Ralph atravessou o cruzamento com rapidez, com pressa em chegar a casa. Ele sabia que sua mãe estava trabalhando, mas era nesses casos que sua mãe lhe dera a sua própria chave. Ele virou a esquina correndo e chegou à porta de casa, abriu as portas e cruzou a sala.

– Mariah! Nesse! Cadê vocês?!

Os dois apareceram assustados da escada que levava ao quarto de Ralph. Ambos carregavam mochilas.

– Nossa! Que barulho! Eu quase caí da escada. – Mariah tinha um tom de que parecia estar dando uma bronca em Ralph.

– Que bom que você já se recuperou, Ralph. = Nesse o fitava com um sorriso calmo no rosto.

– Espera aonde vocês vão? – Ralph percebera que eles estavam prontos para saírem dali.

– Ai, ai. Quantas vezes eu tenho que dizer? – Mariah bufava com Ralph. – Nós falhamos em nossa missão e temos que retornar aos Sete Céus!

– Não! Não podem ir agora. Por favor. – Ralph ficara desesperado. – Eu me lembrei do que aconteceu dias atrás!

– Tá, e daí? – Mariah não se mostrava convencida. – Isso ainda não nos impede de ir.

– Mas é essa a questão. Eu preciso treinar mais. – Ralph ainda demonstrava desespero na sua voz. – Senão... Eu posso me transformar naquela coisa de novo.

Os dois anjos mal tiraram as suas bagagens e já levaram Ralph para uma área afastada. No final este lugar fora uma floresta que era liberada para passeios. Mas tinha áreas restritas para passeios escolares ou expedições.

– Pois bem. – Comunicou-se Mariah. – Acho que posso melhorar algumas coisas...

– Obrigado. – Ralph estava mais relaxado por ficar mais um tempo com os dois.

– Vamos começar com as suas aulas de vôo. – Sugeriu Nesse. – Acredito que é o pior das suas habilidades.

– Boa idéia. Acredito mesmo que preciso melhorar essa técnica. – Ralph se relembrou de quando tentou escapar de Slace pelo plano astral e acabara sofrendo ainda mais. Ainda estava com o longo arranhão de Slace em seu braço, mas ele já havia parado de doer.

Os três passaram a tarde ali naquela parte da floresta. E Ralph conseguiu aprender mais maneiras de como sobrevoar com mais rapidez. O seu maior problema era conseguir manobrar as suas asas de seguirem para os lados, ou ganhar altitude. Mas algo havia chamado a atenção de Nesse.

– Ei, Ralph. Suas asas são pequenas!

– Como assim, “pequenas”?

– Eu não havia percebido antes. Mas suas asas são menores que as nossas. – Nesse ainda verificava asas de Ralph para ver se não estava errado.

– Oras, por que será que eu tenho asas pequenas, então?

– Isso é muito estranho. – Comentou Mariah.

Mas esse “pequeno” detalhe não deixou de atrapalhar Ralph. Ele aprendia a manobrar as asas com mais facilidade depois de treinar mais vezes. E até conseguiu vencer os dois anjos em algumas corridas. Era legal passar um tempo com ele, pensava Ralph. Ele se divertia muito e ainda aprendia.

Além de aprender técnicas de vôo, Ralph também aprendeu a usar mais o seu Whirlwind, ele já não tinha mais tanta dificuldade em moldá-lo no braço e aprendeu a controlar mais o vento. Eles treinaram combates e tentativas de acerto à longa distância também estavam inclusos. Mariah se sentiu mais segura ao ver que Ralph havia se fortalecido mais. Quando o pôr-do-sol apareceu os três acharam melhor retornarem para a casa de Ralph.

– Ei, não tem problema? – Ralph estava preocupado.

– Relaxa. Ainda não recebemos o chamado de Gabriel. – Confortou Mariah. – Só estávamos nos adiantando.

– Adiantando? – Ralph não conseguia acreditar nas palavras dela. – Fala isso porque não gosta de mim ou odeia despedidas?

– Segunda Opção! – Mariah acenou para Ralph, que começou a rir.

Os três já estavam quase saindo da floresta quando uma árvore lançada quase os acerta. Surpresos, eles olharam para trás para ver quem era. Um homem é que havia lançado a árvore. Era careca igual a Kleber, mas sua cabeça tinha várias feridas marcadas, e o que mais lhe chamava atenção era o tapa-olho no canto direito esquerdo do rosto. Ele se vestia igual aos outros dois, jaqueta de couro preto, calça jeans e botas de couro.

– O que é isso?! – Ralph odiava aqueles caras. – Um mal já morreu e já vem outro?!

– Não vim aqui para te matar. – Slam tinha uma voz grossa e assustadoramente calma. – Só vim aqui te testar.

– Testar? Vem com essa! – Ralph já estava indo em direção ao inimigo. – Vocês não me enganam com os seus jogos!

– Ralph! Espere! – Nesse seguiu alguns passos do amigo.

– Não machucarei nenhum dos três. – Slam continuava. – Apenas quero testá-lo.

– Para quê? Mandar um relatório pro bonito que está mandando vocês? – Mariah era sarcástica. – Não mesmo.

– Deixe, Mariah. – Ralph disse decidido. – Eu aceito.

– Espera! O quê?! – Mariah ficou surpresa.

– Não faça isso! – Alertava Nesse.

– Vou mostrá-lo o quanto posso ser capaz. – Ralph falava direta e objetivamente. – Não posso fugir de uma luta assim.

– Como assim? Se for fugir pela própria, sim!

– Eu não vou fugir! – Ralph olhou ameaçadoramente contra Slam. – Eu vou enfrentar meus inimigos de frente!

– Deveriam aprender algo com o seu amigo. – Comentava Slam. – Ele não é fugir dos seus medos.

– Era só o que faltava! – Mariah estava nervosa e irônica. – Até o inimigo está dando lição de moral!

– Fazer o quê, né? – Nesse soava desistindo de querer continuar aquela conversa sem sentido. – Você é teimoso, Ralph. Só não cometa nenhuma besteira.

– Pode deixar, Nesse! – Ralph olhou para Nesse com um sorriso no rosto. – Deixa comigo!