POV FELICITY

Um barulho chega a meus ouvidos e rapidamente desperto me lembrando de onde estava. Olho para o lado e vejo Oliver ainda desacordado. Pego meu celular e no identificador aparece a foto de John.

– Como ele está? – Pergunta ofegante.

– Está inconsciente novamente. A febre abaixou, mas ainda está quente. Não sei mais o que fazer. – Digo desesperada. - Onde você está? – Pergunto nervosa.

– Você precisa mantê-lo acordado Felicity. – Assinto. - Estou chegando. Espero que o chá ajude a combater a droga. – Diz e desliga. Me viro para Oliver e meu coração falha ao vê-lo tão sem vida. Encosto a mão em seu rosto e deposito um beijo em sua testa. Levo os lábios a seu ouvido.

– Oliver, por favor, não faça isso comigo. – Digo com a voz trêmula. – Eu não vou suportar te perder de novo. – Meus olhos enchem de lágrimas. – Você acabou de voltar e me fez uma promessa. – Ele não se mexe. – Por favor Oliver. – Meu desespero aumenta. – Eu te amo. – Soluço com a declaração. – Sei que pode ser tarde e deveria ter falado antes. Mas eu estou falando agora. Por favor, abra os olhos. Eu te amo! – Falo um pouco mais alto. Ele se mexe com os olhos ainda fechados. Escuto Diggle entrar correndo.

– Me ajude a senta-lo. – O ajudo e ele dá o chá para Oliver. – Agora é só esperar.

[...]

Depois de algumas horas esperando, fui para casa tomar um banho. Afinal, estava com as roupas de Oliver. Durante todo trajeto fui rezando para receber uma ligação com notícias boas. Ou não receber nenhuma ligação. Eu finalmente havia dito que o amava e ele estava inconsciente para ouvir. Meu coração se apertou ao pensar que poderia nunca mais dizer. Nós nem tínhamos conversado sobre o que faríamos daqui para frente. Não tínhamos planos, e talvez não teríamos mesmo. Com meus pensamentos obscuros, lágrimas escorriam de meus olhos e eu me lembrava de tudo o que passei ao seu lado. Quando o conheci na empresa e mesmo com suas mentiras absurdas, fui capaz de confiar nele. Todos os momentos em que falei demais. E todos os momentos que falei de menos. Poderia nunca mais ouvir sua voz. Poderia nunca mais ouvi-lo chamar meu nome. Eu estou perdendo a pessoa que mais me importa no mundo novamente.

Chego em casa e em poucos minutos, já estou de banho tomado e pronta para sair. Precisava voltar rápido para caverna. Ficar com ele, mesmo que inconsciente.

POV OLIVER

Acordei com dificuldade. Quer dizer, abri os olhos com dificuldade. O tempo todo estive acordado, mas devido a droga estava fraco e não tinha forças para me mexer. Não me lembro de muita coisa, apenas do necessário. Ouvi Felicity finalmente dizer o que mais sonhava em ouvir. Ela me ama. Ao abrir os olhos, esperava que ela estivesse ao meu lado. Pude sentir seu corpo colado ao meu, mas já não estava mais aqui. Me sentei com muita dor e vi John se aproximar.

– Oliver? – Olho para John e confirmo que estou consciente. – Como está se sentindo?

– Como se estivesse de ressaca. – Ele sorri com meu comentário. Olho para os lados procurando pela loira.

– Ela foi em casa, precisava de um banho. Passou a noite com você. – Diz sabendo que procurava por ela. Assinto e tento me levantar. John me impede. – Você ainda está fraco. Precisa descansar. – Permaneço sentando. Não vou descansar até vê-la.

– E o Mario? – Pergunto quando me dou conta que não terminei o serviço. Diggle olha para mim e então entendo que ele não iria mais nos incomodar. Ouço passos vindos da escada e me levanto em um impulso. Sinto uma tontura, mas me recomponho.

– Oliver! – Diz correndo em minha direção. Em poucos segundos já estava agarrada a mim, me desequilibrando. – Nossa... Me desculpe. Acho que me empolguei. – Sorri e antes de responder, me lembro que Dig nos observava. Levanto meu olhar até ele e o mesmo entende, saindo da sala. Enfim sozinhos, selo meus lábios ao dela. Sinto lágrimas escorrerem por suas bochechas e me afasto para seca-las. – Achei que fosse te perder... de novo. – Diz com a voz trêmula.

– Hey! Eu te fiz uma promessa não fiz? – Ela assente baixo. – Não vou a lugar nenhum. Não sem você. – Completo e ela estremece.

– Como está se sentindo? – Pergunta. Já estou cansado de ouvir essa pergunta. Fico pensando no que responder, mas me declaro.

– Eu também te amo. – Digo e ela arregala os olhos. – E antes que pergunte, sim, ouvi tudo o que disse. - Ela sorri e se vira comigo em direção a cama. Sorrio travesso.

– Não é o que está pensando, Sr. Queen. – Meu sorriso aumenta. – Precisamos descansar. – Faço uma careta.

– Ok. Mas só descanso se aceitar jantar comigo amanhã. – Ela sorri e assente. Me deito e ela se deita comigo. Passo meus braços por sua cintura e a puxo para mais perto. Ela deita a cabeça sobre meu peito e pegamos no sono.

[...]

Abro os olhos e me mexo na cama com mais facilidade. Sinto um cheiro maravilhoso e me viro. Fito Felicity ainda dormindo de costas para mim. Seus lindos cabelos loiros espalhados pelo travesseiro e a respiração calma. Ela permaneceu a noite toda ao meu lado. Agora é aquele momento que você chega à conclusão de que tem tudo o que precisa para ser feliz. Ela se mexe e vira para mim ainda com os olhos fechados. Fico observando seus traços delicados. Meus olhos vão até seus seios que sobem e descem no ritmo da respiração. Levo minha mão ao seu rosto e deslizo meus polegares fazendo carinho em sua bochecha. Ela estremece e a puxo para mais perto. Ela aninha a cabeça em meu pescoço e relaxa. Sua respiração batendo no meu peito, está um pouco mais acelerada, como se tivesse despertado.

– Desse jeito, não sairemos da cama tão cedo. – Diz com honestidade. Ela se agarra mais a mim e deposita um beijo em meu pescoço. Uma onda de calor sobe em meu corpo e tento me controlar.

– Não deveria fazer esse tipo de coisa agora. – Digo com a voz séria.

– Esse tipo de coisa? – Pergunta afastando a cabeça para olhar em meus olhos. – Não sei do que está falando. – Diz com um sorriso travesso nos lábios.

– Você sabe. – Rebato. Fico perdido em seus olhos e sinto meu corpo se aquecer mais. – Preciso de um banho. – Digo me levantando rapidamente.

– Eu também. – Senta-se na cama e a encaro surpreso. – Ai! Não foi isso que eu quis dizer... Eu também preciso ir para casa tomar banho. Porque é claro que não vou tomar banho com você, quero dizer, você vai sozinho e eu vou para casa... – Cora constrangida. – É melhor eu ir. – Se levanta rapidamente e meus olhos vão até suas pernas. O vestido estava um pouco levantado revelando-as. Ela percebe e ajeita a roupa. Me aproximo com convicção e ela estremece, dando um passo para trás, batendo as pernas na cama. Agarro sua cintura e beijo seus lábios macios com ferocidade. Ela geme. – Agora definitivamente quem precisa de um banho frio sou eu. – Diz quando parto o beijo puxando seu lábio inferior. Sorrio com seu comentário.

– Passo em sua casa ás oito. – Digo e me viro em direção ao banheiro. Mais uma vez, iria me arrepender do que fiz, mas por ela, vale a pena esperar o momento certo.

POV FELICITY

Sair da caverna foi um sufoco. Ou melhor, sair de perto do Oliver foi sufoco. A cada dia que passa entendo o porquê do meu coração ter escolhido ele. Hoje vamos sair mais uma vez e espero que o encontro chegue ao final. Vou até a cozinha e preparo um lanche rápido. Com a fome que estava, não aguentaria espera até mais tarde. Entro para o banho e deixo a água cair sobre minha pele. Me lembro de como foi bom dormir com Oliver ao meu lado. Lógico, que iria ser melhor em outras circunstâncias, na qual ele não estivesse com overdose ou pelando em febre. Saio do chuveiro e seco meu cabelo com o secador, deixando com cachos apenas nas pontas. Faço uma leve maquiagem no rosto e opto em usar lentes de contato. Vou ao meu closet e encaro todas as minhas roupas. Decido usar um vestido preto, curto e com recorte nas costas que ganhei do Barry. Escolho uma sandália que combina e me apronto. Ouço o interfone tocar e me apresso com o retoque final. Desço as escadas agarrando o corrimão, para evitar uma possível queda. E lá está ele, maravilhoso como sempre. Com seu terno preto alinhado e um olhar bobo.

– Nossa... Você está... perfeita! – Diz depois de pensar um pouco. Sorrio e coro com o elogio.

– Você também está muito bem. – Digo admirada. Ele só pode ser um Deus grego.

– Adorei o vestido. – Diz completando o elogio.

– Muito obrigada! – Agradeço, omitindo que o usei para Barry quando fui visita-lo. Ele abre a porta do carro e eu entro. Ele se senta ao meu lado, pegando o volante.

– Você gosta de comida Italiana? – Pergunta rindo.

– Prefiro outro tipo de comida dessa vez. – Respondo rindo também. – Se não se importar. – Ele assente e continua dirigindo. Depois de alguns minutos, chegamos a um restaurante de vidro maravilhoso. Um homem abre a porta para mim e eu saio. Sinto a mão de Oliver tocar minhas costas, me indicando o caminho para a mesa. Era tudo perfeito. O local era grande e cheio de mesas. Somos acomodados e o garçom se aproxima.

– Gostariam de beber algo? – Oliver olha para mim e eu assinto.

– Sem calmantes dessa vez? – Sorrio e nego com a cabeça. – Vamos querer uma garrafa de vinho tinto. – O homem sai e ficamos sozinhos novamente.

– Finalmente estamos tendo nosso encontro. – Digo, puxando um assunto. – Sem uma explosão, é claro... Não estou muito afim de acabar deitada em uma maca, talvez em uma cama... Quer dizer, não que eu vá parar na cama essa noite, eu só não quero viver aquilo de novo. – Ele sorri com meu constrangimento. O garçom volta com o vinho e agradeço internamente. Já estava começando a falar o que não deveria.

– Nunca imaginei que fosse parar aqui. Depois de tudo que passei, nunca imaginaria encontrar uma pessoa como você e viver tudo o que vivo todos os dias. Tanto como Oliver Queen, quanto como o arqueiro. – Meus olhos se prendem aos seus. – Não me orgulho nem um pouco de quem eu era. Se me conhecesse antes, provavelmente não gostaria de mim. – Nego com a cabeça. – Depois da ilha, eu mudei muito Felicity. Sei que pode soar completamente estranho. Mas não me arrependo de ter entrado no Gambit aquele dia. Mudaria muitas coisas, não levaria Sara, não deixaria meu pai fazer o que fez e tantas outras coisas, entretanto ainda embarcaria. – Como ele pode dizer uma coisa dessa? – Porque foram todas essas coisas que me tornaram quem eu sou hoje e principalmente, foram todas essas coisas que te trouxeram para mim. E disso, posso afirmar que não me arrependo. – Não acreditando na declaração, as palavras me faltam e ele dispara. – Não trocaria esses cinco anos sofrendo, por um minuto sem você Felicity. – Meus olhos se enchem de lágrimas e meu coração dispara.

– Oliver... – Minha voz sai como um suspiro. Ele pega minha mão por cima da mesa e sorri. – Obrigada. – Digo, secando as lágrimas. A comida chega e continuamos conversando sobre banalidades. Sobre meu passado, minha mãe, minha graduação e o que fiz até chegar a empresa de sua família. As horas passam rápido. Sinto como se finalmente estivesse vendo o Oliver que conheço. O homem que tanto amo e que vive escondido debaixo do capuz. Enquanto ele falava, apenas admirava sua beleza. Seus lábios se mexendo conforme falava, me deixavam completamente louca. Seus olhos sempre presos aos meus e os sorrisos que soltava quando falava minhas típicas besteiras. Tudo nele é perfeito.

– Acho que deveríamos ir. – Diz me tirando do transe. Olho para os lados e os garçons já estão limpando as mesas. Nós éramos os únicos clientes restantes. Assinto e saímos depois de Oliver pagar a conta. Do lado de fora estava frio, com o aquecedor dentro do carro ligado, fomos para casa em silencio. Não sei se ele está sentindo a mesma coisa, mas é como se houvesse uma tensão entre nós. Um fio que nos separava. Posso afirmar que ele estava a ponto de se romper.