Cada passo que eu dava eu sentia um calafrio, as lembranças de anos atrás ainda me assombravam. Mas não era hora para isso, eu não estava ali para estudar, mas sim para realizar meu grande sonho, escrever uma matéria para a New York Times. Respirei fundo e comecei a dar passos mais firmes em direção a entrada da escola, algumas pessoas me olhavam e entortavam a boca quando eu passava, outras nem me olhavam, parecia que eu era invisível, e eu agradecia por isso.

Eu andava tentando encontrar algum sinal da secretaria para poder pegar os meus horários, mas não conseguia encontrar nem tinha coragem de perguntar para algum aluno que passava. O jeito é ir procurando.

Ainda bem que cheguei na escola cedo, pois já faz mais de 25 minutos que eu estou andando e nada dessa maldita secretaria. Depois de mais 3 minutos foi que finalmente encontrei a secretária. Era composta por uma sala sem portas na entrada, onde havia uma mesa e dois armários de arquivos, que eu supôs ser arquivos dos alunos, e uma porta ao lado de algumas cadeiras encostadas na parede com uma plaquinha escrito diretoria. E sentada na mesa olhando alguns papeis uma moça morena de cabelos curtos, me aproximei e ela logo levantou a cabeça me encarando.

– Eh... Oie meu nome é Sakura, Sakura Haruno. Sou a aluna nova. – Ela me analisou um pouco e em seguida me deu um sorriso.

– Ola Sakura, meu nome é Shizune, você veio pegar seus horários e o número do seu armário, Certo? – Acenei positivamente. – Vou pegá-los só um momento.

Ela arrastou sua cadeira até os armários, e rapidamente achou os meus. Voltou a cadeira para sua mesa e analisava os papeis, para em seguida entregá-los a mim.

– Bom aqui estão seus horários – ela apontava para os papeis em minhas mãos - E ao lado deles o número das salas. Já nesse papel está o número do seu armário e a senha.

– Obrigada Shizune. – Sorri para ela.

– De nada Sakura, mas se eu fosse você eu me apresaria, sua primeira aula é literatura com o Senhor Uchiha e ele não tolera atrasos.

Agradeci mais uma vez e seguindo as informações da Shizune para chegar a sala, mas quando entrei no corredor o sinal tocou.

–Merda estou vendo que hoje não é meu dia - Praguejei baixo e fui andando em passos mais rápidos até a última sala de aula. A porta já estava fechada, olhei pela janela que tinha na porta e pude ver as costas do professor enquanto mexia em sua bolsa, a única coisa que pude deduzir era que ele era moreno e mais alto do que eu, e era mais forte do que poderia imaginar um professor de literatura.

Respirei fundo e dei 2 batidas na porta.

– Pode entrar. – A voz dele era fria, grossa e cortante. Pensei seriamente eu sair dali e voltar só no outro dia, mas me lembrei da minha da Tsunade e da matéria que poderia mudar minha vida.

Respirei fundo e abri a porta, andei com passos incertos até o professor que continuava de costas, a sala estava toda em silêncio e eu pude notar que esse era um daquele professores temidos. Não me atrevi a olhar para a sala e mantinha a cabeça abaixada.

– Desculpe Se...

– Vou falar uma única vez. – Ele se endireitou, e virou para mim. Ai meu deus, que gato, meu “professor” era simplesmente um pedaço de mal caminha, cabelos pretos bagunçados de uma maneira muito sexy, olhos negros que parecem enxergar a minha alma, um porte atlético, devia ter mais ou menos minha idade, simplesmente magnifico. – Não tolero atrasos na minha aula.

Assim que ele falou a nevoa que me invadiu ao ver seu rosto se dissipou e eu voltei a olhar para baixo.

– Desculpe Senhor Uchiha, isso não vai se repetir. – Estendi o papel que a Shizune avia me entregue para eu dar ao professor. Ele pegou o papel. Eu segurava com força a alça da minha bolsa e senti meu rosto esquentar. – É que hoje... é meu primeiro dia de aula, e... bom eu não conseguia achar a secretaria

Permaneci de cabeça baixa, esperando ele me mandar sair ou sentar. O que demorou alguns segundos.

– Pode ir se sentar Senhorita... – levantei o rosto e ele lia meu nome no papel que eu o integrei. – Sakura, ao lado da Senhorita Ino. – Ele apontou para uma menina loira que tinha no rosto um óculo maior do que os meu e usava roupas bem largas, ela parecia ser uma pessoa muito quieta, não conseguia falar se ela era magra ou gorda por causa das roupas largas.

Dei um sorriso simpático para meu professor “gato” e fui em direção a cadeira que ele havia indicado.

–Tsc. Irritante. – Achei ter ouvi ele falar, mas resolvi ignorar.

Sentei ao lado da tal Ino, virei para ela e dei um sorriso, que foi devolvido por ela. Aquele simples contato já me mostrou que seriamos grandes amigas.

No decorrer da aula eu pude perceber que o Senhor Uchiha mudava ao falar sobre a literatura ele se integrava aos sentimentos dos textos e poemas. E isso me deixou ainda mais fascinada, além do que eu amo literatura, era minha matéria favorita no colegial.

– “Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.” Fernando Pessoa - Ele fechou o livro. – Bom eu quis terminar hoje a aula com essa citação para que vocês pensem no que vão querer para o futuro, e que possam realizar seus sonhos, principalmente vocês que estão no último ano. Bom por hoje é só, até a próxima aula. – Ele olhou para a minha direção. – E nada de atrasos.

Senti uma “leve” indireta, bufei é pelo jeito eu estava certa. Comecei a juntar minhas coisas, Ino terminou primeiro de arrumar as coisas, mas antes que ela começasse a ir para saída da sala uma garota morena com uma roupa muito curta, se me permitem dizer parecendo uma puta com quilos de maquiagem na cara, empurrou a Ino fazendo com que o seu material e ela fossem com tudo ao chão.

Arregalei os olhos com tamanha barbaridade, ela começou rir junto a um grupo de meninas que se vestiam de forma muito parecida com ela. Corri para socorre-la que ainda estava caída no chão, e não fazia nenhum movimento de quem ia se levantar.

Me abaixei na altura de seu rosto, e pude ver que ela se segurava para não chorar.

– Ei Ino, está tudo bem com você? – Ela não respondia, ela nem se mexia. O que começou a me preocupar seriamente. – Ino, por favor fale alguma coisa. Se machucou? Ta doendo em algum lugar? – Ela continuava imóvel.

– Olha gente, parece que nossa nerd esquisita favorita encontrou uma amiguinha. – Ouvi as amigas dela vaiando e outras rindo. A morena virou com um sorriso perverso no rosto em minha direção. – Sabe por que ela está ai? – Ela nem esperou eu responder. – Porque o lugar dela é no chão, ela não é mais nada do que lixo.

Agora sim as amigas dela riam e aplaudiram, olhei da morena para a Ino e vi o quanto aquelas palavras a atingiram, seus olhos estavam arregalados, e as pupilas dilatadas. Ela estava em pânico, eu estava pronta para dizer umas poucas e boas para aquela menina, eu sofria isso na minha época, mas ver isso acontecendo com alguém que aparentemente não fez nada me irritou profundamente. Antes que eu tomasse alguma atitude uma voz vez todos na sala ficarem quietos.

– Matsuri. – Foi nesse momento que vi a Ino tremer e seus olhos voltaram um pouco ao normal, ela direcionou seus olhos para porta, mas rapidamente os desviou. Como sou curiosa olhei em direção a porta.

E la estava, um garoto ruivo de olhos verdes, só que mais escuros que o meu, ela vestia uma calça escura com uma regata branca e tinha as mãos nos bolsos, porte atlético, ela não tinha sobrancelhas, mas isso não o deixava menos bonito. E na sua testa tinha uma tatuagem vermelha, do tom de seus cabelos, em kanji.

– Gaarinha meu amor. – A morena que eu descobri que se chama Matsuri foi correndo ao encontro do ruivo. – Você veio aqui para irmos para a próxima aula juntos não foi meu amor.

Ele não respondeu enquanto a morena se pendurava no seu pescoço. Ele olhou em nossa direção, mas especificamente para Ino no chão.

– O que aconteceu? – sua voz era fria, não demonstrava nenhum sentimento.

– Nada de mais Gaara, apenas mostrando para esse nerd o seu lugar. - Ele não disse nada, mais seus olhos não desvivam da Ino. Matsuri percebendo o olhar de Gaara, começou a puxar ele.

– Vamos Gaara, a próxima aula já vai começar. – O tal Gaara deu uma última olhada para Ino e deixou ser puxado mela morena. As seguidoras da Matsuri a seguiram, mas antes soltaram seu veneno como “nerd esquisita”, “fracassada”, “lixo”.

Assim que eles saíram eu juntei as coisas da Ino e as minhas, e comecei a levanta-la e levar para o banheiro mais próximo. Assim que entramos, ela foi direto para uma cabine e lá ficou. Eu coloquei nossas coisas em um canto do banheiro, apoiei minhas mãos na pia, tirei meu óculos e joguei agua no meu rosto. Olhei para minha imagem refletida no espelho.

Eu sei exatamente pelo que a Ino está passando, eu passei por algo parecido, mas a diferença era que eu tinha o Naruto para me ajudar. E pelo que eu vi ela não tem ninguém.