Com Amor não se Brinca escrita por Bubees


Capítulo 60
A imperfeição perfeita. (Parte II)




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9 meses depois.

- RÁPIDO SYN! – Letícia berrava.

- CALMA! CALMA! – Gritei, descendo as escadas.

- SYN! – Letícia continuava gritando.

- ESTOU INDO! – Gritei, correndo o máximo que podia. – Pronto... Dá aqui.

- Toma... Não vai colar o painel torno. – Letícia sorria, analisando o painel de boas vindas para Mariana.

- Você tinha que fazer o seu chá de bebê logo agora também?

- É... – Letícia sorria. – Assim eu faço o chá de bebê e dou boas vindas a Mariana.

- Sei... – Disse, finalmente colando o painel. – Está bom assim?

- Um pouco mais pra direita.

- Assim?

- Isso... E o Lucas?

- Ele está arrumando os brinquedos dele. – Sorri. – Agora vê se fica quietinha por que você não pode ficar subindo e descendo escada o tempo todo. – Aproximei-me dela, acariciando sua barriga.

- Pode deixar. – Letícia sorria, me dando um beijo sutil nos lábios. – Só que eu quero uma taça grande de morango com leite condensado.

- Amor, eu tenho que terminar de arrumas as coisas antes dos outros chegarem.

- Vai lá, deixa que eu faço. – Letícia dizia com tranqüilidade, indo até a cozinha.

- NÃO! Pequena, eu faço isso. – Entrei na cozinha, abrindo a geladeira. – Senta lá e espera os outros chegarem.

Preparei uma enorme taça com os morangos mais avermelhados que tinham, lavei-os com muito cuidado, cortando-os e distribuindo bastante leite condensado pela taça.

Letícia, como já era de se esperar, não fez o que lhe pedi, ficou arrumando os enfeites da estante e tirando o pó.

- Pequena, você precisa descansar. – Disse lhe estendendo a taça.

- Morangos! – Ela dizia, quase me atacando, apanhando a taça e pegando uma generosa colherada de morangos. –Ai que delícia.

- Ouviu o que eu disse?

- Ouvi, eu não sou surda. – Letícia me encarava com um sorriso descarado, e continuou se aproveitando da sobremesa.

De repente, a campainha tocou.

- Deixa que eu atendo. – Disse caminhando até a porta, e rapidamente destrancando.

Eram Diego e Clarice.

- Olá! – Dizia Clarice sorridente, cumprimentando-me com um forte abraço. – A cada dia mais bonitão, hein?

- Que isso... Gentileza sua. – Disparei uma risada sem graça.

- E aí, Syn. – Diego também me cumprimentava. – Cadê a minha bolotinha? – Ele gracejava.

- Sabe que se a Letícia te ouvir falando isso você é um homem morto... – Ri. – Mas ela está na sala, comendo.

- Diego não para de encher o saco dela. – Clarice revirava os olhos. – Letícia é a grávida mais linda que eu já vi... Tudo bem que eu sou suspeita pra falar, afinal, eu sou a mãe.

- Todos nós somos suspeitos. – Admiti. – Mas mesmo assim, eu concordo... Ela parece mais radiante...

- E está preparado para a filhota? – Clarice ria.

- Estou, claro! – Disse, sentindo minhas pernas tremerem logo em seguida. – Mas vamos, entrem... O Lucas está lá em cima arrumando os brinquedos dele.

Clarice e Diego se aproximavam da minha pequena, dando-lhe um forte abraço.

- Você está linda. – Dizia Clarice.

- Ah... Eu estou enorme, mãe. – Letícia resmungava, finalmente esvaziando a taça de morangos.

- Novidade. – Diego zombava.

- Pai, você bem que podia parar com esses comentários maldosos, já deu. – Letícia revirava os olhos, estendendo a taça vazia para mim.

Apanhei a taça, colocando-a na pia da cozinha.

- Amor, chama o Lucas, por favor? – Letícia sorria para mim.

- Chamo. – Disse subindo as escadas.

Assim que entrei no quarto, havia uma pequena pilha de brinquedos ao lado da cama de Lucas.

- Lucas? Precisa de ajuda? – Perguntei encarando a pilha.

- Não pai... – Lucas sorria. – Esses brinquedos são pra Vitória... Eu não brinco mais com eles...

Dei uma risada alta. Lucas era definitivamente um garoto para se orgulhar.

- Mas filho, esses brinquedos são de menino. – Disse com calma. – Você não precisa dar se não quiser.

- Não?! – Lucas estendia um sorriso ainda maior.

- Não... – Ri. – Os brinquedos que você realmente não brinca mais eu e a mamãe já nos encarregamos de doar... Esses ainda são novos e eu duvido que você não brinque com eles.

- É... O dinossauro ele ainda faz os obstáculos da minha pista de carrinhos. – Lucas sorria, apanhando os brinquedos da pilha e colocando-os em seus devidos lugares. – O Max Steel é o gigante da cidade...

- Entendi... – Disse lhe dando uma risada alta. – Deixa eu te ajudar... – Aproximei-me dele, apanhando os brinquedos e colocando-os em seus respectivos lugares.

Assim que terminamos de arrumar, Lucas suspirou, como se estivesse cansado.

- Vamos descer agora? – Perguntei. – O vovô Diego chegou.

- LEGAL! – Lucas gritava, passando por mim, praticamente me atropelando e desceu as escadas correndo. – VOVÔ! – Ele gritava abraçando Diego.

- E aí, campeão! – Dizia Diego o abraçando. – Vamos fazer barulho hoje?

- Vamos! A mamãe disse que hoje a tia Mariana vai chegar de longe... Eu não lembro dela...

- É que ela foi embora quando você ainda era bebê, querido. – Letícia sorria.

- E cadê meu oi, hein rapazinho? – Dizia Clarice.

- Oi vovó! – Dizia Lucas abraçando-a. – A senhora está sempre linda demais.

- Aposto que essas coisas todas são influências do seu pai, né? – Dizia Clarice me encarando como se eu fosse um culpado.

- Pode ter certeza que sim. – Letícia ria. – Um dia desses no mercado o Lucas falou isso para uma garota que tinha quase a minha idade.

- Sério? – Diego gargalhava. – O que você disse, Lucas?

- Disse que ela estava uma gata. – Lucas admitia e se sentava no colo de Diego. – Papai sempre fala isso pra mamãe.

- É o Syn fica ensinando isso pra ele, ainda bem que o Lucas aprende a cantar as mulheres com as coisas que o Syn fala para MIM... Eu espero pelo menos, né? – Letícia me encarava franzindo o cenho.

- É SÓ pra você, sua boba. – Dei uma leve risada, sentando-me ao seu lado. – Como se você não soubesse, né? – Aproximei-me de seus lábios, dando-lhe um beijo.

- Esses dois são assim o dia todo. – Ouvi Lucas dizer.

- LUCAS! – Letícia se afastava de mim, repreendendo-o.

- É... Eu imagino. – Dizia Diego me encarando.

De repente, a campainha tocou mais uma vez. Fui salvo pelo gongo.

- OI SYN! – Era Bianca, João e a filhinha deles, Samanta. – Tudo bem?

- Tudo certo, Bia! – Respondi acompanhando a sua empolgação natural e lhe dando um abraço. – E vocês? Entrem... Entrem...

- PADRINHO! – Samanta saltava em meu colo, dando-me um forte abraço.

- Tudo bem, princesa? – Perguntei segurando a pequena no colo.

- E aí, cara. – João também entrava me cumprimentando com um abraço. – Chegamos muito tarde? Sabe como a Bianca é, né?

- Como que eu sou, João? – Bianca cruzava os braços o encarando.

Comecei a gargalhar.

- Você é linda, meu amor. – João piscava para mim e dava um beijo em Bianca.

- Vamos, entrem, o pessoal está na sala. – Disse. – LUCAS, SEUS PADRINHOS CHEGARAM!

- Letícia! Amei esse seu vestido! – Bianca gritava, histérica. Era engraçado como algumas coisas não mudavam nunca. – Você está tão linda!

- Obrigada Bia... – Letícia sorria. – Você também está tão linda. – Minha pequena abraçava a amiga. – Passei de você, viu só? Agora a Samanta vai ter uma amiguinha para brincar.

- É verdade... Logo eu te alcanço, você vai ver... – Bianca ria.

- Lee! – Dizia João animado, abraçando a minha pequena fortemente. Eu particularmente achava que o abraço deles era demorado demais, mas digamos que eu finalmente entendi o quanto aquela amizade é importante.

- Madrinha! – Samanta esticava os braços, tentando alcançar Letícia.

Letícia aproximava-se da nossa afilhada, lhe dando um abraço.

- Adorei você de franjinha! – Letícia dizia. – Ficou muito fofa, Bia.

- É mesmo, né? – Bianca sorria olhando orgulhosa para a filha. – Também gostei mais dela de franjinha.

Meus compadres cumprimentavam meus sogros e a sessão confusão finalmente começou.

Lucas tomou a boneca de Samanta e saiu correndo. Ele sempre fazia isso.

- LUCAS! VOLTA AQUI! Syn! Faz alguma coisa, ele não para de ficar irritando a Samanta! – Letícia dizia, indignada.

- Ai meu Deus... – Revirei os olhos, indo atrás de Lucas. – Lucas, para de graça.

- É brincadeira... – Lucas revirava os olhos, igualzinho a Letícia.

- Me dá minha boneca, seu bobão. – Samanta se aproximava de Lucas, arrancando-lhe a boneca de sua mão e lhe dando uma forte pisada no pé.

- AI! – Lucas ficou roxo. – Você não entende que eu seqüestrei a boneca.

- Como diz a madrinha... Continua que eu seqüestro seus dentes. – Letícia também influencia as crianças.

- Que ótimo, vocês já se resolveram. – Sorri. Eu tinha paciência para tudo... MENOS para isso. Eles eram muito pequenos ainda, Samanta era apenas um ano mais nova que Lucas... Natural que implicassem um com o outro.

Saí, dando às costas, ouvindo apenas Samanta pedindo novamente pela boneca.

Crianças... Crianças... Implicam por tudo. CRUZES!

- Eles pararam de brigar? – Letícia perguntava assim que eu retornei à sala.

- Pararam... Agora estão brincando. – Sorri forçado.

- Sei. – Letícia me olhava com desconfiança.

- Ah, deixa eles... A Samanta também adora ficar pegando as coisas do Lucas... Logo eles se acertam. – Bianca dava de ombros. – Já sabe quando a Vitória vai nascer, Letícia?

- Qualquer hora. – Letícia ria. Senti minhas pernas tremerem novamente.

- MÃE! O LUCAS JOGOU MINHA BONECA NA ROSEIRA DA MADRINHA! – Samanta de repente aparecia correndo e chorando.

Dei um tapa forte na minha própria testa.

- Eles estavam brincando, Syn? – Letícia cruzava os braços e me encarava.

- Talvez ele pensou que a sua boneca fosse uma bola. – Sorri tentando acalmá-la. – Vamos lá pegar sua boneca... – Estendi a mão para Samanta e voltamos para o jardim. – LUCAS, SE VOCÊ NÃO PARAR DE GRAÇA EU VOU CHAMAR SUA MÃE! – O ameacei. Eu sempre apelava para a Letícia e funcionava. Lucas ficou mudo assim que eu disse que chamaria Letícia.

Fui até a roseira, resgatando a boneca de Samanta.

- Pronto. – Disse.

Girei o corpo, voltando para a sala, não hesitando em dar uma última espiada antes de sair. Samanta abraçava a boneca e mostrava a língua para Lucas que a imitava.

Ele parecia muito comigo... Meus pais diziam que eu era um terror também.

Novamente a campainha tocou.

Vi que Letícia já havia se levantado para atender e então fui retirar as comidas do forno e colocar sobre a bancada da cozinha.

- CADÊ O PAPAIZÃO?! – Ouvi a voz de James berrando. – Trouxe uma vodka que vocês nunca tomaram.

- Impossível. – Zombei. – Conviver com você é como conhecer o planeta das vodkas.

- Isso é um elogio para mim, Gates. – James sorria se aproximando de mim e me dando um abraço. – Cadê o Lucão? Trouxe um par de luvas de boxe para ele.

- Está no jardim com a Samanta. – Disse, apenas, enquanto ainda arrumava as comidas na bancada.

- Falou aê, empregadinha. – James gracejava. – Esses dois não param de implicar um com o outro e não se desgrudam... Me lembram outro casalzinho por aí...

Disparei uma risada alta. James definitivamente tinha razão. Quem sabe mais pro futuro...

- E aí, Syn! – Ivan se aproximava. – Desculpa a sinceridade, mas tua esposa está uma gata. – Ivan me abraçava e gargalhava ao mesmo tempo.

- Sorte a minha, não? – Disse descaradamente.

- Sabe que horas a Mariana vai chegar? – Ivan sorria, balançando as madeixas. Sim, desde que Mariana foi embora, Ivan deixou o cabelo crescer e agora fazia questão de ficar exibindo a cabeleira por aí.

- Acho que em uma hora...

- Meu cabelo está bom?

- Cara, eu acho melhor você ir perguntar isso para uma mulher...

- Cadê o Lucas?

- Está lá fora com o James e a Samanta... E o Caio? Não vem?

- Ele ficou de ir buscar a Helen em casa, já estão vindo. – Dizia.

- Beleza. – Respirei fundo, vendo que tudo estava exatamente arrumado e voltei para a sala.

Todos estavam conversando e dando risada.

- Vai uma cerveja, aí, João? Diego? Clarice? Bia?

- Claro! – Disseram em coro.

- Quer ajuda? – Letícia se levantava. – Cansei de ficar sentada. – Minha pequena me abraçava pelas costas, encostando a cabeça em meus ombros. – Estou ansiosa para ver a Mariana, faz tanto tempo que eu não a vejo.

- É verdade... Confesso que eu também estou ansioso! – Disse, acariciando seus cabelos vermelhos.

- Conseguiu controlar aqueles dois? – Letícia perguntava às gargalhadas.

- Acho que sim. – Disse. – Ivan e o James estão com eles...

- A gente podia tocar alguma coisa mais tarde, né? – Letícia sugeria, enquanto abria a geladeira e passava as cervejas para mim.

- Mais é claro! – Concordei sem hesitar. Adorava tocar entre amigos. Todos participavam... Todos MESMO.

- PAI! PAI! – Ouvi Lucas me chamar. – O tio James contou que quando você e a mamãe eram mais jovens ela te deu um soco na cara... É verdade?

Arregalei os olhos, encarando James. Ele sempre fazia essas coisas...

James apenas gargalhava, dando a mínima.

- É verdade. – Confessei de má vontade. O que meu filho ia pensar de mim?

- Ah, você sempre apanha da mamãe... – Dizia Lucas, rindo. – Tio... Uma vez...

Aqueles dois pareciam duas velhas fofoqueiras.

Letícia começou a gargalhar.

- Desculpa, garanhão. – Ela ria aproximando de mim e me abraçando. – Não resisti.

- Pena que eles não sabem que depois você me recompensa muito bem...

- Detalhes... – Letícia piscava para mim.

- Vamos logo levar essas cervejas. – Disse lhe dando um sutil beijo nos lábios.

De repente a campainha tocou novamente.

- Leva as cervejas que eu atendo a porta. – Dizia Letícia.

Os presentes do chá de bebê estavam todos no canto da sala e confesso que eu estava extremamente ansioso para saber o que tinha naqueles pacotes. Era meu segundo filho e eu ainda me sentia tendo o primeiro.

Querendo ou não, seria uma nova experiência, afinal, era uma menina!

- AMOR, É O CAIO! – Letícia gritava. – E seus pais!

- E aí, cara! – Disse cumprimentando-o com um abraço e logo em seguida cumprimentando Helen. – Oi pai... Oi mãe... A senhora está tão linda.

- Agora eu sei da onde o Lucas tira os elogios. – Letícia gargalhava, cumprimentando meus pais. – E aí, Caio... Helen...

- Tudo bom? – Caio sorria, entrando e cumprimentando as outras pessoas.

- O Lucas está lá fora.

- Ah! Beleza! – Meu pai sorria, entrando. Quando Diego e o senhor Brian se juntavam, meu filho era o mais paparicado possível.

- Será que a Priscila vai demorar muito? – Letícia perguntava. – Ela só não pode chegar depois da Mariana, né?

- Pequena, você conhece a sua irmã. – Dei uma leve risada. – Ela vai ser a última a chegar sim...

Letícia simplesmente revirou os olhos e tornou a se sentar no sofá.

De repente, o telefone tocou.

Letícia correu para atender e em breve voltou com um largo sorriso no rosto.

- A Mariana está chegando! – Ela dizia animada.

- Vou avisar o Ivan...

- Está bem. – Letícia dizia sorridente.

Todos rapidamente foram para a sala esperar Mariana.

Fazia realmente muito tempo que eu não a via... Apesar de eu ter reclamado no começo, comecei a gostar da ideia de juntar o chá de bebê com as boas vindas de Mariana.

De repente, a campainha tocou.

- Deve ser a MARI! – Dizia Letícia, animada.

Todos de repente, giravam para a porta, ansiosos.

- Ah, Pri, é você. – Dizia Letícia.

- EEEER! – Diziam todos em coro.

- Impressão minha ou vocês não queriam que fosse eu? – Priscila ria. – Desculpem a demora.

- Já estamos acostumados. – Gracejei.

Priscila simplesmente me mostrou a língua.

- Oi Fernando... – Dizia Letícia também o cumprimentando.

- Oi pessoal! – Dizia Fernando. – Desculpa o atraso.

- Não precisa se desculpar, eu sei... – Letícia ria.

- Maninha, para de ser má comigo. – Priscila fazia um bico. – Você vai adorar o que eu te trouxe de presente... Ou melhor, o que eu trouxe para a Vitória. – Priscila acariciava a barriga da minha pequena.

- Ai. – Dizia Letícia.

- O que foi? – Priscila franzia o cenho.

- Nada, foi um chute. – Letícia disparava um belo sorriso.

- Enfim... – Dizia Priscila rindo. – Eu e o Fernando que tivemos a ideia.

- Estou curiosa... – Dizia.

De repente a campainha tocou novamente.

- Agora é a Mariana! – Dizia Letícia às gargalhadas.

Todos rapidamente ficaram em silêncio, esperando que a minha pequena abrisse a porta.

- MARIANAAAAAAAAA! – Bianca berrava, correndo.

- MARI! VOCÊ ESTÁ LINDA DEMAIS! – Letícia também berrava.

Meus Deus... Aquelas três juntas eram mais escandalosas do que uma sirene.

Elas se abraçavam, saltitavam, examinavam o cabelo uma da outra, riam... Mulheres... Tão gays.

- E aí, SYN! – Mariana sorria e se aproximava de mim. – Continua bonitão, hein? Pensei que já ia estar barrigudo... careca...

- Ah claro. – Disse. – Bom te ver também, chatinha. – Zombei, lhe dando um abraço.

- Nossa Mariana, você mudou muito... – Dizia Clarice, sorridente.

- Ah, eu mudei o corte a cor do cabelo...

- Ficou bem melhor... Está lindona... MESMO.

- Oi Mari. – Essa era a cena que eu mais esperava. Mariana entrando em contato com a cabeleira de Ivan.

Mariana o olhou, boquiaberta e rapidamente engoliu seco.

- Oi. – Dizia ela ainda em choque.

- Tudo bem? – Ivan sorria. Com certeza satisfeito com o que provocara. Jogou os cabelos para trás do rosto, cumprimentando-a com um abraço.

- Tudo... – Dizia Mariana ainda boquiaberta. – Letícia... – Rapidamente ela se virou, indo até a minha pequena.

Ivan me encarou sorridente, estava satisfeito.

Aproximei-me das duas.

- Gostou do cabelo do Ivan? – Perguntei descaradamente.

- Bom... – Dizia Mariana. – Eu gostei, mas... Eu tenho uma surpresa.

- Que surpresa? – Perguntou Letícia de forma curiosa.

- Eu trouxe meu namorado. – dizia.

- O QUE?! – Letícia e eu perguntamos em coro.

- Mas você nem me disse nada. – Letícia protestava.

- É! Você não disse nada para ela me contar depois...

- Por isso era uma surpresa. – Dizia Mariana, sorridente. – Mas a surpresa em si não é bem o fato de eu estar namorando e sim quem é o namorado.

- Por que essas mulheres sempre aparecem de namorado quando vão pro exterior? – Resmunguei comigo mesmo.

- Posso pedir para ele entrar? – Mariana perguntava.

- Pode né? – Resmunguei. – Destroça o coração do meu amigo de vez.

- Syn... – Letícia me dava um forte cutucão no braço.

Mariana abriu a porta, inclinando o corpo para fora.

- Pode vir... – Ela o chamava.

Assim que o rapaz entrou eu não podia acreditar. Fiquei boquiaberto.

- MATT TUCK?! – Gritei, surpreso. Me senti uma adolescente retardada.

- MEU DEUS! MATT TUCK! – Letícia conseguia me superar. – EU NÃO ACREDITO! VOCÊ NAMORA O MATT TUCK DO BULLET FOR MY VALENTINE!

Matt sorria, pegando nas mãos da minha pequena e dando-lhe um beijo.

Olhei para trás e Ivan abaixava a cabeça, dando às costas.

Eu sabia muito bem o que ele estava sentindo.

Tentei passar por ele, mas todo mundo estava tão curioso olhando para Matt Tuck como se ele fosse um alienígena, não me deixando passar.

- AI MEU DEUS...

- Curtiu né? - Mariana se gabava abrançando Matt Tuck.

- AH... MEU DEUS!

- Chega Letícia... Tudo bem que ele é um cara famoso, bonitão, cabeludo, de olhos azuis... Mas você já viu ele pessoalmente... Foi no show dele... Pode se recuperar dessa.

- NÃO SUA IDIOTA! MINHA BOLSA ESTOUROU! – Letícia berrou de repente.

Senti meu coração saltar rapidamente. ESSA NÃO!

- O que acontece? – Matt perguntava.

- Mais um Pokémon da minha vida não dá... – Resmunguei, lembrando-me do velho Geraldão.

- SYN! VAI BUSCAR A MALA! VAMOS PRO HOSPITAL! – Letícia gritava.

- Ai meu Deus... Ele vai travar de novo. – Ouvi Mariana dizer.

Ela não estava errada. Minhas pernas travaram e meu cérebro não projetava nenhuma atitude para eu tomar.

- SYN! – Letícia gritava.

- Onde está a mala, minha filha? – Ouvi Clarice dizer.

- A MALA! – Gritei, tentando me recuperar e decidir finalmente o que fazer. – ONDE ESTÁ A MALA! EU ESQUECI ONDE EU COLOQUEI!

- SYN! ESTÁ NO QUARTO DELA! DO LADO DO BERÇO!

- Vem, vamos te colocando no carro... – Ouvi Clarice dizer com calma.

- VAMOS CARA! EU TE AJUDO! – Ouvi James se aproximando de mim. – Eu seguro a sua mão e você segura a dá Letícia, está bem?

- Filho... Busque a mala, vou ver se ela está sentindo muitas contrações... Vai com calma, dessa vez tem bastante gente aqui pra ajudar, não precisa desmaiar que nem da ultima vez.

- Tá... Tá... – Disse ofegante.

- É essa mala? – James perguntava.

- É, é essa!

- Só te dou se deixar eu ter o padrinho da Vitória. – Ele sorria de modo maldoso.

- JAMES, SEU RETARDADO PARA COM ISSO! MINHA FILHA ESTÁ PRA NASCER!

- Vou ser o padrinho?

- VAI! VAI! VAI!  - Berrei, arrancando-lhe a mala e deslizando pelo corrimão.

- AQUI! A MALA! – Gritou ele.

- Syn, que porra, se acalme! – Dizia Mariana.

- O que acontece?

- A filha da minha amiga vai nascer, meu amor. – Dizia Mariana. – Só que o marido dela parece que vai parir por ela! – Mariana se aproximava de mim, e me sacudia. – SE ACALME HOMEM!

- Cadê minha pequena? Nasceu? Nasceu?

- Calma, idiota... Ela está no carro com a Bia, o João, a Clarice e com seu pai e a sua mãe... Fica calmo que eles só estão te esperando.

- AI! VAMOS LOGO! – Berrei, praticamente desesperado. – CALMA! EU TENHO QUE FICAR CALMO... CALMO... CALMO...

- Estamos com tempo... – Ouvi meu pai dizer. – Não precisamos sair correndo para o hospital... Melhor você ficar vendo os intervalos das contrações, Clarice... Meu filho parece estar meio desnorteado.

- Está bem. – Ouvi Clarice dizer. – Syn! Se acalme, o Diego vai ficar com o Lucas e a Samanta...

- VAMOS TODOS PARA O HOSPITAL! – Ouvi Bianca gritar.

- Eu vai também? – Ouvi Matt perguntando.

- VAI AMOR! – Dizia Mariana.

Entrei no carro, ainda em choque, segurando a mão da minha pequena.

- Brian, os intervalos estão diminuindo. – Clarice dizia ao meu pai, enquanto ele se concentrava em dirigir o carro.

- ESTÃO DIMINUINDO?! – Perguntei, assustado.

- CONTINUA GRITANDO AQUI DENTRO QUE EU VOU SEQUESTRAR SEUS DENTES! – Letícia berrava, enquanto suava e apertava a minha mão com força.

- AI! TÁ...! – Resmunguei.

- Chegamos! – Ouvi meu pai dizer, finalmente. – Vou providenciar a maca... Ainda temos alguns instantes!

- PRA QUÊ?! – Perguntei quase aos berros.

- PRA SUA FILHA NASCER, ANTA! – Letícia gritava.

- Syn... Fica calmo, vai dar tudo certo... – Clarice me olhava, dando um sorriso.

- É que parece que está doendo tanto na Letícia que me dá nervoso. – Disse.

- É normal... – Clarice dizia com tranqüilidade.    

Os enfermeiros chegaram, encaminhando Letícia para dentro da maternidade.

Meu coração disparou ainda mais. Eu novamente estava em frente a uma maternidade, agora esperando pelo nascimento da minha filha.

- Ele vai desmaiar de novo? – Ouvi Mariana perguntar. – Ainda bem que eu só fui embora depois do nascimento do Lucas... Será que eu vou ver o grandalhão Gates caindo duro no chão de novo?

- Mariana, para de provocar o Syn, coitadinho, ele está nervoso... É filha dele. – Ouvi Bianca.

- SYN?! – James estralava os dedos na frente de meu rosto. – Não vai entrar no hospital não?

- Claro que vou. – Disse, tentando ignorar os comentários maldosos de Mariana às minhas costas.

Corri para dentro do hospital, deparando-me com a angustiante sala de espera. Comecei a odiar tanto aquele lugar... Não era de hoje.

- Filho? – Ouvi a voz de meu pai.

- NASCEU?! – Perguntei, aflito.

- Calma... Ela está em trabalho de parto, vai querer entrar ou prefere ficar aqui fora esperando?

- Ai meu Deus... – Senti minha pressão caindo, de repente.

- Syn, melhor você ficar aqui fora, você está pálido! – Ouvi meu pai. – Dentro da sala a gente tem que dar atenção total para a mãe e o bebê, e não para um gigantão chorão.

- Pai! – Resmunguei, tentando me controlar, não podia desmaiar e dar ao luxo de Mariana me zombar mais um pouco.

- Não se preocupe, Syn. – Ouvi Clarice, sentindo suas mãos tocarem meus ombros aflitos. – Eu fico com a minha filha para não acontecer o que aconteceu da última vez. – Podia jurar que havia resquícios de risada em sua frase.

TODO MUNDO RESOLVEU ME ZOAR AGORA?!

- Vamos então, Clarice. – Dizia meu pai. – Acho que não vai demorar muito.

- AI MEU DEUS! – Clarice parecia completamente animada. – ESTOU ANSIOSA.

- Cuida bem da minha pequena... – Pedi. – Eu não posso ver aquilo... – Disse tentando leves lembranças de quando o Lucas nasceu.

Parto normal era tão atormentador!

Clarice desapareceu pelos corredores da maternidade e o meu tormento começou.

Estava ansioso demais, sentia-me como se eu estivesse esperando do lado de fora há horas!

Eu bem que podia estar acompanhando tudo, eu podia agüentar, mas preferi evitar problemas.

Caminhar de um lado para o outro feito um alucinado era a melhor coisa que eu podia fazer naquela hora.

- Syn! Calma! Você andando desse jeito já está me dando nos nervos. – Ouvi James resmungar.

- Está demorando demais. – Resmunguei.

- Mas se continuar assim você vai abrir um buraco no chão. – Ouvi Bianca dizer. – Fica calmo... Sua filha vai chegar no momento certo.

Respirei fundo, finalmente reparando ao meu redor.

A festa inteira estava ali. Só faltava Diego com Samanta e Lucas.

- Synystar não se preocupar, sua filho nascer logo. – Até o Matt Tuck querendo me consolar agora... Eu devia estar mesmo desnorteado.

Respirei fundo mais uma vez, decidido de que precisava me acalmar.

Assim que eu pude respirar com mais tranqüilidade, vi meu pai surgindo pela porta.

- PAI! – Gritei, sentindo meus batimentos cardíacos se elevarem novamente. – E ENTÃO?!

- Parabéns... Ela é linda! – Meu pai sorria, dando-me um forte abraço logo em seguida.

Senti minhas pernas amolecerem.

Aquilo tudo era lindo demais e me deixava extremamente alegre.

A felicidade era tanta que mal cabia dentro de meu peito. Mais um vestígio meu foi lançado ao mundo, mais uma concretização entre meu amor e o de Letícia surgia para alegrar ainda mais a minha vida e completar ainda mais a minha família.

- Estão dando banho nela e colocando a roupinha que a Clarice escolheu... Letícia está exausta, coitada...

- Posso ir vê-la? – Perguntei, soltando-me do meu pai.

- Deixa eu confirmar... – Meu pai deu às costas, desaparecendo novamente da minha frente.

- Ele disse que ela é linda. – Girei meu corpo para nossos amigos e familiares, dando aquela noticia maravilhosa. Uma lágrima caía de meus olhos aliviados.

Aquela alegria toda justificava o fato de eu não me arrepender por um único segundo de não ter desistido de nada, mesmo que a nossas vidas conturbadas, agitadas, pedissem para que eu desistisse.

Vi que todos se abraçavam, riam, ansiosos para ver a nossa mais amada Vitória.

O nome sugestivo foi proposital e eu quem escolhi.

Vitória...

Afinal, vai dizer que a minha história com a Letícia realmente não foi uma grande vitória?

- Pode entrar filho. – Meu pai disse, finalmente.

- TCHAU SEUS BABACAS! EU VOU VER MINHA FILHA! – Gritei, animado.

Corri pelos corredores, sentindo um prazeroso frio na barriga.

Como ela seria? Com certeza muito pequena...

Bati levemente na porta, entrando logo em seguida.

- Pequena? – Sussurrei. – Posso entrar?

- Claro meu amor... – Ouvi ela dizer, também sussurrava. – Ela já está dormindo... Syn, ela é tão linda...

- Parabéns grandalhão coruja. - Clarice ria, saindo pela porta. - Vou deixá-los à sós... Ela é LINDA! Tinha que ser mesmo tinha neta...

Aproximei-me cautelosamente da cama, sem tirar os olhos daquela pequena criaturinha nos braços da minha Letícia.

Letícia estava mais radiante do que nunca. Linda! Sempre uma mulher linda desde que eu coloquei meus olhos sobre ela.

Agora eu tinha a minha Vitória... Ela era tão pequenininha, tão branquinha... Os cabelinhos eram levemente avermelhados, mal podia esperar para que ela abrisse os olhos e me visse... O garanhão bobão, apaixonado por duas ruivinhas.

- Ela é perfeita. – Disse acariciando aquelas mãozinhas frágeis, segurando-me para não cair em lágrimas de novo.

- Você está chorando, amor? – Letícia perguntava sorridente.

- Para. – Resmunguei. – É perfeito ter uma família com você, minha pequena... Isso me emociona... Eu vi que a vida é uma constante batalha, e vencemos todas.

- E venceremos as que vierem. – Letícia sorria, acariciando meus cabelos com cuidado, enquanto eu me debruçava sobre a nossa garotinha.

- Vou começar a procurar o convento que eu vou colocar ela... – Disse rindo.

- Ah é que a nossa filha vai ser freira sim... – Letícia revirava os olhos, e logo começava a rir. – Coitada, não vai ser fácil, um pai babão e um irmão mais velho... Dois ciumentos.

- Você acha que eu vou deixar qualquer marmanjo colocar as mãos na minha garotinha? – Perguntei, ainda acariciando a minha Vitória. – Não mesmo! Vou fazer de tudo para vê-la feliz.

- É tão lindo te ver falando assim... Quem diria que nós estaríamos aqui hoje, não é? – Letícia me olhava com aqueles olhos perfeitos radiando sobre os meus, meu coração batia forte como se eu ainda fosse um mísero adolescente.

- Quem diria... – Sorri, dando-lhe um sutil beijo nos lábios. – Obrigada meu amor... Eu tenho orgulho dessa nossa família, mesmo que digam que não estamos preparados para um segundo filho, uma filha, no caso, eu sei que tudo vai dar certo... Sempre deu... Você sempre me surpreendeu.

- Ainda se surpreende comigo, é? – Letícia gracejava, aninhando a nossa bela filha em seus braços.

- Mais é claro. – Sorri com sinceridade. – Amor, ela é tão linda... Nem parece que foi feita na cozinha.

- Syn! – Letícia gargalhava.

- A minha irmã foi feita na cozinha?! – De repente ouvi a voz de Lucas, fazendo meu coração disparar. – Você não disse que era uma aposta?

Letícia olhou para mim de olhos arregalados. Aposto que tão assustada quanto eu.

- PAI VOCÊ DISSE QUE ERA UMA APOSTA! – Lucas esboçava um enorme bico em seus pequenos lábios e saía correndo.

- NÃO FILHO! FOI UMA APOSTA NA COZINHA! – Gritei, tentando me explicar.

Olhei para trás, esperando que Letícia me olhasse de forma furiosa, mas novamente ela tinha o poder de me surpreender.

Ela estava rindo, enquanto acariciava Vitória com cuidado.

Letícia me olhava daquela forma apaixonante como ela sempre me olhou.

“Eu te amo”. Era assim que ela movia os lábios enquanto me olhava.

Dizia que me amava, apesar dos meus enormes foras, dos meus erros...

Aquele nosso passado tão assustador parecia ter desaparecido por completo. Não restava mais medos, não restava mais angustias, ódio... Éramos rodeados por um sentimento que passamos a não subestimar mais, um sentimento que ao mesmo tempo em que feria construía laços indestrutíveis. Um sentimento que não devemos brincar...

Como é possível amar tanto alguém assim?

Aquela família era como ter partes de mim distribuídas ao meu redor... Eles eram tudo para mim, eles eram Brian Elwin Haner Júnior.

                                   

“Seize the Day...”

                                         

FIM.


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Notas finais do capítulo

Com amor não se Brinca finalmente chegou ao fim.
Queria agradecer à todos que leram a fic do início ao fim, que mandaram reviews dando suas opiniões, que recomendaram, ou que simplesmente leram.
Realmente fiquei muito feliz com o resultado e espero que vocês tenham gostado.
O final da história de uma vida como ela é. Nada termina extremamente perfeito, ninguém se torna algo inatingível, santos que nunca deixam de errar. Os problemas sempre vão existir, sempre seremos testados, mas quando mudamos a nossa perspectiva, tudo acaba se tornando mais fácil.
Vou sentir falta de escrever essa fic, mas pra não trair o movimento uma história deve sempre acabar quando for para acabar.

Obrigada mesmo, à todos vocês que leram.


Acabei de postar o prólogo da minha fic nova!
Quem quiser continuar lendo o que eu escrevo, só clicar, ler, e se possível, reviews. *-* shaihsaihsiahisa
http://fanfiction.nyah.com.br/viewstory.php?sid=125357
Espero que gostem.


Beeeijos. (: