Maldição | Amor Imortal 03 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 9
Capítulo 09




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Gaia caminhou ao lado de Dimitrius e permitiu que o anjo a guiasse pelos corredores da mansão até que eles chegaram no salão onde existia uma enorme mesa para acomodar anjos em uma refeição. Ela imediatamente encontrou os rostos familiaries dos arcanjos e de suas esposas, Katherine também estava presente desde que fazia parte daquela família tão complexa e cheia de historias.

E a imortal ficava contente pelo fato dos arcanjos serem tão unidos, pois existiram épocas que os antigos imperadores apenas faziam guerras um contra os outros sem se importar com o andamento das dimensões. E por saber que os irmão se davam tão bem, Gaia quase imaginou que poderia sobreviver ao jantar, contudo, seu corpo congelou completamente quando encontrou o olhar de outro convidado.

Argent.

O anjo de olhos azuis que a encarava de forma maliciosa era o irmão mais novo dos arcanjos que governaram as dimensões antes do pai de Dimitrius e seus tios. Argent era o irmão mais novo dos antigos imperadores e por ser o quarto filho, nascerá sem nenhum poder desde que todas as vagas dos tronos já estavam preenchidas.

Sua aparencia podia encantar qualquer mulher, ainda mais quando possuía uma barba cobrindo o seu rosto tão bem cuidada quanto a sua própria vaidade. Seus cabelos que viviam bagunçados eram o seu charme, assim como acontecia com Dimitrius, mas diferente do arcanjo que havia se tornado seu marido, o homem era dono de uma personalidade tão podre quanto os corpos dos demônios do nível 2 do inferno.

O anjo que dividia o mesmo sangue dos arcanjos já havia a machucado diversas vezes para o seu próprio divertimento, os machucados sempre surgiam por causa da força que ele usava quando tentava forçá-la a se deitar com ele, mas Gaia tinha certeza que o tio dos arcanjos gostava mais da ideia de vê-la se negar a isso do que realmente conseguir o que desejava.

Tal sentimento apenas a fazia sentir mais nojo dele.

A imortal sabia que Maximus e Meridius não eram próximos desse parente distante, mas com Dimitrius já era diferente. Aparentemente, ambos tinham uma relação bem próxima e como os arcanjos jamais invadiam a mente dos seus familiaries e das pessoas que confiavam, ele nem ao menos devia imaginar as coisas horriveis que o homem fazia a ela.

E era por esse motivo que a filha dos elementos nunca havia recorrido a ajuda dos imperadores.

Quem era ela para acusar a própria família deles?

Eles jamais teriam acreditado na sua palavra quando a natureza lhe mostrou as crueldades que Diane fazia e Gaia pensava que reagiriam da mesma forma sobreArgent.

E depois de tudo o que aconteceu com a irmã mais nova dos imperadores, parecia que Argent e Dimitrius haviam se tornado ainda mais unidos. Durante um bom tempo o arcanjo da humanidade se manteve isolado em sua mansão para superar a traição de Diane e Argent foi constantemente visto na casa de Dimitrius.

Eles eram uma família e Gaia apenas uma estranha.

— Eu não posso acreditar que vocês se realizaram a cerimonia da união sozinhos.— Niffie falou de forma gentil, apesar de demonstrar a infelicidade de não estar presente.— O último arcanjo se casando e nenhum de nós fomos convidados.—
— Nós estavamos com muita pressa para esperar os convidados, Niff.— Dimitrius falou de forma irônica e sorriu em direção de Gaia.

No entanto, a filha dos elementos ainda tinha dificuldades para reagir com o falatório ao seu redor quando Argent a encarava de forma até mesmo descarada.

Você está em minha mente, Gaia? A voz do tio dos arcanjos surgiu em meio aos pensamentos sujos dele enquanto ela os bisbilhotava. Agora que se tornou tão próxima da minha família, nós podemos brincar frequentemente. Isso não é divertido?


Gaia desejou fugir daquele salão ao mesmo tempo que bloqueava os pensamentos de Argent da sua mente.

Ela não entendia como alguém tão velho não havia encontrado a morte natural.

Imortais podiam morrer quando não encontravam mais motivos para viver, suas almas começavam a definhar até que tudo se tornava nada e isso normalmente acontecia com aqueles que já haviam vivido durante muito tempo.

Pessoas tão velhas no mundo imortal só viviam quando existia um motivo para tal coisa e Gaia imaginava que o que mantinha Argent vivo era o fato de poder infernizá-la.

— Gaia.— A voz de Dimitrius fez com que ela encontrasse os olhos dele e por um momento a filha dos elementos quis estar fechada em um quarto com ele do que próxima de Argent. O arcanjo da humanidade podia trazer pesadelos a sua mente, mas ele jamais tentou abusar dela sexualmente. Então não existia dúvidas de quem Gaia preferia estar próxima.
— Sim?— A imortal conseguiu falar, mas sentiu que em sua garganta existia mil agulhas a pinicando.

Ela olhou para Maximus e Meridius, eles a olharam de forma respeitosa e movimentaram suas cabeças para cumprimentá-la, mas quando os olhos dos arcanjos passaram para Dimitrius, eles os fuzilaram de forma odiosa.


Gaia sabia que eles não aceitariam o casamento entre ela e o arcanjo da humanidade, só não imaginava que tal união causaria a ira.

E era provavel que Dimitrius se tornasse o almoço de Ellylan se descobrissem que o anjo estava fazendo isso por eles. Afinal, o imperador da humanidade era o irmão mais novo deles e era provavel que eles jamais desejassem que ele se privasse da sua felicidade para protegê-los.

— Você está parecendo uma estátua albina.—
— Não precisa ser tão rude com Gaia.— Ellylan interveio e falando de forma que não demonstrava o respeito por um imperador.— Ela deve estar assustada por ter sido obrigada a se casar com você.—

Maximus não conseguiu esconder um pequeno sorriso que se formou em seus lábios.

— Não esqueça como uma imperatriz deve agir, Elly.— Ele falou.
— Imperatriz uma ova.— Ela resmungou com raiva e cruzou seus braços para demontrar sua revolta.
— Esse é o motivo por não gostar de humanos.— Meridius falou de forma fria enquanto observava Ellylan.— Eles são sempre selvagens.—
— Você pode pegar sua opinião e...—
— Não comecem uma briga quando estamos aqui para celebrar a união de Dimitrius e Gaia.— Argent falou e se aproximou dos demais.— Todos nós temos a eternidade para resolver assuntos inacabados.— Ele falou olhando em sua direção.— Não é mesmo, Gaia?—
— Sim.— A imortal sussurrou.
— Nós já podemos comer?— Katherine se manifestou pela primeira vez.— Eu odeio esse drama tipico de família em uma reunião.—

Dimitrius imediatamente lançou um sorriso carinhoso em direção da outra mulher e Gaia ficou surpresa por ver outra face no rosto do anjo, mas se lembrou rapidamente que ambos já compartilharam a mesma cama durante muito tempo até ela decidir se mudar para o inferno.

Katherine era a filha de dois anjos e deveria ter nascido como uma angelical, mas ela acabou surpreendendo a todos quando nasceu com asas. Elas foram arrancadas por não serem úteis por causa da grande deformidade que existia nelas, mas o que chamou mais a atenção de todos em Katherine era o seu poder tão incomum.

Quando a mulher imortal tocava alguém, que não era os arcanjos, essa pessoa se tornava cinzas e desapareceria. E era por esse motivo que ela sempre usava luvas especiais que controlavam os seus poderes para não correr o risco de transformar alguém em poeira acidentalmente.

E como os arcanjos eram aqueles que ela podia tocar sem nenhum medo ou com a proteção das suas luvas, ela e Dimitrius acabaram se relacionando por muito tempo até ambos admitirem que não funcionavam como um casal.

Por um momento Gaia desejou que eles chegassem nessa mesma conclussão logo e acabassem com esse casamento de alguma forma.

Todos começaram se mover em direção da mesa e falavam de forma tão rapida que Gaia não conseguia acompanhar. Até mesmo Meridius que era sempre o mais silêncioso conversava com Katherine naquele momento.

Argent também conversava com seus sobrinhos, mas seus olhos sempre acabavam indo para Gaia em algum momento. Ela optou por abaixar seus olhos e fixar o olhar no prato de porcelana em sua frente para não ter que encontrar aqueles olhos azuis maliciosos que prometiam o pesadelo.

Gaia. A voz de Dimitrius invadiu sua mente quando o arcanjo se sentou ao seu lado na mesa. Você está bem?

Sim. Ela respondeu o anjo, usando a linha de comunicação que ela havia liberado em sua mente para ele.

A única coisa que você diz desde que entrou no salão é “sim”. O arcanjo comentou.

Eu estou bem.

Dimitrius não insistiu mais nesse assunto, o anjo saiu da sua mente e focou a atenção nos empregados que começavam a servir a comida. Existiam diversos pratos sendo apresentados, mas Gaia teve que negar quase todos pelo fato de serem animais mortos ou parte da natureza que havia sido arrancada das suas raizes para servir de comida.

A imortal não precisava se alimentar, mas quando era necessario como naquele momento, ela comia apenas os frutos que a natureza lhe dava. Ela se recusava a comer qualquer coisa que foi morta para ser levado a um prato.

Gaia levantou seus olhos para observar Ellylan que, mesmo não podendo comer aquelas comidas, enchia seu prato para que não fosse o único vazio do ambiente. A nova imortal só podia comer carne humana e precisava se alimentar, diferente dos outros imortais que comiam apenas por luxo. A imperatriz do inferno precisava comer para não perder o controle de sua mente para a fome carnivora da sua natureza.

Ela nem ao menos conseguia imaginar como a antiga humana lidava com o fato de ter se tornado canibal para estar ao lado do homem que amava. Podia ser complexo para a filha dos elementos, mas talvez Maximus e Ellylan entendessem tudo o que aquilo significava.

Gaia admirava a força de Ellylan por fazer tantas escolhas dificeis e não mostrar arrependimentos sobre isso, pois se fosse ela no lugar da imperatriz, sua escolha seria a morte.

Ellylan percebeu que Gaia estava a encarando e sorriu de forma gentil antes de voltar a sua atenção para a conversa agitada que ocorria entre os arcanjos. Niffie e Katherine também participavam da falação, o único em silêncio era Argent que continuava a encarando descaradamente.

O jantar todo se resumiu a tudo isso, algumas vezes o tio dos arcanjos se misturava na conversava para não chamar a atenção pelo seu silêncio e Gaia preferiu não se misturar. Eles falavam sobre memórias e assuntos que envolviam apenas a família e a imortal não era um membro dela para conversar sobre o assunto.

E como todos sabiam que não se sentia confortável naquele momento, ninguém a mencionou ou se dirigiu diramente a ela para participar da conversa.

A filha dos elementos direcionou o seu olhar para Argent quando viu que o anjo desviou seus olhos dela para o copo de vinho que existia em sua frente. Ele pegou a taça cheia e a levou até os seus lábios para bebiricar o liquido escuro e por um momento Gaia pensou que o parente dos arcanjos havia desistido de infernizá-la com seus olhares, mas esse pensamento teve fim quando Argent tirou a taça de frente da sua boca e passou sua língua de maneira muito erótica sobre o seu lábio superior.

Você sente falta dos meus beijos, Gaia? Ela ouviu seus pensamentos quando permitiu que eles chegassem até a sua mente. Eu mal consigo esperar até o momento de ficarmos sozinhos.

Gaia ergueu suas barreiras para que nenhuma palavra de Argent chegasse até a sua mente novamente e percebeu tarde demais que suas mãos tremiam e causavam o tilintar dos talhares no prato por segurá-los com tanta força.

Todos os olhares da mesa foram em direção dela e a imortal imediatamente largou os talheres para levar suas mãos até seu colo.

Os arcanjos e as outras mulheres na mesa olhavam em sua direção como se Gaia estivesse pronta para entrar em colapso, o que era uma verdade que não podia ser negada. Apesar de não se sentir no limite como se sentiu na outra noite por causa de Dimitrius, ela não fazia ideia de quando chegaria o momento que o panico a consumiria.

E isso a irritava demais, pois quando fosse questionada teria que inventir desculpas para não dizer que o tio-avô deles tentava estuprá-la e que nunca não havia desistido mesmo falhando tantas vezes.

— Eu...— Gaia tentou falar, mas antes que pudesse produzir mais palavras inúteis, uma mão gelada tocou as suas e as cobriu em um leve aperto.

O corpo inteiro da imortal congelou quando seu cérebro concluiu que era Dimitrius a tocando e sua mente rapidamente se tornou um branco total. Ainda mais quando percebeu que o toque do arcanjo estava relacionado a proteção, não a maldade.


— Eu imagino que já está na hora de Gaia se retirar.— Ele falou para as pessoas diante dele.— Ela passou por grandes mudanças hoje e precisa descansar.—
— Posso acompanhá-la até seu quarto se deseja continuar a conversa com seus irmãos, Dimitrius.— Argent rapidamente se ofereceu e Gaia olhou para o arcanjo ao seu lado com mil súplicas em seus olhos para não concordar.
— Obrigado, Argent, mas posso fazer isso por minha esposa.—

Dimitrius se levantou da sua cadeira e em seguida ajudou Gaia com a sua para que pudesse fazer o mesmo. Ela olhou para as pessoas que estavam diante dela e agradeceu educadamente por terem aceitado o convite para o jantar, também pediu desculpas por não estar em uma situação melhor.

Antes de sair do cômodo, a imortal lançou um olhar diretamente para Argent e os olhos do anjo sorriram com mil promessas que seriam um pesadelo para Gaia.


A filha dos elementos apressou seus passos para ficar distante do homem o mais rápido possível e Dimitrius a acompanhou de forma silênciosa enquanto a seguia para seu quarto.

Normalmente ela ficaria incomodada por estar sozinha com o arcanjo da humanidade, mas naquele momento o seu problema maior era Argent. Aparentemente, Dimitrius seria a parte mais fácil dessa união tão complexa e sua mente parecia estar começando a compreender isso.

Apesar do anjo ter a aparencia dos seus pesadelos, ele era totalmente o oposto de muitas coisas que Gaia já pensou sobre o imperador.

— Obrigada por me tirar de lá.— Gaia agradeceu quando chegaram no corredor do seu quarto.
— Eu tive que carregá-la muitas vezes nas últimas horas quando desmaiou e não pretendia fazer isso novamente.— O arcanjo falou em um tom cheio de provocações.— Você consegue imaginar o quanto é pesada, gatinha?—

A imortal poderia ter se ofendido com o comentário, mas ela preferiu ignorar as palavras do anjo sobre o seu peso. Afinal, era primeira vez em séculos que Dimitrius fazia algo bom a ela e Gaia nem ao menos conseguia imaginar como agradeceria o anjo por tirá-la de perto de Argent.

Talvez tentar tratá-lo de forma mas gentil seria um bom começo, mesmo que ela tivesse tantos assombros em sua mente em relação a Dimitrius. No entanto, ela tinha que cumprir obrigações naquele casamento que não eram fáceis e tentar construir um relacionamento com ele e deixar que o tempo arrumasse tudo era algo fora de questão.

Quando eles chegaram no quarto que Gaia estava ocupando, ela se virou para encontrar os olhos marrons do imperador e o encarou em silêncio por alguns segundos até que criasse coragem para falar sobre o que poderia acontecer naquela noite depois que os convidados fossem embora.

— Dimitrius,— Ela falou o nome dele de forma calma para que seus verdadeiros sentimentos não fossem expostos tão facilmente.— Você...—

Gaia ficou em silêncio por instante, pois não conseguia imaginar como se perguntava a um homem se ele iria consumar o seu próprio casamento naquela noite.

— O ritual precisa ser concluído.— A imortal falou e Dimitrius a olhou de forma curiosa.
— Do que está falando?—
— Nós precisamos fazer aquilo.—

Um sorriso perigoso surgiu nos lábios do anjo e Gaia desejou se bater por parecer tão adolescente por não conseguir falar sobre o assunto abertamente.

— Você quer que eu a visite essa noite, Gaia?—
— Não.— Ela foi sincera.— Mas nossa união precisa ser concluida.—
— Eu não irei procurá-la até que deseje isso.—

Gaia o encarou confusa, pois Dimitrius estava mais do que ciente sobre tudo o que estava acontecendo.

Não existia tempo para que ele fosse um cavalheiro e fizesse tudo o que ela desejava.

— Eu não sei por que você me teme tanto, Gaia.— O anjo falou.— Mas não posso me deitar com uma mulher que me olha do mesmo jeito que você.—
— O que eu sinto não importa.— Ela debateu.— Temos que executar a ordem dos anciões antes que eles fiquem impacientes.—
— Não sou um monstro, gatinha. Meus principios estão a cima de qualquer ordem vindo dos nossos superiores.—
— Eu nunca vou desejar estar na mesma cama que você, Dimitrius.— Gaia garantiu.— Esqueça esse método.—

Dimitrius não pareceu ficar abalado e a imortal se irritou quando o divertimento surgiu nos seus olhos escuros.


— Meu charme é incrivelmente encatador para que diga isso tão rapidamente.— Ele sorriu novamente.— Eu irei lhe fazer essa pergunta futuramente e nós veremos se está tão certa por falar isso.—

Não existia dúvidas sobre sua resposta.

E mesmo que Gaia desejasse tal união, seria impossivel fazê-la de forma honrosa.


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