Lost in Paradise escrita por Drylaine


Capítulo 22
Controle Absoluto




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Kai

Tudo parecia que estava indo tão bem. Eu havia conseguido causar uma verdadeira ruptura entre Damon e Bonnie. Consegui também manter um enorme controle sobre a bruxa ao ponte de quase conseguir sua confiança. Nós até já havíamos passado do limite e transamos. Gostaria de dizer que aquela noite tinha sido apenas sobre sexo e que foi muito prazeroso. Bonnie era um mulher linda, sexy e tinha um poder tão forte, mas sempre parecia não saber como usar. A partir do momento, em que fizêmos essa ligação, começei a sentir todo esse potencial dela. Aliás, seu poder parecia ir além da sua magia, tinha muito a ver com a sua personalidade independente, corajosa, forte e voraz. E, obviamente, que eu queria tudo isso dela e muito mais.

Alguma coisa sobre aquela noite em que eu a tive entregue em meus braços, havia mudado dentro de mim. Eu não quis ficar remoendo o que era até que chegou o ponto em que eu não poderia me livrar desse pensamento. Acabei por decidi ir novamente atrás da bruxinha que havia de todas as formas tentado se esquivar de mim. Eu sei que ela estava fugindo e que ela estava me culpando por tudo. Mas, no fundo havia essa enorme atração entre nós, que para mim era muito intensa e não dava pra negar, por mais que Bonnie quisesse.

O fato é que no meu caminho para alcançar de vez o que eu queria, eu acabei tendo que novamente confrontar aquele vampiro estúpido. E a partir do momento, em que acabamos frente a frente nos confrontando ferozmente, foi ali que percebi que estava perdendo o controle sobre tudo o que havia planejado. Dessa forma, acabei por perceber que para tentar tirar o vampiro do meu caminho, eu teria que enfrentar Bonnie.

Aquela bruxa mostrou que seria capaz de arriscar a sua vida um milhão de vez para salvar o maldito sanguessuga.

Enfim, agora para conseguir me reaproximar de Bonnie eu teria que fazer uma abordagem mais amistosa e muito estratégica. Primeiro eu tinha que tentar tirar Lucy Bennett do meu caminho, ela poderia ser uma bela dor na bunda e me causar um grande problema, ainda mais porque esta bruxa sabia tudo sobre a minha ligação com Bonnie. Sei que ela poderia incentivar a bruxinha a tentar nos desvincular. Assim como Damon, Lucy estava se tornando um grande empecilho pra mim. No nosso último encontro, Lucy deixou claro que iria encontrar uma brecha para quebrar nossa ligação e ela parecia muito determinada. Sua determinação me assustou a princípio, porém eu ainda era Kai Parker o cara sádico e caulista que sabia como manobrar esta situação a meu favor. Lucy logo não seria mais um obstáculo. Nem que eu tivesse que acabar com ela.

Contudo, agora era hora de focar na outra bruxa e aproveitar que ela estava sozinha e fragilizada. E sem Lucy ou Damon por perto, era bem mais fácil manipular Bonnie.

"Eu sei que você está infeliz. Eu posso ouvir a sua voz embargada. Você estava chorando não é."

"Por quê?! Você nem se importa."

"Me importo sim. Eu ainda me sinto culpado pelo que aconteceu. Eu nunca quis te machucar."

"Sério? Como você não quis me machucar, mas entrou numa briga com Damon sabendo da nossa ligação? Sabendo que cada golpe dele eu poderia sentir em meu corpo. Eu quase morri por sua causa!" Por causa da droga daquele vampiro, todos os meus planos quase deram errados, pois nosso confronto quase custou a vida de Bonnie. E, como consequência, se a bruxa morre, eu morro e tudo o que eu havia passado pra chegar aqui, não teria valido nada.

"Eu sei. E eu me senti horrível por isso." Era verdade eu tive até pesadelos com ela morrendo. E foi assustador a simples possibilidade que eu poderia perde-la. No meu pesadelo não havia essa merda de ligação, era apenas Bonnie morrendo diante de mim, enquanto eu chorava sem conseguir salva-la. Quando despertei sozinho em meu quarto fiquei perturbado, pois não queria sentir aquelas sensações. Eu não queria sentir sentimentos que pudessem me deixar vulneráveis. Mas, minha aproximação cada vez mais intima com Bonnie, estava mexendo comigo mais do que deveria.

"O que você quer de mim?"

"Uma chance de consertar as coisas." Eu estava nervoso, sabendo que quando eu estivesse cara a cara com Bonnie, tudo poderia acontecer. Eu teria que revelar o outro lado complicado sobre nossa ligação e sei que a bruxa não ficará nenhum pouco feliz.

"Como você poderá consertar toda essa bagunça? E porque eu confiaria em você?" Eu apertei o telefone frustrado, sentindo sua raiva e hesitação do outro lado da linha.

"Apenas, venha para Portland. Venha conhecer o meu Clã. Aqui você terá a chance de conhecer um pouco de suas magias. Você nunca teve a chance de conviver com um grupo de bruxos." Falei ansioso ouvindo sua respiração do outro lado da linha. "Você não precisará ter medo... a Liv e o Luke vão estar aqui e vão trazer Tyler, um rosto amigável pra você. Vem passar o fim de semana aqui. Prometo que vai valer a pena." Suavizei a minha voz e tentei ser o mais persuasivo possível até que consegui convencê-la.

 

 

 

Portland, Oregon.

Os Gemini são poderosos, organizados em suas regras, possuíem uma tradição forte e é assim que sobrevivemos durante anos e anos. Para muitos nossas tradições parecem radicais, mas elas são o que nos fortalecem e nos mantém como um Clã unido e impenetrável. Não confraternizamos com vampiros, por exemplo. E ainda mantemos como tradição a Fusão entre gêmeos. Quando acontece a Fusão, o gêmeo que perde morre, mas ao morrer se funde ao gêmeo vencedor se tornando um só. O gêmeo vencedor torna-se líder do Clã e, após se tornar líder, o bruxo deve casar-se e procriar para garantir o futuro das próximas gerações. Para isso acontecer, você tem que escolher o parceiro perfeito que lhe dará gêmeos tão poderosos quanto seu líder.

O casamento Gemini só poderia acontecer com membros do próprio Clã, ou com humanos. Entretanto, nosso Clã também sempre desejou ter um poder maior formando uma aliança com um outro grupo de bruxas. Meu Clã sempre soube que de todos os bruxos do mundo, as bruxas Bennetts eram uma das mais poderosas. Elas descendiam da primeira bruxa e ser sobrenatural do mundo, Qetsiyah. E durante muitas gerações, nosso Clã passou a desejar tornar o grupo forte, ligando os laços com as bruxas Bennetts. Porém, as Bennetts que eram bruxas vindas de Salém, se espalharam pelo mundo e se tornaram nômades, independentes e foram se tornando raras também.

Essa raridade já havia cruzado meu caminho duas vezes: a primeira quando eu era um adolescente e naquela época conheci Sheila Bennett e sua filha Abigail. A mãe de Bonnie seria perfeita para ser a minha parceira, porém como nasci sem magia acabei sendo dispensado do posto de futuro líder dos Gemini e, assim, Abigail pôde seguir livre, sem nem saber dos planos de meu pai. A segunda vez que uma Bennett cruzou comigo, foi no mundo prisão. E foi lá que o meu plano começou a se criar na minha mente. Bonnie Bennett era uma raridade que eu tinha que possuir, pois só assim provaria para todos os Gemini e, principalmente, para os Parkers que eu seria um líder mais poderoso. Mais do que Joshua.

Eu iria conseguir o que nenhum bruxo do Clã conseguiu. Eu iria conseguir me ligar a uma bruxa Bennett e, assim, eu consegui. Claro que pra conseguir isso eu trapaceei.

Dentro do Clã existia a ligação de sangue, que era a união entre um casal de bruxos sendo um deles o líder do grupo. Eu fiz a ligação de sangue antes da Fusão com Jo o que fugiu das regras e também fiz a ligação de sangue antes do casamento. Resumindo: a ligação de sangue só aconteceria após a Fusão entre os gêmeos e só com o líder dos Gemini. Mas, eu me adiantei, liguei a minha vida a Bonnie e retornei para Portland como o líder e agora estou prestes a dar mais um passo em minha vida. Agora só faltava oficializar minha ligação com a bruxinha Bennett.

Bonnie chegou no sábado de manhã, acompanhada pelos meus irmãos e o seu amigo Lockwood e foi recepcionado por mim e meu pai, Joshua. Fomos busca-la ainda no aeroporto. Eu estava muito ansioso e até meio tenso quando ficamos de novo cara a cara. A última vez que nos vimos as coisas não estavam nada boas e até haviam saído do controle. Eu odeio ficar sem controle, era por isso que não gostava de deixar sentimentos me dominarem. Principalmente sentimentos como ciúme, medo ou até essa droga de empatia. Entretanto, a empatia era também o que poderia facilitar a minha relação com Bonnie. E era pensando nisso que iria fazer de tudo para tornar o jantar de mais tarde, o mais cordial possível.

Mas, até a hora do jantar especial acontecer, decidimos mostrar a Bonnie como era as nossas tradições. Eu queria fazer de tudo para seduzir Bonnie a aceitar que aqui o Clã... O Meu Clã! Deveria se tornar a sua casa e que agora ela também seria um membro dos Gemini. Por sorte as pessoas aqui costumam serem bastantes solícitas com os visitantes e paparicaram bastante a bruxinha. Bonnie também foi bastante simpatica e educado com todos. Percebi que toda vez que era citado o nome da sua avó, seus olhos até brilhavam. Joshua tinha muitas histórias pra falar sobre Sheila e o tempo em que ela dava aulas aqui. Enfim, tudo parecia que estava se encaminhando bem.

Então, quando chegou a hora do jantar, foi que as coisas começaram a mudar. Era a hora mais tensa. Liv, Luke e Tyler também estavam ali, Bonnie até se sentiu um pouco mais confortável em torno deles, o que também facilitava as coisas pra mim, enquanto eu lutava contra meus próprios conflitos que me corroíam por dentro.

Eu comecei a pensar sobre os últimos acontecimentos e em como consegui chegar até aqui. Não foi algo fácil, foi desafiador, perigoso. Um passo em falso e tudo poderia ter dado errado.

Estava na hora de Bonnie entender que não importa o quanto ela tentasse lutar contra essa ligação, ela já me pertencia. A partir do momento que ela aceitou ligar a sua vida a minha e fazer o nosso pacto de sangue, Bonnie Bennett já passou a me pertencer ali.

"Eu não aceito isso. Eu nunca quis fazer parte desse Clã." Contudo, Bonnie já não tinha escolha. Estava na hora dela parar de lutar contra isso.

"Mas, você aceitou fazer a ligação de sangue com meu filho. E, a partir dessa ligação, você já se tornou uma Gemini." Joshua falava autoritário causando um silêncio ao redor da enorme mesa de jantar, montada no salão de reunião do Conselho. "Agora só nos resta, oficializar a união de vocês dois."

Bonnie parou e olhou pra todos ali. Eu poderia sentir nossa magia tremer e ficar pesada. Havia essa força estrondosa, mas também, havia aqueles sentimentos que poderiam ser muito mais perigosos do que a magia que compartilhávamos. Bonnie estava com medo, furiosa e desesperada pra fugir. Eu sei. Eu podia sentir.

"Eu sou uma Bennett. E eu nunca vou me sujeitar a me tornar parte de um Clã doente, que coloca suas próprias tradições, sobre sua família."

"Senhorita Bennett, você escolheu se ligar a Kai. Você tomou essa decisão. Não envergonhe meu Clã. E, acima de tudo, não envergonhe a memória da sua avó." Aquilo parece ter causado um choque na bruxinha.

"Não fale sobre minha avó." Ela deu um murro sobre a mesa fazendo sua taça de vinho virar, manchando a toalha beje. Aquilo nunca era um bom sinal. "Vocês não conheciam Sheila Bennett. Ela era uma alma livre. E..."

"E ela era uma pessoa honrada. Que sabe cumprir suas obrigações." A tensão subiu a um nível tão grande sobre nós e o jantar parecia ter se tornado indigestível. Os burburinhos começaram e eu sabia que tinha que assumir o controle da situação.

"Chega!" Eu disse autoritário fazendo todos se calar e ganhando um olhar reprovador de minha mãe, que apesar de se manter em silêncio, tinha um jeito sutil de mostrar seu desagrado por minhas decisões. "Bonnie, você precisa se acalmar." A bruxinha me olhou e seus olhos me fuzilavam.

"Eu não vou seguir droga de regra nenhuma!" Ela se levantou e saiu da mesa sob o olhar perplexo de todos. Ou quase todos, já que Liv e Luke pareciam se divertir com toda aquela situação.

"É Kai... Parece que você conseguiu uma bela dor de cabeça." Liv dizia sárcastica.

"Sua Bennett não parece que vai ser fácil. Ela é geniosa." Joshua falou com uma expressão de puro desgosto. Ele estava me reprovando só com seu simples olhar. Como se dissesse que eu ainda não era bom o suficiente.

"Mas, eu posso controla-la." Travei meu olhar com meu pai e depois com a minha mãe.

"Ela não é como um animal que você pode domesticar, Kai." Tyler praticamente grunhiu deixando todo mundo meio cauteloso na presença dele. Ele parecia estar lutando pra manter o seu próprio controle.

"É melhor a Liv manter seu namoradinho sob controle. Ou ele será o nosso novo animal de estimação." Dei uma breve olhada para o projeto de lobisomem. Nós dois se levantamos nos encarando. Mas, Joshua com seu jeito rude impôs seu poder sobre nós. Assim, Liv com a ajuda de Luke, arrastou Tyler para fora antes que as coisas ficassem mais perigosas.

Seguindo a mesma ideia, decidi sair dali e perseguir Bonnie me sentindo tomado por uma raiva. No reflexo da janela vi que a noite lá fora tinha uma luminosidade, era por causa de uma enorme lua cheia.

"Hoje realmente não é uma boa noite pra se perder o controle." Ouvi a voz da minha mãe ecoar atrás de mim.

"Não preciso dos seus conselhos. Ou da sua cara amarrada." Cerrei os dentes sem olhar pra trás.

Rosalin era o tipo de mulher ponderada, sempre silenciosa e até submissa, pode-se dizer. Ela sempre seguiu as regras do clã obedientemente e, sei lá como, era a única que conseguia acalmar a fúria de Joshua e mante-lo sob controle. Entretanto, Rosalin poderia ter sido a esposa ideal para meu pai e um membro fundamental para o Clã, mas para mim, foi uma péssima mãe.

"Você sabe que não poderá força-la a isso, Malachai." Nem ousei olhar pra ela, apenas deixei aquela mulher lá sozinha e continuei seguindo o meu caminho.

Decidi limpar a minha mente desses pensamentos patéticos e focar minhas energias naquela bruxa. Subi para os quartos atrás de Bonnie com uma impaciência dos infernos e uma enorme enxaqueca. Eu a encontrei no quarto de hóspedes que ficava próximo ao meu. Ela estava arrumando sua mala como se tivesse se preparando pra viajar.

"Aonde você vai?" Me encostei na porta a observando.

"Vou voltar pra casa." Ah, mas ela não irá sair assim! Eu não permitirei.

"Que casa? Mystic Falls?!" Fiz uma pausa percebendo sua postura enrijecer. "Sua casa agora será aqui."

"Nunca! Esse lugar nunca será a minha casa." Ela fechou as mãos em punho e me deu um olhar de aço.

"Eu disse pra você, que cedo ou tarde essa magia que corre em nossas veias, iria te atrair de volta pra mim. Você não tem escolha."

"A culpa é toda sua!" Ela então decidiu caminhar enfurecido até mim. "Você ferrou com a minha vida!" E me deu um tapa na cara nos surpreendendo. Sei que ela esqueceu da ligação, que o ardor na minha face também era sentindo por ela. Eu ri, só que eu estava com muito ódio.

"Não. Eu te salvei!" Eu gritei a centímetros de seu rosto. "Se não fosse por mim, você ainda estaria presa naquela droga de prisão retrô!"

"Eu preferia aquela droga de prisão, a estar aqui presa à você!" Enfurecido eu a puxei segurando os seus braços com firmeza e fazendo ela me olhar. "Por que você fez isso Kai. Por que você tinha que me manipular desse jeito?!" Ela estava chorando e se debatendo insanamente em meus braços. Por um instante, olhar em seus verdes fizeram meu estômago se revirar.

"Para! Para com isso, Bonnie!" Mas, ela não parava, continuava tentando lutar contra mim. Numa ação rápida a peguei em meus braços e a joguei sobre a cama caindo com meu corpo sobre o seu, sem chance dela fugir. "Agora olha pra mim..." Nós estávamos ofegantes, nossos corações batiam freneticamente e nossos olhos refletiam muita fúria. "Você tem que parar de lutar, ou só vai se machucar mais." Tentei manter algum controle sobre as minhas própria emoções. "Isso não tem que ser um fardo pra você." Segurei seus pulsos, enquanto ainda a olhava com determinação.

"Mas, já é. Você me tirou o direito de poder escolher estar ou não com você. Eu nem sei se um dia pensei em casar. E agora eu serei forçada a isso..." Ela fechou os olhos tentando controlar suas lágrimas. "Você já tinha me forçado lá no mundo prisão. Por que Kai?!" Eu soltei seus pulsos e comecei a tocar sua face tentando, sei lá, talvez acalma-la. Ou no fundo eu só queria mostrar algum afeto, mesmo que isso parecesse tão fora do meu personagem.

"Bonnie nós podemos fazer isso funcionar. Somos grandes bruxos, que como casal, seremos imbatíveis. Podemos até construir uma família que ambos sonhamos." Ela reabriu os olhos me olhando com incredulidade. "Eu sei que você nunca teve uma família completa. Sua mãe te abandonou, seu pai era ausente e eu fui rejeitado pela minha família. Nós dois poderemos agora ter a chance de vencer todo o nosso histórico de abandono e rejeição." Agora eu me sentia tão desesperado quase suplicando por ela. Pela primeira vez, era como se tivesse abrindo o meu próprio coração pra ela. Bonnie hesitou por um momento até que senti suas mãos tocando suavemente minha face e meu cabelo e por um momento senti esse desejo de afeto, de ser tocado profundamente por ela.

Logo, meus olhos caíram sobre seus lábios e eu senti a necessitada de beija-la e, assim, eu a beijei. Nossos lábios se devoraram por um momento, enquanto minhas mãos desciam para seu corpo a segurando pela cintura, prendendo seu corpo mais ao meu. E eu percebi o quanto eu senti falta dela. Falta do seu cheiro, dos seus lábios e do seu corpo.

"São belas palavras e você quase me convenceu." Parei de beija-la e olhei novamente naqueles verdes tempestuosos me sentindo palisar tenso sobre seu corpo. "Mas, então, eu me lembro do nosso pacto e dessa ligação de sangue. E como nós chegamos até aqui. E a verdade..." Bonnie agora parecia tão fria em meus braços e tão rispida. "Você me usou desde o começo. Eu fui só um meio pra você conseguir atingir os seus objetivos. E você conseguiu. Mas, é apenas isso!" Fiquei ali remoendo suas palavras ácidas. "Se você tivesse sido sincero comigo. Se a nossa ligação fosse porque você desejava um vínculo real e profundo. Tudo poderia ter sido diferente."

"Por que diz isso?" E agora era eu que se sentia tão emocionalmente afetado. Meu coração parecia que ia sair pela boca. Sensações que eram tão fora do comum pra mim.

"Por que eu poderia ter me apaixonado por você." Suas palavras eram tão impetuosas que me abalaram tanto. Eu enfrentei seu olhar esperando que ela estivesse zombando de mim. "E nossa ligação poderia ter sido sobre o amor. Dai sim eu poderia aceitar ser um Gemini. Eu me casaria com você e lhe daria filhos. E por fim teríamos uma família bonitinha." De repente era como se pudesse desenhar essa imagem dessa família na minha cabeça. "Mas, essa ligação é apenas, sobre poder e controle."

"Você sempre soube que era apenas isso. E, além do mais, eu não acredito no amor. Mas..." Eu ainda precisava persuadi-la. "Você poderia me ensinar."

"Não dá pra ensinar como se amar. Não pra alguém que se tornou tão oco por dentro." Bonnie me deixou com total perplexidade. "É por isso que fiquei pensando a noite toda..." Ela segurou meu rosto entre suas mãos, me forçando a continuar lhe olhando cheio de medo. "E se você tivesse um filho que nascesse como você, sem magia?" Paralisei e comecei a relembrar toda a tortura psicológica que passei quando descobri que nasci sem magia. E como acabei enlouquecendo por causa disso.

Um bruxo sem magia era como uma aberração da natureza!

"Isso não vai acontecer?" Esbravejei sentindo seu corpo tremer assustado sob mim e seus verdes continuaram a me fitar.

"Por que você irá rejeita-lo, assim como seu pai fez." E isso me causou um ódio mortal, uma frustração incontrolável e, sobretudo, uma dor agoniante. Eu não queria mais ouvi-la.

"Cala a boca! Para com isso!" Eu me afastei de seu corpo e me sentei na beirada da cama. Aquela empatia que era um pedaço de Jo pulsando dentro de mim, estava me fazendo sobrecarregado por remorso e tristeza.

"Sabe, eu estive lá com seu pai. E constatei que você é o reflexo perfeito do senhor Joshua." Engoli em seco. "E eu seria louca se aceitasse fazer parte disso." Ela se levantou pronta pra seguir com o plano de ir embora.

"Você pode até fugir Bonnie. Mas, terá que voltar pra assumir seus deveres comigo."

 

 

 

 

Bonnie

Aquela lua cheia, somados pelo sonho estranho com Carol e todo esse sentimento de agonia dentro de mim, era um aviso que as coisas só iriam piorar. Me arrependo amargamente por ter ido para Portland e, sobretudo, me arrependo dolorosamente por ter feito essa ligação de sangue. Agora eu sei que meu destino já está todo traçado.

"Bonnie nós podemos fazer isso funcionar. Somos grandes bruxos, que como casal, seremos imbatíveis. Podemos até construir uma família que ambos sonhamos." Eu olhei profundamente em seus olhos me sentindo tão desconcertada por suas palavras. "Eu sei que você nunca teve uma família completa. Sua mãe te abandonou, seu pai era ausente e eu fui rejeitado pela minha família. Nós dois poderemos agora ter a chance de vencer todo o nosso histórico de abandono e rejeição." Então, eu vi nas profundezas de seus azuis elétricos, uma sombra de vulnerabilidade que me chocou. Suas palavras eram tão cheias de emoção, eu podia sentir isso irradiar dele.

E, naquele instante, eu hesitei. Deixei me levar por sua voz sedutora e suave. Uma suavidade que não estava acostumada a sentir nele. Senti até meu coração balançar, por suas palavras, por seu toque quase carinhoso e por seus beijos. Ah, e seus beijos me tocaram de uma forma inesperada, eram famintos, mas com um gosto de paixão e algo parecido com ternura. E, só por um instante, eu gostei da forma como seu corpo sobre o meu me fazia se sentir quente e quase confortável. Não era luxurioso, era quase como o mais próximo de um toque cheio de afeto.

"Se você tivesse sido sincero comigo. Se a nossa ligação fosse porque você desejava um vínculo real e profundo. Tudo poderia ter sido diferente." Foi ali em seus braços, com seu corpo colado sobre o meu, que acabei me dando conta que aquele cara era Kai Parker... O cara que nunca se deixaria se levar por emoções genuínas.

"Por que diz isso?" Era quase como se eu tivesse diante do lado mais humanizado, ou mais profundo de Malachai.

"Por que eu poderia ter me apaixonado por você." Sim, eu poderia! "E nossa ligação poderia ter sido sobre o amor. Daí sim eu poderia aceitar ser uma Gemini." Kai era um cara inteligente e bonito, com um corpo grande e sexy, tinha muito carisma e seu sorriso meio infantil lhe dava um ar quase angelical. Claro, isso era apenas por fora, porque por dentro não havia nada de angelical em suas ações. Entretanto, foi no mínimo interessante ver, nem que fosse por um instante, aquela sensação de vulnerabilidade vindas daqueles olhos azuis elétricos que continuavam a me fitar enquanto eu falava. "Eu me casaria com você e lhe daria filhos. E, por fim, teríamos uma família bonitinha."

Em pensar que, só por um instante, eu quase poderia ter se rendido a ele. Não apenas de corpo, como também, de alma e coração. Até que a realidade, logo, me bateu novamente na cara e eu despertei daquela doce ilusão.

"Mas, essa ligação é apenas, sobre poder e controle." Eu joguei com essas palavras e emoções, da mesma forma, que ele havia jogado comigo. Só que dessa vez, eu havia decidido ser tão manipuladora quanto ele. Queria ver até onde o líder do Clã, conseguiria continuar fingindo afeto e suavidade.

"Você sempre soube que era apenas isso. E além do mais, eu não acredito no amor..."

Como eu poderia casar com alguém que vê no amor, um defeito ou uma fraqueza quase horrenda e inaceitável?!

Como eu fui deixar a minha vida virar nessa bagunça? Ah, sim! Quando me deixei se envolver com Kai. Nada era comparado ao inferno que agora estava enfrentando ao me vincular com aquele cara insano. E agora não sei como sair disso.

"Você pode até fugir Bonnie. Mas, terá que voltar pra assumir seus deveres comigo." Suas palavras e a nossa discussão ainda pairavam sobre meus ombros.

"E se eu não voltar?" Meus olhos cairam sobre ele, enquanto Kai se levantava da cama e se aproximava da janela.

"Sufoque!" Eu ouvi ele murmurar, como um cântico.

"O que você disse?!" Perguntei confusa até que fomos interrompidos pelos gritos desesperados de Liv vindo lá de fora.

"Tyler, Tyler, Tyler... O que está acontecendo?!" Liv gritava desesperada tentando ajudar seu namorado. E de repente Tyler caiu no chão se contorcendo sem conseguir respirar.

"Kai o que você fez!" Eu parei ao lado de Kai vendo ele sorrindo sadicamente e assistindo aquela cena agoniante acontecer. Tyler ainda estava em completa dor sem conseguir respirar. "Para com isso Kai!" Esbravejei e comecei a sacudi-lo tentando o fazer parar.

"Respire, respire, respire... Respire Tyler!" Mumurei repetidas vezes, fazendo uma magia reversa, conseguindo salvar Tyler. Sua irmã lá embaixo nos viu pela janela e nos olhou com muita raiva enquanto seu namorado se recuperava. "Você é doente! Podia ter matado ele?" Eu disse ofegante o empurrando. Kai se forçou a me olhar e em seus azuis não havia vestígio de culpa.

"Bom, eu só estou lhe respondendo." Ele parou em minha frente segurando meus ombros. "Eu não posso te machucar, sem me machucar. Eu não posso te matar sem me matar. Mas, eu posso machucar e matar àqueles que você se importa." Agora eu lhe olhava em total pânico, sentindo meu coração acelerar de nervosismo. "Você não vai querer me desafiar, porque eu posso machucar cada um deles." Dei uma cambaleada pra longe dele, me sentindo meio tonta.

"Você não vai machuca-los. Eu não vou deixar!" Tentei tomar o controle sobre a situação, porém Kai já tinha as cartas certas para me vencer e ter o total domínio sobre mim.

"Eu sei. Você deixou claro quando se colocou entre eu e Damon. E é por isso que estou lhe dando uma chance pra fazer a coisa certa." Nós ficamos ali nos olhando. Seus olhos refletiam frieza e sadismo. "Eu não quero machuca-los, mas vou fazer se você me desafiar." Eu me calei fechando os punhos de raiva, enquanto absorvia cada coisa que ele dizia. "Lhe darei uma semana pra você se preparar."

"O quê? Uma semana é pouco tempo!" Eu estava completamente transtornada.

"O suficiente pra você decidir, o quanto vale a vida dos seus amigos." O bruxo estava tão irredutível. Nunca o odiei tanto como agora! "E lembre-se: a vida deles está em suas mãos... Um passo em falso e eu vou destruí-los."

Eu não tive muita saída a não ser me calar e recuar. Kai me deixou sozinha naquele quarto, me permitindo voltar para Mystic Falls, só por agora. Com o ultimato que eu teria que retornar, para oficializar nosso vínculo.

Eu ainda tive que encarar os olhares cheios de acusação ou de piedade de Liv e Luke. Tyler por outro lado, parecia que queria pular sobre Kai e mata-lo. Assim, arrastei Tyler comigo de volta para Mystic Falls, apenas eu e ele. E eu sabia que os questionamentos começariam. Mas, a viagem de volta foi mais silenciosa e assustadora.

Agora estava com medo do que meu próprio futuro me reservava.

 

 

{Continua...}

 


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Notas finais do capítulo


Bom foi um pouco difícil criar a rotina do Clã Gemini e percebi que nós não conhecíamos a mãe do Kai. Aliás, Rosalin é meu personagem original, pq a série TVD mesmo nem chega a citar nenhuma senhora Parker, só o Joshua pai do Kai. Então, trouxe ela pra trama pq talvez, Rosalin poderia ser fundamental pra reta final da fic.

Falando sobre a nossa bruxinha favorita as coisas vão se complicar um pouco pra Bonnie, afinal, ela saiu do mundo prisão, mas a prisão não saiu dela. Ela se sente uma prisioneira, que não sabe como se libertar. E agora como ela vai conseguir resolver essa situação com Kai? Será que haverá um jeito da bon bon sair dessa sem ter que casar?

No próximo capítulo, um certo Casalzinho chato vai romper definitivamente. Até q enfim! Bom, nos vemos no próximo capítulo, Bjus!



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