Já era de manhã. Os raios de sol trespassavam a janela aberta, e a brisa da manhã entrava na sala. Isabelle despertara um pouco tonta. Ela não sabia como havia chegado ali, apenas de ter saído do trabalho, ela deduzira que viera do trabalho e se deitara. Mas no sofá? O que pode ter acontecido para ela estar tão cansada noite passada?

Ela se tirou a coberta e se levantou do sofá e se espreguiçou. Ia em direção do banheiro quando percebeu que ela não estava sozinha na sala. Ralph estava dormindo no outro sofá, de bruços. Ralph já voltou? Pensara Isabelle. Porque ele está ali?

Isabelle pegou a sua coberta e colocou sobre Ralph, que dormia serenamente. Ela percebeu que acordara cedo demais, ninguém ainda havia acordado. Ela se dirigiu ao banheiro, que ficava no segundo andar, subindo as escadas com cuidado para que elas não rangessem muito.

Ela se deparou com Mariah no corredor.

– Oh, bom dia. – Saudou Mariah, ainda um pouco sonolenta.

– Bom dia. – Respondeu Isabelle. – Sabe porque eu dormi no sofá ontem à noite? E quando Ralph chegou?

Mariah demorou um pouco para perceber que Isabelle perdera a memória.

– Ah! Eu... Você chegou cansada ontem e se jogou no sofá. – Mentiu Mariah.

– Eu não me lembro de estar tão cansada ontem. – Expressou Isabelle. – Na verdade, não me lembro de muita coisa.

– Que coisa, não? – Mariah deixava a desejar.

– Bom... – Isabelle resolveu mudar de assunto. – Porque o Ralph também dormiu lá embaixo?

– O Ralph dormiu no sofá também?! – Mariah questionou um pouco confusa. – Mas ele não... Ele não subiu...

– Será que dá pra você calar a boca? – Race abriu a porta do seu quarto, estava mal-humorado, com as pálpebras dos olhos quase fechando de sono. – Eu tô tentando dormir!

– Cala boca, sua preguiça! – Retrucou Mariah, era incrível ela conseguir reclamar logo de manhã sem nem tomar café ainda.

– Mariah, acalme-se. – Nesse também saíra do seu quarto. – Ainda é de manhã.

– Eu nunca achei que anjos do fogo seriam tão pavio-curtos. – Comentou Race. – Você é nervosa demais!

– O quê?! – Mariah começava a ficar irritada, seu corpo expelia fumaça.

– Não, Mariah! – Nesse entrara em pânico. – Aqui, não!

A sorte era que Isabelle não vira nada porque ela havia entrado no banheiro. Ela saiu do banheiro e se surpreendeu com a nuvem de fumaça que se encontrava ali.

– Céus, o que houve aqui? Um incêndio?

– Q – Quase! – Nesse segurava Mariah.

A expressão na cara de Race era de estupefato, sua cara estava coberta de fuligem, e estava caído no chão. Mariah olhou irritada para ele, mas depois que viu a sua cara de bobo, ela começou a dar risada.

– Ele... Mexeu com fogo e... Queimou a sua cara! – Mariah não parava de dar altas risadas, era incrível.

– Como você pode rir de uma coisa dessas? – Questionou Nesse, largando Mariah. – Às vezes você me assusta.

– Não diga isso. Vamos descer. – Mariah deu uma espreguiçada e acompanhou Nesse na descida das escadas. – Como foi bom dar uma desestressada de manhã!

Race se levantou e foi para o banheiro. Sua cara ainda era de espanto.

– Eu nunca mais vou fazer isso com ela... Nunca mais vou fazer isso com ninguém...

Isabelle desceu as escadas e encontrou Ralph acordado e sentado no sofá.

– Ralph! – Ela o abraçou fortemente.

– B – Bom dia! – Ralph respondeu ainda sendo abraçado por Isabelle.

– Quando você chegou ontem?

– Bem... – Ralph pensou em uma boa resposta. – Eu cheguei ontem um pouco depois que você chegou do seu trabalho. – Ele mentiu. – Mas você estava dormindo, então eu não quis acordá-la.

– Porque eu não me lembro de nada?

– Isso não importa! – Ralph tentou sair daquele assunto. Ele puxou o braço de Isabelle, seguindo para a cozinha. – Vamos comer.

Todos tomaram o café da manhã. Race pedira desculpas para Mariah. Alies comentava durante a refeição das mancadas que ele fazia, o que o deixava um pouco constrangido. Ralph gostara dos seus novos amigos. Quando foi depois do almoço, a campainha toca. Mariah se oferece para atender.

– Eu já estou indo! – Ela abriu a porta e ficou feliz com a visita. – Não acredito! Já chegaram!

– O quê? – Ralph imaginou que seriam os novos integrantes do grupo. Mas quando percebeu, só estava ele e Isabelle na mesa do almoço. O resto dos anjos se aglomeraram na porta, e ele não conseguia ver nada.

– Gente! Eu também quero vê-los! – Ralph expulsa todo mundo com uma ventania, e todos foram para o lado de fora da casa.

O Mestre pensava com ele mesmo em seu Campo de Projeção, quando Dr. Kima apareceu.

– E então?

– Baruna e os dois Zanathus estão sendo punidos nesse exato instante. – Explicou Dr. Kima, seguindo as orden que O Mestre dera.

– Ótimo. O que fará agora que o seu plano não deu certo?

– Sendo sincero. Eu fiquei de olhos arregalados quando soube que Ralph estava tão forte para deter dois Zanathus. – Expressou Dr. Kima. – Mas eu já tenho algo em mente.

– Espero que tenha mesmo. – Alertou O Mestre. – Porque tolerar agora não irei mais.

Todos os anjos olharam assustados para Ralph. Porque ele fizera aquilo?

– Ralph, seu doido! – Mariah tirava o cabelo da cara. – Quer nos matar de susto?!

– Opa. Desculpe. – Ralph observava todos com um senso de culpa. – Mas eu só queria ver os novos companheiros!

– Bom, agora pode. – Nesse e os demais se levantaram. – Quero que conheça Belfrior e Gigan.

Belfrior era um Serafim também. E ele era loiro igual a Aries, também tendo o cabelo longo, se distinguia apenas a sua personalidade.

– É um prazer conhecer o novo capitão. – Saudou Belfrior, com uma voz e tom elegantes

Gigan era um Querubim. E ele ainda era maior que Race. Diferente dele, Gigan tinha mais personalidade de guerreiro, e isso ele não escondia por trás de rosto nenhum.

– Você é Ralph, não é? É um prazer te conhecer também. – Gigan estendeu a sua mão e Ralph o saudou também. Todos entraram novamente na casa.

– Eu peço desculpas. – Lamentou o garoto loiro com o que fizera. – Só fiquei empolgado para conhecer os novos companheiros.

– Isso prova o quanto é atencioso, capitão. – Gigan expressou de uma forma que acalmou Ralph. – Devia sentir orgulho disso.

– Bem, vamos ao que interessa. – Comentou Belfrior, saindo do assunto. – Capitão, viemos aqui entregar o relatório de nossa missão prévia.

– Certo. Pode falar.

– Demoramos mais que o imprevisto pois tivemos que apagar todas as memórias dos cidadãos da cidade sobre o ocorrido. Gabriel não poderia deixar uma informação dessas se espalhar.

– Por culpa de um alguém irresponsável! – Mariah descarregara tudo no garoto, mas ele já não sentia tanta culpa quanto antes.

– Mas isso não é tudo. – Continuou Belfrior. – Temo que haja outra coisa que eu tenha que dizer. E é muito importante.

Ralph se virou para o Serafim. Queria saber o que os dois novos companheiros tinham para dizer. E ele tinha um mal pressentimento disso.