POV OLIVER

Depois de tudo que aconteceu nessa última semana, pensei que tudo o que construí com Felicity fosse desandar tornando nossa vida, um inferno novamente. Entretanto, foi o contrário, só serviu para nos unir mais. Ela ficou abalada no início, com receio de me afastar de novo. Estou tão apaixonado que não seria capaz de fazer algo desse tipo. Sei que é estranho, mas enfim as coisas pareciam estar dando certo. A cidade estava calma. Barry nos ligou relatando que o homem com o dispositivo, foi pego pela polícia em Central City com a ajuda do Flash. Então, não tínhamos com quem nos preocupar. Estava ficando alguns dias na caverna e outros na casa de Felicity. Não queria tirar sua privacidade, afinal, nossa relação ainda não era oficial. Meu celular toca, me tirando de meus devaneios.

– Felicity. – Atendo com o cumprimento de sempre.

– Oliver... – Diz com a voz receosa. – Tudo bem? – Tenta relaxar.

– Acho que sim. – Digo sério. – Só vou ter certeza, quando me disser o que está te incomodando.

– Então... – Diz surpresa. – Hoje à noite não poderei ir na caverna. – Sua voz era nervosa. – Uns investidores virão para cidade e Ray quer que jantemos com eles. – Fico em silêncio, imaginando a cena dos dois juntos jantando.

– Você e Ray? – É a única coisa que sou capaz de dizer.

– E os investidores. – Felicity completa. – Não é um encontro Oliver. – Diz em tom sério.

– Ele sabe disso? – Pergunto, apertando a mão com força envolta do telefone. Ela fica em silêncio por alguns minutos.

– Preciso ir me arrumar. – Suspira. – Amanhã nos falamos. – Desliga. Fervo ao pensar em Ray e suas mãos sobre minha Felicity. Se ela pensa que eu iria deixar isso barato, está muito enganada.

POV FELICITY

Ligar para Oliver, para avisar que iria jantar com Ray e os investidores, foi mais difícil do que pensava. Me lembro quando pedi uma noite de folga pela primeira vez. Oliver foi tão frio, que a dúvida que tinha se iria, foi com sua resposta. “Faça o que quiser”, como se não se importasse. Hoje foi diferente, esperava que ele fosse dizer algo, me proibindo de ir, mas nada. Vou em direção ao banheiro e tomo um banho. Saio com os cabelos molhados e enrolada na toalha, quando quase tenho um ataque do coração. O arqueiro estava dentro do meu quarto, com capuz e tudo.

– Oliver! – Ponho a mão no peito, tentando me recuperar do susto. – Por Deus, você quer me matar do coração? – Solto o ar e sorrio. – O que faz aqui e vestido assim? - Ele levanta a cabeça, ainda debaixo do capuz e se aproxima.

– O arqueiro veio visitar a namorada. – Arregalo os olhos e me aproximo também. - Você está se arrumando?

– Namorada? – Ignoro sua pergunta.

– Estamos juntos, não estamos? – Pergunta, já sabendo a resposta. Eu assinto. – Então, minha namorada. – Finaliza. Me aproximo e quebro toda a distância entre nós. Minha respiração estava acelerada e meu coração disparado. – Se continuar mordendo os lábios desse jeito, não sei o que sou capaz de fazer. – Então percebo que mordia meus lábios inferiores. O solto e abaixo seu capuz. Fitando seus profundos olhos azuis. Seus lábios tocam os meus e suas mãos enroscam em meu cabelo. Me agarro a sua nuca e fico as unhas na mesma. Ele geme e sinto um calor subir pelo meu corpo. Minhas mãos descem até o zíper de sua jaqueta, abro-a devagar, apreciando todo seu corpo super definido. Ele sorri quando percebe minha reação. Sem a jaqueta e sem a máscara, Oliver me puxa para mais perto de si, fazendo questão que com o movimento, perca minha toalha. Me deita na cama e joga seu corpo sobre o meu. – Você é maravilhosa! – Sussurra em meu ouvido e morde o lóbulo de minha orelha. Gemo e outra onda de calor toma conta de meu corpo. Suas mãos começam a percorrer por meu corpo, junto com seus lábios. Já estava a ponto de explodir, quando resolve se livrar de sua calça. Estremeço de antecipação e agradeço internamente por ter se adiantado. Cola seu corpo ao meu novamente. Fecho os olhos esperando, quando sinto meu corpo ser erguido da cama. – Precisamos de um banho. – Sorrio e beijo seu queixo e pescoço. Urro quando minhas costas são encostadas na parede gelada do box. Até que enfim, ele me ama ali mesmo. Ofegantes e molhados, nos recuperamos devagar com a água sobre nós. Saímos do chuveiro rindo da situação, quando meus olhos vão até o relógio do criado. Meu Deus! O jantar! Já estava atrasada. Volto para o banheiro e começo a me maquiar. Oliver encosta no batente da porta e seu sorriso some, quando vê que estou me arrumando. Passo por ele, ignorando sua carranca e vou ao closet escolher um vestido. Pego um vermelho longo, e com decote nas costas. Coloco-o sobre a cama. Oliver estava parado no meio do quarto, acompanhando todos os meus movimentos. Entro no banheiro e ajeito meu cabelo. Ele permanece imóvel, apenas me olhando. Corro para o quarto e visto o vestido. Seu queixo cai, mas é substituído por uma cara feia.

– O que foi Oliver? – Acabo perguntando. Seu olhar é sério. – Você sabia do jantar. – Continuo.

– Não achei que fosse depois de tudo o que aconteceu aqui. – Meu olhar despenca sobre ele.

– Então você só veio até aqui para que eu não fosse no jantar?! – Pergunto incrédula. Ele abaixa a cabeça. – Não estou acreditando, no quanto sou estúpida. – Digo em tom debochado. Meus olhos enchem de lágrimas. Ele se aproxima e pega no meu braço, me desvencilho. – Você não veio por mim Oliver. Veio por você. – Me viro e entro no banheiro, fechando a porta. Retoco a maquiagem e ligo o secador, a fim de abafar meu choro. Depois de minutos lá dentro, abro a porta devagar. Ele não estava mais ali. O interfone toca, me fazendo secar uma única lágrima que insistia em cair.

POV OLIVER

Não acredito que a magoei de novo! Tudo bem que fui muito egoísta em ir até lá e pensar que com sexo, poderia convence-la a não sair com Ray. Quando ela entrou no banheiro e ligou o secador, tive a certeza que estava chorando. Por isso, preferi deixa- la sozinha. Ainda não queria que ela fosse, mas não tinha o direito de impedi-la. Não me preocupava com as atitudes de Felicity. Não confio em Ray. Queria acompanhar a tal reunião, só para ter certeza, que o Sr. Palmer, respeitaria seus limites.

– Diggle, preciso de um favor. Ligue para Srta. Smoak e tente descobrir em qual restaurante ela irá essa noite. – O escuto bufar pelo telefone e depois o mesmo concorda. – Ela não pode saber que fui eu quem perguntei. – Ele desliga e espero sua resposta.

POV FELICITY

Chegamos ao restaurante e logo nos sentamos com os investidores. Nosso assunto era justamente sobre a empresa. Não estava muito feliz, ainda mais depois da briga com Oliver. Sabia que não deveria estar ali, mas trabalho é trabalho e Oliver, melhor do que ninguém deveria respeitar. Achei estranho John me ligar perguntando sobre o jantar. Poderia ser a pedido de Oliver, porém estou com tanta raiva que não queria pensar nisso. As horas passaram e conseguimos fechar o acordo. Os investidores marcaram outra reunião e por fim nos levantamos para sair. Ray me acompanhou até o lado de fora.

– Onde está seu carro? – Pergunta olhando ao redor.

– Vim de taxi. – Respondo e aliso os braços devido ao vento frio. Ele retira o paletó e o pousa sobre meu corpo. Sorrio agradecida. – Obrigada.

– Vamos. Te dou uma carona para casa. – Diz me segurando pela mão.

– Ray... – Hesito em continuar. Se vira para mim, estranhando meu comportamento. – Não posso ir com você. – Ele estreita os olhos tentando entender.

– É só uma carona Felicity. – Diz me deixando constrangida.

– Eu sei. – Ele se vira e continua me guiando, até que paro de novo. – Ray, não posso mesmo. Estou com outra pessoa. – Digo de uma vez. Ele arregala os olhos e suspira. – Não acho certo, ainda mais depois do que quase tivemos. – Ele assente sério. –Durante muito tempo, você foi o parceiro perfeito para mim. Mas...

– Mas eu não sou o Oliver. – Completa com facilidade. Eu assinto. – Vem. Vou te dar carona mesmo assim. – Eu hesito. Então percebo que o olhar de Ray para mim havia mudado. Como se fossemos apenas amigos. Afinal, agora nós éramos apenas amigos. Entro no carro e ele me leva para casa.

[...]

Entro no apartamento pensando em tudo, e ao mesmo tempo em nada. Me jogo no sofá cansada, quando escuto um barulho vindo do quarto. Me levanto rápido e pego o taco de beisebol, indo em direção ao quarto. Empurro a porta e vejo a silhueta de um homem, próximo a minha cama. Lanço o taco em sua direção, mas o homem é mais rápido e agarra no ar com apenas uma mão. Solto o taco e saio correndo para fora do quarto. No trajeto o homem me alcança e me encosta na parede.

– Felicity?! – Escuto uma voz conhecida e me viro.

– Barry?! – Digo incrédula. – O que faz aqui? – Pergunto me desvencilhando de seus braços.

– Vim ver como estava. – Diz normalmente, olhando para o taco no chão. – Um taco de beisebol? Sério Fel?

– Precisava mesmo invadir assim, Sr. Allen? – Digo rebatendo com uma pergunta. Ele sorri fraco.

– Me desculpe. Cheguei a pouco tempo e vim ver se estava no quarto. – Ele analisa minhas vestes. – Estava em um encontro, Srta. Smoak? – Arqueia as sobrancelhas. Continuo séria. – Oliver finalmente te chamou para sair?

– Já faz um tempo na verdade. – Seus olhos arregalam e se joga na cama.

– Você não deveria estar feliz? – Pergunta percebendo meu desanimo.

– Estou levemente irritada com ele. – Sua feição tinha curiosidade e então continuo. – Nós estamos juntos há algumas semanas, mas ainda não tínhamos oficializado até hoje. O problema de tudo é que ele só oficializou nossa relação, porque o Ray me chamou para ir em um jantar. – Barry faz uma cara feia. – Não era um encontro Barry! Era uma reunião, mas Oliver e eu brigamos e não sei se ele ainda quer alguma coisa comigo.

– E o Ray? Você ainda está com ele? – Minhas sobrancelhas se erguem tentando entender como Barry sabia que estava com Ray. – Cait comentou comigo sobre o assunto.

– Ray e eu somos apenas amigos. Nos beijamos, algumas vezes, mas mesmo assim, nunca tivemos nada sério. Tentei explicar para o Oliver hoje. Ele não foi capaz de entender. – Digo sabendo que Barry entenderia.

– Ele sabe que vocês são apenas amigos? – Barry faz a mesma pergunta que Oliver.

– Esclareci com ele hoje, depois do jantar. – Digo vitoriosa.

– Realmente, Oliver é um frouxo mesmo. – Barry diz e não contenho a risada.

– Amanhã eu vou conversar com ele. Ele só está com ciúmes. – Barry assente, me dá um beijo no rosto e some do meu campo de visão em segundos.

POV OLIVER

Ir até o restaurante me pareceu uma boa ideia. Sei que Felicity não ficaria nem um pouco feliz se me visse a vigiando. Mas como já disse, não é nela que não confio. O jantar já estava acontecendo algumas horas e pelo olhar de Felicity sabia que não estava se sentindo bem ali. Não a culpo, afinal, nós brigamos antes dela sair. Sei que a culpa foi minha e ficou parecendo que a manipulei para ficar. Fui extremamente egoísta em ir e sua casa, mas a amo e não gosto de saber que existem outros caras interessados nela. Uma movimentação incomum dentro do restaurante me chamou atenção. O casal mais velho, provavelmente os investidores, se levantaram e se despediram. Felicity e Ray se aprontaram para sair também. Ele a acompanhou até o lado de fora. Meus olhos ferviam ao ver sua mão tocando as costas nuas da minha loira, enquanto ele a guiava. Os dois pararam e começaram a conversar. Como estava distante, não conseguia ouvir. Meus ossos queimaram quando Ray tirou o paletó e cobriu o pequeno corpo de Felicity. O pior de tudo é que ela deixou e ainda sorriu de volta. Ray olhou para os lados e continuo conversando com ela. Pegou sua mão delicadamente, mas ela hesitou. Para o bem dele. Seu olhar estava desconfortável. Ray assentia e prestava muita tenção na loira. Preciso me aproximar para saber o que ela está falando. Mas tenho me controlar, se ela souber que estou aqui, nunca me perdoaria. Desisto da ideia, quando vejo soltar sua mão. Os dois vão em direção ao carro. O olhar de Felicity e Ray estava diferente. Os dois absolutamente não tinham mais nada. Um alivio tomou conta de mim e então voltei para caverna.