Com Amor não se Brinca escrita por Bubees


Capítulo 56
A verdadeira força.


Notas iniciais do capítulo

Seize the Day (Avenged Sevenfold)


Seize the day or die regretting the time you lost
It's empty and cold without you here, too many people to ache over

I see my vision burn,
I feel my memories fade with time
But I'm too young to worry
These streets we travel on will undergo our same lost past

I found you here, now please just stay for a while
I can move on with you around
I hand you my mortal life, but will it be forever?
I'd do anything for a smile, holding you 'til our time is done
We both know the day will come, but I don't want to leave you

I see my vision burn,
I feel my memories fade with time
But I'm too young to worry
(a melody, a memory, or just one picture)

Seize the day or die regretting the time you lost
It's empty and cold without you here, too many people to ache over

Newborn life, replacing all of us, changing this fable we live in
No longer needed here so where should we go?
Will you take a journey tonight, follow me past the walls of death?
But girl, what if there is no eternal life?

I see my vision burn,
I feel my memories fade with time
But I'm too young to worry
(a melody, a memory, or just one picture)

Seize the day or die regretting the time you lost
It's empty and cold without you here, too many people to ache over
Trails in life, questions of us existing here, don't wanna die alone without you here
Please tell me what we have is real

So, what if I never hold you, or kiss you lips again?
So I never want to leave you and the memories for us to see
I beg don't leave me

Seize the day or die regretting the time you lost
It's empty and cold without you here, too many people to ache over
Trails in life, questions of us existing here, don't wanna die alone without you here
Please tell me what we have is real

(Silence you lost me, no chance for one more day)
I stand here alone
Falling away from you, no chance to get back home



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- O que está fazendo aqui?! – Perguntei de imediato, na defensiva.

- Você tem apenas meia hora. – Dizia o policial que o acompanhava, se afastando, deixando-o ali na minha frente com as mãos algemadas.

Mateus simplesmente concordou com a cabeça, tornando a dirigir seu olhar sombrio, fosco e sem um único vestígio de sentimentos.

Estava abatido e muito magro. Parecia não ter dormido há semanas. Olheiras escuras e profundas contornavam seus olhos sem expressão. Mateus parecia que estava morto, enquanto suas mãos magras tremiam uma contra a outra, sendo tragadas pelas algemas.

- Como a Letícia está? – Ele perguntou, finalmente.

- O que te interessa? – Perguntei, praticamente atacando-o verbalmente. – Ainda não me respondeu o que eu te perguntei... O que está fazendo aqui? Como soube da Letícia?

- Meus pais quando foram me visitar me contaram. – Ele me respondia apenas, ainda sem demonstrar uma única expressão se quer nos olhos. – Minha mãe ficou sabendo no trabalho dela, uma colega que conhece a mãe da Bianca contou... Não há quem não saiba...

Apenas fiz um sim com a cabeça, como se estivesse aceitando aquela resposta dele.

- Respondi? – Ele me perguntava descaradamente.

- Respondeu. – Cruzei os braços, ainda sério, esperando que ele dissesse mais alguma coisa.

- Então... Como a Letícia está? – Mateus me perguntava mais uma vez.

- Melhorando... – Respondi, apenas.

- Posso vê-la?

- Não.

- Eu já estou pagando pelo que eu fiz, Brian. – Mateus se encostava à parede, me olhando seriamente. – E vou pagar durante muito tempo... Você não sabe como aquele lugar é terrível...

- Que bom. – Respondi de modo frio. – Você tem que arcar com as conseqüências dos seus atos...

- Apesar de tudo o que eu sinto pela Letícia não mudou... Eu sei que ela deve estar me odiando profundamente agora e acredite... Eu fiquei arrasado com a notícia de que ela tinha sido atropelada e estava em coma no hospital... Por isso eu vim...

- AH! Conta outra! – Revirei os olhos. – Você já esteve prestes a matá-la!

- Eu não ia atirar nela, Brian... Eu jamais faria algo assim com ela, só queria deixá-la com medo e eu estava disposto a matar VOCÊ! – Ele me olhava friamente, destilando todo seu ódio.

- É, mas você matou a pessoa errada...

- E você não tem noção do quanto eu me torturo com isso... – Ele abaixava a cabeça, olhando apenas para o chão. – Eu nunca vou poder apagar o que eu fiz e todo o sofrimento que eu causei à Juliana devido a um amor não correspondido... Eu sinto muito.

- Que bom que sente. – Eu ainda o encarava com a mesma frieza que ele se atrevia a me olhar. – Mas é verdade, você nunca vai poder mudar o que fez...

- Não venha me punir com palavras, Brian... Já disse que já estou pagando muito caro pelo que eu fiz... Naquele momento eu não imaginava que o preço seria tão alto assim... Ser visto como uma garotinha na prisão... É... – De repente, uma lágrima caía dos olhos de Mateus.

- Está brincando, né? – Perguntei, verdadeiramente horrorizado. Mateus estava realmente pagando por aquilo que havia feito.

- Não se preocupe... – Mateus dava de ombros, deixando a lágrima solitária atravessar seu rosto gélido. – Já pensei em fazer isso com a Letícia... – Seu olhar encarava meu rosto descaradamente, enquanto eu fincava minhas unhas na palma da minha mão pedindo para conseguir forças e não espancar esse cara ali mesmo. – Se você não tivesse chego a tempo...

- Você é um nojento! – Disse, entre dentes, segurando-me para não matá-lo.

- É... Eu fiz tantas coisas horríveis... – Ele balançava a cabeça positivamente, como se estivesse aceitando o que havia feito. – Sei que o que fiz não tem perdão... Seria completamente ilógico eu pedir perdão...

- Quer saber? – Aliviei a tensão de meus músculos, olhando para aquele coitado, de cabeça erguida. – Eu te perdôo sim...

Mateus de repente arregalava os olhos, me olhando boquiaberto.

- Como é?

- Exatamente... Eu não vou ter uma vida como a sua. Cheia de ódio, mágoa, rancor... Comigo não, vai ser diferente, e acredito que você realmente esteja pagando pelo que fez... Você já sofre as conseqüências de seus atos e eu não tenho motivos para ficar guardando ainda mais raiva de você... Mateus, você não faz mais parte da minha vida. Você é apenas um terrível passado que eu pretendo apagar. – Respirei fundo, olhando-o. – Agora para mim, quem mais me importa é a Letícia e eu não sairei do lado dela... Está perdoado. Não quero mais remoer isso, quero seguir em frente e te deixar para trás... Você não tem mais dívidas comigo.

Mateus ainda me olhava boquiaberto, sem se expressar. Ele movia os lábios freneticamente como se buscasse algo certo para me dizer.

- Agora eu entendo... – Dizia, finalmente. – Agora eu sei o que você tinha a mais... O porquê você é diferente e o motivo de Letícia ter se apaixonado por você...

Não havia nada que eu lhe pudesse responder. Apenas estava buscando o melhor de mim.

- Avisa Letícia que eu passei aqui? – Ele me perguntava, abaixando a cabeça.

- Não mesmo... – Disse. – Chega de causar sofrimento a ela...

- Tudo bem. – Mateus respirava fundo, esboçando-me um leve sorriso. – Obrigado.

Simplesmente lhe retribui o sorriso, sentindo-me levemente estranho.

- Adeus, Brian... – Mateus se desencostava da parede, olhando-me novamente. – Obrigado por facilitar as coisas para mim...

- Como é? – perguntei confuso.

Mateus simplesmente deu uma leve risada, virando-se de costas.

- Cansei. – disse apenas, entrando através dos corredores e finalmente desaparecendo de minha visão, levando consigo as lembranças ruins que me vinham à tona.

Acabei de ter a prova mais verdadeira de que eu realmente estava mais forte. Fui capaz de perdoar um assassino e estava me sentindo mais leve por isso. Livre daquele ódio e daquela mágoa toda. Depois de tantos sentimentos podres que me atacaram nesses últimos dois anos, apenas algo maravilhoso iria restar. Meu amor e a minha imensa vontade de crescer e ter uma longa vida saudável ao lado da minha pequena.

Precisava que ela voltasse logo para mim. Precisava disso mais do que nunca e aquela espera toda estava me matando.

- Obrigada pela companhia. – De repente, ouvi a voz de Clarice.

- Não a de que. – Ouvi a voz de Diego se aproximando cada vez mais. – Oi Syn! O que está fazendo aí do lado de fora?

- Priscila e Fernando estão vendo a Letícia, quis deixá-los a sós. – Respondi, apenas.

- Aconteceu alguma coisa? Você está branco que nem um fantasma. – Dizia Clarice, olhando-me fixamente.

- Aconteceu. – Confessei. – O...

- ACONTECEU ALGUMA COISA COM A LETÍCIA?! – Clarice perguntava de imediato, interrompendo-me.

- Não! Calma! – Assegurei. – Não tem nada com a Letícia, mas o Mateus esteve aqui.

- O MATEUS?! – Diego me perguntava, espantado. – Como ele se atreve a vir aqui depois do que fez?

- Ele estava bem estranho, mas já foi embora... Contei a vocês por que acho que merecem saber, mas gostaria que Letícia não soubesse de nada, por favor.

- Mas é claro! – Diego concordava de imediato. – Não se preocupe, Letícia não saberá de nada... Mas ele vai voltar?

- Acredito que não... Como eu disse, ele estava bem estranho e imagino que coisas terríveis devem estar acontecendo com ele lá na cadeia...

- Bem, isso é...

- Ai que horror... – Dizia Clarice. – Vamos mudar de assunto né? Vou ver a Letícia.

- Vou com você. – Dizia Diego.

Apenas lhe estendi um sorriso, vendo-os se aproximar do quarto da minha pequena, entrando logo em seguida.

Logo em seguida, Priscila e Fernando, saíam, sorridentes.

- Bom, já vou indo. – Dizia Fernando. – Volto assim que possível.

- Tudo bem... – Priscila sorria para ele.

- Tchau Syn. – Fernando sorria para mim, estendendo-me a mão e me dando um forte abraço. – Força, hein? Ela vai melhorar, você sabe disso.

- Vai sim. – Concordei, retribuindo o abraço.

- Tchau Pri. – Eu ouvi bem? Ele já está a chamando de “Pri”? – A gente se vê. – Fernando então lhe dava um beijo no rosto e um abraço.

Priscila apenas sorria, parecia uma boba. Abraçava Fernando e ficava de longe lhe dando tchau, enquanto ele se afastava.

Comecei a gargalhar.

- POSSO SABER QUAL A GRAÇA, BRIAN ELWIN HANER JÚNIOR?! – Priscila se virava para mim, de braços cruzados.

- Você pareceu a sua irmã falando, sabia? – Continuei gargalhando. – “Tchau Fernandinho, meu amor...” – Eu fazia uma voz fina, imitando as caras de boba da Priscila.

- AAAH! SEU IDIOTA! – Priscila me dava um tapa no braço. – Está com ciúmes?

- Ciúme de cunhada? Tô fora! – Continuei gargalhando. – Eu hein?

- PARA SYN! – Ela choramingava. – Ele é bem legal...

- O Fernando?

- Não, o Marylin Manson...

- Você acha? – Franzi o cenho.

- AI! NÃO NÉ SEU IDIOTA?! To falando do Fernando...

- Eu sei! – Eu me esforçava ao máximo para parar de rir. – Vejo que ele gostou de você e que é recíproco.

- É... – Priscila suspirava e sorria. – Ele é bem legal mesmo... Que bom que vou vê-lo mais vezes.

- Pois é. – Concordei, aos sorrisos.

Os dias se passaram e Letícia não demonstrava mais nenhuma nova melhora. Não queria desanimar, mas a pequena volta de seus sinais vitais havia me dado uma esperança tão grande que a espera havia se tornado algo extremamente torturador. Eu estava ansioso demais. Ficava dia e noite naquele hospital, recusando todas as ligações de Pamela e recebendo os visitantes da minha pequena.

Como sempre que possível, eu ficava ao lado de minha pequena, conversando com ela e rabiscando algumas frases em uma folha em branco. Já havia decido que escreveria outra música... Uma música que seria como uma espécie de transição entre o que foi e o que estava por vir... Uma música que no futuro eu iria poder dizer que passamos por um momento terrível e sobrevivemos, superamos.

- Você nunca vai deixar de ser linda, sabia? – Eu conversava com ela, mesmo sabendo que ela não me responderia, mas a minha esperança ainda insistia em querer falar com ela.

De repente, a porta do quarto se abriu e Bianca surgia através dela, correndo até Letícia.

- OI SYN! – Ela gritava, sorridente. – TENHO NOVIDADES!

- Bianca! Fala baixo. – Ouvi João resmungar, entrando no quarto. – A Bia está toda animada agora que a Letícia pode ouvir. – João se aproximava de mim, cumprimentando-me com um abraço. Dessa vez, sem medo da viadagem. – E como você está, cara?

- Estou be...

- BIA DEIXA EU TE CONTAR! – De repente, Mariana entrava correndo do quarto, interrompendo-me

- SH! – Disseram todos em coro.

- UPS! – Dizia ela, sem graça. – Desculpa. – E então, começou a sussurrar, aproximando-se de mim e João, nos cumprimentando.

- O JOÃO DISSE QUE GOSTA DE MIM! – Bianca dizia de repente, rindo como uma boba, aproximando-se dos ouvidos de Letícia. – ELE GOSTA DE MIM!

De repente, Mariana e eu nos virávamos para João, surpresos e então começamos a rir. Algo bem no fundo de meu peito dizia que Letícia havia ficado feliz com a notícia. Agora eu entendia quem João queria fazer feliz.

Percebi que João havia corado e começamos a rir ainda mais. De repente, nos esquecemos das circunstancias que realmente estávamos enfrentando.

- E EU CONHECI UM CABELUDO! – Mariana anunciava a sua novidade.

- Nossa! Quem é o azarado e o futuro careca? – Zombei.

- AH SYN! Cala a boca! – Mariana resmungava.

De repente, tornamos a gargalhar.

- Oi gente! – De repente, Priscila abria a porta, sendo acompanhada por Fernando.

- Oi! – Respondi. – Entrem, entrem...

- CHEGUEI! – De repente, James também invadia o quarto, acompanhado por Caio e Ivan.

- Por que todo mundo curte gritar aqui? – João perguntava.

- VAI SE A BELA ADORMECIDA NÃO ESCUTA SE FALARMOS BAIXO?! – James berrava, encarando-me, deixando claro que fazia aquilo apenas para me irritar.

- Ela nunca para de ser gata, não é Syn? – Ivan perguntava. – Oi Mariana.

- Oi, carinha da toalha! – Mariana revirava os olhos.

Todos estavam ali, rindo, se divertindo, zombando de um ao outro. Nesse momento eu percebi algo extremamente importante. Nossos amigos, aqueles que torciam pela gente e nos queriam juntos estavam ali e eram maioria mediante aos nossos inimigos e aos nossos problemas.

Todos eles passaram a se tornar para mim, como uma família. Estavam me dando um apoio do qual eu pensei que jamais teria.

Bianca então começou a tagarelar sobre João na frente de todo mundo. João estava parecendo mais um pimentão enquanto Bianca contava com todos os detalhes sobre a declaração que havia ocorrido há pouco.

- AGORA É MINHA VEZ, BIANCA! – Mariana resmungava. – O cabeludo se chama Miguel, e o cabelo dele é maior que o meu!

- MAIOR QUE O SEU?! – Perguntei surpreso. O cabelo de Mariana já era quase no meio das costas.

- É! – Mariana sorria, como se estivesse orgulhosa. – Uma cabeleira sedutora DAQUELAS!

De repente comecei a gargalhar muito alto, fazendo lágrimas escorrerem de meus olhos. Cabeleira sedutora? Da onde ela tirou isso?

- PARA DE ZOMBAR DE MIM, SYN! SEU VESGO! Você toca guitarra fazendo cara de prostituta barata! – Mariana cruzava os braços, enquanto eu não conseguia controlar meu riso.

- Ah, vou te mostrar a prostituta barata... Você vai ver vê só... Sua... Sua...

- PRA QUE BRIGAR, GENTE?! – James interferia. – Trouxe uma garrafa de vodka.

- E quando você não trás garrafa de vodka? – Perguntei, lhe disparando um sorriso descarado.

- GENTE! – De repente, ouvi Priscila gritar.

Todos imediatamente se viravam para a cama de Letícia e algo extraordinário estava acontecendo diante de nossos olhos. Minha pequena estava sorriso... Minha pequena estava nos esboçando um lindo sorriso...

Ah, se aqueles olhinhos verdes estivessem aberto, tenho certeza de que ela estaria gargalhando junto de nós e fazendo piadinhas ainda mais maldosas do que as minhas...

- Ela está feliz... – Dizia Fernando, boquiaberto.

- Ela está reagindo... – Não pude deixar de conter a lágrima que caía de meus olhos. Havia ficado tanto tempo sem uma resposta da minha pequena e agora ela finalmente percebeu que estava cercada de pessoas que queriam seu bem... Pessoas que a queriam de volta.

- Syn, seu gay! – Ouvi Mariana berrar.

Assim que ergui a cabeça, uma lágrima também caía dos olhos de Mariana.

- Sua lésbica... – Eu gargalhava.

- FALEI QUE ERA HORA DA GENTE BEBER! Temos que comemorar! Agora é só misturar vodka no soro da Letícia que fica tudo certo...

- James! Cala a boca, você é burro? Ela não vai poder tomar vodka na veia, né? – João resmungava.

- Mas devia... – James sorria, descaradamente.

Começamos a gargalhar e de repente uma nova onda de discussão nos envolvia. Zombávamos uns dos outros, mas meus olhos não desviavam de Letícia. Eu continuava insistentemente pedindo por mais uma reação, esperando que mais um vestígio de vida surgisse ali.

De repente a porta do quarto se abria e a enfermeira entrava por ela nos fuzilando com os olhos.

- MAIS O QUE É ISSO?! – Dizia ela. – O horário de visitas já acabou, sem contar que o quarto está com muitas pessoas! Isso não é permitido, vocês estão cansando a paciente! Por favor, se retirem.

- AAAH! – Resmungavam todos em coro.

- RÁPIDO! – A enfermeira abria ainda mais a porta para que todos se retirassem.

Todos começavam a se mover, fazendo cara feia, se dirigindo até mim.

- Tem sempre gente chata em todos os lugares, né? – Dizia James, se aproximando de mim e me dando um abraço. – Qualquer coisa, estou aqui.

- Eu sei. – Respondi, lhe dando um forte abraço. – Obrigado por tudo, irmão.

James simplesmente estendeu um largo sorriso, indo até a porta, e finalmente retirando-se do quarto.

- Vamos tomar um café, Priscila? – Ouvi Fernando perguntar. Mas ele não perdia oportunidade, hein?

- Mas é claro. – Dizia Priscila, sorridente. – Já voltamos, Syn...

- Tudo bem... – Respondi, acenando para eles, de longe.

- Falou, cara. – João se aproximava de mim, se despedindo.

- Tchau Syn, seu chato... – Dizia Mariana, se aproximando de mim e me dando um abraço.

- Sabe que é só brincadeira né? – Disse, retribuindo-lhe o abraço.

- Claro que eu sei... – Ela ria, soltando-se de mim e me dando um soco no estômago.

Rapidamente endureci meu abdômen, amortecendo o golpe.

Mariana me encarou boquiaberta e eu apenas lhe disparei um sorriso descarado. SE FERROU OTÁRIA!

- Tchauzinho... Cuida bem da Letícia. – Bianca também se despedia de mim.

- Até mais... – Dizia Ivan, também se despedindo.

- A gente se vê! – Finalmente, Caio.

“Caraca, quanta gente”. Pensei comigo mesmo.

- VOCÊ NÃO PODE FICAR DEIXANDO TANTAS PESSOAS ASSIM DENTRO DO QUARTO! Ela está em coma e pode se cansar com todas as pessoas falando ao redor.

- Tudo bem... – Respondi, apenas, cansado de ouvir tanto ‘blá blá blá’.

A enfermeira se aproximava, checando todos os aparelhos ligados a minha pequena e depois ajeitou-lhe o travesseiro.

- Ela precisa de silêncio, viu?

- Tudo bem... – Respondi, meio que rindo, até que finalmente ela se retirou.

Para mim, não importava o que a medicina dissesse, eu sabia que Letícia havia ficado muito feliz com a presença de seus amigos. Seus melhores amigos. E ela deixou isso bem claro ao sorrir para nós.

Eu ainda não havia parado para pensar que a minha sorte não se baseava apenas na Letícia, apesar dela ser essencial para isso. Eu tinha amigos que me apoiavam! Por um momento eu havia me esquecido isso, mas hoje pude ver o quanto que unidos podemos fazer coisas extraordinárias acontecerem.

Confesso que senti um pouco de ciúmes, afinal depois de tanto falar com ela e incentivá-la e me dar um vestígio vital, ela não reagia... Mas quando todos nós nos unimos ao seu redor, ela pode finalmente sorrir... Isso para mim era maravilhoso, mas ainda não era o suficiente. Eu precisava que ela acordasse o quanto antes!

Fechei os olhos, ouvindo o que estava dentro de mim. Eu tinha agora um ritmo, e até mesmo um solo de guitarra. Aquelas cordas destilariam meus sentimentos sobre essa música que palpitava dentro de mim pronta para ser tocada. Pronta para ser cantada...

Tornei a olhar aquele lindo rosto da minha pequena. Agora sua face parecia relaxava, sem uma única expressão nela. Os olhos estavam bem fechados e ela novamente me ignorava.

Estava ficando cada vez mais cansado. Eu mal podia esperar o momento que ela finalmente abrisse os olhos, que ela riria novamente... Queria ter aproveitado mais ao seu lado, olhado para aqueles olhos de forma diferente...

A música estava preenchendo meu peito e se misturando com a minha imensa vontade de ter a minha pequena de volta. Eu precisava dela... E COMO precisava...

Letícia, Letícia... Você me fez criar outra canção. Inspirou-me mais uma vez.

Inclinei meu corpo, pousando minha cabeça por cima de seu abdômen e afagando meu rosto.

Lágrimas tornavam a cair, tentando fazer com que eu me aliviasse daquela ansiedade gigante de falar com ela novamente... Ela iria me ouvir cantar... Iria sentir minha presença, iria ouvir, sentir, perceber que aquela canção era de alguém arrependido de não ter feito as coisas diferentes...

" Aproveite o Dia

Aproveite o dia ou morra lamentando o tempo que você perdeu.
Está vazio e frio sem você aqui, tantas pessoas estão sofrendo.

Eu vejo minha visão queimando
Eu sinto minhas memórias desaparecendo com o tempo
Mas eu sou muito jovem para me preocupar
Essas ruas que nós viajamos, irá resistir nosso mesmo passado perdido

Eu encontrei você aqui, agora, por favor, fique por um tempo
Eu posso seguir em frente com você por perto
Eu te asseguro minha vida mortal, mas isto será para sempre?
Eu faria qualquer coisa por um sorriso, segurando você até nosso tempo acabar
Nós dois sabemos que o dia irá chegar, mas eu não quero te deixar

Eu vejo minha visão queimando,
Eu sinto minhas memórias desaparecendo com o tempo
Mas eu sou tão jovem para me preocupar
(Uma melodia, uma memória, ou só uma fotografia)

Aproveite o dia ou morra lamentando o tempo que você perdeu.
Está vazio e frio sem você aqui, tantas pessoas estão sofrendo.

Nova vida, substituindo tudo de nós mudando a fábula em que nós vivemos
Não é mais necessário ir, mas para aonde iremos?
Você terá uma jornada esta noite, você me seguiria para além dos muros da morte?
Mas garota, e se não houver vida eterna?

Eu vejo minha visão queimando,
Eu sinto minhas memórias desaparecendo com o tempo
Mas estou tão jovem para me preocupar
(Uma melodia, uma memória, ou só uma fotografia)

Aproveite o dia ou morra lamentando o tempo perdido
Está vazio e frio sem você aqui, tantas pessoas sofrendo.
Rastros em vida, perguntas sobre a nossa existência, não quero morrer sozinho sem você aqui
Por favor conte-me se o que temos é real

Então, e se eu nunca te abraçar, ou beijar seus lábios novamente?
Eu não quero deixar você e as memórias que nós dois temos
Eu imploro não me deixe

Aproveite o dia ou morra lamentando o tempo perdido
Está vazio e frio sem você aqui, tantas pessoas sofrendo.
Trilhas na vida, questões de nós existindo aqui, não quero morrer sozinho sem você aqui
Por favor me diga se o que temos é real

(Silêncio,você me perdeu, sem chances para mais um dia)
Eu permaneço aqui sozinho
Me afastando de de você, sem chance de voltar para casa."

Os soluços tentavam me libertar, mas só tentavam. Tudo o que eu precisava era da minha pequena...

O silêncio era quebrado pelos apitos constantes dos aparelhos e pelos meus soluços.

- Eu sinto sua falta. – Nunca ouvi minha voz tão desequilibrada. Eu estava de fato chorando.

De repente, senti algo tocando minha cabeça, como um gesto de carinho, fazendo com que eu levantasse imediatamente e que meu choro cessasse. Estava assustado.

Olhei boquiaberto para aquela cena que eu não podia acreditar que acontecia diante de meus olhos.

Minhas pernas de repente começaram a tremer e meu coração saltitar loucamente dentro do meu peito.

Eu novamente estava vendo aqueles olhos verdes brilharem em direção aos meus.

- LETÍCIA?! – Perguntei boquiaberto.

- É... uma... linda... música...


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo! HISAHISAHISHAISA

Agradeço as reviews e espero por mais. o/

Espero que gostem, né?

beeejos. (:



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