À medida que o barco prosseguia, Ralph aprendera mais sobre os anjos caídos. E toda a sua tensão em relação ao tempo sumira, aumentando mais sua determinação em querer salvar Fred. Conforme seguiam pelo rio Styx, um problema acabou surgindo.

No meio do rio, havia grossas trepadeiras atrapalhando o caminho. Impossibilitando a passagem deles.

– Ô, droga... – Resmungava Ortobeu.

– Eu posso cortá-las num segundo. – Dissera o loiro, se preparando para usar o seu poder.

– Não, garoto. Isso só vai complicar as coisas. Aqui, a gente faz de outro jeito.

– Outro jeito?

– Sim. – Ecoou uma voz que saía de uma caverna, perto de onde as trepadeiras ficavam. – Terão que pagar um pedágio para passarem daqui.

– Pedágio? Só pode estar de brincadeira...

– Eu esqueci que havia esse pedágio... E agora não teremos como passar...

– Nem vem. Não podemos parar aqui.

– Se não puderem me pagar, terão que me vencer. – O dono da voz saíra da caverna. Ao que tudo parecia, ele também era um anjo caído. Era um homem com cabelos desgrenhados e verdes, com uma barba mal feita. Vestia uma camisa verde clara, e sua calça, verde musgo. – Meu nome é Buck.

– Ótimo Buck. Eu irei lutar! – Dissera o loiro, destemido. Saltara do barco em direção á margem, onde o anjo caído se encontrava. – Vamos nessa!

– Cuidado, garoto! – Ortobeu estava preocupado. – Os caras que ficam no pedágio geralmente são muito poderosos.

– Não pense que pegarei leve com um garoto. – Ameaçava Buck, sem expressão. Ele parecia quase um morto-vivo, não se importava o que estava fazendo e nem o que iria lhe acontecer.

Ralph agiu primeiro, se movendo rapidamente contra o oponente e atacando com um chute lateral, mas Buck se defendeu com apenas um braço. Fora uma surpresa e tanto para o loiro, mas mesmo assim prosseguiu com o ataque, recuando um pouco, tentou atacá-lo por trás com uma rasteira, mas Buck preverá rapidamente com um pulo, e ainda contra-atacou com um chute, que Ralph desviou, e recuou novamente.

– Esse cara... Está prevendo todos os meus ataques...

– Uou, esse garoto é bom. – Expressou Ortobeu. – Ele é bem rápido...

– Típico de um anjo do vento... – Murmurou Buck.

– O quê? Você já sabe que tipo de anjo eu sou?!

– Sim. Não senti sua aura, mas sua velocidade é impressionante. Somente um anjo do vento teria tanta mobilidade assim.

Ralph o encarou com surpresa.

– Agora, é a minha vez de mostrar meu poder... – O anjo caído estendeu seus braços. E o que Ralph esperava aconteceu, pois cipós brotaram do chão e se agarraram aos seus pés. Não só ali, mas por todo o campo também. – Você está na minha área, não pode escapar.

– É o que veremos. – O loiro concentrou vento em seus pés, e os cipós foram cortados. Com isso, ele pôde se mover livremente, atravessando o campo de cipós e tentando um ataque direto, mas Buck preverá aquilo novamente e se protegeu com os cipós, que cobriram todo o seu corpo como várias cobras.

– Não pense que isso o salvará! – Ralph concentrou o Whirlwind, mirando no chão, onde os cipós brotavam. Ele não queria ferir Buck.

– Rede de Pesca! – Proferiu o anjo caído, e os seus cipós deixaram de rodeá-lo para se cruzarem uns com os outros, formando uma enorme rede de cipós, que bloqueou o golpe do loiro. Mesmo cortando alguns cipós, ele não conseguiu se aproximar. – Agora será à hora de mudar para o lado ofensivo... Cipós Carnívoros! – Os cipós desfizeram a formação de rede e todos atacaram Ralph, além disso, surgiram “bocas” neles, que quase conseguiam morder o anjo loiro, se não se desviasse rapidamente dos ataques. Isso porém, só abriu uma brecha nele.

– Agora eu te peguei! – Buck ordenou aos cipós para se enrolarem nas pernas do loiro, e com isso ele o arremessara com tudo no chão. Ralph ainda ficou preso nos inúmeros cipós que cresciam ao redor dele. – Desista garoto, eu poderia te matar agora se quisesse...

– Droga! Mas eu não quero te matar! Não tenho nenhum motivo para isso! – Retrucara, envolto dos grandes cipós. O que havia dito deixara Buck surpreso, que desfizera o comando da Prisão de Serpentes.

– Eu desisto de lutar. Você não passou. Não tem nem ao menos vontade de lutar. – O anjo caído voltara a sua caverna.

– Mas que droga! – Reclamava o loiro, batendo os punhos no chão, nervoso.

– Ei, garoto. Suba aqui. Preciso te contar uma coisa.