evoluído naturalmente e por um tempo existiu uma trégua. Ainda existiam os conflitos gritantes entre nós que por muitas vezes nos afastava. Damon sempre irradiando negatividade e fúria, sempre tentando me afastar e destruir minhas esperanças. Sempre me ferindo das piores formas.

"Você é uma vergonha para a descendência, Bennett." Damon disse num mau humor horrível descontando suas frustrações e ira em mim.

"Cala a boca! Você não tem o direito de ousar falar do meu sangue, Salvatore. Você é o monstro capaz de causar tanta dor." Eu lhe respondia com mais ira. "Minha avó está morta por causa de você, assim como minha mãe que agora é um maldito vampiro!"

"Uma mãe que te abandonou sem olhar pra trás." E ali eu desmoronei a cada palavra fria e cheia de escárnio que ouvia de seus lábios.

Ele me encurralou entre seus braços, me mantendo prisioneira da sua fúria e crueldade e seus olhos azuis eram tão gélidos. Tudo o que eu sentia era uma força sombria e angustiante irradiar dele.

"Você só é importante quando é uma bruxa podendo ser usada com uma grande arma de combate. Mas, sem isso... você é insignificante." Nada podia me ferir mais do que suas palavras tão ásperas e venenosas. "Eu ainda tenho pra quem voltar. Meu irmão, Alaric e Elena. Mas, e você? Talvez, o bebê Gilbert já tenha arranjado uma melhor substituta. E no fim, Bonnie Bennett sempre estará sozinha." Eu consegui lhe dar um tapa forte, só pra conseguir me libertar de seus braços que me sufocavam, mesmo sabendo que nada poderia feri-lo ou para-lo de me humilhar.

Damon Salvatore havia desvendado meu maior segredo. Sim, Bonnie Bennett sempre foi solitária e se apegava a qualquer relação mínima de afeto pra tentar suprir minha solidão. Eu sei que no fim de tudo eu era apenas uma arma de combate, ou o escudo protetor da gangue. Eu era apenas mais um alguém que não deixaria grandes marcas no mundo quando partisse.

"Sabe Bon Bon, eu sou assim. Quando eu amo, eu amo por inteiro e insanamente. Mas, quando eu odeio... sou destrutivo e cruel. E eu te odeio." Ninguém poderia me machucar ou me destruir assim, como Damon. Não de uma forma tão profunda.

Naquela noite eu fugi pra casa de Sheilla, me escondi no quarto e chorei em silêncio abraçada a Miss Afagos até dormir. Damon e suas palavras frias ficaram em minha mente atormentando os meus sonhos e o buraco da solidão que existia em meu peito voltou a se abrir.

Os dias passaram e eu me agarrei a um desejo desesperado de sair desse lugar e ser livre. Decidi que quando eu saísse desse mundo paralelo iria embora de Mystic Falls. Então, passava os meus dias estudando e praticando magia ou no jardim de Sheilla na companhia do meu ursinho de pelúcia e uma borboleta linda e solitária que mais tarde vim, a saber, que se chamava Cindy, a borboleta de estimação de Kai. Passar horas ali me fazia se reconectar a natureza e era exatamente disso que eu precisava pra conseguir minha magia de volta e também pra sentir um pouco de paz. Mas, quando a noite chegava trazia consigo um frio solitário capaz de gelar até minha alma.

Pensando nisso decidi me empenhar mais, sair desse inferno se tornou minha obsessão e daí passava horas e horas devorando o grimório de Emily e até esquecia-se de cuidar de mim mesma. Às vezes, comia rápido qualquer coisa e retornava a estudar até que a exaustão me dominasse e eu acabasse dormindo na sala. Meus sonhos eram sempre agitados e perturbadores, sempre me fazendo mais triste. Sonhos que também me faziam lembrar-se de casa, de Jeremy e dos outros, como também, me fazia sonhar com o vampiro prepotente. Porém, em meus sonhos Damon carregava um sorriso genuíno de alegria e seus olhos azuis eram tão cintilantes, tão cheios de vida.

Curiosamente no dia seguinte eu acordava em minha cama embrulhada nas cobertas e sentindo um cheiro forte amadeirado de sândalos e lavanda e alguma coisa a mais que eu nunca conseguiria descrever, mas que já se tornara tão familiar. Obviamente, ele invadia minha casa e me deixava suas panquecas com carinhas felizes e presas de vampiro. Eu sempre dava de ombro preferindo qualquer coisa a suas horríveis panquecas. Sei também que ele ficava a espreita me vigiando a qualquer hora do dia e isso me perturbava. Eu não sei o que ele queria, mas posso dizer que Damon Salvatore era irritantemente persistente e presunçoso, mesmo estando à distância.

"Elas não são tão ruins." No fim me rendi a suas panquecas, embora eu ainda o odiasse.

Certo dia após um sonho perturbador eu decidi que era hora de tentar me conectar com os elementos naturais. Fugi bem cedinho para a floresta dessa vez sem meu grimório e em alerta pra que não fosse seguida. Pra isso funcionar eu precisava estar sozinha e com a mente limpa e equilibrada. Contudo, acabei frustrada e exausta, como se isso não fosse suficiente acabei caindo numa espécie de poço. Naquele momento, todo o meu corpo tremia de dor e frio, eu sentia minha perna latejar a cada vez que tentasse me mexer e era uma dor tão horrível. A cada hora presa ali, mais minhas forças foram se esvaindo, ainda assim, decidi cantarolar uma canção antiga que minha avó cantava pra mim quando tinha tempestade.

O mais inusitado e surpreendente de tudo é que justamente a única pessoa que eu não queria ver antes de morrer de novo, era ELE. Parecia que o destino estava zombando de mim. Eu já temia a morte tantas vezes, já lutei contra ela pra continuar viva e no fim acabei morrendo e voltando, morrendo e ficando presa nesse inferno com ELE. Só que dessa vez, eu nunca a desejei tanto quanto naquele momento. Só pra me ver livre dele. Só pra ter, enfim, a minha paz.

"Não seja estúpida! Você tem que tomar o meu sangue pra dor parar e sua perna se regenerar." Seus olhos azuis me fitavam com uma preocupação genuína, que mexia comigo. Eu tentei lutar contra as lágrimas que se formaram em meus olhos. Não era apenas a dor física, era também a dor que habitava a minha alma. A dor que eu sentia quando se lembrava das suas palavras frias. Hesitante e quase sem força eu bebi o sangue do seu pulso, enquanto nossos olhos continuaram presos um no outro. Havia tanta intensidade, aflição e ternura em suas orbitas azuis que aqueciam meu corpo e meu interior.

Sei que enquanto estive inconsciente ele cuidou de mim. Ele me aqueceu em seus braços, ele esteve lá somente pra mim, vigiando meu sono. Como uma espécie de guardião, ou um amigo ou um... Porto seguro. E ali naquele momento eu o vi sob uma nova perspectiva.

Embora me lembre da manhã seguinte, acordar sozinha na cama, enrolada nas cobertas e vestida apenas na minha lingerie preta e ainda no quarto de Stefan ao lado do quarto do vampiro metido de olhos azuis. Foi uma mistura de confusão, raiva e vergonha que no fim acabou comigo rindo divertida enquanto tomava um banho quente e relaxante.

Naquela manhã nós tomamos café juntos num silencio confortável, ora trocando olhares e sorrisos cúmplices. Não houve pedidos de desculpas, porém o que importava era que as diferenças foram realmente esquecidas e aos poucos fomos dividindo muito mais do que apenas o dia e a rotina normal daquele lugar. Nós fomos descobrindo os vícios e virtudes de cada um até incertezas e os segredos mais profundos.

Eu vi Damon por trás daquela mascara dura de arrogância, sarcasmo e fúria o qual ele há tanto tempo se escondia. Aquilo era apenas o superficial, apenas seu lado obscurecido pela mágoa e ressentimento. Mas, ele era muito mais. Damon era engraçado, um tanto presunçoso, decidido como eu, embora impulsivo demais. Ele pode ser egoísta, mas também pode ser leal e super protetor, inteligente e muito, muito apaixonante.

Eu demorei pra entender o que Elena havia visto nele, porque sempre achei que Stefan fosse uma escolha mais sadia e certa. Entretanto, no fim não importava qual Salvatore ela escolhesse acho que Elena acabaria por se perder em suas futilidades e egoísmo. Sempre escolhendo o caminho mais fácil e sempre sendo tão dependente.

Nesses quatro meses vivendo com Damon havia mexido comigo, perto dele me sentia segura e forte. Aquela solidão que habitava minha alma até era esquecido em todas as oras que passava com ele. Claro que as brigas eram fundamentais, mas não havia mais palavras duras, apenas coisas bobas e até absurdas como discutir porque eu suspirava por Patrick Swayze e ele ficava reclamando como um velho ranzinza, parecendo mais do que apenas entediado, como se tivesse com ciúme. Isso era divertido até que me vi presa em seus braços e hipnotizada por seus belos olhos.

"Você tem lindos olhos azuis. Eu acho que são os azuis mais bonitos que eu já vi." Então, houve o beijo inesperado que eu não correspondi em nenhum momento, mas que me abalou de uma forma avassaladora. Eu me senti perdida e desconcertada. Eu senti raiva, frustração, medo e outros sentimentos conflituosos lutando dentro de mim. Ele era um maldito vampiro que não tinha o direito de tocar em mim. Mas, mesmo com suas mãos gélidas, mesmo com seu corpo grande forte e frio, mesmo sendo um corpo morto há mais de 100 anos, era incrível o quanto naquele simples ato eu podia sentir o calor e eletricidade irradiar entre nós. Senti que havia vida e luz ali, mesmo que Damon fosse um ser das trevas.

Eu ainda me lembro do gosto do beijo mesmo que eu estava embriagada de vinho. Eu ainda me lembro da sensação do seu corpo colado ao meu, dos seus lábios me devorando com desejo e me levando pra outro lugar. Um lugar especial que era somente meu, onde eu reencontrava a minha paz e ao mesmo tempo me perdia nesse gostoso pecado. Ali nos seus braços eu encontrei um porto seguro que Jeremy nunca conseguiu me dar e isso me deu medo.

Aquele beijo mudou tudo, era proibido pra nós, era um pecado. Havia tantos obstáculos e um deles se chamava Elena e minha descendência. Mas, no fim aquilo era apenas um beijo pra ficar guardada na lembrança, uma bela lembrança sem culpa ou sofrimento. Então, passamos por cima disso pra nos concentrar em voltar pra casa.

Então, Kai apareceu trazendo consigo tensão e, ao mesmo tempo, esperança pra nós junto com a minha magia de volta.

"O importante é que você tem a sua magia de volta. Funcionou. Você realmente não acha que eu iria matar Damon, não é? Em que universo isso faz sentido? Quem mataria 1/3 da nossa população? Eu não sou um monstro. Eu sabia que Bonnie iria aparecer. Ela sempre volta, todas as 13 vezes. Sabia que com a motivação certa que ela seria capaz de acessar a sua magia." Kai disse com sua postura prepotente. "Bonnie, você é a chave pra nós tirar daqui."

No entanto, as coisas não saíram como planejamos e no fim... Bonnie Bennett teve que fazer mais uma escolha difícil. Teve que abrir mão mais uma vez da sua liberdade.

"Eu não posso Damon, mas você vai." Sem hesitar eu ativei o ascendente e lhe joguei em suas mãos. Eu sabia que nós dois não conseguiríamos. Eu fiz o que meu coração idiota mandou. Eu me sacrifiquei pra salvá-lo de Kai e desse inferno.

"Não!" Eu ainda pude ouvir seu grito desesperado antes do portal se abrir e lhe sugar como um borrão. Minhas lágrimas se misturaram ao meu sorriso de felicidade por ele. Por pelo menos um de nós ter conseguido.

Eu achei que agora eu poderia ter enfim a minha paz. No entanto, eu acabei sendo ingênua demais. Bonnie Bennett nasceu pra sofrer sem parar. Acho que esse era o meu carma. O problema é que estava ficando exausta disso, exausta de lutar e fazer tudo o que eu achava certo pra no fim ainda continuar em dor e solidão.

Sem Damon por perto eu tive que encontrar força pra enfrentar Kai e conseguir me manter firme. Malachai tinha uma cara de anjo e uma alma negra como o demônio. Um cara capaz de matar seus próprios irmãos sem nem sentir remorso. Ele era sádico, inteligente e muito perigoso. E essa era a parte pior, porque havia algo nele que me impulsionava pra mais perto de si. No inicio houve a atração física misturada a essa aura de poder que nós bruxos sentimos quando estamos perto de outro bruxo. Ao lado dele eu me senti indomável mais forte e ao mesmo tempo também me senti cada vez mais sendo hipnotizada por sua obscuridade. Nós lutamos até que eu fiz a maior burrada da minha vida.

Mandei meu ursinho com todo o meu poder para o futuro, onde minha magia estivesse segura, longe de Kai e acabei ficando ainda mais vulnerável.

Moral da história... Kai conseguiu fugir sem a minha magia, ele só precisava do meu sangue. Malachai conseguiu a tão sonhada liberdade. Enquanto eu permaneci aqui. Vivendo o mesmo dia. Vivendo num lugar a qual eu não pertencia.

~~~/ /~~~

Foram exatos oito meses presos aqui, no Inferno de Kai. Os primeiros quatro meses foram difíceis, mas por alguns momentos eu acreditei serem os melhores, mais calmos, divertidos e normais. Os momentos que eu genuinamente me sentia, depois de anos, protegida, forte e em paz. Mesmo com as brigas, mesmo com as palavras dolorosas e venenosas que se perdiam no ar.

Por um instante vivendo a cada dia com Damon e suas manias haviam me feito esquecer-se dela, mas a solidão sempre viveu em mim só havia sido camuflada por outros sentimentos que me iludiam.

"Será que tá gravando? Eu sei que tô horrível. Não consigo comer, meu apetite foi embora e tudo o que tenho é essa câmera idiota." Eu achei a câmera que Damon gravava seus vídeos diários alguns ele dividia comigo, embora Damon nunca me deixasse ver o que tanto ele escondia ali. "Eu decidi tomar um pouco do seu Bourbon, acho que... você... não vai sentir falta."

Eu acordei mais abatida e melancólica. Eu estava entorpecida, então decidi encher a cara de Bourbon pra animar mais as coisas. Num momento de nostalgia subi até o quarto de Damon e peguei uma de suas camisas xadrez que ainda possuía seu cheiro forte numa mistura de sândalos e Bourbon e o vesti por cima da minha lingerie. Não havia porque me importar se isso era patético ou ridículo. Eu só queria fingir, por um instante que, tudo estava bem. Eu curti o momento dançando na sala ao som de qualquer musica que tocava na rádio, enquanto eu continuava me embriagando de Bourbon. Quando me cansei retornei aos vídeos de Damon.

"Este lugar é o meu inferno particular. Estou preso aqui há quase três meses. Sou um imortal de mais de 150 anos, um vampiro com muitas mortes em suas mãos, mas que não vive de arrependimentos. Tudo o que eu queria era apenas estar nos braços de minha Elena e esquecer-se do mundo. Mas, estou preso aqui, vivendo o mesmo dia, todos os dias."

"Um brinde a sua felicidade, Damon! Aposto que você teve sua noite quente com sua garota." Eu digo meio grogue e se sentindo enjoada.

"Temos panquecas no café, às vezes no almoço. Somente no jantar que não tem, pois ela enjoada de tanta panqueca, é quem decide cozinhar o jantar. Devo admitir que fico magoado, afinal não é qualquer panqueca. São panquecas feitas com muito carinho."

"Você é um filho da puta de um mentiroso. Você sabe que eu odiava as suas panquecas e você fazia pra me irritar." Eu reviro meus olhos.

E ali eu fui vendo todas as suas gravações secretas. Algumas eu estava ciente e até participava ativamente e outras eu estava no escuro literalmente, sem ideia que ele estava me gravando.

"Damon, eu gosta de panquecas com creme e chocolate." O desgraçado me via dormindo e ainda me gravava falando em meu sono.

Entre todos os vídeos encontrei uma gravação na qual eu estava dançando vestida no vestido rodado de cetim de Katherine e aquilo já me fez recordar intensamente o beijo. Resolvi passar para o próximo tentando esquecer a lembrança que deixava meu coração inquieto. Uma inquietude que se transformou em desespero e angustia. Logo decidi fazer meu último desabafo, pois estava na hora de acabar com o meu tormento.

"Já fiz as mesmas coisas de sempre, mas me sinto tão cansada." Minha voz estava trêmula assim como minhas mãos. "Espero que você pelo menos esteja muito feliz com Stefan e... Elena. Eu só queria dizer que você foi o único que me fez me sentir segura e forte e..." Eu respirei fundo sentindo meu peito arder e um nó se formar em minha garganta. "Damon, obrigado por cuidar de mim. Adeus!" A gravação termina comigo já em lágrimas.

A coisa mais triste disso tudo, é que só agora eu percebi o quanto eu estava presa numa eterna solidão. Eu tinha que por um fim a isso. Só depois de ser largada nesse inferno a qual eu não pertenço é que eu despertei.

Sai desenfreado no Camaro azul de Damon, só que o carro estúpido travou bem em frente a torre do relógio da igreja de Mystic Falls.

Logo uma ideia passou por minha cabeça. Eu já estava decidida e nada iria me parar. Sai do carro rumo a torre e subi até o topo. Lá em cima a adrenalina e tensão já tomava conta de mim. Eu respirava inquieta, meu coração pulsava frenético e intenso, parecia que ia explodir. Olhando lá embaixo senti vertigem o que me fez fechar os olhos e respirar fundo me concentrando.

"Eu já fiz isso! Eu já tentei varias vezes. E a cada tentativa eu sangrei, chorei, sofri de agonia e me senti mais furioso." Me senti desnorteada e assustada quando ouvi a voz rouca e sombria de Kai. Minhas pernas tremeram quase se desequilibrando da beirada. "Não faça isso! Porque você não vai morrer, mas vai sofrer com a dor e sangrar até o dia se repetir e tudo voltar a seu devido lugar. Porém a sua mente já terá experimentado a dor de morrer agoniando de dor. E isso te fará louco."

Meus olhos se voltaram ao intruso que estava olhando fixamente pra mim enquanto caminhava com cautela para mais perto.

"Vamos lá Bonnie, me dê a sua mão!"

"Não. Fica longe de mim! Eu prefiro morrer a tocar em você."

"Eu voltei por você. Voltei pra te buscar porque eu me importo. Eu lhe trouxe até Miss Afagos."

"Não, você não é real. Miss Afagos está segura longe de você. Eu sei... eu a protegi. Minha magia está segura." Só podia ser minha mente pirando me fazendo ter alucinações. E tinha que ser logo com ele.

"Ela está aqui comigo, Bonnie. Em minhas mãos. Mas, eu a trouxe especialmente pra você. Eu sou a sua passagem pra sua salvação. Basta que você pegue a minha mão!" Eu comecei a rir insanamente fazendo seu belo rosto ficar carrancudo e tenso. Eu me voltei para a beira sentindo o vento soprar os meus cabelos.

Como eu disse nada iria me parar!

Antes que eu pudesse me jogar para a minha salvação ou para a minha total condenação, como um borrão vi tudo passar diante dos meus olhos. Kai me puxou abruptamente pra longe do beiral com força e rispidez nos fazendo cair no chão. Eu tentei me livrar dos seus braços, me debatendo embaixo dele, porém já era uma luta perdida. Kai me manteve encurralada sob seu corpo enquanto suas mãos se enroscaram em meus pulsos. Sem saída meus olhos se fixaram aos seus, nossas respirações ofegantes se misturaram entre si.

"Para e me escuta! Eu sou real, assim como o seu urso. Sabe como ele veio parar em minhas mãos, Bon Bon?" Meu olhar se fixou em seus azuis gélidos. "Damon deu ele pra mim. Deu pra salvar a sua querida Elena. Afinal tudo é por Elena. Não importa você. Eles continuaram a sua vida. Eles se esqueceram de você."

Eu senti um vazio tão grande me invadir ao mesmo tempo em que um novo sentimento havia se enraizado dentro da minha alma. Um desejo voraz e implacável por vingança. Eu iria arrastá-los para mesmo abismo que eles haviam me deixado.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Uh, espero q o cap tenha valido a pena a minha demora. O próximo já tá em andamento, só preciso conclui-lo e organizar as partes. Agora a coisa ficara mais sombria. Eu acho. Bjus!!!



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