Maldição | Amor Imortal 03 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Me digam, meninas, vocês não acham que está chegando a hora de sair o primeiro beijo dos nossos personagens? muhahaha



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Gaia desejava morrer, pois essa seria a maneira mais fácil de superar todos os problemas que os anciões estavam trazendo para a sua vida.

Durante toda a noite ela não conseguiu fechar seus olhos para dormir por causa da sua mente que se sentia completamente culpada por ter tocado nas asas de Dimitrius, agora que o dia já havia surgido à algumas horas, seus pensamentos tão pouco a deixava sem tormentos.

Era evidente que agora o arcanjo da humanidade se sentia responsável por ela, por mais que estivesse sendo movido pela negritude em sua alma, ele não se importaria se a imortal fosse o mesmo que o nada.

Gaia teria que tomar muito cuidado, pois não desejava que Dimitrius saísse matando pessoas para protegê-la de algo que era tão comum no mundo deles. Além do mais, esse ato apenas alimentaria a maldade que crescia em sua alma que o levava em direção da loucura.

A imortal também já não se sentia mais com raiva sobre o arcanjo estar se reunindo com outra mulher, depois de refletir durante toda a noite, Gaia não achou motivos para sentir raiva quando sabia que não existia nenhum sentimento bom além de respeito em seu relacionamento com o anjo. E ela já havia ouvido muitas conversas durante a sua longa vida que diziam que homens eram muito diferentes de mulheres e que suas necessidades precisavam ser atendidas.

Tanto a filha dos elementos, quanto Dimitrius sabiam que ela não seria a pessoa a realizar os desejos íntimos do arcanjo por boa vontade, então, supostamente, Gaia estava errada em querer julgar Dimitrius quando não podia ajudá-lo.

Além do mais, diferente do anjo, ela já estava acostumada com traições em diversos sentidos e vindo de pessoas que nem ao menos esperava. Mais uma em sua vida não iria fazer nenhuma diferença.

A única coisa que, realmente, a preocupava naquele instante era o fato de ter tocado nas asas do arcanjo da humanidade sem a sua permisão.

Dimitrius devia odiá-la por isso e Gaia não queria perder todo o relacionamento que eles haviam construido até aquele momento. Na verdade, ela acreditava que já o tinha perdido, pois o que havia feito era imperdoável.

A filha dos elementos se levantou da cadeira em que estava sentada em frente da mesa que geralmente as pessoas usavam para fazer suas refeições matinais e caminhou em direção da porta do seu quarto, mas antes de sair, ela congelou quando tocou na maçaneta gelada da porta.

Ir atrás do arcanjo parecia ser uma boa ideia, só que Gaia não imaginava o que poderia falar ao encontrá-lo. Afinal, assim como ela, ele devia pensar que tocar nas asas de um anjo sem permissão era um erro que causava repulsa em todos. Se Dimitrius não tivesse esses pensamentos, o anjo não seria conhecido por nunca ter permitido o toque de alguém em suas asas sem ser a sua família.

Gaia suspirou e abriu a porta em sua frente. Afinal, por mais que fosse inútil, era correto que ela se desculpasse com o arcanjo da humanidade.

A imortal já havia cometido muitos erros com Dimitrius e desejava consertá-los. O principal deles era ter tocado em suas asas e ter se irritado com a possibilidade dele ter a traído quando o desrespeitou com o seu toque.

E por que ela tinha se irritado tanto?

O que imperador fazia com outras mulheres não devia ser do seu interesse... Certo?

Gaia parou no corredor em que estava caminhando e olhou em direção da janela para observar a natureza que existia do lado de fora.

Tudo era tão fácil quando ninguém se importava com a sua existência que ela chegava a sentir falta de caminhar pelas florestas das dimensões sem nenhum rumo. No entanto, estar próxima de Dimitrius era uma novidade que causava diversas curiosidades sobre ela mesma que a imortal não desejava ficar tão longe dele como quis antigamente.

Ele podia ser igual a Gregory quando se tratava de aparência, o que ainda causava medo e vontade de ficar afastada dele, mas novos sentimentos estavam surgindo em seu interior, sentimentos que não queriam que o arcanjo se afastasse completamente, mas que mantesse apenas a distância.

Esses sentimentos eram estranhos, pois não eram nada parecidos com o que sentia por Patrick. Nem mesmo no ínicio ela se sentiu de tal maneira com o tenente ruivo, então Gaia acreditava que isso não era estar se apaixonando por Dimitrius como o futuro garantiu que aconteceria com um deles.

Mas eles significavam algo e a imortal precisava descobrir o que eram.

Gaia voltou a caminhar e foi em direção do salão em que se encontrava os tronos dos arcanjos para julgamentos ou outros assuntos que eles precisavam resolver com imortais. Ali era o lugar mais provável que Dimitrius estaria desde que os imperadores passavam grande parte do seu tempo lá.

A filha dos elementos podia localizar o arcanjo fácilmente ao usar seus poderes, mas como não fazia tanta questão de encontrá-lo tão rápido, ela preferiu procurá-lo como uma pessoa normal sempre fazia.

Gaia parou diante das portas duplas do salão real e antes de pensar uma segunda vez sobre o assunto, ela as abriu sem bater. Por um momento se sentiu aliviada por ver o local completamente vazio, mas também se sentiu frustrada.

Era impossivel que Dimitrius ainda estivesse dormindo, por mais que ainda fosse cedo, esse horário era comum que ele já estivesse acordado. Talvez o anjo não estivesse presente na mansão...

— Procurando por algo, gatinha?— Uma voz masculina surgiu logo atrás dela e Gaia levou um susto pela aproximidade que não havia notado.

Ela se virou no mesmo instante em que seu coração esqueceu de como se batia em seu peito para encarar o arcanjo da humanidade que estava muito próximo dela. Dimitrius sempre mantinha distância por saber que ela não gostava dele tão próximo, mas naquele momento o anjo pareceu ter esquecido disso.


Sua única sorte foi ter aberto as portas do salão antes dele chegar, pois Gaia não se importava em dar alguns passos para trás pra se afastar do imperador que quase havia encostado seu corpo contra o dela.

Dimitrius avançou junto com ela até que ambos estivessem dentro do salão. O arcanjo fechou as portas em sua costas usando seus poderes para manipular o vento com a intenção clara de não desviar seus olhos dos dela por nenhum momento.

— Eu estava procurando por você.— Gaia murmuriou desviando seus olhos do anjo quando ele se manteve em silêncio a espera de uma resposta.

A imortal se sentiu constrangida demais quando Dimitrius a encarou como uma besta faminta. Agora que sua mente não parecia funcionar corretamente, ela se sentia envergonhada por ter praticamente agarrado o arcanjo. Por sentir tanta culpa por ter tocado suas penas macias, a imortal tinha se esquecido completamente desse detalhe.

Gaia sentiu suas bochechas esquentarem com a lembrança surgindo em sua mente e isso apenas a deixou frustruda quando sabia que devia sentir medo por tudo o que ocorreu em seu passdo com Gregory.


A filha dos elementos manteve seus olhos fixos no chão para não ter que encarar Dimitrius, ela já tinha sorte o suficiente em arcanjos não poderem ler sua mente, mas se sentia muito pequena diante do imperador da humanidade naquele instante.

Gaia não suportou mais o silêncio que estava predominando todo o local enquanto o arcanjo continuava em silêncio a observando com seus olhos perigosos.

Ela fez o seu primeiro movimento e só parou quando seus joelhos encontraram o mármore frio daquele chão escuro para sentar em seus calcanhares, suas mãos ficaram unidas sobre a sua coxa em um sinal de respeito pelo imperador diante dela.

— Por favor,— A filha dos elementos olhou para Dimitrius, pois não acreditava que um pedido de desculpa deveria ser feito sem estar olhando em seus olhos.— Me perdoe, imperatore.—
— O que você está fazendo, Gaia?— O anjo perguntou de forma extramamente calma enquanto a olhava com cautela.
— Eu tive a intenção de tocar em suas asas para que não causasse nenhum mal por minha causa, mas naquele momento não pensei que poderia estar o ofendendo com meu toque... Por favor, me puna pelos meus erros, imperatore.—
Gaia...— O arcanjo sussurrou o seu nome pacientemente e se aproximou para poder se ajoelhar diante dela depois de abrir suas asas em único estalo.

Dimitrius levou suas mãos em direção das dela para que pudesse pegá-las e por mais que Gaia quisesse se afastar naquele momento, ela já não mais capaz de fazer isso. O toque do arcanjo foi frio contra as suas palmas, uma frieza que ela já esperava desde que existiam diversos elementos em seu corpo que não permitiam que sua temperatura fosse parecida ou mais fria que a de um imortal qualquer.


— Você não deve se ajoelhar diante de ninguém, Gaia.— Os olhos escuros do anjo se tornaram fixos aos dela novamente depois que ele uniu suas mãos.— Nem mesmo quando comete erros.—
— Eu não sou uma imperatriz, Dimitrius.— Nem mesmo que Gaia desejasse ser reconhecida por esse título, ela nunca estaria aos pés de Niffe e Ellylan. Só por que se casou com um arcanjo, isso não significava nada.
— Você não é.— O arcanjo da humanidade concordou e sorriu de maneira sincera.— Mas você é a filha dos elementos, a criatura mais poderosa que existe em nosso mundo. E isso significa que os outros devem se ajoelhar, não você.—
— As pessoas me vêem como uma fofoqueira que deseja derrubar seus imperadores.— Gaia falou.— E essa não é a questão, Dimitrius. Eu toquei nas suas asas e isso foi algo imperdoável.—
— Então eu a perdoo por seu erro.—
— Você não esta sendo sincero.—

— E por que não?— Ele a questionou.— Eu já não me importo mais em encontrar um grande amor que seria a primeira a tocar em minhas asas. E você é a minha esposa agora, Gaia, acredito que não exista outra pessoa mais adequada para tocar nelas.—
— Foi um erro que...—
— Um erro que não matou ninguém.— Dimitrius completou sua frase com palavras distantes daquelas que ela pretendia usar.
— Me desculpe, Dimitrius. Eu não queria fazer isso...— Gaia parou de falar quando sentiu sua garganta se fechar por causa do choro que se aproximava. Ela não sabia porque sentia tanta vontade de chorar quando estava com Dimitrius, mas isso estava começando a incomodá-la.

O imperador soltou uma das suas mãos e a levou até o topo da cabeça de Gaia para descansá-la ali de forma carinhosa para demonstrar seu afeto.

— Está tudo bem, gatinha.— Ele sorriu novamente e o divertimento surgiu em seus olhos.— Eu imagino que fazia parte dos seus sonhos me agarrar daquela maneira.—

A imortal sentiu suas bochechas esquentarem novamente e no mesmo instante que seus olhos arregalaram com a surpresa das palavras do arcanjo, o som da risada de Dimitrius invadiu todo o salão.

Além de ser um riso sincero, o anjo conseguiu lhe mostrar que ao mesmo tempo que era igual a Gregory, Dimitrius era completamente diferente do antigo arcanjo. Por mais que a imagem do anjo trouxesse pesadelos à sua mente por causa do seu parente distante, os seus sentimentos eram tão honrados quanto os dos seus irmãos, até mesmo quando a escuridão desejava invadir a sua alma.


Dimitrius e Gregory nunca seriam semelhantes, pois o antigo arcanjo era um monstro sem sentimentos e o anjo em sua frente estava longe de ser uma besta faminta por maldade.

— Dimitrius, eu...—

Gaia parou de falar no momento em que as portas dos salões foram abertas sem nenhum toque de aviso. Dimitrius se levantou imediatamente e ajudou a imortal a fazer o mesmo depois que fechou suas asas para em seguida olhar em direção da tenente loira que havia invadido o local.

Liv estava com uma expressão séria e isso provavelmente fez com que Dimitrius poupasse as brincadeiras provocativas que sempre estavam na ponta da sua língua.

— O que aconteceu?— Ele perguntou.
— Nós temos um problema.— Liv falou tão sério quanto seu rosto demonstrava, mas antes de continuar a falar, seus olhos encontraram os de Gaia por um instante antes de voltarem para Dimitrius.
— Fale, Liv.— O arcanjo ordenou.— Gaia saberá de tudo no momento em que se sentir curiosa para invadir sua mente. Ela não é desconfiável nessa mansão.—
— Topher esteve no centro da dimensão e ouviu diversos múrmurios sobre o seu casamento com Gaia.— A tenente falou sobre Christopher, o tenente que servia Dimitrius como um espião, mas que era tão letal quantos os demais, ainda mais quando o mesmo possuía genes modificados que lhe presentearam com a capacidade de invadir mentes e gerar ilusões perigosas.— Os imortais estão dizendo que ela o enfeitiçou com seus poderes e eles estão começando a ficar desesperados pelo fato de um arcanjo manipulado estar governando uma dimensão.—
— Isso não é um problema.— Gaia comentou para Dimitrius quando ele encontrou seu olhar, pois já estava acostumada a ouvir coisas piores sobre si mesma.— E todas imperatrizes são ofendidas em algum momento.—
— Isso é um grande problema, gatinha.— Os olhos do arcanjo se tornaram vazios.— Os imortais estão questionando meu império.—
— Quais são suas ordens?— A soldada de cabelos loiros questionou o seu imperador.
— Eu diria para arrancar a língua daqueles que estão criando rumores em público, mas imagino que minha imperatriz não apoia tal atitude e não pretendo gerar problemas em meu casamento por causa dos imortais.— Dimitrius sorriu de maneira sarcástica depois de olhar a tenente.— Deixe que falem, pois não permitirei que eles esqueçam o motivo de eu ser um arcanjo.—

Liv movimentou sua cabeça em um sinal de respeito e se virou para sair do salão. Gaia esperou até que ambos estivessem sozinhos novamente para voltar a falar.

— Me desculpe por isso.—
— Pare de pedir desculpas, Gaia.— Dimitrius disse.— Eu prefiro quando você mostra suas pequenas garras para me atacar.—

O arcanjo da humanidade começou a se movimentar para sair do local, mas antes que realizasse tal desejo, ele virou para olhá-la novamente.

— Nós vamos fazer um passeio mais tarde.— Ele a avisou e saiu do salão real antes que Gaia tivesse a chance de perguntar para onde iriam.

No entanto, no momento em que a imortal invadiu sua mente para procurar respostas, Dimitrius estava pensando sobre como estava ficando insano por seguir o conselho do seu amigo Gate. O pensamento foi o suficiente para que a imortal parasse de bisbilhotar a mente dele, pois não desejava nem ao menos imaginar o que o demônio havia falado para o anjo da humanidade.

Gaia preferia ficar curiosa do que chocada ou horrorizada.


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