Atirei-me na cama e abracei meu cão de pelúcia. Ele era grande, suficientemente para eu abraça-lo com força. Estava muito confusa.

Sabia que gostava de Yoan. Contudo, Dimitri era... sempre foi... o amor da minha vida. Todas as minhas expectativas em um garoto era o que eu imaginava dele quando crescesse. Está certo que ele era um pouco mais rebelde e estiloso do que eu gostaria... só que não importava! Eu gostava de Dimitri do mesmo jeito.

No dia seguinte, Yoan me chamou:

– Precisamos conversar.

– Tá. – Respondi, seca.

– Podemos ir para outro lugar?

– Não. – Ele não gostou. Ficou me encarando, até que eu levantei e o segui. Paramos em um corredor distante.

– Você não pode ficar com Dimitri.

Meu primeiro pensamento foi que Yoan queria que eu ficasse com ele. Sua expressão brava que me tirou esta ideia e me pôs de volta na realidade.

– Por qual motivo exatamente?

– Dimitri só quer se vingar.

– Hã? – Me senti em uma novela mexicana naquele instante.

– É sério. Ele quer se vingar de mim e da ex-namorada que traiu ele numa festa, tudo porque mamãe não deixou ele ir pois era aniversário dela.

– Yoan, você não pode estar falando sério.

– Eu estou!

– Dimitri não é assim. Ele nunca faria isso comigo.

– Você não conhece Dimitri.

– Conheço sim!

– Não, você acha que conhece. Só porque passou uma parte da infância brincando na areia com meu irmão, não quer dizer que você saiba quem ele é.

– Você só pode estar mentindo para mim. O que você ganha mentindo desse jeito?

– Teresa, eu só estou te avisando. Dimitri não gosta de você tanto quanto você acha.

O encarei por alguns segundos, medindo tudo o que falava. A raiva me impulsionou:

– Yoan, eu gosto muito do Dimitri. Você provavelmente sabe disso desde o primeiro dia que nos vimos. O que você acha sobre isso ou não, não me importa mais. E se é verdade o que você está dizendo, por mim tudo bem. Tanto você quanto essa “ex”, se é que ela existe, merecem coisa pior, e eu faço questão de participar de alguma vingança que Dimitri tenha planejado. Eu não me importo, e fico feliz de poder fazer parte. Mais alguma coisa que você queira me falar?

Yoan não gostou do que ouviu, mas não protestou.

– Não, não tenho mais nada para te dizer.

– Que bom. Podemos voltar para a sala agora?

– Tudo bem.

É claro que não tinha gostado do que Yoan havia dito, é claro que fiquei preocupada. Mas não iria demonstrar isso para ele, de jeito nenhum. Também sabia que eu havia pego pesado com Yoan. Não que tivesse me arrependido.

– Você tem certeza do que está fazendo, Tess? – Kate me perguntou após saber de tudo.

– Não posso deixar que Yoan seja assim comigo.

– E se ele tiver razão?

– Ele não tem razão. Não tem... – repeti mais uma vez, como se estivesse tentando convencer mais à mim mesma do que a Kate.

– Está bem Tess... Só não se machuque.

– Você diz como se fosse simples...

Mais tarde estávamos lanchando no pátio. Debby tentava roubar um bolinho do meu pote, feito pela minha mãe, e eu puxava contra sua direção, fugindo das mãos dela. Quando ouvimos uma voz distante.

– Yoan! – Era Sasha.

Yoan passava sozinho, e parou ao ser chamado. Achava que Sasha estava ainda insistindo para sair com Yoan. Ela parou em sua frente, segurando os braços nas costas, girava a perna esquerda e conversava com ele com a cabeça pendente para o lado. Parecia estar envergonhada. Não conseguíamos escutar, pois estavam distantes.

Ele apenas a ouvia. Depois, notei que olhou em minha direção. Então, através de seus lábios, entendi que ele pediu para irem para outro lugar. Ela acompanhou-o, parecendo alegre.

Eu, Debby e Kate nos encaramos, silenciosamente. As três tiveram a mesma preocupação. Mas nenhuma fora capaz de dizer em voz alta. Yoan não apareceu mais até o sinal tocar para retomar às classes.

Nosso medo não foi confirmado, até a aula acabar. Quando o sinal tocou novamente, dessa vez avisando que os alunos haviam sido dispensados, Sasha apareceu prontamente em nossa sala. Estava acompanhada de mais uma garota, mas esta se despediu e foi embora, deixando-a sozinha. Sasha aguardou Yoan arrumar suas coisas e sair da sala.

– Vamos, Yoan?

– Vamos.

Não bastou isto. Yoan fizera mais que isso. Yoan beijou-lhe na boca. Na porta da sala. Para que todos pudessem ver. Para que EU pudesse ver. Yoan estava se vingando, e não de uma forma agradável.