Lost in Paradise escrita por Drylaine


Capítulo 21
Uma Rota de Fuga


Notas iniciais do capítulo

A primeira parte do capítulo é mais leve e divertida. Eu amei escrever as cenas de Damon e Sarah, a cena deles fluiu tão naturalmente. Eu decidi incluir aqui tbm a música Run To You de Whitney Houston que é uma das músicas do filme "O Guarda-Costas" e se encaixou perfeitamente com o capítulo. Espero que apreciem!



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Damon

Eu saí decidido a ultrapassar os limites de Mystic Falls e sumir...

Todavia, meus planos quase deram errado, quando meu Camaro decidiu travar no meio da estrada. Bem, eu poderia até usar a minha velocidade sobre-humana para chegar onde eu quisesse, ou ao menos no posto de gasolina mais próximo. Entretanto, isso seria no mínimo chato e nada divertido. Então, decidi voltar ao meu velho hábito clichê de me deitar sobre o asfalto e esperar o próximo carro que passasse por ali. Geralmente, eu só faria isso quando anoitecesse, mas como a estrada estava deserta e como o dia amanheceu completamente fechado, com uma densa névoa, meu plano ainda funcionaria. Eu só precisava esperar pelo primeiro motorista desavisado e desafortunado que cruzasse meu caminho.

Minhas presas já estavam coçando de fome, por sorte a minha comida ou vítima (o que daria na mesma coisa), foi chegando cautelosamente. Era um Gol vermelho que parou há uma distância segura de mim e seu passageiro, ainda cautelosamente, saiu do carro e seguiu até aonde eu estava deitado. Seu cheiro me invadiu e era muito familiar.

"Olá, você está bem?" Ergui meus olhos para lhe observar, seus cabelos lisos e negros estavam presos num rabo de cavalo e ela parecia bem incrédula. "Oh, Damon, é você!" Eu não imaginava que enquanto caia na estrada, acabaria me cruzando surpreendentemente com Sarah Nelson!

"Sarah!" Eu sorri com sarcamos e me sentei no asfalto.

"Você quer morrer?!" Em seu belo rosto se formou uma carranca.

"Na verdade, talvez... Mas, agora estou precisando de uma carona." Ela ainda parecia desconfiada. "E você não tem medo de parar aqui, nessa estrada deserta, para atender um estranho?" Eu me levantei limpando a minha roupa e percebendo que sua postura ainda estava meio rígida.

"Eu não tinha muito escolha. Se eu não parasse, eu acabaria te atropelando." Ela revirou os olhos me fazendo rir de novo.

"Então, como você quase me atropelou, acho que me deve uma carona." Eu toquei seu cabelo com carinho só pra provocá-la, estiquei meus músculos e, controlando as minhas presas, segui até seu carro antes mesmo de ouvir a sua resposta.

"Ei, eu estou saindo da cidade e..."

"Não faz mal. Eu também estou saindo." Mesmo relutante ela acabou entrando no carro pronta pra seguir seu rumo. Eu me sentei ao seu lado e ajustei o cinto de segurança em torno de meu corpo (não que eu realmente precisasse). "Estou aceitando ir pra qualquer lugar longe de Mystic Falls."

"Você parece que está fugindo." Ela estreitou seus olhos e fez beicinho.

"Talvez!" Nós rimos juntos e, de repente, todos aqueles sentimentos ruins que estavam me sobrecarregando, agora pareciam ter dado lugar a entusiasmo.

Cair na estrada com Sarah poderia ser muito divertido. Quem não iria gostar muito dessa ideia seria meu irmãozinho Stefan. Mas, e daí?! Eu e Sarah merecíamos um momento só nosso, pra nos conhecer melhor.

"Então, aonde estamos indo?" Perguntei enquanto ligava o rádio e ouvia uma música qualquer.

"Estamos indo para Grove Hill, vou me apresentar numa Exposição de Artes." Ela falava orgulhosa e sei lá porquê era uma sensação boa estar agora aqui com ela.

Esse momento entre nós dois poderia ser tudo o que eu mais precisava, para me livrar um pouco do caos dos últimos dias. E, assim, seguimos pela estrada, conversando e ouvindo um pouco de música.

 

 

Eu sei que quando você

olha pra mim

Há tanto que você simplesmente não vê

Mas se você levasse

somente o tempo

Eu sei que em meu coração você encontraria

Oh uma garota que as vezes está assustada

Que não é sempre forte

Você não pode ver

o ferimento em mim

Eu me sinto tão sozinha

 

 

Chegamos em Grove Hill e nos separamos por algumas horas, Sarah seguiu para se preparar para sua Exposição, enquanto eu decidi dar um passeio solitário pela cidade a procura de um bom Bar e de alguma presa fácil, afinal, eu ainda estava com muita sede. Sede de sangue! E viajar ao lado de uma humana, foi desafiante até pra mim mesmo. Eu consegui me controlar, porque cada vez que olhava para Sarah era como se tivesse olhando de novo para Gail e Zach. E me lembrar disso reacendia aquele sentimento de remorso. Eu sentia minha consciência pesar, então, eu sabia que o autocontrole perto da garota era extremamente importante. Por outro lado, existia também a possibilidade de Sarah ter voltada a usar verbena. Acredito que Stefan cuidou disso pessoalmente, afinal, a segurança dela era a sua prioridade.

Sendo assim, aproveitei meu tempo solitário num barzinho qualquer, bebi algumas doses de vinho tinto, pois a bebida adocicada aliviava um pouco a sede de sangue até que consegui um encontro com a minha primeira vítima do dia. Ela era ruiva de cabelos rebeldes e de grandes olhos cor de mel e possuía um sorriso bonito. Tinha 30 anos, seu nome era Sasha e ela estava se divorciando. Sasha era uma mulher um pouco rechonchuda, mas também, muito atraente e divertida, nós flertamos por alguns momentos até que resolvi matar a minha fome. A hipnotizei e a levei para o beco atrás do bar, onde me diverti por alguns minutos, bebendo seu sangue doce e fresco. Bebi o suficiente e a hipnotizei novamente para me encontrar aqui mais tarde.

Ao entardecer voltei para encontrar Sarah em sua Exposição de fotos. Ela era inteligente e tinha muito talento e carisma. Seu olhos negros brilhavam enquanto ela fazia a sua apresentação. Olhei de soslaio para a sua família adotiva, eles estavam do outro lado da galeria, no meio de outras pessoas que pararam para ver as várias fotos e pinturas. Sarah me apresentou eles rapidamente, ali estavam sua mãe com o irmão caçula de 10 anos e o padrasto. Seu pai não havia chegado para assisti-la, o que parecia por um instante, ter causado certo desapontamento na garota. Eu fui apresentado a sua família, como um colega de faculdade que veio acompanha-la na viaja pra que ela não pegasse a estrada sozinha. Era de certa forma uma mentira, mas que foi necessária, sem contar que agora pensando bem, não era legal deixar a garota pegar a estrada realmente sozinha.

Depois da apresentação acabamos numa lanchonete onde conversamos por uns instantes e foi bastante esclarecedor.

"Salvatore, de Mystic Falls? Que coincidência!" Exclamou animadamente a senhora Chloe. "Nós tivemos um amigo, que se chamava Giuseppe Salvatore. Ele também era de Mystic Falls. Talvez, você o conheça." Fiquei um tanto surpreso com essa informação até que me lembrei de toda a história de Stefan no período em que ele viveu na Caroline do Norte.

Então, tudo se encaixava. Depois dos acontecimentos de maio de 94, Stefan saiu de Mystic Falls e nós perdemos contato por um tempo até que alguns anos depois, eu descobri que meu irmão estava vivendo uma vida comum em uma cidadezinha na Carolina do Norte, onde ele deve ter usado o nome do nosso pai para sua nova identidade e ainda foi morar o mais próximo da família adotiva de Sarah e, portanto, podendo cuidar de cada passo da vida dela. Uau, meu irmão sabia como ninguém como fugir e recomeçar em outros lugares. E, sobretudo, como manter um segredo tão bem escondido por quase duas décadas inteiras.

Ah, se não fosse Enzo pra atrapalhar! Eu ri interiormente pensando nisso.

"Ah, sabe que lembrando de Giuseppe me fez pensar em Stefan." Sarah nos interrompeu parecendo bastante curiosa. "Stefan é o irmão caçula do Damon." Quando a garota falou em Stefan parecia que seus olhos até ! Eu conhecia aquele olhar.

Sarah estava se apaixonando pelo meu irmão idiota. Isso não ia dar certo. Eu deveria matar Stefan!

"Bem eu tive um tio chamado Giuseppe." Eu menti. "Ele morreu há algum tempo. E ele viveu uma temporada na Carolina do Norte."

"Nossa, sinto muito." Falava o padrasto de Sarah, cujo o nome eu nem me lembrava.

"Caramba, Giuseppe foi um grande amigo pra nós." Conforme a senhora falava mais, tudo fazia o completo sentido. A família Nelson perdeu o contato com Giuseppe (Stefan) em 2009 o período em que Stefan retornou para Mystic Falls e nós nos reencontramos e, assim, conhecemos Elena. O resto da história já foi contada.

Uma parte minha vendo Sarah ali com a sua mãe adotiva e, que apesar da ausência do seu pai, parecia ser uma família que funcionava bem juntos, isso me fez sentir um ciúme e até uma inveja tão grande. Eu até comecei a pensar em como seria a sua vida se Zach e Gail estivessem vivos. Será que haveria uma possibilidade deles terem continuado por perto, convivendo comigo e Stefan? Será que nossas vidas poderiam ter sido melhor? Será que Sarah estaria mais feliz com a sua família de sangue? Será que se eu não tivesse matado eles e deixado Stefan criar essa família perfeita sem mim, as coisas teriam funcionado? Provavelmente, a resposta teria sido, sim!

Sem mim tudo poderia ter sido melhor. E pensar sobre isso causou uma enorme melancolia e raiva dentro de mim. Isso me fez lembrar das minhas própria palavras amarguradas:

"Esse é o meu dom. Sempre destruir tudo. Principalmente, as coisas boas da minha vida."

Foi duro constatar que Stefan estava certo em manter Sarah longe de mim e de Mystic Falls, foi uma das melhores escolhas que ele poderia ter feito. Sarah longe de nós estava segura e viva. E foi só coloca-la perto demais do nosso mundo sobrenatural para a menina acabar com a vida em risco.

Novamente, os sentimentos voltaram a me sobrecarregar. Culpa, amargura, raiva, medo, magoa ou até mesmo orgulho e uma faísca de amor ainda pairavam sobre mim, me fazendo se sentir mais vulnerável. E eu não queria se sentir como um humano fraco.

Logo, decidi me despedir desajeitadamente de Sarah e de sua bela família e seguir meu rumo. Claro, que tive que prometer encontra-la amanhã para retornarmos juntos a Mystic Falls, mesmo que no fundo eu não queria voltar para lá.

 

 

Eu quero correr pra você

Eu quero correr pra você

Você não me segurará

em seus braços

e me manterá protegida

de dano?

Eu quero correr pra você

Mas se eu chegar pra você

Diga-me: você ficará

Ou você fugirá?

 

 

Após uma noite maluca de bebedeira e uma diversão rápida com a ruiva, eu já me sentia mais revigorado, bebi o suficiente de seu sangue e ainda salvei um casal de quase ser atacado por uma gangue de ladrões. A gangue claro se ferrou legal na minha mão, fiz um estrago pra que eles nunca mais se esquecessem de mim. E depois de bancar o vigilante da noite, segui novamente para o lugar onde havia combinado de encontrar com Sarah.

"Você está atrasado." A caloura foi reclamando enquanto me esperava encostada em seu Gol vermelho.

"Podemos ir." Eu disse sárcastico deixando ela irritada. "Eu dirijo!"

"É o meu carro! O MEU CARRO!" Ela enfatizava tentando tirar as chaves da minha mão. Ela também parecia possessiva por seu carro, assim como eu era com meu Camaro. Para convence-la eu havia trazido Doritos e uma lata de refrigerante. "Pra que isso?" Ela disse rindo.

"Pra você relaxar e aproveitar a viagem. Eu vou cuidar do seu carro, como eu cuido do meu." Eu dei o meu sorriso sedutor e pisquei pra ela.

"Ah, eu nunca abandonaria meu carro na beira da estrada." Ela me respondeu petulante. Nessa hora meu celular tocou e Sarah se aproveitou pra rouba-lo de mim.

"É Stefan!" Ela falou e logo já foi atendendo. Eu já tinha por várias vezes ignorado as chamadas tanto de Elena quanto de Stefan, mas hoje como me sentia mais bem humorado, não me importei com a garota falando com o outro vampiro. Na real eu queria ver a reação do meu irmão ao descobrir que sua preciosa Sarah, passou mais de 24 horas se divertindo comigo e que eu ainda conheci a família dela. "Ah, Stefan, relaxa! Damon é um pouco irritante sim, mas ele tem sido uma boa companhia. É bem melhor que viajar sozinha." Do outro lado da linha eu podia ouvir e até imaginar o rosnado e a carranca que se formou na face perfeitinha de Stefan.

"Stefan para de drama!" Interferi na ligação, deixando uma Sarah frustrada e um Stefan bufando. "Já que ligou... Preciso que você busque o meu carro." Ignorei os seus murmúrios e dei as coordenadas da onde ele iria achar o meu Camaro. "Nos vemos logo, brother." E desliguei o celular sem nem dar chance para meu irmão reclamar do outro lado da linha. "Então, vamos pra casa." Logo, pegamos a estrada e retornamos conversando e até cantarolando algumas músicas da rádio.

Foi confortável, divertido, assustadoramente percebi que até tínhamos hábitos em comum. E, assim como eu percebi que os olhos dela brilhavam quando citava o nome de Stefan, a garota também havia percebido que eu ficava mexido quando falava em Bonnie.

"Por que você fugiu?" Ela já estava me questionando sobre coisas que eu nem sei se estava pronto pra falar.

"Eu tive um desentendimento com Elena." Era uma meia verdade, já que a última vez que falei com a minha namorada, eu ainda estava remoendo aquelas memórias horríveis que a Barbie vampira havia me mostrado. Eu praticamente gritei com Elena e continuei ignorando todas as suas ligações.

"Por causa da Bonnie?" Sarah falava e meio mastigava seus Doritos, parecendo tão despreocupada.

"Garota, você é muito intrometida." Eu apertei o volante e emburrei, o que só fez ela rir de mim.

"Agora quem tá sendo dramático? Você vem falar sobre os meus sentimentos, mas não pode encarar os seus?" Olhei de canto pra ela que continuava tagarelando sobre como era óbvio que tinha algo acontecendo entre mim e aquela bruxa estúpida. "É você que começou com isso!" Ela parou de comer e fez beicinho.

"Só porque eu falei que seus olhos brilham por causa do meu irmão. E que ele é uma perca de tempo..."

"Como você pode saber se é uma perca de tempo? Eu realmente sou jovem e tenho todo o tempo do mundo pra descobrir se tenho alguma chance com o seu irmão. E se isso vai nos levar pra algum lugar." Ela era bastante confiante e, ao mesmo tempo, pé no chão. "Eu não tô falando que vou casar com o seu irmão. Mas, eu sinto algo muito forte por ele. Stefan é lindo e cativante e sei lá." Olhei pra ela e fiquei remoendo as suas palavras. "Eu sinto essa química forte entre nós dois, da mesma forma que eu vejo essa química forte entre você e Bonnie." Ela se reencostou no banco do passageiro e ficou observando a minha reação. E é óbvio que minha mente já estava reagindo as suas palavras.

"Você acha que é tão escancarado assim, essa química entre eu e a bruxa?" Que porra! Esqueci e sem querer chamei Bonnie de bruxa o que fez Sarah soltar uma gargalhada.

"Credo! Que modo mais engraçado e terrível de chamar a garota que você tem uma quedinha." Nós dois rimos.

"É que você não conhece a Bonnie. Ela muitas vezes é uma bruxa muito irritante."

"Mas, você a ama mesmo assim." Eu não ousei olhar pra Sarah com medo de que ela visse sob meus olhos, o quanto vulnerável me sentia com essa conversa.

"Ela na verdade me odeia." Dei um suspiro de desânimo.

"E o ódio ainda é um sentimento forte tanto quanto o amor. São dois opostos que andam lado a lado. E toda a boa história de amor, começa entre dois opostos que antes de se atraírem, se odeiam. Eles sempre se odeiam, até se renderem ao amor."

"Você realmente acredita em toda essa baboseira?" Arqueei as sobrancelhas descrente.

"Talvez, tudo o que disse seja bobagem. Mas, o que está escancarado na sua cara e no seu coração, é o que importa." Continuei ouvindo a garota do meu lado me sentindo até que nervoso e assustado pelas suas palavras. Ela até disse que na festa a fantasia de Withmore, Bonnie só levou Kai como seu par pra me causar ciúmes. É, claro que eu continuei lutando contra seus argumentos. "Eu acho que só vocês não vêem que o sentimento é recíproco. Ou, talvez, vocês tenham medo de admitir que estão apaixonados. Então, vocês vão continuar até fazendo coisas erradas pra tentar lutar contra esse sentimento. O que só vai ferir mais os dois." Houve um silêncio repentino enquanto eu ainda absorvia seus argumentos.

"Mas, nós temos Elena e tudo se torna complicado." Murmurei me sentindo exausto de novo.

"Então, eu acho que você tem que parar de fugir desses sentimentos, confrontar Elena e ser franco com ela." Engoli em seco pensando nisso. "Se eu fosse Elena era isso que eu iria querer."

Fiquei tão chocado por cada coisa que Sarah me disse. E fiquei tão encantado por essa menina que parecia entender tão bem a minha situação, como se ela fosse tão experiente. Como era fácil falar com ela. Como era tão observadora e, em tão pouco tempo, conseguiu decifrar os meus próprios sentimentos.

Era engraçado como Sarah chegou na minha vida, exatamente, no momento que eu mais precisava. E, além disso, Sarah estar viva era como um vislumbre de esperança. Talvez, até uma segunda chance para mim.

"Caramba! Você fez aula de psicologia?" Ela deu um riso bonitinho.

"E daí me sai bem?" Ela deu um sorriso torto e me deu um olhar arrogante.

"Eu acho que como psicóloga você é uma ótima fotógrafa." Escutei mais uma vez seu sorriso contagiante até que o carro voltou a cair num silêncio agora confortável.

Sarah acabou cochilando e eu novamente aumentei o som do rádio. E, para a minha surpresa, tocava uma música de Whitney Houston, que me fez retornar para Mystic Falls, pensando o tempo todo naquela bruxinha teimosa.

 

 

Cada dia, cada dia eu represento o papel

De alguém sempre em controle

Mas a noite eu chego em casa e giro a chave

Não há ninguém lá, ninguém se preocupa comigo

Oh qual a razão de dar duro para realizar seus sonhos

Sem alguém para

compartilhá-los

Diga-me o que isto significa

 

 

Bonnie

Eu pensava que sair do mundo Prisão era difícil e que quando saísse eu iria recomeçar de novo, gozar da minha liberdade, ser mais egoista e parar de me sacrificar tanto pelos outros. Eu havia decidido que quando voltasse pra casa eu iria pensar mais em mim, me colocar em primeiro lugar. Bem, de uma certa forma eu realmente estava sendo mais egoista, porém não me sentia livre ou seguindo em frente, pois no fim caí numa prisão pior de todas ao compactuar com o inimigo. Eu me iludi acreditando que ainda poderia sobreviver com os meus segredos e mentiras. Mas, a verdade era que eu estava desesperada por uma rota de fuga.

 

 

Eu quero correr pra você

Eu quero correr pra você

Você não me segurará

em seus braços

e me manterá protegida

de dano?

Eu quero correr pra você

Mas se eu chegar pra você

Diga-me: você ficará

Ou você fugirá?

 

 

Depois de toda a discussão com Damon, eu fui deixada sozinha para lidar com os meus próprios problemas. Eu chorei muito e até gritei. Minha única companhia foi meu pequeno ursinho de pelúcia, eu o abracei e continuei lá deitada na cama chorando pensando em tudo que havia acontecido. Queria muito que Lucy estivesse aqui, porém ela havia saído novamente da cidade e só voltaria na semana que vem. E eu ainda tinha que lidar com alguns problemas comuns como pagar as minhas contas e resolver meu problema com a Universidade de Withmore.

Hoje eu havia recebido uma notificação falando sobre eu ter que sair do dormitório já que não estava mais frequentando às aulas. Tudo bem, eu sabia que isso ia rolar mais cedo ou mais tarde e eu acabaria tendo que sair. Parando pra pensar sobre isso, talvez, eu deveria aceitar que estava mais do que na hora de sair. Mas, não apenas sair de Withmore, eu também deveria sair de Mystic Falls e quem sabe viajar o mundo com minha prima, ou ir morar com Abby. Eu acho que cheguei num ponto que não há nada aqui pra mim a não ser dor, culpa, raiva e muita magoa. Sem contar nas lembranças ruins que ainda me atormentavam.

De repente, meu celular toca e adivinha quem é? Nada mais nada menos que Kai Parker...

Merda! Eu não queria ver ou falar com ele. Eu o odiava e o culpava por tudo de ruim que estava acontecendo comigo. Foi tudo por culpa dele. Ele conseguiu ferrar com a minha vida. E agora eu nem sabia como me libertar disso.

Eu relutei em atender suas ligações, assim como ignorei as ligações dos outros, como Elena e Stefan por exemplo que ficaram me perturbando querendo saber sobre Damon. No entanto, eu consegui me livrar dos outros dois, mas Kai continuou com aquela persistência chata, cheguei a desligar meu celular, achando que conseguiria me livrar dele. Mero engano! Não sei como, mas Malachai tinha o número do meu telefone residencial e eu acabei atendendo sem saber que era ele.

Só assim mesmo pra mim acabar falando com aquele sociopata!

"Eu sei que você está infeliz. Eu posso ouvir a sua voz embargada. Você estava chorando não é."

"Por quê?! Você nem se importa."

"Me importo sim. Eu ainda me sinto culpado pelo que aconteceu." Depois do nosso último encontro, sei que Lucy tratou de despachar Kai para Portland. Gostaria que sua viagem fosse só de ida sem volta. "Eu nunca quis te machucar."

"Sério? Como você não quis me machucar, mas entrou numa briga com Damon sabendo da nossa ligação? Sabendo que cada golpe dele eu poderia sentir em meu corpo?" Eu esbravejava, ouvindo ele soltar uma bufada frustrado do outro lado da linha. "Eu quase morri, por sua causa!"

"Eu sei. E eu me senti horrível por isso." Suas desculpas não valiam nada pra mim porque no fundo eu sei que ele queria algo. Kai era egoísta, obcecado e estava fazendo tudo só por seu próprio interesse. Os meus reais sentimentos sei que não importavam pra ele.

"O que você quer de mim?" Esperei a sua resposta demorada.

"Uma chance de consertar as coisas."

"Como você poderá consertar toda essa bagunça? E porque eu confiaria em você?" Eu estava esgotada de lutar.

"Apenas, venha para Portland." Na hora fiquei chocada. "Venha conhecer o meu Clã. Aqui você terá a chance de conhecer um pouco de suas magias. Você nunca teve a chance de conviver com o seu próprio grupo sobrenatural." Suas palavras eram bem sedutoras. "Você não precisará ter medo... a Liv e o Luke vão estar aqui e vão trazer Tyler, um rosto amigo pra você. Vem passar o fim de semana aqui. Prometo que vai valer a pena." Kai era persuasivo, houve uma parte minha que ficou, não apenas surpresa com o convite, como também, ficou curiosa com a ideia de realmente ver de perto quem eram essas pessoas e como funcionava a sua família bizarra. Eu quis saber quem eram o misterioso Clã que prendeu Kai naquele mundo prisão.

Inesperadamente, eu acabei decidindo ir para Portland, mesmo que por dentro eu estava apavorada. Havia um pressentimento estranho e nada bom, ainda sim decidi arriscar. Por sorte eu não estaria sozinha. Luke, Liv e Tyler acabaram vindo me buscar e, juntos, pegamos o próximo vôo para Oregon.

"Você realmente está pronta pra fazer isso?" Luke me perguntava, enquanto sentávamos nas nossas respectivas poltronas. Tyler e Liv se sentaram há duas poltronas na nossa frente.

"Eu sei lá. Mas, talvez seja legal conhecer outros bruxos. E respirar novos ares." Nos sentamos lado a lado e trocamos um olhar tenso.

"Não há nada tão incrível lá, pra você Bonnie." Engoli em seco ouvindo ele falar aquilo. "Mas, por outro lado, talvez... Quem sabe você possa causar uma grande mudança naquele lugar."

"Por que diz isso?" Eu estava desconfiada.

"É só que... Você é diferente. É forte, determinada. Tem esse fogo dentro de si. E você também parece que tem um efeito enorme em Kai."

"Isso é bom ou ruim?"

"Eu acho que você é incrível Bonnie. Sério. Eu até acho que você tem um bom efeito em meu irmão. Você é tudo o que Kai não é. E ele tem medo disso." Olhei para Luke e percebi sua convicção sobre Kai o que me deixou sem reação. "Você gosta dele?" Desviei meus olhos para a janela do avião percebendo que já estávamos sobrevoando o céu sobre as nuvens.

"E você gosta dele?" Também perguntei curiosa fazendo ele rir.

"Eu não tenho escolha, ele é parte da família. E família a gente não escolhe. Assim como não escolhemos quem amar." Sua resposta era bem honesta e me fez simpatizar muito com seus argumentos. "Mas, se eu pudesse escolher, com certeza eu não seria um Parker e nem faria parte do Clã Gemini...

"E Liv?"

"Ah, Liv seria a única coisa que manteria em minha vida. Ela é como a minha outra metade." Senti uma inveja exatamente porque sou filha única. Sempre senti a falta de um irmão mais velho pra cuidar de mim ou um irmão mais novo pra que eu mimasse, embora Caroline e Elena já foram duas garotas que eu via como parte da minha família. Minhas irmãos de coração, mas agora parece que nossa relação nem existe mais.

"Agora é a sua vez! Você gosta do Kai?"

"Mesmo que eu pudesse gostar dele, eu acho que não mudaria nada entre nós." Resolvi responder com toda a franqueza. "Kai não acredita no amor. E ele nunca vai acreditar." Essa era a pura verdade. Kai via no amor um meio de fraqueza e era por isso que ele fazia de tudo pra apenas me manter sob seu controle, como se eu fosse um objeto nas suas mãos. "Eu também não sou atraída por psicopatas." Falei sarcástica.

"Eu entendo. E, então, porque está indo para Portland?" Sentia que sua voz havia um desespero sutil e isso me preocupou.

"Por que você está tão preocupado?"

"Eu acho que isso será um erro. E se eu fosse você, eu fugiria enquanto ainda posso." Eu senti medo, mas era tarde demais pra voltar atrás.

Eu sou Bonnie Bennett, a bruxa da cidade que já havia enfrentado até mesmo um original. Não vou deixar que Kai domine as minhas inseguranças, ou controle a minha vida.

Logo, eu iria descobrir que nunca deveria ter ido para Oregon...

 

 

Não vá

Eu preciso de você aqui

Eu preciso de você para secar minhas lágrimas

Para beijar meus medos

Não se você soubesse como eu quero correr pra você

Sim saber que eu quero correr pra você

 

 

Durante a viagem acabei pegando no sono. E sonhei que eu estava parada na porta da mansão Salvatore.

Eu me sentia hesitante, então, olhei para o céu que possuía uma enorme lua cheia e havia algo a mais lá... Talvez, algo sombrio. Um presságio que as coisas poderiam se tornar ainda mais perigosas. Fiquei ali parada, sem noção de tempo até que tomei coragem para entrar.

A mansão ainda possuía os mesmos móveis de 94 e também possuía o cheiro dele, uma mistura de couro, Bourbon, panquecas e aquele cheiro doce, sedutor que era exclusivamente dele. Eu até podia ouvir a voz dele cantarolando a sua música favorita dos anos 90. Fechei os olhos apreciando a familiaridade daquele momento, mas quando reabri os olhos acabei me deparando com um rosto de traços delicados, uma cabeleira loira e uma voz cheia de malícia.

"Caroline, o que você faz aqui?" Ela possuía uma postura intimidadora, me olhando com aqueles seus grandes olhos azuis, como se tivesse tentando decifrar os meus segredos mais profundos.

"Eu descobri as suas mentiras. Você mentiu Bonnie e agora está sofrendo por isso." Senti meu coração falhar uma batida.

"E o que isso tem a ver com esse lugar. Por que o mundo prisão?! E o que isso tem a ver com você?" Ela sorriu com tranquilidade.

"Por que foi aqui que tudo começou! E eu sou apenas a sua consciência tentando lhe guiar." Caroline como minha consciência era muito inusitado, mesmo assim, deixei que ela me guiasse.

Eu comecei novamente a observar todo lugar até que decidi ir até a cozinha, mas paralisei no corredor vendo Damon e uma versão de mim mesma lá com ele, perdidos em seu próprio mundo, com suas picuinhas e fazendo as suas panquecas bobas.

"Você sente falta disso não é." Fiquei pensando sobre isso e o sentimento era assustador, porém percebi que realmente eu sentia falta daqueles pequenos momentos. Caroline parou ao meu lado também observando aqueles dois indivíduos teimosos.

"Sim. Talvez, eu sinta falta." Era tão inusitado assistir a mim mesmo, como se eu fosse uma telespectadora.

"Quem poderia imaginar você e Damon..." Houve uma pausa entre nós. E o silêncio foi dominado, pelos risos descontraídos e genuínos dos dois principais personagens do meu sonho, nesse caso, Damon e Eu mesma.

Olhando por fora, parecia que eu e Damon éramos como um casal de velhos com suas manias.

Subitamente, o cenário mudou e nós acabamos na sala onde a minha outra versão se sentava ao lado de Damon e nós dois assistimos mais uma vez O Guarda Costas. Ao ver aquela cena meu coração se apertou. Eu podia sentir a forte quimica que pairava sobre eles. Até que a cena novamente mudou e nós estávamos agora na cripta Salvatore, sob um eclipse solar.

"Sei que há um bilhão de pessoas com quem você gostaria de estar."

"Não exatamente." Então, nós sorrimos um pro outro, cheio de esperança e alegria por estar voltando juntos pra casa, até que uma flecha quase certeira me impedisse.

Voltei a enfrentar aquela cena perturbadora. Lá estava Kai e Damon lutando entre si, enquanto eu sangrava no chão da cripta sabendo que eu tinha que tomar uma decisão rápida. O ascendente está ali tão perto de mim, mas ao mesmo tempo tão longe.

"E se você tivesse que escolher entre eles?" Eu olhei para Damon e Kai e meu coração se apertava e minha mente virava um nó. "Você tem dois caminhos, mas apenas uma escolha."

"Damon!" Minha mente já gritava automaticamente, sabendo que eu tinha que deixa-lo ir e meu coração se quebrou.

"Então, você faria qualquer coisa por Damon? Qualquer coisa mesmo?!" A voz de Caroline continuava ecoando sobre mim. "Que dizer... até onde você iria por ele?" Então, Damon foi engolido por aquela luz forte e me deixou ali sozinha a mercê de Kai.

"Por que está fazendo isso comigo?" Eu saí daquela ilusão e encarei Caroline.

"Por que você precisa aprender..." A loira parecia etérea, tinha uma face angelical, mas sua áurea era sombria.

"Aprender o quê?!" Eu comecei a gritar desesperada.

"Que quando extremos opostos se colidem. Acontece o caos na terra." Sua voz foi ficando mais fraca, enquanto a loira ia se afastando lentamente de mim. "E nada será como antes." Eu comecei a correr atrás dela, tentando não perde-la de vista, até que ela sumiu e eu fui puxada de volta pra realidade...

 

 

Você não me segurará

em seus braços

e me manterá protegida

de dano?

Eu quero correr pra você

Mas se eu chegar pra você

Diga-me: você ficará

Ou você fugirá?

 

 

"Ei, você está bem?" Despertei assustada e um pouco tonta e encarei os olhos azuis de Luke. "Nós chegamos... Seja bem-vinda a Portland, Bonnie!" E, assim, desembarcamos em Portland, Oregon. Já pressentindo que depois dessa viagem, assim como no meu sonho, nada, jamais será como antes.

 

{Continua...}

 


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam dos momentos entre Damon e Sarah? E o que será que vai rolar com a chegada de Bon Bon no Clã Gemini? Só posso dizer que haverá treta e uma grande revelação um tanto assustadora para a bruxa, que vai ter um confronto muito intenso com nosso sociopata preferido. Até o próximo capítulo!



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