– Isabelle, cuidado! – Aries puxara a garota quando a explosão de fogo e trovão se aproximara das duas. Ela não teve tempo de contra-atacar, não com Isabelle ali, que antes vira o seu poder angelical. Aqueles dois demônios eram diferentes de simples raptores.

– Esses dois... São Flano e Thurno. Ambos Zanathus. Ishins Caídos. – Esclareceu Aries, mas para si mesma. – Isso não é bom!

– Seus imbecis! – Baruna, o raptor maior entre os três, havia socado na cabeça dos dois Zanathus. – Deviam ter acertado as duas!

– C – Chefe. – Flano foi o que se manifestou. – A garota pode ter escapado por alguns centímetros, mas quem está com ela é o me parece ser uma Serafim.

– Isso não é desculpa! – Baruna mantinha seu tom de ameaça. – Ataquem de novo, e não errem dessa vez!

– Droga! Temos que sair daqui! – Alies se levantara rapidamente e tentava ajudar Isabelle. – Ei! Temos que...

A Serafim se interrompeu quando percebeu que Isabelle fora atingida pela explosão dos Zanathus e havia desmaiado. Ela tinha várias queimaduras pelo corpo. Aries sentiu uma onda de pânico.

No beco, os dois Querubins ainda batalhavam. Boris havia conseguido fazer um imenso corte com o seu chicote de ossos no braço de Race, que ofegava pela emoção da batalha.

– Hunf. Mais alguns cortes disso daqui e você vai morrer. – Ameaçou Boris, levantando o seu chicote de ossos. – Deveria correr, Querubim.

– Fugir de uma batalha não é o meu forte. – Os Querubins nunca fogem de uma batalha. Para eles, morrer em batalha é uma honra que se cumpre ao seu código de conduta. – Mas quem é que vai correr com o rabo entre as pernas aqui é você!

– Ora, seu... – Boris se irritou e atacou com o seu chicote. – Vou fazê-lo engolir cada palavra!

– Não, meu caro. – Race desviava de mais um combo de golpes do chicote de Boris. – Quem falou isso... Fui eu!

Race se aproximou o suficiente de Boris quando ele tentou decapitar a cabeça dele e lhe acertou uma rasteira. O inimigo escorregou e caiu no chão, mas logo se reergueu novamente. Mas antes de perceber a tempo, o Querubim atacou atrás dele, dando um meia lua com a sua espada de baixo para cima ele cortou a sua mão que segurava o chicote. Boris berrou de dor com a perda da mão.

– Seu maldito! – Boris tentou correr para o outro lado do beco.

– Não disse? Eu sou demais! – Race agiu como uma pantera e socou o tórax de Boris sem ele conseguir reagir. Ele o reergueu e o segurou no ar com uma das suas mãos em seu pescoço. Boris arfava de cansaço e de não conseguir respirar. – E essa é a melhor parte.

– N – Não! Pare. – Boris ofegava ainda mais. – Eu vou embora! Você nunca vai me ver!

– Bom, é sempre assim. – O Querubim o ergueu um pouco mais. – Mas adivinha: a única verdade que você disse é que eu nunca mais vou te ver mesmo!

– P – Por favor!

– Isso foi por ter xingado o meu comandante! – Race o jogou no ar apenas com a mão que o sustentara pelo pescoço, ainda no ar, ele citava o orgulho dele por trabalhar com Gabriel. – Ele é um dos melhores arcanjos que eu conheço! E não merece ser insultado por uma escória como você que caiu do paraíso! - Com um movimento da sua espada, Race acertou o peito de Boris, o lado onde o coração de Boris estava. O corpo dele caiu imóvel no chão, sem vida. Boris estava morto.

– Serviço de anjo completo. – Comentou o Querubim, olhando para o defunto corpo de Boris. – Hora de ir.

Aries ainda estava tentando pensar em alguma coisa quando os dois Zanathus atacaram novamente. A mesma explosão de fogo misturado com raios veio em direção das duas, a Serafim se concentrou em paralisar a técnica, mas antes da técnica dos Zanathus se aproximasse delas, um tufão de vento ficou no caminho. O golpe de vento se confrontou com a explosão demoníaca, se cessando um possível ataque mortal.

Quem criara aquele tufão que salvara Aries e Isabelle? O anjo que estava dentro do tufão se mostrou, com seus cabelos loiros espetados e sua expressão inabalável. Ele chegara na hora certa! Pensara a Serafim. Era o seu novo capitão, Ralph!

– Droga! Nos atrasamos demais! – Baruna se lamentou.

– Isso é mal, chefe... – Os dois Zanathus começaram a querer recuar, mas o raptor grandão os impediu.

– Nada disso. Não quero ter que lidar com o chefão! – Baruna apontou para o anjo que impedira o ataque. – Ataquem ele!

Mas antes dos dois Zanathus prepararem o seu golpe mortal, Ralph foi mais rápido. Ele fez uma meia lua no ar e atacou com rajadas de vento, que acertou os três demônios, que caíram atordoados.

– D – Droga! Retirada! – Baruna se levantava e corria para escapar. – Retirada!

– Chefe! Espera a gente! – Os dois Zanathus seguiram o chefe raptor. E logo eles sumiram.

Ralph se virou para Aries.

– Você deve ser Ralph. Nosso novo capitão. – Ela falava para Ralph, que assentiu. – Obrigada por nos salvar.

– Não foi nada... – Ralph olhou para Isabelle e rapidamente ficou com cara de pânico. – O quê?! O que aconteceu?!

– Foi o ataque dos demônios... – A Serafim explicava ofegando. – Eles conseguiram acertar a Isabelle. Me desculpe. A culpa foi minha, se você não tivesse chegado...

– Acalme-se. – Ralph colocou a sua mão no ombro da nova companheira. – Não foi a sua culpa. Eles foram os responsáveis. Obrigado por ajudar no que puder. – Ralph confortou Alies com um sorriso sincero.

– Capitão... – Aries se emocionara. – Nunca conheci um capitão assim.

– Apenas me chame de Ralph. – Disse Ralph um pouco constrangido. – Eu ainda não me acostumei de ser chamado de capitão. – Ele se lembrara do que Fariel havia lhe dito sobre como Ralph era um prodígio. – Agora, nós temos que curá-la o mais rápido possível.

– Espere. Eu vim com um parceiro... – Aries foi interrompida por uma voz que vinha logo atrás.

– Ei! Eu cheguei! O que eu perdi? – Race corria ofegando por carregar a sua grande espada.

– O que você perdeu? – Ela ficou nervosa. – Eu quase fui queimada por dois demônios e você estava brincando com o outro inimigo.

– Acalme-se. – Ralph confortava a Serafim. – Eu consegui chegar aqui a tempo de impedir que o pior pudesse acontecer. Está tudo bem agora.

– Puxa! Você é demais! – Race ficou surpreso. – Não me diga que você é o nosso capitão?

– É. Ele é sim. – Aries respondeu com um tom de alívio. – E ele é um dos bons.

– Você deve ser bem forte, capitão! – Continuou o Querubim, como se ele fosse um fã de Ralph.

– Não precisa me chamar de capitão...

– Esquece. Vamos indo. – Aries prosseguia pela rua.

Race se ofereceu para levar Isabelle no colo, mas Ralph o deteve.

– Deixe comigo, ela é uma amiga minha.

– Tudo bem.

Ralph pegou Isabelle gentilmente em seus braços. Ela ainda estava desmaiada, e seu cabelo escorregava para o rosto. Ralph endireitou os seus cabelos para trás das orelhas dela, e pôde contemplar o seu rosto, apesar das queimaduras que tinha sobre os braços. Eu consegui! Ralph comemorava para si. Eu pude te salvar do pior, pelo menos.

Os três anjos seguiram rapidamente pela rua abaixo, que os levaria em poucos minutos para o esconderijo.