POV FELICITY

Cheguei na empresa e Ray estava entretido com sua armadura do A.T.O.M, preferi não interrompe-lo. Sento a minha cadeira e começo minhas pesquisas sobre o acordo que selamos na noite passada. Algumas horas passam desde que cheguei. Jerry entra minha sala com os olhos arregalados.

– O que foi Jerry? – Pergunto curiosa.

– O Sr. Queen gostaria de vê-la. – Engole seco. – Ele foi bem insistente, quando disse que sua agenda estava cheia. – Solto o ar dos pulmões.

– Deixe-o entrar. – Jerry assente rápido e sai da sala. Oliver se aproxima e continuo com os olhos no computador. – Precisava assustar meu assistente? – Levanto o olhar ao seu.

– Queria muito te ver e pedir desculpas. – Solta de uma vez. – Sei que agi errado, mas fiquei inseguro quanto ao Ray. Não deveria ter ido na sua casa e brigado com você depois. – Me levanto e vou até Oliver.

– Não existe nada entre eu e o Ray. – Digo tocando seu rosto.

– Agora eu sei disso. Me desculpe por ter desconfiado de você. Você está enganada se pensa que eu te pedi em namoro por conta disso. – Traz o olhar ao meu. – Eu te amo Felicity.

– Eu te amo Oliver. – Respondo com a mesma intensidade.

– Foi mais fácil do que pensei... – Me dá um selinho.

– Não tem porque dificultar. – Digo e olho o relógio.

– O que acha de irmos almoçar? – Pergunta depois de olhar o relógio também. Eu assinto, pego minha bolsa e saímos de minha sala.

[...]

A tarde passou rápida depois do almoço com Oliver. Resolvi alguns problemas com contratos na empresa e fui para caverna. Desci as escadas e vozes conhecidas me fizeram arrepiar.

– Roy! – Grito e corro em sua direção. Ele me ergue no abraço. Oliver o fuzila com o contato. Dou um tapa em seu braço ignorando a carranca de Oliver.

– Ai Felicity! Por que me bateu? – Faz drama. Sei que o tapa não fez nem cosquinha.

– Dá próxima vez que sumir sem dar notícia, será bem mais forte que esse! – Adianto e ele sorri.

– Me desculpa Barbie. – Passa a mão em me cabelo. – Precisava aproveitar um pouco a Thea. – Sorri torto, recebendo um segundo olhar fatal de Oliver.

– Foi bom terem ido. Consegui ganhar tempo para pensar em como vou contar meu segredo para Thea. – Oliver diz. – A cidade está tranquila. Então, não fez muita falta. - Roy assente.

– O que aconteceu por aqui? – Roy pergunta olhando ao redor. – Alguma novidade? – Arqueia a sobrancelha para nós. Eu coro instantaneamente.

– Eu e Felicity estamos juntos. – Oliver solta de uma vez e Roy sorri em resposta.

– Já estava na hora! – Oliver fecha a cara e quem ri sou eu. Escutamos passos da escada.

– Posso saber o motivo de tanta risada? – John pergunta olhando para mim. Se vira em direção a Roy. – Olha quem resolveu aparecer! – O abraça. – Fico feliz que estejam todos aqui. Lyla vai preparar um jantar essa noite. Gostaríamos que fossem. – Assentimos e todos deixamos a caverna.

POV OLIVER

A noite estava mais do que agradável. Há muito tempo não sentia uma paz tão grande. Todos reunidos sem preocupações, apenas colocando o papo em dia. Roy estava contando suas aventuras com minha irmã, quando Lyla chamou por Felicity. A loira sumiu do meu campo de visão e senti sua falta no mesmo instante. Voltei minha atenção para Roy que conversava com Diggle.

– Fomos para Corto Maltese de novo... Quando chegamos lá... – Roy continuava falando, omitindo alguns detalhes desnecessários. Me levanto e vou até o quarto a procura de Felicity. Meu coração para com a cena que vejo. A mesma estava de pé no quarto com Sara em seus braços. A bebe parecia acomodada e sonolenta. Me aproximo devagar e acaricio suas costas. Fico ali ao lado das duas, encantado com a cena.

– São necessários apenas dois minutos para fazer um. – Lyla diz encostada no batente da porta, com o pano de prato sobre os ombros. Sorrio com o comentário e Felicity permanece séria. – E uma vida toda para cuidar. – Completa suspirando e sai.

– Quem sabe daqui a alguns anos. – Digo, fazendo Felicity sorrir. Ela caminha com a bebe adormecida até o berço e a coloca com toda a delicadeza sobre o colchão. Acaricia sua cabecinha e se vira para mim. – Poderíamos ensaiar para daqui alguns anos, sair perfeito. – Digo e beijo seus lábios com paixão.

– Mais tarde quem sabe, Sr. Queen. – Pisca um olho e sai do quarto.

Aproveitamos a noite como uma família, a sensação de todos juntos acalmava meu coração. Sentia falta de apenas uma pessoa. Thea. Preciso pensar em uma forma de contar para ela a verdade. Quem eu sou, para onde fui e quem realmente é Malcolm Merlyn. Poderia omitir dizendo que não foi ela quem matou Sara, mas Merlyn poderia usar isso contra mim. Estou decidido a contar para ela até o fim da semana. Meus pensamentos são interrompidos, quando sinto uma pequena mão tocar meu braço. Felicity sabia no que estava pensando. Ela se aproximou do meu ouvido e sussurrou um “vamos ensaiar?” com a voz carregada de malicia. Meu corpo esquentou com sua voz rouca, me levantei em um pulo e todos se assustaram com meu movimento.

– Então, já estamos indo... – Digo e pego a mão de Felicity. – Obrigado pelo jantar! Estava maravilhoso. – Nos despedimos e arrasto Felicity para fora do apartamento.

– Oliver! – Ela repreende. – Precisava ser tão óbvio? – Cerra os olhos. Não contenho a risada. Ela não aguenta e sorri também. – Vamos. – Diz acenando em direção com carro com a cabeça.

[...]

A cada dia que passa me surpreendo mais com essa mulher. Assim como eu, ela estava com pressa. Não aguentou que chegássemos em casa. Me deixou doido ali mesmo, dentro do carro. Desde o susto que vivemos, redobramos o cuidado. Hoje ao ver ela com Sara no colo, senti sua tristeza. Tenho certeza que ela sonha em ser mãe, e que por mim, meio que desistiu dessa ideia. Não acho que estamos prontos. Começamos um relacionamento a pouco tempo e nem pretendemos dar um passo adiante, imagina um passo grande como esse. Ainda estávamos dentro do carro, ela estava sentada sobre mim, com a testa na volta de meu pescoço.

– Você já pensou em como vai contar para Thea? – Pergunta, me tirando do transe.

– Não faço ideia. – Seu olhar vem ao meu. – Mas farei o mais rápido possível. – Deposito um beijo calmo em seus lábios e ela retorna a posição de antes.

[...]

Dois dias se passaram. Era domingo e Felicity não viria a caverna. Aproveitei, então, para ir visitar Thea. Chego em seu apartamento e hesito em bater na porta. Reflito e decido seguir com o plano de uma vez por todas. Bato na porta e nada. Bato com mais força e escuto passos apressados até a porta.

– Roy?! – Pergunto cerrando os punhos. Ele estava apenas de cueca. Ele dá um passo atrás temendo algum contato violento. – O que faz aqui? – Digo entre os dentes.

– Quer mesmo saber Ollie? – Me viro e vejo Thea descendo as escadas com um imenso sorriso no rosto.

– Speed! – A abraço com força e a ergo.

– Estava com saudades maninho. – Me viro para Roy com uma carranca e ele entra no quarto. – Não seja tão mala. – Dou os ombros. – Então, quando chegou em Starling City?

– Há alguns dias. – Ela cerra os olhos. – Não faça essa cara, você também estava viajando. – Ela sorri. Contraio o rosto e me lembro que preciso dizer a verdade. – O que acha de almoçarmos juntos? – Ela assente.

– Vou chamar o Roy. – Seguro seu braço.

– Só nós dois... Podemos pedir comida. – Sorri e sobe as escadas.

[...]

Depois que Roy vai embora, meu coração acelera. Estávamos enfim sós. Era hora de contar a verdade e não podia mais fugir disso.

– Speed... – Digo chamando sua atenção para mim. – Precisamos conversar. – Ela se aproxima e senta sobre o balcão da cozinha. – Não tenho sido completamente honesto com você há muito tempo. Bem antes de Corto Maltese, para ser mais exato. – Ela se surpreende. – Mas não quero mais nenhuma mentira entre nós dois, preciso que me escute e mantenha a calma.

– Nossa Ollie. Você está me deixando com medo. – Eu balanço a cabeça.

– Desde que voltei da Ilha, estou diferente... Me tornei outra pessoa. – Ergue as sobrancelhas. – Durante todos esses anos tenho vivido uma vida dupla, como Oliver Queen... – Hesito. - E o Arqueiro. – Ela arregala os olhos. - Queria ter te contado, mas precisava te proteger... – Uma lágrima escorre de seus olhos.

– Você e sua mania de querer me proteger. – Grita. – Você me atacou há alguns meses! Como pode?

– Eu sei. – Elevo o tom de voz. – Você também mudou depois que conheceu Malcolm. Está mais forte e não precisa de minha proteção. Por isso estou te contando... – Hesito em continuar. – Você pode confiar em mim Thea. Só não deveria confiar no Merlyn. – Ela revira os olhos e sorri em deboche.

– Claro que você tem que colocá-lo na conversa. – Se levanta do balcão e vai em direção a sala.

– Ele não é seu pai Thea! – Grito. – Que pai no mundo é capaz de fazer o que ele fez com você?! – Solto de uma vez.

– Do que você está falando Oliver? – Ela se vira com o rosto vermelho.

– Você sabe que Sara foi assassinada há alguns meses. – Abaixo a cabeça. – Malcolm foi o responsável por sua morte... – Digo com a voz trêmula. – Ele a matou Thea. Ele usou você para matá-la. - Seus olhos se arregalam novamente.

– Você está me acusando?! – Grita mais alto que antes. – Eu pensei que me conhecesse Oliver!

– E conheço. – Rebato.

– Então como é capaz de pensar que faria uma coisa dessas?! – Suas lágrimas desciam rápidas.

– Malcolm injetou uma droga em você. Sob o efeito dessa droga, te ordenou que fizesse. A culpa não é sua Thea. Ele te manipulou. – Finalizo.

– Você está mentindo! – Me aproximo.

– Você sabe que não. Você melhor que ninguém sabe quando estou mentindo, Speed. – Dou mais um passo.

– Não sei se te conheço. – Se afasta novamente.

– Eu tenho provas. – Ela levanta a cabeça. Agora chegamos ao ápice da conversa. – Não estava viajando pelo mundo com uma modelo. Estava lidando com os problemas que a morte de Sara trouxe. – Ela parece não entender. – Sei que Malcolm já te explicou sobre a Liga dos Assassinos. – Ela assente. - Sara fazia parte da liga. Quando foi assassinada, vieram atrás do responsável. Não poderia deixar que chegassem até você, então fui em seu lugar.

– Foi para onde? – Diz secando as lágrimas.

– Fui enfrentar Ra's Al Ghul. – Ela congela. Definitivamente Merlyn já havia explicado para ela sobre ele. – Pergunte para Merlyn sobre isso Thea. Se ele negar, saberá que está mentindo. – Digo, seco minhas lágrimas. Ponho o telefone com o vídeo sobre a mesa e deixo o apartamento.