A situação estava resolvida. Ralph e os outros caminharam em direção ao carro arrastando as motos. Áries estava repousando no banco de trás agora. A expressão de Race estava séria.

— Bom trabalho. – Disse Ralph.

— Capitão, eu tenho um pedido a fazer... – Expressou Race. – Quero ir no seu lugar com eles, por favor.

— Bom isso era algo que eu queria falar, mas se é assim, está resolvido. – Disse o loiro. – O carro tá meio detonado, mas deve dar para continuar a investigação.

— Acredito que não teremos mais problemas a seguir. – Disse Belfrior.

— A partir de agora, o resto fica por conta de vocês. Assim que confirmarem o local e o que estão fazendo, retornem para o esconderijo. Nem pensem em irem atrás da gente. – Instruiu Ralph.

— Pode deixar. – Concordou Race, agora aliviado e descontraído.

                                                     ***

A estrada se dividiu em duas direções logo depois, e então foi que eles se separaram. Mas não demorou muito para que Ralph, Nesse e Mariah encontrassem suas direções.

— Agora, boa sorte para vocês. – Disse Ralph. Ele percebeu que os dois estavam imersos em seus pensamentos, mas logo prestaram atenção no que ele havia dito.

— Ah, pode deixar. P – Parece que você vai para o terceiro alvo, então. – Murmurou Nesse.

— Acho que as coisas ficarão tensas de agora em diante. – Expressou Mariah, mas ela estava olhando para outra direção, como se ela falasse mais para si mesma. – O que irá acontecer depois, hein?

— Não sei. – Ralph achou que Mariah só estava tensa. – De qualquer forma, eu sinto que haverá mudanças significativas.

Mariah virou para ele.

— Você acha? – Sua expressão era de pura dúvida. Ralph não soube como reagir.

— A – Acho que sim, ué.

— Hora de nos separarmos. – Nesse avistou a estrada.

Os três cruzaram seus caminhos, cada um seguindo a sua rota. Ralph ainda ficara espantado com a expressão de Mariah, ela parecia ainda mais insegura que Nesse. Afinal, ele só estava abalado por causa dela. Mas agora, ele não poderia mais pensar naquilo. O foco de agora seria encontrar o irmão de Jack, e se livrar dele. Pensar que ele teria que matar um familiar dos seus companheiros o incomodava, mas eles vinham em primeiro lugar. Ele não podia hesitar. Ele não devia mais.

Mariah avançava ainda mais.

— Agora... Você não vai fugir. – No rosto da ruiva, a pura marcação do ódio estava em seus olhos.

                                                    ***

A cidade de onde o terceiro alvo estava não estava muito longe. E em pouco menos de duas horas o loiro havia chegado. Mas a questão é que... Não havia ninguém! A cidade estava completamente vazia. As ruas desertas, as casas silenciosas, nenhuma movimentação.

— O que está acontecendo? – Murmurou. Ele deu voltas aleatórias pela cidade, e por onde ia não encontrava uma pessoa sequer. Quando ele decidiu estacionar a moto e liberar suas asas, ele ouviu vozes. Rapidamente, ele se escondeu em um beco. Os passos se aproximavam cada vez mais, até que ele conseguiu entender os que as vozes diziam.

— Droga, nos atrasamos! O anfitrião já deve ter começado a assembléia! – As vozes era de duas pessoas, que andavam acompanhadas, suas vestes eram similares  as das freiras, porém estas eram de cor azul cobalto. Ralph não ligou muito para o que elas estavam dizendo, até...

— Será que terá lugares para nós? A cidade inteira está lá!

Ralph saiu do beco, e as duas pessoas já tinham ido, até que ele percebeu que vinha um cara desacompanhado atrás, e como o cara não notou, foi fácil deixá-lo a nocaute. O loiro guardou o manto negro e vestiu a túnica azul, ela vinha com um capuz, portanto ficaria melhor para cobrir sua aparência.

Ele seguiu a direção de onde os outros foram, e logo encontrou o que procurava. Toda a cidade estava reunida em um grande depósito, como se algo grande fosse ocorrer por lá. O loiro se misturou ao aglomerado de pessoas e tentou se aproximar o máximo que podia do centro do depósito. Ele não poderia se desmaterializar por ali ter uma grande quantidade de pessoas, isso se o tecido da realidade estivesse em condições normais. O fato de Race ter sido descoberto no pedágio fora por causa disso. Apesar do galpão do depósito ser imenso, estava muito lotado. E no canto dele havia uma grande plataforma, na qual todos olhavam receosos por algo, ou alguém. Era o que Ralph apostava. Não duraram dois minutos e todas as pessoas começaram a gritar quando um encapuzado surgiu no meio da plataforma.

— Olá, meus companheiros! – O encapuzado levantou sua voz. Ralph notou algo estranho naquele cara. - Hoje, eu lhes prometi que revelaria um imenso milagre que só os anjos me concederam! – O cara não aparentava ser velho, pelo tamanho, o loiro calculou que ele tivesse a mesma idade, mas ter um discurso daqueles... – Eu concederei a todos vocês, crentes, a vida eterna! Todos os pedidos de vocês serão atendidos!

— Mas o que está acontecendo aqui?! – Murmurou o loiro.

— Agora, fechem os seus olhos! Foquem sua fé em minhas palavras! Eu lhes concederei todos os seus desejos! – O cara encapuzado ainda estava com suas mãos levantadas. A multidão fez o que ele havia mandado, e todos exceto Ralph estavam com os olhos fechados, mas somente o loiro percebeu que de repente o ar começou a gelar, e segundos depois, o depósito se transformou num refrigerador gigante! Ralph conseguiu escapar se desmaterializando, evitando o contato com o golpe frio.

Agora, o cara encapuzado ria freneticamente.

— QUE BANDO DE IDIOTAS! SÓ SERVEM PARA VIRAREM COMIDA PRA RAPTORES! – Berrou o cara, gargalhando a vontade. Ralph se mesclou com a multidão novamente, ainda portando a túnica azul, ele agora se movia cautelosamente para se aproximar da plataforma.

— Hum... Mas parece que alguém escapou, não é? – Expressou o cara encapuzado.

Ralph sentiu um frio na espinha.

O encapuzado sentou-se na borda da plataforma.

— Vamos, apareça!

O loiro não viu outra escolha, apareceu e mostrou seu rosto.

— Oh, então era isso mesmo. Me disseram que se alguém não fosse atingido, esse seria o inimigo...

— Então, quer dizer que você...

— Diz aí. – O cara puxou seu capuz para trás, mostrando seu rosto. Ralph ficou sem reação, não conseguia pensar numa maneira de encarar quem estava á sua frente. Não tinha  dúvidas. O mesmo cabelo branco e o mesmo rosto. – Como está o meu irmãozinho?