Lost in Paradise escrita por Drylaine


Capítulo 23
Deixe o tempo cicatrizar...




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Bonnie

Quando dei por mim já estávamos desembarcando de volta na nossa cidade natal. Tyler dormiu a viagem inteira e só foi me questionar no dia seguinte, quando chegamos em minha casa.

"Como isso foi acontecer Bonnie?"

"Nem eu sei." Tyler parou pra me ajudar com as malas, enquanto eu tentava pensar em como fazer ele confiar em mim e não contar a ninguém o que havia acontecido em Portland.

"E o que você pensa em fazer?"

"Eu já disse que não sei!" Falei rispidamente. Nessa hora Tyler me puxou de frente pra ele me encarando.

"Bonnie, você não pode casar com aquele cara. Você provavelmente nem gosta dele!"

"E se eu gostasse. Isso seria tão horrível pra vocês?"

"Você está me perguntando, porque está temendo a reação dos outros?"

"Eu acho que agora já não faz diferença." Eu disse desviando o olhar.

"Faz toda a diferença. Pode não parecer, mas todo mundo vai pirar. E..."

"Então, você vai fechar a boca e não vai falar nada. Nem pra Elena e nem pra mais ninguém." Afinal, Elena não conseguiria me ajudar. Ela iria é me atrapalhar mais. E se ela souber... logo, Stefan e Damon saberiam e tudo só iria ferrar mais com a minha vida.

"Você está com medo dele?" Tyler começou a andar de um lado para o outro, parecendo muito nervoso. "Ele te ameaçou não é?"

"Não te interessa!" Gritei de raiva. Não queria Tyler pra se meter na minha vida. "Nós nunca nem fomos amigos." Éramos próximos por causa de Caroline e Jeremy.

"Mentira! Eu sei que não somos tão próximos como a Elena, Carol ou Matt. Mas, eu te conheço desde criança. Desde o jardim de infância."

Eu não estava pronta para aguentar mais um pouco de carga emocional, mas Tyler não quis facilitar. Ele começou a falar sobre nossa infância até a nossa relação estranha com o sobrenatural. E como eu morri pelo menos três vezes e retornei mais forte. Ou em como eu salvei sua vida tantas vezes. E que portanto, isso já era o suficiente pra ele se sentir responsável por mim, ou se intrometer na minha vida.

"Somos dois seres sobrenaturais, lutando pra manter algum controle sobre as nossas vidas. E, talvez, sozinhos... nós não iremos conseguir vencer essa batalha." Suas palavras agora já não faziam diferença e sua boa intenção não iria me salvar dessa confusão toda. Na verdade nossa conversa era pura perca de tempo.

Nesse intervalo, meu celular tocou. Havia uma mensagem que Kai havia me mandado me deixando ainda mais em pânico:

 

"Vá até o porta malas da sua BMW. Tem uma surpresa pra você lá." Fiquei arrepiada ao ler aquilo.

 

"Bonnie, o que foi?" Ignorei Tyler e segui pra fora da casa aonde eu deixava estacionado meu carro que, há semanas, eu nem estava usando. Ao abrir o porta malas, me deparo assustadoramente com Lucy. Por um instante, eu entrei em pânico achando que ela estava morta.

"Tylerrrr!" Eu gritei tremendo de pânico. Lucy estava amarrada, suja e inconsciente, mas estava viva. Tyler assim me ajudou a tirar minha prima dali e carrega-la para dentro. Eu usei um pouco de álcool num pano pra tentar acorda-la. Lucy despertou completamente desnorteada e aterrorizada. Eu nem precisaria perguntar quem fez isso com ela.

Aquele cenário bizarro parecia um déjà vu, com a diferença que no lugar de Lucy, era eu presa no mundo prisão, sendo amarrada e dopada e depois jogada no porta malas do Camaro do Damon. Essas lembranças só me atormentavam mais. Kai estava ali pra me fazer relembrar meus próprios traumas, enquanto me mostrava o quanto ele poderia machucar as pessoas que eu amava. A verdade que aquilo era apenas mais um aviso bizarro de Malachai Parker.

Agora o jogo havia se tornado muito mais perigoso e fatal. E se eu não jogar conforme às suas regras, Kai irá se vingar de uma forma ainda mais cruel.

"Lhe darei uma semana pra você se preparar. E lembre-se: a vida deles está em suas mãos. Um passo em falso e eu vou destruí-los." As palavras de Kai voltaram a me aterrorizar. Eu sabia que ele cumpriria com essa ameaça.

Ajudei Lucy a tirar aquela roupa suja e deixei ela pra tomar um banho quente. Enquanto ela tomava seu banho no banheiro do meu quarto, desci até a sala para encontrar com Tyler parado na frente da lareira. Ele estava com celular na mão, prestes a ligar pra alguém.

"O que você tá fazendo?" Tyler se virou pra mim segurando o celular. "Desliga esse celular, por favor!" Eu podia ouvir uma voz ainda que baixinho, chamando Tyler pelo outro lado da linha. "Tyler, desliga, agora!" Eu supliquei desesperada ganhando seu olhar reprovador.

"Oi Stefan, depois a gente se fala!" Relutante ele desligou seu celular decidido a me ouvir.

"Tudo bem, Bonnie. Mas, você não pode enfrentar isso sozinha."

"Olha Tyler, você sentiu como se tivesse à um passo da morte. Você viu o que Kai pode fazer." Eu disse olhando transtornada para um Tyler que tinha um olhar sombrio.

"Ele quem fez isso com a sua prima né. Agora você vai ceder à ele por medo?"

"Não. Não é por medo. É pra proteger vocês." Era a mais pura verdade. "Tyler você me disse que somos dois seres sobrenaturais lutando pra manter o controle sobre as nossas vidas." Inegavelmente, nós temos isso em comum: Tyler lutava contra a raiva constantemente, com medo de perder o controle e matar alguém, assim reativando a maldição do lobisomem. E eu lutava também contra essa magia sombria que me mantive presa à Kai. "Tyler nós dois somos como uma bomba relógio, que a qualquer momento pode explodir. E se explodirmos, qualquer um que tiver ao nosso redor vai se ferir ou até mesmo morrer. Você consegue entender o que eu quero dizer?" Tyler deu um suspiro cansado e desviou o olhar pensativo.

"Eu penso nisso todos os dias, sobre essa coisa de lobisomem, que vai me perseguir até o fim da minha vida. Eu tenho medo que um dia não conseguirei mais lutar contra a minha própria natureza..."

"Então, você sabe que se voltar a ser lobisomem, você terá que se isolar de todos. Você terá que se afastar de Liv e dos outros pra tentar protege-los." Agora seus olhos eram inquisitivos e duros. Eu sabia que cada frase que saiu dos meus lábios havia lhe abalado. "Tyler eu estou numa situação parecida com a sua. Agora por favor, esquece sobre essa ligação. Esquece sobre Portland e vai viver a sua vida. Eu posso cuidar de mim mesma!" Nessa hora ouvi Lucy descer as escadas e parar no último degrau nos olhando.

"Tudo bem. Seu segredo está guardado comigo. Não vou falar nada." Tyler se aproximou de mim, ainda meio tenso. "Mas, tenha cuidado. Se precisar de ajuda, eu ainda vou estar aqui. Eu te desejo uma boa sorte. Acho que você vai precisar." Ele me deu um beijo na testa e se despediu educadamente de Lucy.

 

 

***/ /***

Lucy ainda estava muito desorientada só se lembrou que antes de alguém ter a capturado, ela havia estado por último com Kai em Portland (dois dias antes da minha viagem para lá). Eles tiveram uma discussão depois que minha prima descobriu todo a história por trás da ligação de sangue dos Gemini. Ela até tentou me avisar, infelizmente, alguém a pegou e depois ela já não lembrava de mais nada. Tudo levava a crer que Kai quis tirar Lucy da jogada. Pra que ela não atrapalhasse seus planos.

Agora o que também me perturbava a mente, era a possibilidade que minha avó Sheila já soubesse sobre esse tipo de ligação. E por esse motivo, ela sei lá, poderia ter feito algum trato com Kai ou com Joshua, até mesmo antes deu nascer.

Enfim, quando eu morri e fui parar em 94, Vovó me garantiu que ela havia cuidado pra que eu não fosse destruída junto com o Outro Lado. Antes, eu pensava que a solução para me salvar de cair no esquecimento, era ter ido parar no Mundo Prisão, pois lá existia o ascendente, afinal, essa pequena engrenagem era a chave para nos tirar daquele inferno e nos mandar de volta pra casa. Mas, agora após descobrir que essa ligação praticamente me torna uma Parker, meus pensamentos sobre Sheila começaram a mudar. E agora passei a questionar tudo. Já não sei mais no que acreditar. Só sei que quando estive no meio do Clã Gemini, percebi que todos, até mesmo Kai, parecia ter muito respeito e admiração por Sheila Bennett. Era um tipo de admiração que me deixou encucada. E durante minha discussão com Joshua ele deixou pairar no ar que Sheila sempre honrava suas promessas, isso me deixou tão apreensiva. A partir disso, passei a duvidar de tudo e a desconfiar até mesmo da minha própria avó. E isso era terrível.

"Bonnie eu acho isso muito doentio. Sabe, eu não conhecia muita a Sheila, mas tudo o que ouço falar dela é que era uma mulher forte e honesta. Sei que ela amava você. E que ela te criou como uma filha. Eu não acho que ela mentiria pra você, Bonnie."

"Eu quero acreditar que Sheila é inocente nessa história. Quero acreditar que ela nunca me forçaria a esse tipo de coisa."

"Nós não estamos mais na época em que as famílias faziam casamentos arranjados. Isso é tão brega e ridículo."

"Mas, o Clã Gemini ainda mantêm esse tipo de tradição e pior ainda..." Eu dizia ao lembrar de toda essa história de ligação de sangue. "É uma tradição passada há várias gerações." Sei que tradições existem para que a história de gerações inteiras não se percam com o tempo. Eu até poderia entender tudo isso, se eu não tivesse sendo forçada a casar com Kai e ter que seguir regras tão autoritárias e cruéis.

Enfim, eu já estava presa à Kai, então, não precisava agora dessa merda de oficializar com um casamento.

Se um dia já sonhei com um casamento, ou em formar uma família... A minha própria família, com certeza seria com o cara que eu amava e que me amasse de volta e não com alguém como Kai. Eu precisava de alguém que pudesse me fazer se sentir segura e amada. Alguém que pudesse me lembrar que essa obscuridade que estava dominando cada célula do meu corpo, não me pertencia.

"Bonnie, precisamos fazer alguma coisa?" Lucy falou me tirando desses pensamentos tortuosos. Ela se sentou ao meu lado no sofá e pegou a minha mão, tentando me dar algum apoio.

"Eu não sei. Não há muito o que fazer." Eu disse olhando para o crepitar do fogo que vinha da lareira, aquecendo a casa. Me sentia desanimada e sem nenhuma expectativa.

Kai continuou me manipulando, jogando com os meus sentimentos e usando-os contra mim. Desde o começo ele me usou para chegar aos seus objetivos. Malachai me manipulou tão bem, que quando retornei eu estava tão cega pra me vingar dos meus amigos, que não percebi como aquele sociopata foi me afastando cada vez mais de cada um deles. E quanto mais eu tentava me vingar deles, mais Kai foi ganhando força sobre mim. Eu praticamente dei total poder para que ele me controlasse.

"Kai me deu uma semana, Lucy. Uma semana pra retornar a Portland."

"Em uma semana, tudo pode mudar." Lucy se levantou e mudou sua postura para uma postura mais esperançosa. "Vamos fugir!"

"O quê?" Inquiri boquiaberta.

"Vamos fugir! Podemos ir pra qualquer lugar longe disso tudo." Sua animação voltou com toda a força. Ela estava me dando uma saída. Porém, essa saída poderia ser bem perigosa. "E enquanto fugimos, podemos descobrir um meio de quebrar seu vínculo com Kai." Caramba! Isso era tentador demais. Contudo, eu estava morrendo de medo. Não por mim, mas pelos os outros.

"Eu não sei Lucy." Me levantei e comecei a andar de um lado para o outro nervosa, com o coração batendo de ansiedade e angústia. "Eu nunca gostei de fugir das minhas obrigações."

"E qual outra opção você teria?" Engoli em seco pensando nisso.

"Bom eu poderia morrer e tudo estaria resolvido." Falei irritada, deixando minha prima com uma expressão frustrada. "Com a minha morte, essa ligação acabaria e todo mundo estaria livre de Kai."

"Pensa bem Bonnie... Você quer proteger seus amigos. E quer se livrar de Kai..." Ela se aproximou de mim e colocou suas mãos em meus ombros me obrigando a olhar pra ela. "Você pode fazer as duas coisas, sem precisar se sacrificar por ninguém. Sem precisar destruir a sua vida."

Depois de toda essa conversa, fiquei pensando em quais eram as minhas opções. Ou cedia aos desejos daquele Clã e voltava para Portland, preparada pra casar com Kai. Ou eu poderia sim fugir e, com isso, ganhar algum tempo. Essa era, talvez, a minha única chance. Eu necessitava de uma escapatória, então, decidi me apegar a qualquer pedaço de esperança. Ou melhor, decidi me deixar se levar por Lucy e sua determinação em me salvar das minhas escolhas estúpidas.

Portanto, eu tinha uma semana pra planejar tudo. Antes de fugir eu teria que agir o mais natural possível diante de todos, até mesmo daquele sociopata. Porque mesmo de longe, tenho certeza que ele estaria vigiando meus passos. Então, agora era hora de ser a mais cautelosa possível.

Tenho que fazer o tempo ficar a meu favor...

 

 

 

 

Damon

Vamos recapitular, meus últimos dias...

Então, após o meu confronto horrível com a bruxa Bennett, eu sai de Mystic Falls, tendo inesperadamente, a companhia graciosa de Sarah. E, durante a minha ausência, a Mansão Salvatore continuou muito agitada, pois a vampira loira acabou religando a sua humanidade e decidiu fugir, pra tentar esquecer as merdas que fez enquanto esteve sem humanidade. Agora ninguém sabia aonde ela estava, o que resultou num Stefan possesso, que enfurecido acabou me atacando, sem que eu tivesse a chance de revidar. E meu irmão na raiva acabou falando demais, me colocando numa situação complicada e constrangedora diante de meu amigo Ric e... Elena.

E agora todos sabem sobre Sarah Nelson, que ela é uma Salvatore como eu e Stefan. Que dizer... menos a garota. Sarah ainda é alheia a sua história real o que é bom, pelo menos por enquanto.

No entanto, voltando a Elena e Ric, eu acabei sendo forçado a abrir o jogo sobre Maio de 1994 e toda a consequência dessa data em minha vida até hoje. É obvio, que com toda a verdade horrível sendo revelada, Ric e Elena me olharam numa mistura de perplexidade e decepção, principalmente, vindos de Elena. Embora meu amigo Ric tenha demonstrado, com muita ironia e desprezo, o quanto eu era um verme incorrigivel e saiu da mansão sem nem me dar a chance de me explicar.

Apesar disso, eu enfrentei os meus erros e ali na frente de Stefan e Elena, eu decidi admitir que por mais que o tempo passe, meu passado obscuro não dava pra ser apagado. Não importa pra onde eu fosse, meu passado sempre iria me condenar. E, talvez, isso prove que eu era uma alma sem salvação que acabaria por arrastar todos eles comigo.

Eu era um vampiro com uma história cheia de obscuridades que me atormentavam.

"Essa é uma verdade dura e real! Somos vampiros... Seres das trevas que acham que podem fugir dos nossos instintos mais selvagens e sombrios." O que me fez pensar na Barbie vampira e em como seus últimos atos, irão lhe atormentar, mesmo com sua humanidade restaurada.

Olhei novamente para Stefan e Elena e percebi que eu não era o único vilão aqui, que mantinha segredos ou que estava preso em mentiras. Ambos, eram grandes hipócritas que gostavam de me julgar tão facilmente. Stefan não era o bom moço dessa história, assim como eu, o outro vampiro também tinha um passado obscuro, cheio de violência, mortes e, também, de várias mentiras.

"Quanto tempo você acha que vai conseguir continuar mentindo pra Sarah? Manipulando a vida dela. Fingindo ser um amigo da família, ou um vizinho, ou um colega de escola?" Eu disse apertando os punhos. "Tantas mentiras um dia acabam sendo reveladas. Como agora!" Stefan desviou os seus olhos covardemente, me fazendo soltar um grunhido sarcástico. "Você nem percebe que essa garota está se apaixonando por um cara que não é real." Seus olhos se escureceram parecendo perturbados com as minhas últimas palavras.

"Para! Isso é loucura da sua cabeça." Sua expressão tornou-se sombria e sua postura era dura e feroz, tentando me intimidar.

"Não, não é." Elena interferiu reforçando aquilo que estava escancarado, mas só Stefan não via ou fingia não ver. "Sarah tem algum interesse em você. No início eu achava que vocês dois, poderiam até..." Elena parou e vi que ela engoliu em seco nervosa. "Mas, agora sabendo a verdade... Isso tudo seria um absurdo!"

"Sarah me disse Stefan. Ela está gostando de você. Afinal, você faz bem esse personagem... o cara legal, gentil, o bom moço que garotas românticas sonham em ter." Ele me olhou agora parecendo assustado. Eu poderia dizer que ele estava lutando internamente. "Você pode até tentar me afastar dela, achando que isso será suficiente pra mantê-la segura. Mas, a questão é..." Decidi me aproximar dele, segurando seus ombros e o fazendo confrontar os meus olhos. "Seria Eu uma ameaça para Sarah? Ou seria Você e toda essa paixão proibida?" Deixei meu irmão largado sozinho na sala, para confrontar seus próprios pensamentos e subi para meu quarto sabendo que Elena me seguia logo atrás.

 

 

 

***/ /***

"Afinal, quem é você de verdade Damon?" E, então, eu acabei sendo deixado para enfrentar Elena. Naquele instante, odiei tanto Stefan. "Por que eu pensava que você tivesse mudado. Que aquelas lembranças ruins que ficaram na minha mente sobre um vampiro sádico e assassino, não era o Damon por quem me apaixonei." Sua voz era afiada, cheia de acusações, que me deixaram sem respostas. "Você continua mentindo. Me escondendo segredos... Um segredo tão podre como esse!" Ela cuspiu as últimas palavras com puro desdém.

Olhei para aquela garota me sentindo com muita vergonha, mas ao mesmo tempo, era como se revelar toda essa verdade me tirasse um peso das costas. E enfrentar Elena agora não parecia ser mais tão difícil. Acho que já estava mais do que na hora de sermos francos sobre tudo, não apenas sobre meus próprios erros.

"Eu me arrependo amargamente daquele dia. Até hoje eu guardo remorso pelo que fiz com Gail." Eu disse ainda me afogando em Bourbon.

Então, eu pensei em Bonnie e suas palavras sobre culpa, perdão e esperança, o que me fez perceber que ter voltado pra casa, após sobreviver ao mundo prisão, talvez, não fosse por acaso. Assim como Sarah ter sobrevivido e acabado de novo aqui em Mystic Falls onde tudo começou. Talvez, fosse coisa do destino...

"Mas, olhar para Sarah agora tem sido um lembrete que, apenas talvez... ainda há esperança!" E eu decidi me atrever a olhar para aquela garota que costumava ser tão importante pra mim. Em seus olhos castanhos havia confusão e incertezas. "Eu já cometi muitos erros. Já fiz muita merda. Mas, eu decidi que eu preciso enterrar de vez o meu passado. E não vou mais cometer os mesmos erros." Elena suspirou e se sentou na cama parecendo cabisbaixa.

"Engraçado... por que eu acho que já ouvi isso?" Arquei as sobrancelhas, esperando que ela estivesse sendo irônica, porém sua expressão demonstrava dúvidas.

"Você tem razão. Isso deve lhe parecer familiar." Ignorei a sua presença e comecei a tirar a minha jaqueta e camisa, ficando apenas com a calça jeans e me dirigi para o banheiro. Elena decidiu me seguir e parou na entrada da porta. "Eu já te prometi isso tantas vezes. Mas, falhei em todas elas." Esperei ver a reação de minha namorada me vendo ali tão transparente. "Você parece confusa, meu amor." Ironizei provocando sua carranca enquanto me aproximava dela e prendia seu corpo entre mim e a pia do banheiro. "O que você não pode se lembrar é que houve tantas brigas nossas. Todas elas eram resolvidas com o sexo. E nada mais importava!" Sussurrei com acidez, segurando ela friamente em minhas mãos.

"Para!" Seu corpo ficou rígido e tenso. Ela se afastou de mim com raiva. "O que você quer dizer com isso? Que eu simplesmente te perdôo fácil?! Basta um sorrisinho sedutor, ou beijos e carícias e promessas vazias. É isso?" Paramos pra nos olhar em silêncio por um minuto.

"Exatamente." Tudo era apenas um teste, para mostrar pra aquela vampira que eu poderia continuar fazendo um monte de merda e ela simplesmente perdoaria, porque sei lá... Viviamos dentro de uma bolha egoísta. E agora essa bolha estava mais do que na hora de estourar e se acabar. "Sempre funcionamos assim. Mas, parece que você esqueceu." Eu ri sarcasticamente, vendo ela semicerrar os dentes. "É duro perceber que somos tóxicos. Dois seres egoístas, movidos pela luxúria." Elena me deu um empurrão furiosa, tentando se livrar de mim. "Aonde você vai?" A vampira bem que tentou fugir, mas como um borrão eu apareci na sua frente a impedindo de fugir do quarto.

"Eu vou embora! Seus castanhos pareciam bem vulneráveis, tanto que ela tratou de desviar o olhar parecendo hesitante. "Eu acho que precisamos de um longo tempo pra repensar a nossa relação." E desviou de mim pronta pra sair do quarto.

"Você acha que temos algo pra repensar?" Eu gargalhei arrogantemente vendo Elena paralisar segurando o trinco da porta. "Eu acho que tá mais que na cara que somos uma grande ilusão. Uma farsa!" Ela tomou coragem e voltou a me olhar.

"Era uma farsa quando você dizia que me amava?!" Ela fraziu a testa e parecia decepcionada. "Eu estava bem sem você. Mas, então, você retornou pra minha vida e bagunçou tudo."

"E a culpa sempre é do Damon!" Eu lhe dei as costas e comecei a caminhar pra dentro do banheiro de novo.

"Não!" Houve uma breve pausa até que ouvi seus passos me seguirem. "Eu sinto muito Damon. Eu não quis dizer isso."

"Você tem razão. Eu nunca deveria ter retornado do mundo prisão. Eu sei que ferrei com a gente de novo. Você merecia seguir em frente e ser feliz." Então, eu senti ela se aproximar de mim e me abraçar por trás. Senti até seus lábios gélidos beijarem o meio das minhas costas nuas, como um pedido de desculpas me fazendo desconfortável. "Por que está fazendo isso de novo Elena?" Eu disse me desvencilhando de seu toque.

"Por que eu te amo!" Ela bem que tentou de novo me abraçar, só que eu recuei, mantendo uma distância fria entre nós. "Como você mesmo disse sobre seus erros, tudo é parte do seu passado. E o seu passado não tem que definir quem você é hoje." Havia esperança e compreensão em suas palavras, mas pra mim eram inválidas.

"Você está com medo de admitir que nossa relação já acabou." Decidi parar de fugir e tive uma conversa dura e direta com a garota que costumava ser a dona do meu coração. "Acabou quando eu fui preso naquele universo retrô. Nossa relação acabou quando você deletou uma por uma das nossas boas lembranças de amor." Agora ela fechou os olhos apertando-os dolorosamente. "Depois disso tudo, o que temos entre nós é pura ilusão." Nos olhamos cheios de ressentimentos. "Você decidiu seguir em frente e esquecer de mim e eu nunca confiaria em você pra dividir um segredo como Sarah." E, assim, dei o meu golpe final.

"Você nunca me diria sobre Sarah?" Ela possuía um olhar aflito, meio perturbado. "Você não confia em mim?!" Sua voz estava alterada e ela assumiu uma postura tão indignada.

"A verdade é que depois de ficar quatro meses presos no mundo prisão, eu aprendi que uma relação real, tem que existir confiança, respeito e cumplicidade. Algo que nós dois já não temos, ou talvez, nunca tivemos." Sei que minhas palavras soavam cruéis, mas Elena queria a verdade.

"E você aprendeu isso com Bonnie?!" Fiquei sem reação, surpreendido por sua pergunta súbita. "Aposto que você não hesitou em confiar seu segredo sujo a Bonnie." Elena estava transtornada, cheia de amargura, tentando distribuir sua fúria até por quem nem estava presente pra se defender. "Todas aquelas insinuações da Caroline, significavam algo não é. Ela tinha razão... Eu sou um fardo entre você e Bonnie." Sua voz foi falhando, ela estava sofrendo, insegura sobre tudo.

"Elena, esqueça a Bonnie! Ela não tem culpa da nossa relação fracassar. Isso é sobre eu e você." Tentei manter a calma.

"O que mais vocês vem escondendo de mim?" Engoli em seco. Por fora tentei manter uma expressão imperturbável, só que por dentro eu estava fervendo. "O que aconteceu entre vocês dois lá, naquela droga de mundo prisão?!" Ela estava desesperada, seus olhos castanhos transmitiam tanta dor. Agora voltei a me sentir tão culpado.

Eu realmente era um babaca! Era tão simples sair machucando todo mundo ao meu redor. Tinha um tempo que eu sentia prazer em causar a dor alheia. Só que agora eu me sentia extremamente miserável. Eu tinha que colocar um ponto final em toda essa discussão.

"Como você mesmo disse..." Me aproximei da garota e segurei o seu rosto entre minhas mãos, da forma mais terna possível. "Precisamos de um tempo pra repensar a nossa relação. Agora minhas prioridades são outras."

"E eu não faço mais parte das suas prioridades." Ela afirmou com amargura.

"Até agora tudo o que tenho feito está dando errado. Eu tenho tentado ser o melhor amigo leal, o irmão mais velho responsável e o namorado apaixonado. Mas, até agora..." Fiz uma pausa reflexiva, desejando que ela pudesse entender meu ponto de vista e o quanto sincero eu estava sendo. "Até agora eu não sei quem eu realmente sou por mim mesmo."

Mesmo quando eu era humano, eu tentava cumprir com as expectativas de meu pai, mas eu nunca era bom o suficiente para Giuseppe. E agora refletindo sobre isso, hoje percebi que tudo o que tenho feito é por desejar ser aceito e amado. Já fiz isso tantas vezes e falhei. Eu necessito descobrir que eu posso ser alguém melhor... Não por Giuseppe, Elena ou Stefan, ou por qualquer outra pessoa. Eu preciso ser alguém melhor por mim.

"Eu preciso descobrir quem eu sou sem você, Elena. Eu preciso seguir os meus próprios passos, assim como você, precisa tomar as rédeas da sua vida sem depender de mim e de ninguém." Nos olhamos silenciosamente e, como uma pequena despedida, beijei a sua testa demoradamente. Elena tomando uma postura mais cheia de orgulho foi embora, me deixando sozinho para confrontar os meus próprios pensamentos.

Eu aproveitei para me trancar no banheiro e tomar um banho frio e muito demorado. E, dessa vez, decidi aproveitar esse tempo, pra me dar uma pausa muito necessária, sem cobranças ou responsabilidades.

Eu desejava desesperadamente que o tempo pudesse curar todas as nossas feridas.

 

 

{Continua...}


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo teremos um confronto entre Bonnie e Elena muito legal. E alguém vai fugir de Mystic Falls e deixar uma carta perdida pra trás. Nessa fic tudo pode acontecer até o final kkkk. Então, até o próximo capítulo!!!



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