Ralph seguiu para a Praia do Vórtice, pensando em tudo o que acontecera há pouco tempo. E imaginara o que acontecera a seguir. Com aquele rumo, talvez mais alguma coisa ruim pudesse acontecer. Mesmo o caminho até a praia fosse longo, o loiro chegou lá perto da tarde, onde o pôr-do-sol alcançava o seu auge. As asas de Ralph eram certamente muito pequenas comparadas a de um anjo normal, mas ele conseguira suprimir essa diferença por ter melhorado seus poderes angelicais, permitindo uma rápida viagem sem contratempos nem paradas para descansar.

O loiro pousou na areia da praia. Naquela hora da tarde, a areia estava com uma coloração laranja claro, por causa do pôr-do-sol, e um pouco mais à frente estava o vórtice, com sua estrutura púrpura, invisível aos mundanos. Mas ao perceber, havia alguma coisa errada ali.

O Vórtice parecia parado.

Era estranho. Isso só podia ser obra de algum demônio, ou mais precisamente, um anjo caído. Será que Kimeron fizera isso para não deixar Ralph fugir até os Sete Céus? Não. Aquilo estava fora de cogitação. Havia apenas um anjo caído que sabia da localização do vórtice, e ele era, como dizer, um que Ralph ainda não havia derrotado.

– Slam. – Murmurou o loiro.

O anjo caído apareceu atrás de um rochedo.

– Então você finalmente mostrou as caras. – Provocou o garoto. – Seu covarde.

–Vejo que venceu Kimeron, você é uma caixinha de surpresas. – Expressou o anjo caído.

– Poupe-me dos seus elogios. – Retrucou Ralph. – Qual era a relação dele com vocês?

– Isso é algo que você não precisa saber. – Devolveu Slam, indiferente.

– Bem, tinha que tentar. Meu interesse na verdade é terminar aquela luta que você fez o favor de fugir.

– Temo que ainda terei que adiar essa luta. – Expressou Slam. – Tenho ainda muitas coisas a fazer...

–... Antes que morra, né? – Provocou o loiro. – É isso o que merece por me trazer tantos problemas.

– Não devia se superestimar, garoto. – Alertou o anjo caído. – Você ainda não viu o meu verdadeiro poder.

– E você não deveria me subestimar, Slam. – Expressou o loiro. – Vou acabar com você assim como os seus parceiros.

– Porque você se acha tão forte? – Questionou o anjo caído. – Ser egoísta não é uma personalidade de um anjo, mas de um mundano. Acha que um mundano pode contra mim?

Ralph soltou uma risada de ironia.

– Eu me acho forte. Eu sempre serei forte. – O loiro pousou a mão em seu peito. – São minhas convicções, minha determinação e minha vontade de proteger a quem são importantes que me dão força. Eu não luto por mim, mas por eles. Eu me acho forte por eles.

– Acredito que nossa real batalha será emocionante. – Murmurou Slam.

– Eu já disse que quero cobrar isso agora! – O loiro estava indignado. – Você não vai escapar!

– Sim. Eu vou. – Retrucou o anjo caído. – Meu trabalho aqui está completo.

– Mas o quê...

– Está vendo ali? – Slam apontou para o vórtice parado. – Fui eu que fiz aquilo. Agora você não poderá ir para os Sete Céus e nem os seus amigos.

– Seu maldito! – Berrou Ralph, avançando contra o anjo caído.

Slam tentou escapar, mas o loiro criou uma ventania que levantou a areia do local, atrapalhando a visão do anjo caído. E o que permitiu para o garoto loiro acertar um Whirlwind em Slam. O anjo caído foi jogado contra a areia da praia.

– Droga! – Reclamou Slam.

– Se quer que viva até o nosso próximo encontro, desfaça essa barreira! – Alertou Ralph, furioso.

– Ou o quê?! – Os braços de Slam esquentaram. – Vai me matar?!

O anjo caído criou uma explosão, levantando muita fumaça no local. Mas o loiro não iria ele escapar tão facilmente. Ele abriu as asas e sobrevoou a área onde a fumaça se espalhava, e de cima, o loiro avistou o anjo caído, que também o viu e o ameaçou com um punho de explosão.

Ralph quis contra-atacar com um Destruction Whirlwind. Os dois golpes se chocaram um com o outro. E um embate de força entre faíscas vermelhas e calor de explosão havia começado. O loiro havia se aproximado o suficiente para ver que Slam carregava alguma coisa em um dos bolsos de sua jaqueta de couro preto, uma das características do Quarteto Sombrio.

O garoto loiro logo percebeu que aquilo poderia ser o responsável pela barreira do vórtice. E se impulsionou contra a jaqueta de Slam. As faíscas vermelhas chamuscaram a jaqueta do anjo caído e em segundos destruiu a peça que criara a barreira.

– Não! – Gritou Slam.

– Bingo! – Comemorou Ralph.

Mas os dois golpes se colidiram ainda mais. E os dois anjos se distanciaram um do outro sendo jogados para lados diferentes. Ralph parou bem em frente ao vórtice, que, como a barreira havia sido destruída, voltara ao normal. O anjo se levantou e avistou Slam se distanciando ruidosamente.

– Guarde minhas palavras, Ralph! – Alertou Slam, furioso. – Seus amigos pagaram por você!

E o anjo caído sumira de repente.

– Saco! Ele me acertou em cheio! – Reclamava o loiro. O ataque do inimigo acertara na coluna, e ele estava com dificuldades de se mover. – Preciso me apressar!

O loiro atravessou o vórtice. E desmaiara ao ver a rotação da estrutura púrpura do portal.