Com Amor não se Brinca escrita por Bubees


Capítulo 59
A imperfeição perfeita. (Parte I)


Notas iniciais do capítulo

http://www.youtube.com/watch?v=jUkoL9RE72o&ob=av3el



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7 anos depois...

- Bom dia! – Disse, assim que ouvi Letícia se espreguiçar e virar-se para mim.

- Ahn... Bom Dia... – Letícia resmungava, abrindo aqueles belos olhos.

Os olhei fixamente assim como eu fazia todas as manhãs.

- Dormiu bem? – Perguntei. – Você ficou a noite toda pesquisando naquele laboratório de astronomia que eu preferi te deixar dormindo.

- Obrigada... – Ela resmungava, espreguiçando-se mais uma vez. – Sinto como se um trator tivesse passado por cima de mim.

- Imagino...

De repente, ouvimos um estrondo no andar debaixo, como se algo pesado caísse no chão.

- BRIAN ELWIN HANER JÚNIOR! – Letícia se sentava na cama, olhando-me com a face púrpura. – EU JÁ FALEI PARA VOCÊ NÃO DEIXAR O LUCAS SOZINHO!

- Desculpa pequena! – Disse erguendo-me da cama. – Deixa que eu vou lá ver o que ele aprontou dessa vez... É que eu vi que você estava tão cansada que eu quis vim ver como você estava...

- AI! TUDO BEM! – Ela grunhia, jogando-se novamente na cama. – VAI LOGO!

Saí do quarto correndo, atravessando o corredor e deslizando pelo corrimão, até chegar à sala, deparando-me com uma cena que me cortou a alma.

A MINHA GUITARRA PREFERIDA ESTAVA ESPATIFADA NO CHÃO!

- Desculpa papai.

Surpresos? Pois é... Eu também fiquei quando recebi a notícia.

5 anos atrás...

- Syn... Eu preciso te contar uma coisa... – Dizia Letícia, olhando-me seriamente, como se estivesse bastante preocupada.

- O que foi? – Perguntei, distraído com o vídeo game. – Deixa só o Kratos terminar de matar esse aqui...

- SYN! EU ESTOU GRÁVIDA! – Letícia gritava.

Game over.

- Lucas, quantas vezes eu já disse que não é para mexer na guitarra do papai? – Perguntei olhando-o de forma séria.

- É que eu quero uma guitarra igual a sua. – Lucas dizia me ajudando a erguer a guitarra e encaixá-la novamente no suporte.

- Essa guitarra é muito pesada para você... Eu já te comprei uma...

- Mas aquela é de criança. – Ele cruzava os braços e erguia uma das sobrancelhas. – Eu quero uma de homem! Igual a sua.

Comecei a rir daquele seu modo de agir. Era tão pequeno e jurava querer ser como a mim. Era divertido... Não havia presente melhor do que ser admirado pelo seu próprio filho.

Eu e Letícia tivemos que nos casar depois que ela ficou grávida.

Diego correu atrás de mim com um soco inglês em mãos, mas só depois de ter corrido exatamente cinco quarteirões, descobri que o soco inglês era de mentira.

Letícia e eu nos casamos muito cedo, tínhamos apenas 21 anos. Ela ainda estava na faculdade e eu estava em turnê. Quase que abortamos. Ainda bem que desistimos da ideia, não era isso que de fato queríamos e não me arrependo nenhum pouco das decisões que tomei.

Letícia preferiu não cantar mais na banda depois que estava cursando a faculdade e descobriu estar grávida. Precisávamos de tempo, precisávamos nos organizar, mas ainda assim ela fazia alguns ‘backs’ e nos ajudava bastante. Era tão integrante da banda quanto nós.

Encontramos um novo vocalista, que ironicamente se chamava Mateus.

A gravidez de Letícia foi uma fase difícil para todos nós. Tivemos que nos organizar muito rápido e nosso primeiro ano de casados, moramos na casa de Clarice enquanto o nosso sobrado não terminava de ser construído.

Logo após a entrega do nosso sobrado, conseguimos quitar as dívidas com o dinheiro que eu finalmente comecei a receber da gravadora, dos nossos shows e das aulas de guitarra que eu dava... Nós novamente estávamos por cima, e agora moramos em uma grande casa, com um enorme jardim e com piscina, assim como a minha pequena sonhava.

- Okay... – Disse a Lucas. – Aprende a tocar guitarra direito que eu te dou uma igualzinha a minha.

- LEGAL! – Lucas comemorava. – Vou ter uma banda como a sua, vou tocar tão bem quanto você... Não... Vou ser MELHOR!

- Boa sorte então, carinha. – Disse rindo. – Vamos lá dar bom dia para a sua mãe que ela acordou e assim ela vem logo fazer o café da manhã que da última vez o papai queimou tudo.

- E se queimou. – Lucas ria me olhando de modo maldoso.

Apenas revirei os olhos, indo até o pé da escada.

Lucas rapidamente atravessou a porta de trás, indo até o jardim.

- FILHO! SUA MÃE ESTÁ LÁ EM CIMA! – gritei.

- Eu sei. – Dizia ele retornando até mim, com uma margarida em mãos.

Por que eu não pensei nisso antes?

- Puxa saco. – Resmunguei.

- Você sempre faz isso quando a mamãe fica brava com você. - Lucas apenas me deu um sorriso vitorioso, subindo as escadas.

Lucas sem dúvida era o meu maior presente. A forma viva do meu amor e do de Letícia.

Muitos diziam que ele se parecia muito comigo e ele sorria orgulhoso fazendo questão do que diziam. Todas as manhãs em que eu estou me arrumando, Lucas fica ao meu lado no banheiro, imitando meu penteado e querendo usar o mesmo tipo de roupa que eu, muitas vezes costumava a pegar além da minha guitarra, gostava também das minhas camisetas de banda.

Minha mãe cismava em dizer que ele era o meu clone, mas teimoso como a mãe dele.

- BOM DIA, MAMÃE! – Lucas entrava no quarto como um tiro e pulava na cama.

- Bom dia meu amor. – Dizia Letícia sorridente, sentando-se.

- Pra você. – Lucas sorria, entendendo a margarida para Letícia. – Só que você é mais linda.

- Ah... – Letícia apanhava a margarida, sorrindo e dando um beijo na bochecha do moleque. – Você que é lindo... Acho que devia ensinar seu pai a fazer essas coisas para mim...

- Ah... – Fiz um bico, deitando ao seu lado na cama. – Me aguarde de noite.

- Por que, papai? – Perguntou Lucas.

Eu sempre dava esses foras. Cantava a Letícia nas horas erradas.

- Por que eu e a mamãe vamos sair para jantar. – Disse.

- Como assim? Eu não estou sabendo de nada. – Dizia Letícia pousando a cabeça sobre meu peito.

- Os meninos querem ir no pub.

- OBA! HOJE EU VOU PARA A CASA DO VOVÔ! – Lucas comemorava. Ele adorava ficar na casa do Diego, afinal, ele lhe fazia todas as vontades e o ensinava tocar guitarra.

- Meu pai sabe disso? – Letícia perguntava.

- Ainda não. – Confessei. – Depois do almoço eu ligo para ele.

- Ah... Sei... – Dizia Letícia. – Bom, vou descer para arrumar o café da manhã e vocês dois vão tomar banho.

- Tá... – Dizia Lucas descendo da cama e abrindo o MEU armário.

- NÃO! A roupa do papai não! – Levantei da cama correndo, antes que ele começasse a bagunçar tudo.

Letícia simplesmente se levantou da cama, vestindo aquela camisola preta de seda que me fazia faltar o ar. Quase esqueci que Lucas estava cometendo um atentado contra mim.

Ela ria, olhando para a cena,e logo se retirou.

- Pai, é verdade que eu vou ter um irmãozinho? – Lucas perguntou de repente.

Arregalei os olhos, despreparado para aquela pergunta.

- Onde você ouviu isso?

- Eu ouvi você e a mamãe conversando ontem depois da janta...

- Ah... – Disse me dando por vencido. – É verdade, mas a gente ainda não sabe se vai ser menina ou menino.

- E como vocês fazem isso? – Lucas me olhava com curiosidade.

- Isso o que?

- Como é que aparece outro irmão?

Senti meu rosto esquentar. Ele queria saber como nasceu?

- A cego...

- Não é cegonha. – Ele dizia sério, fazendo um não com a cabeça.

- Como não?

- Eu sei que não é. – Ele cruzava os braços. Garoto esperto.

- Tudo bem... Eu e a sua mãe... A gente faz uma aposta todo ano e se a carta certa sai... Aparece outro irmão, entendeu? – Nem eu tinha entendido essa.

- Ah... – Lucas me olhava como se estivesse tentando entender as minhas palavras confusas. Eu ganharia tempo até ele desbancar a minha teoria e vir com mais perguntas.

- JÁ TOMARAM BANHO?! – Ouvi Letícia gritando.

- Vamos logo carinha, antes que a sua mãe vai começar a reclamar... – Disse.

Lucas e eu rapidamente fizemos a nossa maratona de todas as manhãs, dividimos o perfume, a cera para o cabelo, o creme para o rosto e pronto, finalmente descemos para tomar café da manhã.

Letícia já havia preparado a mesa com frutas, cereais, café, torradas...

- Amor, ele já sabe. – Avisei, assim que me sentei.

- Ele já sabe?! – Letícia perguntava boquiaberta. – Como?

- Ouviu a gente falando ontem à noite. – Disse.

- Ah... – Letícia também se dava por vencida, sentando-se ao meu lado. – E então filho... Está animado pra ganhar um irmãozinho ou uma irmãzinha?

- Se ele for legal... – Lucas dizia, apenas, concentrando-se em colocar o cereal e o leite dentro da vasilha.

- Já liguei pro meu pai. – Dizia a minha pequena. – Ele fica com o Lucas hoje à noite.

- LEGAL! – Lucas comemorava mais uma vez.

- Ele perguntou se a gente não deixa o Lucas passar a noite com ele... Ele não combinou de fazer nada com a minha mãe mesmo, e disse que quer levar o Lucas amanhã no parque.

- Tudo bem pra você, Lucas? – Perguntei.

- Acho que pra ele você não precisa perguntar, né? – Letícia gargalhava.

Lucas apenas concordava com a cabeça, ainda comendo seu cereal.

- Por mim, tudo bem. – Disse, colocando minhas mãos sobre as coxas da Letícia, apertando-a levemente, subindo vagarosamente.

- Já entendi! – Ela ria, afastando minha mão. – Por mim está tudo bem também.

Sorri para a minha pequena e ela retribuía o sorriso, me dando um beijo sutil nos lábios.

- Lucas, só não conta pro vovô sobre o irmãozinho. – Dizia Letícia.

- Por que não, pequena? Não acho que depois de estarmos cinco anos casados que ele vai correr atrás de mim com um soco inglês falso.

- Eu sei, mas eu prefiro eu mesma contar. – Dizia ela, de modo sério. Me preocupou um pouco.

- Mãe, terminei, posso jogar vídeo game?

- Pode meu amor, vai lá. – Dizia Letícia.

Esperei que Lucas se afastasse, virando-se novamente para a minha pequena.

- O que foi? – Perguntei acariciando seus cabelos.

- Não foi nada... – Dizia ela se levantando, apanhando meu copo e o dela.

- Deixa que eu faço isso depois. – Disse segurando seu braço, impedindo que se levantasse.

- Não é nada meu amor. – Ela me olhava, dando-me um beijo no rosto. – Só estou preocupada com o que vão dizer quando descobrirem que eu estou esperando outro filho seu...

- Pequena, a gente já está casado, ninguém tem mais nada haver com a nossa vida.

- Você não acha que ter dois filhos com 26 anos não é demais? Digo, somos muito novos ainda...

- E daí? Por um acaso deixamos de aproveitar alguma coisa? Lógico que temos nossos problemas como qualquer outra pessoa, mas olha só pra gente...

- É que... – Ela respirava fundo, interrompendo-me. – Quando eu fiquei grávida do Lucas me trataram como se eu estivesse ficado grávida com quinze anos. – Letícia revirava os olhos. – Eu temo um pouco.

- Pequena... Olha só pra gente! Temos nossa própria casa, não dependemos de ninguém, temos um filho adorável, educado, divertido... Não se preocupa com isso não, sua boba!

- É verdade... – Letícia sorria, dando-me um forte abraço. – Conquistei tudo isso com você...

- Nós conquistamos. – Disse lhe dando um beijo no topo da cabeça. – Não se preocupa... Se tivermos problemas, vamos enfrentá-los de novo.

- Está bem... Ai, como eu sou idiota... – Ela resmungava e ria ao mesmo tempo. – Olha só com o que eu estou me preocupando, mas a gente ainda precisa reformar o banheiro.

- Precisa nada! Você que quer reformar... Você se enjoa fácil demais se a gente for ficar reformando tudo o que você quer...

- Eu sou enjoada então? – Letícia se afastava, cruzando os braços.

- É! – Disse descaradamente.

- Fala isso na minha cara então... – Ela me ameaçava.

- Você é uma enjoada. – Sussurrei, aproximando meu rosto do dela.

Letícia enroscou os dedos em meus cabelos, aproximando seus lábios dos meus.

Apesar de tanto tempo, eu ainda sentia como se fosse beijá-la pela primeira vez.

Meu coração saltava, e eu não tinha vontade de parar.

Como era possível amar tanto uma pessoa desse jeito?

Eu sentia aqueles mesmo lábios macios tocando os meus todos os dias e nunca me cansava deles, sentia aquela mesma pele aveludada sobre a minha todos os dias e meu coração ainda palpitava como se fossemos ainda meros jovens iniciando um relacionamento... Aqueles olhos, aqueles lábios, aquele sorriso...

- Eu te amo... – Sussurrei, tornando a beijá-la.

- PAI! -

Rapidamente nos afastamos.

- O que foi? – Letícia perguntava, ofegante. Era bom saber que eu ainda a deixava sem fôlego.

- Pai, passa daquela fase do dragão pra mim?

- Vai lá. – Dizia Letícia sorridente. – Eu vou tomar banho e dar uma arrumada lá em cima e a cozinha é sua.

- Sim senhora. – Concordei disparando uma leve risada.

- Passo da fase do dragão se você tirar a mesa para mim. – Disse para Lucas, assim que Letícia já estava desprovida em poder me ouvir.

- Tá. – Lucas dizia animado sem nem ao menos desconfiar.

Poderia ser maldade, mas ficar tirando as coisas da mesa e colocar no lugar certo era uma tremenda chatisse, por mim, ficava tudo ali mesmo.

Eu e Lucas passávamos bastante tempo juntos, eu tinha que aproveitar por que quando ia viajar com a banda ficava um tempo imenso sem vê-lo. Era dramático. Por isso que sempre que eu estava ali, fazíamos tudo juntos.

Letícia já havia descido as escadas, vestindo um shorts jeans e uma regata. Linda como todos os dias.

- Vai trabalhar hoje? – Perguntei enquanto terminava de passar o pano no chão.

- Não... Não sei se eu te falei, mas vou ficar três dias de folga, eu estava ficando muito estressada e vou emendar com o final de semana.

- Ah! Que bom... A gente podia ver de ir para algum lugar então...

- A gente vê... – Dizia Letícia passando para o jardim.

- PAI!

- OI! – Gritei da cozinha.

- Passa da fase da Medusa?

- Você quer que eu jogue tudo pra você? – Perguntei com um riso.

- Só mais esse. – Dizia Lucas.

- Só um minuto, deixa o papai terminar aqui.

- SYN! – Agora era a minha pequena que chamava por mim.

Joguei o pano dentro do tanque, ajeitando o rodo encostado à parede e corri para o lado de fora.

- O que foi, pequena?

- Acho que a luz aqui da churrasqueira queimou.

- Eu já te ensinei a trocar lâmpadas. – Sorri descaradamente.

- Amor, já que você está aqui, você poderia trocar pra mim. – Letícia sorria como uma sapeca.

- Eu vou é te morder! – Disse.

Eu ficava um pouco chateado quando eu ficava mais tempo em casa e via o quanto eles precisavam de mim.

A banda também era tudo para mim, gostava muito do que fazia e ainda mais por Letícia me apoiar.

- Syn, as cicatrizes da minha perna nem aparecem tanto, né?

- Nem da pra ver. – Disse com sinceridade.

- Que bom. – Letícia sorria e me abraçava pelas costas enquanto eu tentava trocar a lâmpada da churrasqueira.

- Para com isso... – Ria, enquanto sentia suas mãos pequenas acariciarem meu peito.

- Por quê? – Letícia perguntava às gargalhadas.

- Assim eu não vou conseguir me concentrar. – Disse ainda rindo.

Letícia ia se aproximando de mim, beijando meus ombros e subindo para o meu pescoço, até chegar a minha orelha. Ela mordiscava e passava lentamente a ponta da língua, causando-me arrepios.

- AGORA VOCÊ VAI VER! – Virei bruscamente, agarrando-lhe a bunda e fazendo com que seu corpo colasse no meu.

- Olha só... Despertei a fúria dele. – Letícia zombava.

- Pois é... – Eu sussurrava de modo sugestivo, caminhando para cima dela, enquanto ela recuava os passos.

- E o que você vai fazer? – Letícia mordia os lábios, enquanto eu a suspendia do chão, agarrando-lhe as coxas e colocando-a sentada em cima da bancada.

- Quer mesmo saber? – Eu segurava seu rosto de modo firme.

- PAI! A MEDUSA! – Ouvi Lucas gritar.

Revirei os olhos, afastando-me de Letícia.

- Vou lá matar a medusa. – Resmunguei.

Letícia saltou a bancada, fazendo um careta logo em seguida.

- Você está bem? – Perguntei preocupado.

- Você sabe que quando eu forço muito a perna eu sinto uma pontada. – Dizia ela passando a mão por cima da cicatriz. – Foi o impacto.

- Ah pequena, desculpa...

- Não é culpa sua, seu idiota. – Ela ria. – Vai lá matar a medusa, você sabe que com o Lucas aqui é impossível você ficar sossegado.

- É eu sei. – Dei uma leve risada. – Mas está tudo bem com a sua perna mesmo?

- Está sim, não se preocupe. – Letícia sorria, mostrando-se de fato melhor. – É normal...

- Tudo bem... Já troquei a lâmpada viu?

- Obrigada garanhão.

Corri agora para matar uma medusa. O moleque tinha razão, aquela fase realmente não era assim tão fácil, mas para a alegria do filhão, eu consegui.

Fiquei o resto da manhã jogando vídeo game com meu filho enquanto Letícia cuidava de seu jardim.

Depois ajudei Letícia com o almoço, e assim que terminamos de comer, Lucas e eu fomos nos aproveitar para nos refrescar na piscina, enquanto Letícia terminava de limpar a cozinha.

Lucas estava aprendendo a nadar, mas ele era folgado demais, gostava mesmo era de ficar sendo sustentado pelas bóias.

De repente, ouvi um som estridente de tambores sendo castigados.

Estiquei a cabeça e lá do fundo da sala, vi minha diva tocando bateria.

Finalmente ela aprendeu a tocar. James deu várias dicas a ela, assim como Diego. Com o tempo, pai e filha finalmente se aproximaram ainda mais.

- PEQUENA! LARGA ESSA BAQUETAS! – Gritei. – Vem cá pegar nas minhas... – Ri descaradamente.

- Você colocou baqueta dentro da piscina, papai? – Lucas perguntou de repente.

Mais um fora do dia.

Eu sempre esquecia que ele estava por aí e podia me ouvir.

Senti meu rosto esquentar novamente.

- É... É... Não, não é isso. – Tinha que encontrar rapidamente uma maneira de desvirtuar o assunto. – Eu estava querendo dizer das bóias de macarrão né? – Comecei a batê-las contra a água. – Está vendo? É como se fosse uma bateria aquática, entendeu? Entendeu? – Sorri, tentando ser convincente.

- Ah... – Lucas sorria, apanhando dois macarrões e batendo-os contra a água. - Assim?

- Isso...

Estiquei o pescoço novamente e vi que Letícia ria, sentada no banco da bateria.

Logo ela se levantou, retirando a regata e o shorts, jogando-os contra o sofá, correndo na nossa direção.

Eu a olhava completamente abobado. Os cabelos se esvoaçavam e a sua pele branca cintilava contra o sol ardente.

Nem parecia que já esteve prestes a morrer.

Rapidamente ela saltou na piscina, mergulhando, até chegar a mim.

Lhe esbocei um largo sorriso, e ela me deu um beijo sutil nos lábios.

Letícia passou a ter um grande prazer em nadar. Fazia bem para que ela não sentisse dores nos ossos do braço e da perna.

A tarde logo sugou todo o resto do dia.

- Filho, vamos tomar banho e separar suas coisas para ir à casa do vovô. – Dizia Letícia.

- Só mais um pouquinho... – Lucas pedia.

- Não, tem que ir agora que já está ficando tarde.

Lucas apenas deu de ombros, se retirando da piscina e enrolando-se em uma toalha.

- Estou te esperando lá em cima. – Dizia a minha pequena assim que também saiu da piscina.

- Não se preocupe. – Sorri.

Inclinei meu corpo para trás, boiando sobre as águas finalmente calmas da piscina. Era gostoso poder ouvir aquele silêncio sendo quebrado pelas pequenas ondas da água, enquanto a brisa do final da tarde tocava meu rosto e o sol se pondo alaranjava o céu.

Fechei meus olhos, tentando esvaziar um pouco a cabeça, mas não conseguia.

Meus pensamentos sempre se deparavam com a minha pequena e o meu Luquinhas... Eu era jovem demais ainda, mas que se foda. Aquele garoto conquistava a todos e sempre que precisamos tinha alguém disposto a olhá-lo. Eu e Letícia nunca perdíamos nada, apenas ganhamos coisas. Mais responsabilidades, mas também mais amor, mais objetivos, mais alegrias.

Quando paro para pensar em tudo que já nos aconteceu, fico imaginando como eu estaria se de alguma forma eu não tivesse sido ‘obrigado’ a mudar.

- Amor? – Ouvi a voz da minha pequena de repente, e então abri os olhos. – Eu e o Lucas já tomamos banho, eu vou arrumar as coisas dele.

- Ah tá, tudo bem, eu estou indo tomar banho também.

Saí da piscina, indo diretamente para o banho, molhei um pouco a escada e Letícia ia xingar por isso em breve.

Assim que saí do banheiro, lá estava Lucas de novo, dividindo meu perfume, minha cera de cabelo...

- BRIAN ELWIN HA...

- A escada. – Disse apenas assim que ouvi Letícia gritando meu nome por completo.

- Ainda tem flor no jardim. – Dizia Lucas.

- Você é louco de deixar aquela escada molhada? E se o Lucas escorrega? HEIN?!

- Pequena, desculpa, é que eu quis tomar banho logo pra não atrasar...

- Babaca. – Letícia resmungava.

- Tem margaridas... Rosas... – Lucas continuava tagarelando.

- Para moleque. – Resmunguei. – AMOR, volta aqui! – Saí correndo do banheiro.

- E AINDA DEIXOU A TOALHA MOLHADA EM CIMA DA CAMA! – Letícia continuava reclamando dos meus foras.

- DESCULPA! – Corri até a cama, apanhando a toalha. – Viu? Não está mais aqui.

- Já arrumei as coisas do Lucas, me dá a chave do carro pra eu colocar lá...

- Toma. – Disse me aproximando e lhe estendendo a chave. – Não fica bravinha...

- Besta. – Dizia ela, dando uma leve risada, e virando-se de costas.

Finalmente já estávamos prontos para ir.

Liguei para James para avisar que já estávamos saindo de casa, e então fomos até a casa de Diego.

Sim, Diego e Clarice ainda estavam separados... Mas não completamente. Clarice decidiu dar uma nova chance para Diego desde que eles começassem do zero. Ou seja, estavam mais uma vez namorando.

Diego se divorciou de Carmen e estava morando na mesma rua que Clarice. Logo eles se casariam novamente, eu tenho certeza.

- AE CAMPEÃO! – Berrava Diego assim que viu Lucas descendo do carro.

- Pai, não deixa ele comer doce de noite e...

- TÁ, TÁ... Já sei. – Dizia Diego, dando um forte abraço em Letícia. – E vocês não bebem demais.

- Eu não posso beber mais. – Dizia Letícia.

- Como assim? – Diego franzia o cenho. – Não vai me dizer que...

- É... Eu estou grávida de novo.

- O QUE?! – Diego perguntou em voz alta.

- Vovô, saiu a carta certa... – Dizia Lucas.

Desesperadamente, estendi o dedo indicador em frente aos lábios para que ele se silenciasse.

- COMO?! Vocês acham mesmo que vão conseguir criar mais outro filho?

- Lucas, entra. – Dizia Letícia.

Lucas rapidamente, fez o que minha pequena pediu, entrando na casa de Diego.

- Pai...

- Vocês ainda são muito jovens! O Syn faz shows e você às vezes tem que ficar até tarde na universidade fazendo pesquisas...  Como vocês acham que vão conseguir manter contato com os dois filhos de vocês assim livremente?

- PAI! – Letícia protestava.

- Diego...

- FICA QUIETO! – Diego gritou.

- Pai! Você está sendo insensato.

- EU? – Diego nos olhava boquiaberto. – Vocês não estão preparados para ter outro filho! Sua irmã está noiva e logo eu vou ter que estar tomando conta de um casamento também... E agora mais um neto? Eu nem sou tão velho assim para ser avô.

Letícia abaixou a cabeça, e eu rapidamente a abracei.

- Mas eu vou ter meu filho. – Ela dizia seriamente. – E eu sei que a gente vai conseguir dar um jeito.

- Essa eu quero ver...

- Vai dar certo sim... – A abracei ainda mais forte. – Você verá.

- Eu falo isso por que me preocupo com vocês... Syn, você é como se fosse um filho pra mim.

- Eu sei... Mas nós vamos dar um jeito. – Sorri, certo do que eu estava dizendo. – Você sabe que eu amo a sua filha e tudo que eu puder fazer para que isso dê certo, eu vou fazer.

- Comprem uma TV. – Diego revirava os olhos.

- PAI! – Letícia erguia a cabeça, encarando Diego, boquiaberta. – Vamos Syn, se não a gente vai atrasar.

- Tchau Diego... TCHAU LUCAS! – Gritei.

- Tchau papai. – Lucas aparecia sorridente, dando-me um abraço. – Tchau mamãe... – Ele lhe dava um forte abraço também.

- Comporte-se. – Dizia Letícia, lhe dando um beijo na bochecha.

- Tchau pai. – Dizia Letícia. Percebi que ela havia ficado um pouco chateada. Não gostava nenhum pouco de vê-la daquela forma.

Entramos no carro e colocamos o cinto.

- James me mandou uma mensagem... Eles já chegaram. – Disse, tentando puxar algum assunto.

- Ah... – Letícia dizia, apenas.

- Não liga pro que seu pai falou... – Disse, atento ao trânsito. – Você sabe que ele gosta de exagerar às vezes.

- É... Agora ele vai espalhar toda a notícia.

- Boas notícias devem ser espalhadas mesmo. – Sorri. – Quer presente melhor do que um filho?

- Isso é. – Letícia sorria, segurando minha mão. – Obrigada... Só você mesmo pra me animar desse jeito.

- Sempre. – Sorri.

Assim que chegamos ao pub, James estava abraçado com uma desconhecida, era assim toda a vez que nos encontrávamos.

Ivan continuava sozinho e de vez enquanto perguntava novidades de Mariana para Letícia. Não sei por que, mas ele ainda não a esqueceu.

Caio estava com a garota da gravadora, chamava-se Helen... Começaram a namorar e como eu disse, deu certo mesmo.

- FINALMENTE OS POMBINHOS CHEGARAM! – James gritava. Já devia estar bêbado para variar.

- Oi... – Letícia sorria, cumprimentando a todos.

Assim que entramos, confesso que a primeira coisa que eu fiz foi ir ver o que tinha no bar.

- Tem água? – Letícia também estava no bar, fazendo um bico por não poder beber.

De repente, a balconista virava-se para nós e eu não pude acreditar.

- PAMELA?!

- SYN?! – Pamela me olhou boquiaberta, ajeitando rapidamente os cabelos. – E... Letícia? – Ela perguntava de má vontade.

- NOSSA! – Letícia olhava boquiaberta. – O que aconteceu com a gravadora?

- Faliu. – Pamela nos olhou de modo sério. – E você Syn... Continua gato como sempre. – Pamela mordia os lábios.

Franzi o cenho. Ela não se toca?

- Pois é né? – Dizia Letícia sorridente, e me abraçando. – Que sorte a minha não?

- Então o casal problema ainda está junto? – Pamela cruzava os braços.

- Casados para ser mais preciso. – Ri.

- O QUE?! – Pamela nos olhou incrédula.

- Exatamente. – Dizia Letícia. – E temos um lindo filho.

- FILHO?!

- Em breve dois. – Completei.

- Dêem o fora. – Dizia Pamela séria.

- Não... Nós somos clientes. – Dizia Letícia.

- E a minha esposa vai querer refrigerante.

Por um momento imaginei que Pamela iria nos fuzilar, respirou fundo, ficando com o rosto vermelho, depois verde, azul... Roxo... Pensei que fosse explodir.

Estávamos quase saindo do balcão, quando Pamela finalmente se virou, indo até a geladeira, apanhando uma lata de coca cola.

- Obrigada. – Dizia Letícia sorridente.

- E eu quero chop, o maior que tiver.

Pamela apenas fez um sim com a cabeça.

- Já levo.

- Obrigado. – Disse sorridente, dando-lhe as costas.

- NOSSA! Que coincidência. – Letícia gargalhava, sentando-se a mesa. – A Pamela trabalha aqui.

- A Pamela? PAMELA?! – James nos olhava boquiaberto. – VOU LÁ!

- Cuidado se não ela vai jogar uma garrafa em você. – Ri.

- E Ivan... Tenho novidade pra você.

- Qual? – Ivan sorria.

- Mariana vai vir em breve para ver o nascimento do meu filho ou filha...

- Você está grávida de novo?!

- Estou... – Letícia ria um tanto sem graça, segurando minha mão.

Ficamos conversando por toda a madrugada, tentei não beber muito para fazer companhia para Letícia, afinal não devia ser muito legal ser a única sóbria ali.

Ter visto Pamela me fez lembrar mais uma vez de tudo que eu Letícia já enfrentamos... Ter mais um filho seria fichinha.

CONTINUA... >>


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