Bonnie

"Me prometa que vai parar de fugir. Que vai ficar comigo. Por que eu vou lhe convencer que sou a sua melhor opção." Ele era tão persuasivo e eu me encontrei incapaz de me afastar do seu toque e do seu corpo tão perto do meu.

"Eu prometo que não vou fugir." Sussurrei antes de ser calada com um beijo suave, lento e viciante. Fechei os meus olhos me sentindo tremer sob a sua postura feroz, enquanto ele ainda me mantinha em seus braços. Nos beijamos demoradamente, mais uma vez e, mesmo relutantes, nos separamos, afinal, eu era humana e precisava respirar.

"Não sei se sou a Bonnie com quem você quer ficar." Eu disse mordendo os lábios me sentindo tão nervosa, mas sem conseguir me desprender dos seus braços.

"Eu só sei que contrariando todos os cenários possíveis, eu me apaixonei por você e eu não quero mais te perder." Nós sorrimos cúmplices. "Então, deixa eu ficar aqui com você essa noite. Eu prometo que vou me comportar." Ele fez aquela expressão quase inocente que me fez rir divertida com a sua reação. "E quando você cair no sono, eu vou estar aqui cuidando de você como o seu anjo da guarda." Ah, eu me derreti naquele momento. No fundo eu não queria estar mais sozinha, queria tê-lo por perto. Queria me sentir segura e sabia que Damon era o único capaz de me fazer se sentir assim.

Enquanto isso, eu também fiquei pensando no prós e contra de se conectar tão intimamente a Damon e eu senti o meu coração se abalar. Talvez, eu quisesse isso por muito tempo. Não havia medo, ou hesitação. Apenas o fogo do desejo. O desejo de se entregar a ele completamente.

Dane-se Kai e essa ligação!

Estava na hora de ser livre e me permitir ser feliz com Damon. Então, eu o beijei novamente, lhe devorando seus lábios, deixando nossas línguas se unirem numa dança sensual. Mostrando que hoje a noite, eu não queria que ele se comportasse. Na real eu queria vê-lo perder a linha.

"Estou pensando em você

hoje à noite em minha solidão insone"

Seus lábios são frios, mas ao mesmo tempo, cheios de intensidade e paixão, enquanto seus braços apertam ainda mais a minha cintura, fazendo um gemido de prazer se soltar da parte de trás da minha garganta e é como se eu não pudesse obter o suficiente. Nunca é suficiente!

Logo, suas mãos desceram em minha bunda por baixo do vestido, apertando forte e me erguendo, para assim enrolar minhas pernas em seu quadril, me segurando firme. Como um borrão, Damon me levou para o quarto onde continuamos a nos beijar e a se tocar. Minhas mãos urgentemente foram se livrando de sua jaqueta de couro e desabotoando os botões de sua camisa, revelando pouco a pouco a sua pele de marfim e quando eu deslizo as mãos traçando seu abdômen, posso ver em seus olhos azuis o quanto ele me deseja, ou talvez, esse desejo são reflexos do meu próprio desejo queimando dentro de mim. E o sentimento é demais.

"Se é errado amar você

Então meu coração não vai deixar agir certo

Porque me afoguei em você

E não sobreviverei

Sem você do meu lado"

"Se você quiser parar, a hora é agora." Damon se afastou de mim, me olhando através de azuis cheios de paciência e carinho. "E eu vou entender." Mas, eu não queria que ele parasse.

Lucy tinha razão, hoje a noite dois corações perdidos vão se render ao amor. Hoje a noite vou me render a Damon. Vou deixar que esse vampiro seja a chave para me libertar daquele sociopata. Hoje a noite decidi que vou ser livre.

"Damon, hoje a noite eu quero ser sua. Eu tenho esperado por isso há muito tempo." Eu encontrei forças pra lhe suplicar. "Eu quero você!" Eu não precisei falar mais nada, pois ele começou a me despir com cuidado. Damon começou me virando de costa pra ele, enquanto ia abrindo o zíper do meu vestido e distribuindo beijos molhados por minha nuca e ombros, em seguida, eu fui deitada delicadamente sobre a cama, enquanto Damon tirava a meia-calça fina com uma agilidade impressionante.

"Senhorita, você me permite fazer isso?!" Logo, posso sentir ele beijando desde meus pés até o meio das minhas coxas me fazendo arfar e todo o meu corpo se arrepiar ao sentir seu delicioso toque. "Você não sabe por quanto tempo tenho esperado pra te tocar assim. Pra sentir cada pedaço de sua pele negra febril sob meus lábios e minhas mãos." Sua voz era tão sensualmente rouca, enquanto suas mãos retiravam a minha ultima peça de roupa, uma cacinha vermelha de renda me deixando completamente exposta. Agora eu me encontrava nua diante de seus azuis dominadores que me olhavam como se eu fosse a coisa mais linda do mundo. Eu me senti tímida diante do seu olhar e, ao mesmo tempo, era uma sensação tão empolgante e fazia bem a minha autoestima.

Decidi que era hora dele parar de falar e se juntar a mim, afinal, era injusto que ele ainda estivesse vestido e eu completamente nua. Consegui puxa-lo sobre o meu corpo fazendo ele soltar uma gargalhada se divertindo com o meu desespero até que sua calça jeans fosse também esquecida no chão do quarto e já não houvesse mais barreiras entre nós. Em seguida, nossos corpos nus se chocaram violentamente sobre a cama fazendo-a tremer. Nesse instante, nossas respirações eram sincronizadas e lentas e nossos olhos se prenderam um no outro transmitindo uma mistura de luxúria, confiança e amor.

"Eu daria tudo de mim para ter

Só mais uma noite com você

Eu arriscaria minha vida para sentir

Seu corpo junto ao meu

Porque eu não consigo deixar de

Viver na lembrança de nossa canção"

"Bruxinha, você está me deixando louco." O vampiro gemia entre beijos e carícias. E eu tremia com avidez em seus braços, murmurando coisas desconexas, ou gritando insanamente seu nome. Entregando-me completamente aquele vampiro lindo e vaidoso e vislumbrando nossas formas nuas se encaixarem numa divina perfeição.

Se fosse descrever quem éramos naquele momento, eu descreveria como uma mistura entre fogo e gelo, onde a sua pele fria sob meus dedos era como gelo que derretia em minha pele febril, fazendo-me queimar de tesão, a cada vez, que sua rigidez se afundava dentro de mim. Me domando, me excitando, causando uma corrente elétrica por todo o meu corpo e fazendo meu coração pulsar freneticamente, ao passo que minha magia explodia poderosa dentro de mim.

"Eu daria tudo de mim pelo seu amor hoje à noite"

Damon

"Damon, hoje a noite eu quero ser sua. Eu tenho esperado por isso há muito tempo." Sua voz era uma doce e perigosa suplica. "Eu quero você!" E ela me enfrentou corajosamente com aqueles seus lindos verdes indomáveis. Então, ela me permitiu que eu a despisse lentamente retirando seu vestido bordô que eu definitivamente achei perfeito nela, também tratei de se livrar de sua meia-calça. Eu não resisti e comecei a distribuir beijos dos seus pequenos pés até suas pernas torneadas, simplesmente macias e quentes que eu sempre desejei tocar.

"Você não sabe por quanto tempo tenho esperado pra te tocar assim. Pra sentir cada pedaço de sua pele negra febril sob meus lábios e minhas mãos." Retirei sua ultima peça de roupa (sua calcinha de renda muito sexy), deixando-a completamente nua sob meus olhos famintos. Aproveitei pra apreciar toda a sua exuberância nua como uma deusa de Ébano que me hipnotizava e me fazia enlouquecer. E, assim, fui deixando um rastro de beijos molhados por todo o seu corpo.

"Baby, você pode me sentir

Imaginando que estou olhando em seus olhos

Eu posso lhe ver claramente

Vividamente aceso em minha mente"

Nossas bocas se fundem em uma dança com fome e nossas línguas se misturam em uma batalha feroz, enquanto eu me afundava dentro dela, num ritmo ora calma e ora feroz. Sentindo suas pernas torneadas se apertarem em volta do meu quadril, a cada vez, que suas paredes internas se contraíam deliciosamente ao redor de meu membro rígido, fazendo-a tremer e gritar em meus braços.

Ah, e seu corpo nu unido ao meu, era o sinônimo da divina perfeição.

"E você ainda está tão longe

Como uma estrela distante

a quem eu faço um desejo esta noite"

E, quando já não conseguia mais me controlar eu finquei suave minhas presas em seu pescoço, bebendo de seu sangue quente e doce, enquanto transava com Bonnie lentamente saboreando seu gosto. Foi, naquele instante, que senti algo diferente. Novo. Mas, que me fez ver e sentir de uma forma tão intensa e surpreendente.

Tão surpreendente, que por um segundo, eu podia vislumbrar os seus próprios pensamentos...

"Estar nos seus braços, era como me afogar num mar de pura felicidade, trazendo consigo um pedacinho do céu, como nossos corpos unidos se tornavam um só." Ao mesmo tempo, que senti a bruxinha atingir o auge do prazer. "Ah Damon, como eu te amo!" E sua mente gritava por mim.

"Eu daria tudo de mim para ter

Só mais uma noite com você

Eu arriscaria minha vida para sentir

seu corpo junto ao meu

Porque não consigo deixar de

Viver na lembrança de nossa canção

Eu daria tudo de mim pelo seu amor hoje à noite"

Bonnie era quente, suave, poderosa e sensual, tudo de uma vez. Eu estava totalmente embriagado por ela. Por seu cheiro natural misturado a excitação, por sua voz sexy chamando por mim, por seus toques ardentes que me aqueciam. Por toda a sua presença destemida e orgulhosa e, sobretudo, eu estava embriagado pelo fluxo de seu sangue que fluía por cada canto do seu corpo curvilíneo. E era incrível poder sentir da mesma forma como ela sentia. As mesmas sensações arrebatadoras, que só descobri que podia sentir com Bonnie. Era como se a vida que fluía nela, fluía em mim. Era como se eu voltasse a ser um mero humano atingindo aquele clímax gostoso... O orgasmo (uma das sensações mais divinas de ser um mero mortal). Era como se o meu coração voltasse a pulsar vivo na mesma frequência que o dela. Como se Damon e Bonnie se tornassem verdadeiramente um só, de corpo, mente, alma e coração.

Então, eu entendi que tudo o que eu estava sentido era porque ao beber seu sangue eu estava tendo um pedaço da sua mente. Exatamente, como Klaus havia dito.

Entretanto, no minuto seguinte, senti algo acontecer e, repentinamente, era como se seu sangue se transformasse em ácido me queimando dolorosamente por dentro.

O sangue doce de Bonnie parecia que se transformou em veneno me matando lentamente...

Bonnie

Estar nos seus braços, era como me afogar num mar de pura felicidade, trazendo consigo um pedacinho do céu, como nossos corpos unidos se tornavam um só.

Ah Damon, como eu te amo! O pensamento era avassalador ecoando em minha mente e pulsando intensamente em meu coração.

Entretanto, meu pedaço de céu, logo se transformou em pesadelo quando, repentinamente, Damon saiu de cima de mim e caiu do meu lado gritando de dor, com seus lábios sujos de sangue.

"Isso tá queimando... Isso tá queimando... Isso tá queimando!" Ele repetia sem parar até começar a sufocar ali diante mim.

"Damon... Damon... fala comigo!" Comecei a entrar em desespero vendo seu olhar paralisar e se tornar vazio. Foi quando percebi algo pegajoso escorrer por meu pescoço e me dei conta que ele havia bebido avidamente meu sangue durante o ato sexual. E, inesperadamente, Damon saiu daquele torpor só pra confrontar o meu olhar assustado. Não tive tempo de me recuperar das sensações do orgasmo que havia me deixado meio grogue e dolorida, porém no desespero, meu medo era maior que qualquer exaustão física.

"O que aconteceu?!" O vampiro questionou apreensivo. Eu estava sobre ele abraçando-o desesperada, com medo de perdê-lo.

"Você bebeu o meu sangue." Seus olhos pousaram em meu pescoço onde ainda saía pequenas gotas de sangue.

"Eu sinto muito!" Sua voz saiu trêmula e em sua face bonita se formou uma carranca.

"Eu também sinto muito! Só queria entender por que você fez isso?" Disse mais curiosa do que assustada, sentindo seus dedos inspecionar o meu pescoço. "Por que você bebeu meu sangue?"

"É como um instinto natural, Bonnie." Ele começou a passar a mão em meu cabelo de um jeito carinhoso, como se quisesse me acalmar e, me surpreendeu quando mordeu seu pulsou me oferecendo seu sangue. Eu fiquei em dúvida, ainda mais porque sabia o que isso iria significar.

Será que Damon sabia sobre o compartilhamento de sangue entre bruxa e vampiro? O quanto isso era íntimo? O quanto isso poderia nos afetar?

Decidi desanuviar a mente e aceitar de bom grado seu sangue, deixando seguir o fluxo natural. E seu sangue tinha um gosto indescritível, que me encontrei a saborear, sentindo um formigamento descer por todo o meu corpo, curando minha ferida e, também, relaxando os meus músculos e as sensações doloridas de meu corpo pós-sexo.

"Beber o seu sangue é como ter um orgasmo. Só que duas vezes mais intensa." Vislumbrei seus azuis se escurecem de luxúria, ao me ver bebendo o seu sangue, porque aquele ato era tão íntimo como o próprio ato sexual e isso me fez corar. "Também é o mesmo instinto que fez seu sangue queimar em minha boca. Como uma autodefesa." Engoli em seco, pois há minutos atrás, eu estava presa nos braços dele, sentindo o meu corpo exausto após atingir o puro êxtase do prazer.

De repente, me dei conta que o vampiro não estava falando comigo, ele estava pensando. Ou seja, nós não estávamos apenas compartilhando sangue, nós estávamos compartilhando a nossa mente.

Agora eu sabia que ele estava em dúvida, assim como eu estava. E estava assustado assim como eu. Apesar disso, era reconfortante, saber que podíamos dividir nossas inseguranças e incertezas.

Eu não conseguia entender ainda porque meu sangue havia machucado ele. Duvido que meu sangue o queimasse assim, nem se eu me sentisse ameaçada. Além disso, nos braços de Damon eu me senti segura e satisfeita. Então, porque eu iria querer me defender dele?!

"Você sabia sobre o compartilhamento de sangue?" Decidi lhe questionar.

"Sobre bruxas e vampiros? Sim, eu fiquei sabendo. Klaus me falou. Mas, só agora percebo que..." Interrompi Damon me sentindo agitada.

"Que podemos ler a mente um do outro." Por isso era tão íntimo e era exclusivo dos dois amantes. Mas, pelo jeito só funcionava no momento em que bebíamos o sangue um do outro, porque agora eu já não ouvia mais os seus pensamentos, a não ser quando falávamos.

"É só assim que posso entrar em seus pensamentos e saber dos seus segredos sujos..." Enquanto Damon falava eu ria achando graça da nossa situação inusitada. Nós ficamos assim, por um instante, com meu corpo sobre o dele, minha cabeça sobre seu peito e nossas pernas entrelaçadas até que paramos e ficamos nos olhando em silêncio.

Eu me sentia preocupada com todas essas novas informações. Também com o quanto esse novo vínculo poderia me unir a Damon e me libertar de Kai totalmente. Porém, eu não podia esquecer das consequências desse vínculo com o vampiro e o quanto minha magia seria afetada.

Meus devaneios foram interrompidas pela voz de Damon me chamando.

"Sinto muito se te machuquei!" Sua voz rouca soava com genuína preocupação, o interrompi beijando sua boca pecaminosa e me prendi suavemente em seus braços na esperança de esquecer todos os meus temores.

"Eu estou bem e contente com você aqui. Só quero que continue me tocando." Minha única certeza era que eu o queria pra sempre aqui comigo. E, se isto era uma completa loucura, nós lidaríamos com isso depois. "Apenas toque-me, Damon!" E, assim nos beijamos e trocamos carícias ousadas várias e várias vezes, se amando loucamente como dois amantes apaixonados.

Eu me sentia tão revigorada. Tão faminta por ele e, dessa vez, eu queria doma-lo e satisfazê-lo. Mostrar todo o poder e paixão que queimava em mim.

Mais uma vez, me entreguei apaixonadamente a Damon Salvatore, desejando que aquela noite inesquecível, nunca terminasse. E, naquela noite dormi tão tranquila, aquecida no conforto de seus braços.

"Eu daria tudo de mim pelo seu amor hoje à noite

Dou tudo de mim por seu amor

Hoje à noite"

Portland, Oregan.

Kai

Decidi que tinha que vê-la, falar com ela. Afinal, domingo estava quase aí, nós já deveríamos estar se preparando pra casar. Eu até lhe enviar um presente de casamento (um vestido de noiva lindo), que mais parecia um lembrete perverso do seu compromisso comigo. Mas, de alguma forma, não houve resposta sua, nem telefonema, nada. Foi aí que comecei a desconfiar.

Decidi, então, que eu deveria entrar em contato com a bruxinha. Eu liguei, mas não houve retorno. Seu número dava como inexistente, assim como o de Lucy. Isso começou a me irritar cada vez mais.

Meu próximo passo foi tentar alguma informação com meus irmãos. Tentei primeiro Liv, mas ela me ignorou completamente, ainda mais porque a garota tinha rompido com Tyler e esse rompimento também era um péssimo sinal para mim. Afinal, Tyler sabia sobre o meu casamento com Bonnie e, talvez, a bruxa tenha lhe confidenciado até minhas ameaças. Tyler poderia ser um problema pra mim também. Entretanto, decidi ainda manter algum controle da situação e fazer outra tentativa, dessa vez, indo até meu outro irmão. Luke era mais receptivo e poderia soltar alguma informação valiosa. E, como imaginei, ele acabou por ser muito útil.

Logo, descobri que Bonnie havia saído de Withmore e tinha tido uma discussão com Elena. E agora parece que a vampira além de ter suas memórias restauradas, também descobriu tudo sobre a relação secreta e suja de seu namorado com a sua amiga, o que me fez saltitar de felicidade, pensando que essa situação entre elas, poderia me beneficiar. Sobretudo, porque nesse triângulo, sempre acreditei que Bonnie ia sair perdendo. Contudo, minha alegria não durou muito.

Era como uma intuição, mas senti que a bruxa Bennett poderia trapacear. E ela teve a petulância de trapacear, fugindo de Mystic Falls, sabe-se lá pra onde. Não precisaria ser um gênio pra saber que Bonnie fugiu no intuito de achar uma brecha pra quebrar nosso pacto. E só havia duas formas de quebra-lo:

A primeira (Com a morte de Bonnie). A segunda (Com o compartilhamento de sangue entre ela e Damon).

Não demorou muito para as minhas suspeitas se tornarem reais...

Despertei sentido-me como se minha pele latejasse e até ardesse dolorosamente. Minha cabeça pesava fazendo-me atordoado e me senti fraco, mortificado. Era uma sensação terrível, angustiante. Eu me levantei da cama, fui até o banheiro, abri a torneira da pia e joguei água sobre meu rosto, quando me olhei no espelho me deparei com um rosto pálido e com olheiras horríveis. Mas, o que mais chamou minha atenção era o sangue que escorria do lado do meu pescoço. Parei pra observar atentamente o ferimento.

"Ah, que nojo!" Grunhi enojado percebendo duas pequenas marcas que me fez pensar em presas. Presas de vampiro! Então, eu sabia... Aquele maldito vampiro teve a audácia de tocar nela. E Bonnie deixou. Bonnie permitiu que ele a mordesse. A vantagem sobre isso é que agora eu sabia que ambos estavam juntos, provavelmente, curtindo com a minha cara.

Bonnie provou que era capaz de me trair, mesmo sabendo das consequências. Pois bem! A bruxinha poderia estar lá, agora, nos braços dele. Fodendo com ele. Se entregando completamente a Damon, sem noção do que o mero ato irá lhe causar.

O que a bruxa nem imagina é que no final, será Damon quem acabará trazendo ela de volta pra mim. A solução estava no sangue letal dela. O sangue que eu magicamente envenenei, no intuito de tirar aquele sanguessuga, de uma vez por todas, do meu caminho.

Portanto, Bonnie não tinha mais saída. Ela terá que parar de fugir e voltar pra mim. Pelo amor ou pela dor, ela vai voltar. E no próximo domingo, ela casará comigo e se tornará definitivamente uma parte do Clã Gemini.

De volta à Nova Orleans...

Damon

Como prometido, em boa parte da noite fiquei vigiando seu sono, como o seu anjo da guarda. Eu estava tão feliz e tranquilo. Como se nada pudesse nos afetar mais, ou nos machucar. E quando Bonnie despertou, eu estava lá com seu café da manhã pronto numa bandeja preparada com muito esmero. Em resposta Ela sorriu pra mim com seus olhos verdes ainda meio sonolentos e com seu corpo enrolado no lençol.

"Então, gostou da pequena surpresa?" Eu disse arrumando a bandeja sobre a cama entre nós dois.

"Hmmm... Sim é perfeito." Ela disse segurando uma rosa vermelha que havia lhe trazido junto, só pra tornar o ato mais romântico, mesmo que isso fosse um tanto clichê. "Obrigada! Eu acordei muito faminta." Havia um certo brilho de malícia em seus verdes que me encantavam.

Eu havia trazido dois cappuccinos (o meu com algumas gotas de O positivo), um pedaço de torta de maçã e um cheeseburger que acabamos dividindo, (não que eu precisasse de comida humana), todavia, isso tornava o cenário mais humanamente normal.

"Então, parece que sou um cara legal agora né. O cara perfeito pra namorar." Seus verdes se arregalaram e ela quase se afogou com o seu cappuccino. "Eu acho que esta mais do que na hora de definir a nossa relação." Estreitei meus olhos me sentindo inseguro e até nervoso. "Ou você... sei lá... Não gosta da ideia de..." Mas, Bonnie me interrompeu me roubando um beijo.

"Eu só preciso me acostumar com essa ideia. É tudo tão..."

"Repentino!" Eu sabia que tudo era novo pra nós dois. Eu também sabia que talvez precisaria aprender a ser mais paciente com a bruxinha, porque não queria assusta-la.

"É tudo tão novo pra mim. E aconteceu tão inesperadamente isso entre nós." Ela gesticulava nervosamente sem conseguir me olhar e isso me deixou com medo. Com medo que ela pudesse me rejeitar. O pensamento me fez se sentir tonto.

"Você se arrepende da nossa noite?" Perguntei ainda tonto confrontando seus verdes que agora me fitavam parecendo tão calmos.

"Nunca! Nunca vou me arrepender disso. Foi a melhor noite da minha vida." Então, ela sorriu pra mim com sinceridade e beijou uma das minhas mãos mostrando todo o seu carinho e isso me causou um alívio imenso.

"Eu não disse que uma única noite comigo seria inesquecível." Eu disse a provocando. Nós dois rimos e depois decidimos esquecer o café da manhã, para que eu a puxasse em meu colo e a beijasse furiosamente cheio de paixão.

O que Bonnie não sabia é que ela também era tudo o que eu tenho esperado por todo a minha vida. Tenho esperado por Bonnie há muito tempo e hoje penso que Katherine e Elena eram apenas dois caminhos tortuosos que tive que atravessar pra chegar até Bonnie. Katherine e Elena foram apenas a Anestesia para aliviar o medo da solidão e, por algum tempo, essa Anestesia foi o que me manteve sobrevivendo como um imortal egoísta e inconsequente. Todavia, Anestesias aliviam dores, mas não curam as feridas profundas. Por isso precisei de Bonnie, a bruxinha que se tornou a Cura para todos os meus medos e dores. Só ela conseguiu me curar da solidão e me fez se sentir livre pra ser genuinamente, quem eu queria ser. Eu queria ser feliz e esse pedaço de felicidade era estar com Bonnie.

"Eu preciso tomar um banho e trocar de roupa." Bonnie falava conseguindo sair do meu colo e, com uma expressão cheia de malícia, deixou o lençol cair, revelando todo o seu exuberante corpo nu enquanto seguia até o banheiro. "Você vem?!" Ela não precisou falar mais nada. Em instantes, estávamos se amando novamente dentro da enorme banheira do banheiro.

E agora com ela aqui emaranhada em meus braços, sei que Bonnie tem sido a pessoa certa pra mim. E eu descobri, exatamente, como Camille havia dito, que amar a pessoa certa era tão fácil como respirar.

Amar Bonnie era tão fácil e certo que eu já não posso me imaginar, existir sem ela ao meu lado.

Bonnie

Depois de passar a noite com Damon e aproveitar a sua companhia no café da manhã e também no banho delicioso que tomamos juntos. Eu precisei ter que me separar dele, pra ir até a casa de Marcel trocar de roupa e buscar as minhas coisas.

Acabei por me encontrar com Davina que parecia tão radiante e eu já imaginava que tudo era o efeito da noite passada. Por sorte Marcel não estava e a gente pode terminar a manhã conversando algumas coisas pessoais. Ela estava curiosa sobre a minha noitada com Damon e eu também estava muito curiosa com a sua relação com Kol Mikaelson.

Davina acabou me revelando que há meses desde a sua primeira vez, ela e Kol já vem compartilhando sangue e a cada vez que trocam sangue eles podem também dividir suas mentes. Ela me contou que o sangue de Kol em seu organismo tem a tornado mais forte e resistente a doenças, mas em contrapartida vem enfraquecendo a sua magia. Marcel não sabia nada sobre isso, porém a bruxa parece pouco se importar se Marcel descobrisse.

Eu fiquei um tanto surpresa que a outra bruxa tivesse coragem de abrir mão de sua magia para estar com aquele vampiro Original. Pensei que ela fosse contra esse tipo de ligação e que ela amava ser uma bruxa. Entretanto, percebi o quanto estava enganada, pois assim como eu, Davina vivia como se carregasse o mundo nas costas, sendo usada muitas vezes por Marcel como uma arma secreta para controlar Nova Orleans e seus habitantes sobrenaturais. E isso lhe frustrava. Davina estava vivendo quase como uma prisioneira, assim como eu me sentia com relação a Kai.

"Não é que eu odeio Marcel. Ou que ele não me ame como uma parte de sua família. Sei que ele se importa comigo. Ele é o mais próximo de um pai que tenho. Só que na maioria das vezes, ele me usa como um meio parar atingir os seus objetivos." Fiquei em silêncio ouvindo ela desabafar. "Como se eu não tivesse vida própria. Tudo o que quero é ser livre. E Kol pode me dar isso."

"Mas e enquanto a sua magia... Você vai ter coragem de abrir mão dela? E, além do mais, você é tão jovem pra tomar uma decisão tão radical. Como você pode saber que Kol é o amor da sua vida?"

"E você, como sabe que o vampiro de olhos azuis é o amor da sua vida?!" Davina decidiu rebater.

"Bom, até pouco tempo eu não sabia e eu tentei renegar isso pra mim mesma. Mas, quanto mais tentava lutar contra esse sentimento, mais o destino parecia me levar até Damon."

"Não é diferente do que aconteceu comigo. Todos os caminhos que tenho percorrido, de uma forma ou de outra, sempre me levam de volta pra Kol." Eu assenti em reconhecimento percebendo o quanto éramos muito parecidas em nossos dilemas. "Eu amo ser bruxa, mas como bruxa tenho vivido sozinha, sem uma vida normal. E eu me cansei da solidão. E Kol também é um amigo que eu confio muito e por quem me apaixonei. Quando estou com ele não existe solidão, apenas muita cumplicidade e amor. Ao seu lado eu me sinto como uma garota normal." Então, eu entendia a sua situação. "Além disso, esse vínculo entre bruxa e vampiro é muito mais natural. Minha magia não vai sumir de uma hora pra outra, ela só vai enfraquecer aos poucos, enquanto isso eu vou aprendendo a me adaptar as novas mudanças até me transformar em imortal para viver a eternidade com Kol. E eu estou pronta pra isso." Uau, ela era tão jovem, mas estava decidida. "Por Kol eu até me transformaria em uma vampira. Mesmo sabendo que a transição é terrível." Ela dizia tão apaixonadamente me deixando boquiaberta com a sua convicção. "Por que quando se ama alguém, você é capaz de qualquer sacrifício."

Ao refletir sobre isso, percebi que há tempos tenho me sacrificado, sem conseguir conquistar a minha felicidade. Mas, agora perder a minha magia poderia não ser tão ruim. Afinal, eu ganharia duas coisas de vantagem: ser livre de Kai pra sempre e ainda estar ao lado de Damon, dividindo tudo. Sim, e eu também seria capaz de aguentar até a transição para o vampirismo.

"Davina me diz uma coisa..." Eu me senti meio envergonhada de dividir isso com ela, mas eu precisava me livrar de qualquer dúvida. "E se eu já tivesse compartilhado meu sangue com Damon... Isso quer dizer que meu vínculo com Kai já se quebrou, ou ao menos está enfraquecido?" Eu já me sentia um pouco diferente, apesar que a escuridão de Kai ainda parecia me assombrar.

"Então, a noite rendeu hein! Você decidiu se entregar ao vampiro bonitão?!" Ela sorriu toda cheia de insinuações me fazendo rir um pouco constrangida.

"Para Davina! Eu tô tentando falar sério aqui." Mas, era impossível não rir e se divertir com isso.

"Bem, falando sério. Se vocês compartilharam sangue, então, seu vínculo com Kai já se partiu e o poder dele sobre você enfraqueceu totalmente."

"Eu estou livre?!" Havia essa euforia crescendo em mim de felicidade. Eu estava realmente livre? Isso parecia tão simples que era até difícil de acreditar.

"Sim. Você está livre Bonnie." Eu abracei Davina me sentindo toda feliz achando que agora eu poderia seguir a minha vida sem ser controlada ou ter que me submeter ao Clã Gemini. "Agora me diz como foi? Vocês compartilharam suas mentes? E foi tudo durante o sexo?"

"Ouch. Vai com calma!" Eu fiquei um pouco sufocada por seus questionamentos. "Sim, nós bem... transamos. E eu pude sondar por um instante sua mente, mas..." Eu me lembrei de algo que ainda me perturbava a mente e isso me fez ficar carrancuda. "Mas, teve algo que me assustou muito... Acho que não foi algo normal."

"O que aconteceu?" Ela arqueou as sobrancelhas parecendo meio ansiosa e preocupada.

"Depois que Damon bebeu o meu sangue ele começou a gritar que estava queimando repetidas vezes. Ele estava com muita dor e eu fiquei com tanto medo. Ele estava agonizando e eu nem sabia o que fazer. Ele parecia que estava morrendo diante dos meus olhos e foi algo que me fez apavorada." E toda essa situação logo me fez lembrar das palavras enigmáticas de Davina. "Ontem você disse algo como: O mesmo sangue que cura pode se transformar em..."

"Pode se transformar em veneno!" Davina concluiu me olhando carrancuda e a sua expressão era um mau sinal que me fez muito nervosa. "Bonnie, não é normal isso acontecer. Seu sangue não deveria machuca-lo. Aliás, seu sangue seria a única coisa que não poderia machuca-lo. Assim como o sangue dele nunca poderia machuca-la." Suas palavras causaram um mau pressentimento.

"Só pode ter sido Kai. Ele deve ter feito alguma coisa." Merda, merda, merda! É óbvio que tudo estava muito bom pra ser verdade. Aquele maldito sociopata havia planejado tudo tão certinho. Provavelmente, Kai sabia que eu poderia conseguir quebrar nosso vínculo se compartilhasse sangue com Damon. Então, obviamente, ele daria um jeito de estragar tudo e me impedir de ser livre e ficar com Damon.

De repente aquela sombra escura e perversa começou a fluir de novo dentro de mim, mostrando que meu vínculo com aquele sociopata ainda estava muito presente me corroendo por dentro. E, infelizmente, eu não estava livre. Pelo menos não ainda.

"Logo agora que parecia que eu estava tão perto de conseguir ser livre ao lado do Damon." Agora eu me encontrava com muito ódio. "Isso é um sinal que eu não posso mais continuar fugindo." Suspirei frustrada. "Depois de amanhã, no domingo, eu deveria estar casando com Kai. Ele me deu um ultimato e se eu não cumprir..." Então, ouvimos vários estalos vindo da janela, nos interrompendo. Era Damon lá embaixo atirando pedrinhas pra chamar nossa atenção.

"Ei Bon Bon, vim te buscar." Ele acenou lá debaixo toda entusiasmado, nos forçando a sorrir em resposta.

E agora o que eu ia fazer? Damon está lá todo feliz, cheio de planos e cheio de muito amor irradiando em seus belos olhos azuis. Enquanto eu me sentia tão frustrada comigo mesma sabendo que tudo poderia simplesmente se acabar de uma hora pra outra.

"Bonnie vai se divertir e curtir a cidade. Eu vou tentar descobrir uma forma de te ajudar." Davina deu uma piscadela pra mim. E me incentivou a me concentrar apenas no vampiro lindo que me esperava todo apaixonado.

Quando desci pra encontrar com Damon ele já foi logo me puxando para um abraço possessivo. E naquele instante, decidi que iria aproveitar cada pequeno momento com ele, como se fosse nosso último. Eu ia fazer cada momento valer a pena.

{Continua...}