Lost in Paradise escrita por Drylaine


Capítulo 27
Nossa Última Dança


Notas iniciais do capítulo

Esse é o meu capítulo favorito de toda a fic. Eu amei escreve-lo e acho q a música do capítulo tbm se encaixa tão bem as cenas. Alias, tava tão inspirada que decidi fazer um video especialmente para o capítulo com a música de Whitney Houston, o link do video está no começo do texto. Espero que vcs apreciem e não deixem de comentar o q acharam!





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Link do vídeo completo:  https://youtu.be/ubts1nKgj8U

 

 

 

Lost in Paradise capítulo 27

Nossa Última Dança

 

 

 

"Gostar de dança era o primeiro passo para se apaixonar."

(Orgulho e preconceito)

 

 

Damon

"Olá, pessoal." De repente Cami apareceu entre nós com um sorriso simpático tentando evitar que Bonnie fosse embora. "Miss McCullough, você não pode sair assim do meu Bar, sem ao menos aproveitar a noite e a boa música daqui."

"Você ouviu a loirinha. Vamos aproveitar a noite, Miss McCullough." Decidi também chama-la por seu nome falso. Por fora eu estava parecendo todo despreocupado, mas por dentro eu estava cauteloso.

"Ah, vamos lá, Bon. Isso pode ser bem divertido." Por sorte eu tinha como forte aliado Lucy que deu um jeito de me ajudar mais uma vez.

Enquanto Lucy arrastava Bonnie para uma mesa no canto mais reservado do bar, eu fazia o meu pedido. Decidi que seria muito legal e nostálgico, dividir uma garrafa de Bourbon como costumávamos fazer no mundo prisão. E, por alguns minutos, Lucy conseguiu driblar a tensão e o silêncio que às vezes pairava entre nós. E ela era tão divertida e cheia de boas histórias pra contar sobre suas viagens pelo mundo. Até que o assunto foi ficando mais sério, conforme a bebida foi fazendo efeito.

"Eu acho que talvez... vocês estejam predestinados a estar juntos."

"Sério?!" Bonnie riu achando tudo um absurdo, embora seu coração batia tão acelerado que dava pra ver que as palavras de Lucy mexiam com ela, assim como mexia comigo. "Lucy você é uma mulher quase quarentona que não parece acreditar no destino." Isso fez Lucy ficar boquiaberta e estreitar os olhos parecendo com raiva.

"Você me chamou de velha?!" Agora eu senti medo dela. Lucy era uma mulher alta e bem mais forte do que Bonnie. E pela longa experiência que tenho com bruxas Bennetts, sei que quando ficam furiosas, elas podem ser extremamente, assustadoras. "Só pra você saber, eu ainda tenho 35. E eu já encontrei o amor da minha vida." Ela falava sonhadora, numa postura tão diferente do seu habitual.

"Uau. Que maravilha! E quando vou conhecê-lo?" A outra bruxinha estava entusiasmada, até que ela se calou percebendo o semblante de Lucy se tornar triste.

"Ele já partiu, Bonnie. Há muitos anos!" Sua voz era cheia de melancolia. "Mas, enquanto eu tive a chance de estar com ele, nossa vida foi divertida e apaixonante. Era uma das poucas pessoas que eu deixava fazer parte da minha vida."

"E o que aconteceu?" Tomei coragem para saber mais afundo sobre os mistérios que Lucy guardava em seu coração.

"Ele ficou doente... e foi inevitável..." Lucy possuía uma expressão tão fragilizada. "Podemos vencer muitas coisas, mas a morte é certeira e implacável." Olhar para Lucy e ver aquele olhar de alguém que amou muito, mas perdeu muito também. É um tipo de coração partido que não cicatriza facilmente.

De fato a vida humana era frágil, pois tinha um prazo de validade e, para aqueles que não são imortais, a morte era a única certeza que se tem dessa vida.

"É por isso que sempre me mantenho sozinha. Nunca criando raízes. Deixando apenas, raras pessoas entrarem e ganhar a minha simpatia." As palavras dela eram ferozes e reais. Lucy, apesar dos olhos tristes, possuía uma expressão serena, enquanto olhava para sua prima. "Você é uma delas, Bonnie. Aliás, você me faz lembrar de mim mesma, quando tinha a sua idade." Trocamos um olhar cúmplice e me permiti sorrir, ao perceber que era a primeira vez, que ela estava se abrindo tão natural sobre si mesma. Sei que esse papo todo estava rolando um pouco por conta do efeito do Bourbon, mas acho que isso amenizava as coisas. E esse momento serviu para unir ainda mais as primas.

"Eu acho que você é uma mulher incrível, Lucy." Eu disse sincero ganhando um sorriso genuíno dela.

"Devemos brindar a Lucy e a sua incrível história de vida." Bonnie ergueu o copo parecendo muito animada.

"Devemos brindar a esse momento... também." Lucy soluçou no meio das palavras e isso nos fez rir.

"Ah, e as verdadeiras amizades." Eu disse erguendo o meu copo e fazendo as duas lindas mulheres trocarem um sorriso cúmplice.

"E que nessa noite maravilhosa... dois corações teimosos, se rendam ao amor." Lucy enfatizou animadamente segurando o seu copo e ignorando o olhar reprovador de sua prima.

"Ao amor!" Sibilei sem hesitar percebendo que a bruxinha me olhava tão irresistivelmente com aqueles seus lindos verdes indomáveis.

"Sim. Ao amor!" Lucy repetiu eufórica e, então, nós três brindamos juntos. E enquanto brindávamos, eu desejava sinceramente que aquelas palavras se tornassem reais.

Aquele momento de pura descontração e até mesmo de grande cumplicidade, logo seria quebrado. Afinal, eu e Bonnie ainda tínhamos que ter um momento a sós. Embora o (A Sós) da frase ficaria melhor se tivéssemos num lugar reservado, apenas à nós dois, aquecidos nos braços um do outro e, de preferência, envolvendo nós dois nus. Pensar nisso me fez rir, olhando para a bruxinha que instintivamente passou a língua por entre os lábios, sem saber que aquele simples ato era muito sensual.

"Acho que acabou o Bourbon. Vou buscar mais. E quem sabe bater um papo com o vampiro inofensivo ali." Dizia Lucy divertida. "Talvez, eu queira um vampiro sexy pra mim também esta noite." Isso fez Bonnie quase engasgar com a bebida. Lucy corajosamente se levantou ignorando os protestos de Bonnie. A Bennett mais velha, ainda piscou pra mim e eu silenciosamente agradeci a ela, porque sabia que sua retirada foi estratégica. Nós paramos para olhar para Lucy que desajeitadamente se aproximou do balcão do bar onde Klaus estava ainda distraído conversando com a Bartender loira. Não demorou muito para o Híbrido e a bruxa se entrosarem.

Agora que fomos deixados sozinhos, eu só precisava falar com Bonnie e entender o porquê ela não para de fugir de mim. Ou por que ela está se esforçando tanto pra me afastar dela. E entender o que realmente está acontecendo entre ela e Kai.

 

 

 

Bonnie

A princípio, nós ficamos ali em silêncio, enquanto eu ficava pensando em como fazer essa conversa soar o mais rápida e decisiva, porque eu já estava esgotada de tantas lutas. Sobretudo, eu estava cansada de lutar contra ele.

Damon não parava de me observar, mas também parecia pensativo por um bom tempo, ele parecia estar me avaliando, talvez, estivesse esperando que eu tomasse coragem pra iniciar nosso bate-papo. Engoli em seco, quando Damon tirou a carta do bolso da sua jaqueta de couro e colocou sobre a mesa. Curiosa, decidi lhe perguntar como a carta foi parar nas mãos dele. E ele me respondeu que havia sido Elena quem encontrou a carta perdida e que ela pensou em jogar fora, mas no fim, decidiu dar a ele. Fiquei perplexa ao perceber que a vampira também havia lido tudo o que eu escrevi naquele pedaço de papel.

Na real, agora eu havia sido totalmente exposta. Me sentia frustrada, constrangida e inquieta.

"Você falou com Elena?"

"Sim, falei. Ela me disse que você devolveu as memórias dela. Como fez isso?"

"Uma bruxa Bennett, não deve revelar os seus segredos mágicos." Tentei soar despreocupada, mas no fundo estava muito apreensiva. "O que importa é que você e ela se entenderam. Certo?! Agora podem gozar do seu amor épico!" Falei irritada confrontando seus olhos sedutores.

"Ah, sim. Você sabe, Elena é incrível. Ela é a namorada perfeita." Ele disse sorrindo forçadamente. "Eu diria que sobreviver àquele universo retrô, só fortaleceu a nossa relação." Seu tom era sarcástico, ele estava me provocando.

"Fico feliz em ver que seu amor por Elena está cada vez mais firme e forte. Sobrevivendo a tudo!" Repliquei desdenhosa devolvendo a provocação. "Então, você deveria voltar pra ela!" Me debrucei sobre a mesa encarando o vampiro que apenas sorriu presunçoso.

"Para com isso! Para de tentar usar Elena pra me afastar!" Ele também decidiu se aproximar de mim, segurando um olhar firme. Suas mãos pararam sobre a carta. "Vamos falar sobre a carta."

"Já falei. Eu ia queima-la. É só uma carta estúpida!"

"Lucy me falou o contrário disso. E eu acredito nela." Então, me lembrei da Lucy sussurrando no ouvido dele.

"Foi isso que ela cochichou no seu ouvido?" Meus olhos vagaram para minha prima que ainda conversava alegremente com Klaus e depois retornei a olhar para Damon.

"Ela disse que a carta significa muito, mesmo que você diga o contrário." E Damon permaneceu com as mãos sobre a carta, como se tivesse com medo de perdê-la. "Até Elena foi capaz de perceber, quantas verdades estavam escondidas através de suas palavras." Seu olhar era suave e me deixou desconcertada. "Então, pare de negar!" Desviei o olhar, me sentindo horrível. Queria poder quebrar essa força tão intensa que eu sentia na presença dele agora. Sabia que no fundo, cada vez mais, seria difícil mandá-lo embora. "Você estava com medo. Eu posso perceber isso... Foi mais fácil escrever seus sentimentos do que falar. Ou talvez, seus sentimentos estavam explícitos pra todos verem. E foi nós dois que continuamos a renegar isso. Talvez, por orgulho... ou medo." Agora foi ele quem desviou seus olhos, parecendo constrangido.

"Você não deveria estar aqui, Damon. Eu até devolvi as memórias da Elena, achando que vocês poderiam começar de novo." Soltei um suspiro profundo de tão exausta que estava.

"Minha história com ela terminou. Nós tivemos uma conversa franca e definitiva." Uau! Eu estava chocada, sobretudo, porque Damon falava tão tranquilo como se o rompimento não tivesse lhe afetado. Na verdade ele parecia aliviado. "Além disso, quando você decidiu compartilhar a sua memória com Elena sobre nosso tempo no mundo prisão, você praticamente esfregou na cara dela, o quanto nosso vínculo é algo muito forte. Muito mais forte do que o que tive com ela."

"Meu Deus! Eu magoei ela..." Murmurei trêmula e abaixei os meus olhos focando no copo vazio sobre a mesa.

"Não! Ela vai ficar bem." Senti sua mão tocar a minha com carinho, tentando me acalmar. "Elena pode ter sofrido a princípio. Mas, ela te ama. Ela quer que você seja feliz. E ela também contribuiu me encorajando a lutar por você." Eu pisquei surpresa, absorvendo todas aquelas informações. Meus olhos pousaram sobre nossas mãos unidas em cima da mesa e eu me senti tão emocionada.

"Damon, eu não sei o que dizer." Mumurei insegura olhando dentro de seus lindos azuis penetrantes.

"Diz que vai ficar comigo! Que vai para de fugir e..." Eu me afastei do seu toque, me levantei e decidi que estava na hora de ir embora. "Não, espera! O que você vai fazer?" Damon se pôs de pé também me olhando cauteloso e impediu que eu saísse. Nesse instante, nós fomos atraídos por uma música que começara a tocar ao fundo. Era tão familiar...

 

 

♪Compartilhe a minha vida

Me aceite pelo que sou

Porque eu nunca irei mudar

Todas as minhas cores

por você♪

 

"Whitney Houston..." Ouvi Damon murmurar animado e me olhando com tanta força. A música era trilha sonora de (O Guarda-Costas) e era impossível esquecer seu significado. "I Have Nothing, a sua preferida. Lembra?" Eu fiquei surpresa que ele se lembrasse que essa música era a minha preferida do filme. "Que tal uma dança!"

"O quê? Eu... Eu tenho que ir." Falei nervosa, mas sem conseguir realmente me mover pra longe dele.

"É apenas uma dança, Bonnie. Estou te pedindo... uma última dança!" Seus azuis eram tão persuasivos, como eu poderia negar isso a ele?! Damon estendeu sua mão a minha espera e eu acabei cedendo. Deixei que ele entrelaçasse nossas mãos e me puxasse para o salão que já possuía alguns casais dançando também ao som de Whitney Houston.

 

♪Pegue meu amor

Eu nunca pedirei muita coisa

Apenas aquilo que você é

E tudo aquilo que você faz♪

 

 

 

 

Damon

Pensei que ela iria tornar isso mais difícil, mas Bonnie decidiu deixar o orgulho de lado e dançar comigo. Eu a puxei mais perto de meu corpo, deslizei minhas mãos por sua cintura e senti as suas pequenas mãos subirem timidamente até meus ombros. E era uma sensação maravilhosa senti-la tão perto, com o seu corpo quente, cheiroso e macio em meus braços, enquanto nós dois se movia no mesmo ritmo da música, sempre trocando olhares cheios de magnetismo.

 

♪Eu realmente não preciso olhar

Muito longe

Eu não quero ter que ir

Aonde você não me acompanhe

Eu não quero segurar de novo

Esta paixão aqui dentro

Não posso fugir de mim mesma

Não há onde me esconder♪

 

"Eu gostei do seu novo visual." Disse meio nervoso, como se eu fosse um garoto tendo o seu primeiro encontro com a garota dos seus sonhos. "Ruivo combina com você." Apertei minhas mãos em sua cintura por baixo de sua jaqueta, sentindo o calor de sua pele irradiar sobre o tecido fino de seu vestido bordô.

"Obrigada, eu acho." Nos olhamos intensamente. Seu coração pulsava tão acelerado, mostrando o quanto nervosa e frágil ela estava em meus braços.

"Miss McCullough até que soa sexy." Eu disse me lembrando que Miss McCullough era o nome de uma personagem do seu livro favorito, que Bonnie costumava ler no mundo prisão. Curiosamente, essa personagem também se chamava Bonnie: Bonnie McCullough e também era uma bruxa ruiva, o que explicaria a sua inspiração em trocar a cor de seus cabelos negros para um tom avermelhado. E não é que o tom avermelhado ficou perfeito pra ela.

"Uau. Você se lembrou até do meu livro favorito? Sério?!" Ela sorria com descrença. Eu a rodopiei pelo salão, a pegando desprevenida. Bonnie me deixava conduzi-la como o meu par perfeito. Mas, Bonnie não era apenas o meu par perfeito na dança, ela era o meu par perfeito pra vida.

"Sério. Eu sei muita coisa sobre você bruxinha." Era difícil perder o seu olhar tão cheio de surpresa e aquele seu sorriso lindo. "Sei de cada qualidade e cada defeito que, ao mesmo tempo, eu amo e odeio em você." Enquanto, eu falava senti ela tremer nervosa em meus braços e desviar seu olhar tão tímida.

 

♪Não me faça fechar

mais uma porta

Eu não quero mais esse sofrimento

Fique em meus braços se

você tem coragem

Ou devo eu imaginar você aí?♪

 

Bonnie resolveu relaxar em meus braços colocando sua cabeça em meu peito e eu aproveitei para sentir o cheiro de morangos de seu cabelo macio. Com ela tão perto de mim, era como se pudesse sentir o meu próprio coração morto pulsar na mesma frequência que batia o coração dela: incessante, destemido e cheio de vida! Era uma sensação tão louca e indescritível. Talvez, eu me sentia assim, porque era Bonnie ali presa em meus braços, tão cheia de poder, paixão e fogo.

 

♪Não fuja para longe de mim

Eu não tenho Nada,

Nada, Nada

Se eu não tenho você.♪

 

"Nós já tivemos três danças, contando com essa. E se parar pra pensar, cada dança mostra o quanto a nossa relação evoluiu." Eu disse orgulhoso e feliz por poder compartilhar esses pequenos momentos tão bacanas com ela.

"Verdade. Nunca parei pra pensar nisso." Ela franzia o nariz daquele jeito típico dela que eu aprendi a achar tão irritantemente fofo.

"E você se lembra da nossa primeira dança?" Perguntei ansioso. "Eu me lembro que naquela noite nós nos tornamos aliados imbatíveis."

"Sim. Foi a primeira vez que eu confiei em você sem hesitar." Bonnie olhava pra mim com tanta sinceridade. "E você me salvou de morrer nas mãos de Klaus..."

"É trabalhamos tão bem juntos, que conseguimos enganar até um vampiro Original." Nós dois rimos e meus olhos logo encontraram com os do vampiro que nos fitava com uma expressão perplexa e meio engraçada, provavelmente, ele estava ouvindo a nossa conversa com sua audição vampírica. Decidi ignorar o outro vampiro e seguir com a conversa. "Então, aconteceu a nossa segunda dança no mundo prisão. E..."

"E você me roubou um beijo, que complicou a minha vida." Eu ri disso deixando ela irritada. "Não é engraçado, Damon!"

"Tudo bem. Eu lhe roubei um beijo e nunca vou me arrepender disso." Sei que minhas palavras mexiam profundamente com ela. "Foi na nossa segunda dança que eu descobri que me apaixonei por você também e eu me assustei com isso." Seus verdes agora me fitaram, mostrando toda a sua vulnerabilidade que Bonnie tentava esconder através de indiferença.

"Aquela dança mudou tudo entre nós." Assenti silenciosamente.

 

♪Você vê através

Direto em meu coração

Você derruba minhas paredes

Com a força do seu amor♪

 

"Agora estamos aqui, tendo a nossa terceira dança..." Ela parou de falar parecendo nervosa, mesmo assim, seus verdes permaneceram firmes em mim. "Essa será a nossa última dança. A nossa despedida." Não! Eu não podia aceitar que essa seria a nossa última vez juntos.

 

♪Eu nunca conheci,

O amor como o que conheci com você

Será que nossas lembranças vão sobreviver?

Uma eu posso segurar♪

 

Ela sempre teve a habilidade de me fazer sentir tantas sensações e emoções diferentes. Houve até um tempo, especialmente no mundo prisão, que quando sentia todas essas sensações perto dela eu ficava assustado e com raiva, lutando pra não ser tão afetado pela simples presença da bruxinha. Mas, agora só de pensar em não sentir tudo isso perto dela, era horrível. E eu me dei conta que Bonnie se tornou tão essencial em minha vida, que a sua simples ausência, causava um vazio imenso em mim. Então, agora estando com ela de volta aqui, dançando comigo, eu decidi que não posso deixá-la ir. Não posso mais perdê-la.

 

♪Eu não preciso realmente olhar

Muito longe

Eu não quero ter que ir

Aonde você não me acompanhe

Eu quero segurar de novo

Esta paixão aqui dentro

Não posso fugir de mim

Não tem onde me esconder

Você é o amor que vou me lembrar para sempre♪

 

 

 

Bonnie

Merda! Por que esse vampiro tinha que ser tão teimoso e persistente?! Por que ele simplesmente não me esquecia e me deixava seguir em frente, sem a presença dele tão forte em minha vida?!

"Você parece desesperada pra me mandar embora. Por quê?" Ele me girou em seus braços me fazendo ficar com as costas tocando em seu peito forte e sentindo seu rosto roçar suavemente meu pescoço, me causando um arrepio. E agora eu me sentia como se fosse apenas nós dois naquele salão.

 

♪Não me faça fechar

mais uma porta

Eu não quero mais esse sofrimento

Fique em meus braços se

você tem coragem

Ou devo eu imaginar você aí?

Não fuja para longe de mim

Eu não tenho Nada,

Nada

Nada♪

 

"Você não vai casar com Kai, não é?" Ele falava tenso, enquanto ainda dançava comigo. Instintivamente fechei os meus olhos. "Você não estava realmente fugindo pra casar com ele. Está? Por que isso seria uma loucura." Damon me fez parar e me virou de frente pra ele. "Não faz sentido você se declarar pra mim e depois se casar com outro?" Ele fraziu a testa e me olhou com um desespero sombrio e isso me fez rir sem graça. "Além do mais, eu queimei aquele presente que Kai lhe enviou." Havia um tom mais possessivo em sua voz, que fez tremer as minhas pernas.

"Eu não quero casar com ele. E não vou!" Falei convicta provocando uma alegria imensa em Damon. "Mas, não vou retornar a Mystic Falls." O sorriso dele morreu e eu me senti mal por ele. "Damon, eu não posso voltar agora. Eu preciso de um tempo." Era uma meia verdade.

 

♪Não me faça fechar

mais uma porta

Eu não quero mais esse sofrimento

Fique em meus braços se

você tem coragem

Ou devo eu imaginar você aí?

Não fuja para longe de mim

Não fuja para longe de mim

Não se atreva a andar para longe de mim

Eu não tenho Nada

Nada, Nada

Se eu não tenho você

Você

Se eu não tenho você♪

 

Damon me girou mais uma vez em seus braços, fazendo eu rodopiar pelo salão até que a música parou e nós ficamos ali por um instante, com nossos rostos tão perto e com nossos lábios tão próximos de um beijo. Entretanto, decidi quebrar o clima e me afastar dele.

Resumindo: decidi fugir dele como o diabo foge da cruz.

Meus olhos vaguearam pelo bar percebendo que minha prima havia sumido, deixando apenas um bilhete manuscrito com Klaus e uma chave prateada com um endereço.

 

"Bonnie, não fica com raiva. Mas eu tive que sair da cidade as pressas.

Coisas pessoais pra resolver.

Não se preocupe, voltarei logo. Só não sei quando, exatamente.

Então, eu deixei a chave de um apartamento que eu aluguei pra nós,

enquanto ficamos na cidade sem ter que depender de Marcel.

Ah, e lembra do que Davina disse?

Damon é a chave para quebrar a sua ligação com Kai.

Talvez, hoje a noite seria perfeita para unir dois corações perdidos.

Prima, apenas aproveite essa noite!"

 

Depois de ler a carta eu fiquei chocada pelas suas insinuações. Lucy não só tinha ido embora do bar sem mim, deixando apenas uma carta, mas também resolveu viajar me abandonando sozinha em Nova Orleans sabe se lá por quanto tempo.

"Ei vai com calma!" Ouvi Klaus me repreender, ignorei as suas palavras e decidi jogar fora aquele bilhete de Lucy e ignorar completamente a chave que ela havia deixado pra mim.

Eu podia sentir os olhos de Damon me seguindo enquanto eu tentava fugir pra fora do bar e continuar o meu caminho, desesperada pra me livrar do vampiro. Eu estava furiosa com ele e com Lucy. Meu palpite era que os dois armaram nas minhas costas.

"Merda! Como ela fez isso comigo!" Eu esbravejava.

 

 

 

 

***/ /***

 

Lá fora as ruas eram silenciosas e a noite só era iluminada por uma lua cheia. O único barulho que se fazia ali era do salto das minhas botas que batiam pelo asfalto. Porém, aquele silêncio era agoniante e sombrio, mas tentei me manter firme sem olhar pra trás, eu sabia que era uma péssima ideia sair sozinha pelas ruas de Nova Orleans, ainda mais nessa região, onde muitos seres sobrenaturais como lobisomens gostavam de perambular por aqui em noites de lua cheia. E só de pensar nisso, senti um arrepio horripilante percorrer o meu corpo.

"Você acha mesmo que eu ia te deixar sair sozinha?!" Repentinamente, quase sofri um enfarte ao ouvir aquela voz retumbar no meio daquele silêncio quase mórbido.

"Seu filha da puta!" Esbravejei sentindo meu coração bater a mil. Para o meu azar encontrei Damon parado encostado no seu Camaro. Droga! Como eu odiava suas habilidades vampíricas, onde ele podia entrar e sair num piscar de olhos e aparecer, abruptamente, em qualquer lugar.

"Sinto muito! Eu não quis te assustador." Mentiroso! Eu podia sentir o seu tom sarcástico à quilômetros de distância. "Eu achei isso..." Ele retirou do bolso a chave que Lucy me deixou. "E eu também achei isso." Agora ele sorriu presunçosamente pra mim, segurando a carta de minha prima que eu havia jogado fora, me fazendo ficar toda tensa.

"Mas, que merda!" Eu gritei se aproximando dele e tentando tirar aquele papel idiota da sua mão, mas eu era baixinha perto dele o que só o fazia rir de mim. Até que o vampiro decidiu ler a carta.

"Hmmmm... Interessante! O que Lucy quis dizer com: – Damon é a chave para quebrar a... – Ei!" Usando a minha magia decidi queimar a carta nas mãos de Damon. "Você podia ter me matado."

"Não seja uma rainha do drama!" Eu disse rindo da cara dele e aliviada por ele esquecer sobre a droga da carta da Lucy. Porém, meu alívio não durou muito...

"Agora você sabe qual é a sensação de ser abandonado e deixado apenas com um pedaço de papel idiota." Ele estava me desafiando. Desgraçado! Decidi lhe ignorar e seguir sozinha de volta para a casa de Marcel. Mas, aquele vampiro não parecia disposto a me deixar seguir meu rumo. "Ei, aonde você vai?" Continuei tentando ignorar ele. "Deixa eu te dar ao menos uma carona. É muito mais rápido do que seguir a pé." Ele voou na minha frente me impedindo de prosseguir.

Essa luta eu sabia que estava perdida, então, acabei aceitando a sua carona.

 

 

 

***/ /***

 

Damon me convenceu a ir até o apartamento que Lucy alugou pra nós duas. O apartamento ficava em cima de uma cafeteria que era próximo da casa de Marcel e tinha uma sacada que dava pra ter uma visão privilegiada da cidade. O lugar tinha um único banheiro, uma sala com uma lareira que eu gostei muito, tinha uma cozinha pequena e dois quartos razoáveis, mas apenas um dos quartos tinha cama (uma cama de casal), o que me fez ainda mais desconfiada.

Lucy parecia que tinha planejado tudo. Que dizer, eu não imaginava que fôssemos ficar por mais tempo na cidade. Afinal, quando saímos da Virgínia o plano a princípio era vir para Nova Orleans e, com a ajuda de Davina descobrir uma forma de quebrar a minha ligação com Kai e depois seguir para qualquer outro lugar sem deixar rastros. Mas, Lucy deve ter mudado de ideia e decidiu baixar a guarda, talvez, por sentir que aqui poderíamos estar seguros, perto de seu amigo Marcel e até dos Originais, embora eu não me sentia tão segura assim. Também me perguntei como Lucy conseguiu dinheiro pra comprar um apartamento como esse. Nós não tínhamos tanto dinheiro assim pra desperdiçar. Isso me fez desconfiar dessa viagem estranha de Lucy e de como Damon parecia tão bem a vontade perambulando pelo apartamento, como se... Ele fosse o dono. E Damon era rico.

"Damon, me fala a verdade. Você planejou isso né." Ele estava na sacada observando a cidade. E quando ele se virou com aqueles seus azuis tão sedutores eu quase fraquejei. "Você sabia sobre os planos de Lucy?"

"Não, eu juro!" Ele se virou pra mim me olhando tranquilo, sem sinal de culpa e nem sarcasmo. "Talvez, foi o amigo dela que a ajudou a conseguir esse lugar. Sinceramente, o meu real objetivo era vir aqui pra te levar de volta pra casa. De volta para Mystic Falls."

"Damon, eu já falei... Eu não vou voltar!" Tentei ser firme, mas era tão difícil confrontar o seu olhar.

"Afinal, do que você tem medo?" Decidi lhe dar as costas e voltar pra dentro do apartamento. "Bonnie, olha pra mim!" Mas, ele me segurou me fazendo se virar pra ele. "Eu pensava que você estava fugindo de mim. Mas, agora eu sinto que há algo a mais acontecendo com você. E eu posso sentir esse medo fluindo em seu corpo." Engoli em seco e desviei o meu olhar, me sentindo muito nervosa e desesperada pra me afastar de Damon. "Você não estava fugindo de mim... Você está fugindo dele, não é? Você está fugindo do Kai?" Sim, ele descobriu a charada! "É sobre essa ligação que vocês tem? Kai está tentando controlar você. Mas, eu não vou deixar!"

Eu fechei os meus olhos angustiada e, de repente, a minha mente foi invadido por aqueles malditos flashbacks:

"Eu não posso te machucar, sem me machucar. Eu não posso te matar sem me matar. Mas, eu posso machucar e matar àqueles que você se importa."

"Você não vai machuca-los. Eu não vou deixar!"

"Eu sei. Você deixou claro quando se colocou entre eu e Damon. E é por isso que estou lhe dando uma chance pra fazer a coisa certa." Nós ficamos ali nos olhando. Seus olhos refletiam frieza e sadismo. "Eu não quero machuca-los, mas vou fazer se você me desafiar." Eu me calei fechando os punhos de raiva, enquanto absorvia cada coisa que ele dizia. "Lhe darei uma semana pra você se preparar."

"O quê? Uma semana é pouco tempo!"

"O suficiente pra você decidir, o quanto vale a vida dos seus amigos. E lembre-se: a vida deles está em suas mãos... Um passo em falso e eu vou destruí-los."

Agora me dei conta que o tempo tá passando e domingo logo vai chegar. Fiquei pensando agora, quanto tempo vai levar pra Kai se dar conta que eu fugi. E pior ainda, Damon está aqui comigo. E se Damon conseguiu me achar, quanto tempo vai levar pra aquele sociopata também me achar?

A verdade que havia uma escuridão tão grande dentro de mim. Essa escuridão se chamava Kai Parker. Então, a velha Bonnie altruísta, havia retornado forte e decidida a fazer tudo o que pudesse pra protege-los. E eu iria fazer tudo pra proteger as pessoas que eu amava. Agora cada passo que dava, cada decisão que eu fosse tomar, eu teria que pensar sempre neles... Eu teria que pensar sempre em Damon e nos outros.

"Damon se você se importa comigo. Por favor, vai embora!" Eu disse suplicante voltando a confrontar aqueles olhos azuis que pareciam tão persuasivos.

"Eu já te deixei ir muitas vezes. E, em todas essas vezes, que te deixei partir, eu me senti miserável. E eu percebi que não posso mais te perder." De repente a face que antes estava tão angustiada, ganhou um brilho diferente e ele se aproximou de mim, tentando me encurralar com a sua presença impetuosa.

"Você deve se afastar de mim. É a melhor coisa que você pode fazer." Tentei convencê-lo sendo o mais sincera possível, mesmo que isso me machucasse.

Dolorosamente, eu havia me tornado uma grande ameaça pra qualquer um que tivesse tão próximo de mim. E por este motivo, eu tenho que manter Damon ainda longe dessa escuridão que estava tão enraizada em mim, pois não queria que a minha escuridão contaminasse ele.

"Tenho cometido muitos erros nos últimos meses. Eu não posso cometer mais nenhum." Tentei recuar impondo uma distância segura entre nós, mas o vampiro decidiu me puxar para seus braços, me prendendo a seu corpo sólido e másculo.

"Todos nós cometemos erros. Eu sou bom em sempre estragar tudo, como você mesmo disse..." Estávamos tão perto, com nossos corpos parecendo se atrair magneticamente. Então, Damon segurou meu rosto entre suas mãos frias me reconfortado e me olhou com tanta sinceridade e ternura que até aquela força sombria que queria me invadir, começou a vacilar. "Eu fiz tantos escolhas erradas, mas dessa vez, eu não cometerei os mesmos erros. Eu vou ficar aqui por você, mesmo que você ainda me odeie. Mesmo que você não confie em mim. Mesmo que você me encha de aneurismas e me mande embora, eu ainda vou estar aqui por você." Aquela insegurança que antes me dominava, foi lentamente se esvaindo, enquanto eu me rendia aos seus azuis dominadores. "Porque por mais que você não acredite em mim, eu me importo com você, bruxinha. E eu seria capaz de qualquer coisa só pra mantê-la segura, feliz e bem perto de mim." Seus olhos faiscavam com uma grande determinação que se refletia em cada pedacinho do meu corpo.

"Não me faça ter esperança, Damon. Por que a esperança dói..." Eu gaguejei, falhando miseravelmente diante da sua postura impetuosa. "E eu não quero mais me machucar." Senti quando seus dedos frios lentamente enxugaram as lágrimas de meu rosto. E o simples toque dele era tão reconfortante. Logo, nossos olhos se prenderam um no outro, irradiando desejo e muito amor, em seguida Damon chocou seus lábios ferozmente sobre os meus, beijando-me com tanta saudade e paixão de tirar o fôlego e me fazer se render a suas carícias, enquanto nossas línguas se encontravam desesperadas pra sentir o gosto um do outro.

Naquele instante, eu me agarrei a Damon como o único alicerce que me mantinha firme e inabalável, curtindo aquele pequeno momento antes que tudo se acabasse. E quando o beijo terminou, ele ainda continuou segurando meu rosto entre suas mãos, me olhando ternamente, enquanto eu ainda me prendia mais em seu corpo, amando a sensação de tê-lo por perto.

Damon não era o tipo que desistia tão facilmente de uma batalha. Ele estava decidido a derrubar qualquer barreira que eu colocasse entre nós.

"Um dia você teve esperança por nós dois quando eu já havia desistido. Agora é a minha vez de ter esperança e continuar lutando por nós dois." Suas palavras ainda pairavam no ar me aquecendo e curando todos os meus medos. "E, dessa vez, eu não vou falhar com você, Bon Bon!"

Damon tinha razão, talvez, sozinha eu não conseguiria vencer essa ligação com Kai e, muito menos, lutar contra a escuridão que sempre tentava me dominar. Mas, com ele do meu lado, sei que posso ser muito mais forte pra encarar qualquer desafio.

 

{Continua...}

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Bom, estava mais do que na hora de Bamon se reconciliar, afinal, estamos cada vez mais próximo do final. E ainda teremos um Kai no meio do caminho, nenhum pouco feliz com isso. Posso afirmar q nos próximos capítulos a trama vai pegar fogo e terá uma revelação que vai causar muito mais confusão e uma grande reviravolta no final. Beijinhos!



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