Com Amor não se Brinca escrita por Bubees


Capítulo 50
Estréia ou fim?




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Os dias se passaram e o grande dia da apresentação finalmente chegou.

Brian e Letícia, aparentemente estavam conseguindo manter o tal acordo. Agora conseguiam ficar com mais tranqüilidade um ao lado do outro sem acabar se atracando em beijos e amassos.

- Letícia, a Mariana vai? – Ivan se aproximava da moça, enquanto ela ajudava a transportar os instrumentos para dentro do carro.

- Vai sim... Mas ela continua traumatizada com o que aconteceu naquele dia, na festa. – Letícia gargalhava, se lembrando de Mariana relatando os fatos.

Mariana estava bêbada demais, assim como Ivan.

O rapaz estava brincando de correr pelo apartamento com uma toalha por cima da cabeça. É claro que Mariana, bêbada do jeito que estava, imaginou que a toalha seriam belas madeixas. Ficou com Ivan, mais logo as madeixas caíram de sua cabeça, presas nas mãos de Mariana. A garota ficou histérica.

Letícia então, gargalhava ainda mais.

- Como eu queria ter visto essa cena!

- Na hora eu não me importei muito. – Dizia Ivan. – Mas foi meio constrangedor da forma que ela saiu correndo... Queria me desculpar.

- Ah... Entendi. – Dizia Letícia. – Não se preocupe, vocês estavam bêbados... Mariana vai se recuperar do trauma, não se preocupe.

- Já está tudo pronto? – Brian perguntava se aproximando do carro, com um sorriso largo entre os lábios.

- Está sim. – Dizia Letícia, enquanto era recebida com um beijo nas bochechas. Rapidamente a moça sentiu as mesmas corarem.

Brian sorriu, sabendo muito bem o que havia provocado. Ah... Precisava se controlar! Mas era tão difícil...

- Eu vou me trocar. – Dizia Letícia, sorridente. – Priscila fez uma roupa pra mim...

- Sério? – Brian perguntava sorridente. – Priscila é muito boa nisso.

- Muito mesmo! Quando ficarmos famosos, vou deixar somente ela tomar conta dos meus modelitos!

Brian simplesmente deu uma leve risada.

- Vamos subir então, descansar... Letícia, vê se diminui um pouco com suas indiretas com a Pamela, hoje é um dia importante para todos nós.

- Pode deixar. – Dizia Letícia, revirando os olhos.

- Eu estou falando sério. – Alertava o rapaz.

Depois do ocorrido da mesma festa, Pamela e Letícia não paravam de trocar farpas uma contra a outra. Letícia ainda estava muito aborrecida com a intromissão de Pamela na sua vida e Pamela estava tão aborrecida quanto, praticamente pelo mesmo motivo.

- A gente vai ter festinha depois? – James perguntava, sorridente.

Brian simplesmente se virou para o amigo, o encarando, sério.

- Na sua casa? – Brian sorria, descaradamente.

- Desculpa ter vomitado no tapete da sua mãe. – James fazia um bico.

Brian simplesmente revirava os olhos.

- Ai meu Deus...

- Parece que essa festa ficou para a história. – Dizia Letícia, gargalhando.

- Nem me fale. – Brian se virava para ela com um sorriso tristonho, e rapidamente desviou o olhar.

Letícia também desviou o olhar de Brian, respirando fundo e esboçando um sorriso largo a fim de espantar todos os pensamentos que estavam prestes a dominá-la.

- Bom, vou me arrumar. – Letícia sorria, entrando no elevador.

- Vamos com você. – Dizia Caio, sorridente.

Ao entrarem no elevador, Brian não parava um único segundo se quer de admirar Letícia. Não podia mais deixar seus sentidos o vencer, mas nada o impedia de olhá-la descaradamente.

A moça simplesmente mantinha os músculos intactos, olhando ao horizonte e não se atrevia em hipótese alguma a girar a cabeça para o lado de Brian, já que a sua visão periférica anunciava que Brian a olhava sem nem ao menos disfarçar.

James, Caio e Ivan, paravam em seus devidos andares, só restando Letícia e Brian dentro do elevador.

- A gente se vê daqui uma hora? – Brian perguntava sorridente. – Estou tão ansioso.

- Nem me fale... – Dizia Letícia, também sorridente. – Será que vão gostar da gente?

- De você eu tenho certeza que sim. – Brian encarava Letícia no fundo dos olhos, com um sorriso charmoso estampado no canto dos lábios.

Letícia apenas disparou uma leve risada, se aproximando da porta do apartamento do pai.

- Se você diz... – Dizia a jovem, sorridente.

Brian lhe disparou uma piscadela, também apoiando a mão na maçaneta da porta, pronto para entrar no apartamento.

- Até daqui a pouco. – O rapaz sorria, finalmente desaparecendo por trás da porta.

Letícia suspirou, com um sorriso largo estampado nos lábios. Estava tão ansiosa quanto Brian.

- Finalmente! – Dizia Priscila, assim que via a irmã entrar pela porta. – Sua roupa já está te esperando! – A moça sorria, e batia palmas. – É a sua primeira apresentação com contrato com uma gravadora e tudo, você tem que estar divina.

- Obrigada, Pri. – Letícia sorria para a irmã, se aproximando, e lhe dando um abraço apertado. – Você me maquia?

- Mas é claro! – Dizia Priscila, em um tom óbvio. – Ficaria irritada se não me pedisse.

Letícia sorria para a irmã, indo até o quarto.

- Vamos ver o que você aprontou dessa vez. – Dizia a moça, passando pela porta, e fechando-a finalmente.

Letícia se aproximou da cama, examinando as peças de roupa que Priscila havia deixado cuidadosamente sobre a cama.

Havia uma saia curta, de cor preta, bem rodada, com rendas em vinho por baixo para dar volume, enquanto na cintura, haviam três pequenos crucifixos decorados com pedras brilhantes de cor roxa, contornados com pedras prateadas. Havia, também, uma blusinha preta, cuja manga parecia ter sido arrancada da veste, modelo ‘babylook’, e uma estampa em branco de uma máscara de gás.

Letícia olhava para o ‘look’ completamente apaixonada. Priscila sabia exatamente como agradar seu gosto. Sabia exatamente do que a irmã gostava.

A moça vestiu as roupas, complementando com uma meia rastão, calçou seu coturno e decorou o pescoço com colares cumpridos de vários pingentes, deixando o visual ainda mais pesado.

Priscila fez uma maquiagem que destacasse bem os olhos da irmã. Deixou as pontas dos cabelos da moça arrepiados, deixando uma impressão de rebeldia.

- Você está magnífica! – Priscila comemorava. – Como eu sou talentosa!

- E modesta. – Letícia gargalhava, se analisando no espelho. – Realmente ficou muito bom... Obrigada, eu não seria nada sem você.

- Eita! – Priscila arregalava os olhos. – Nunca imaginei você falando uma coisa dessas... Se bem que... – Priscila rapidamente fechava os lábios, virando-se de costas.

- Se bem que o que? – Letícia perguntava, indo até a irmã.

- Eu percebi que ultimamente você anda muito sentimental. – Priscila se virava, encarando Letícia dentro dos olhos, demonstrando preocupação. – Mas eu não vou ficar te forçando a falar disso agora, está bem? Quero te ver feliz. Hoje é a sua grande estréia.

Letícia de repente, passou a sentir um vazio intenso dentro do peito. Priscila realmente estava certa. A moça estava sim sentimental. Sentia que estava perdendo algo, sentia como se o vazio a tragasse por completo, fazendo com que ela desaparecesse a cada instante.

- Letícia? – Priscila chama a atenção da irmã. – Desculpa se eu falei algo errado.

Letícia apenas negou com a cabeça, se aproximando de Priscila de repente, e lhe dando um forte abraço.

Priscila se sentiu confusa com aquele gesto. Letícia estava precisando de ajuda, e urgentemente. Era inegável o fato de que a moça estava realmente sofrendo, mas não sabia como ajudá-la, não era algo tão simples. E pior, não era algo que dependesse apenas de Letícia.

A moça, retribuiu o gesto da irmã, abraçando-a com força, desejando que Letícia se sentisse mais confiante e tranqüila com o abraço.

- Obrigada. – Letícia se afastava sorrindo para a irmã. – Só não choro por que se não vai borrar a maquiagem e você vai me matar.

- Bom mesmo! – Priscila sorria, apertando as bochechas da irmã. – Você está linda... Vamos?

- Vamos... E o pai? Não vai me ver?

- Ele foi levar Carmen ao hospital, ela disse que estava passando mal... – Priscila revirava os olhos, parecendo profundamente irritada. – Olha, não conte muito com o fato dele ir...

Letícia abaixava a cabeça, suspirando.

- Tenho que ser sincera com você. – Priscila retomava as palavras. – Desculpa, mas você sabe como aquela vaca é... Vai ficar segurando o pai, exatamente para ele não ir a sua apresentação.

Letícia ergueu a cabeça, dando de ombros. Queria ser forte. Queria passar por cima de tudo.

Assim que se retirou do apartamento, Brian estava próximo ao elevador, com o botão acionado.

- Oi... – A jovem dizia, timidamente. Mal podia esperar pela reação do rapaz ao vê-la.

Brian rapidamente se virou, sorridente, porém os lábios de imediato desmistificavam o riso, deixando-o boquiaberto. O rapaz definitivamente a olhou dos pés a cabeça. Fixava seu olhar sobre a jovem que estava extremamente linda. Que vontade de correr e abraçá-la. Queria tanto beijá-la...

- Syn? – A jovem chamava sua atenção. – Para com isso, você está me deixando sem graça. – A jovem se aproximava, colocando-se ao seu lado. – Você está muito bonito.

- Obrigado. – Dizia o rapaz, lhe disparando uma piscadela, sorrindo no cantos do lábios. – Oi Pri, quase me esqueci que estava aí. – O rapaz gracejava.

- Obrigada, Syn... – Dizia Priscila, revirando os olhos. – Nervoso?

- Um pouco. – O rapaz admitia, abrindo a porta do elevador para que as duas entrassem primeiro. – E muito ansioso também. – completava.

- Entendo. – Dizia Priscila, sorridente. – Bom, Letícia vai comigo no meu carro, tudo bem?

Brian sorria, fazendo um sim com a cabeça.

Tudo já estava devidamente pronto, e finalmente seguiram rumo até a casa de show, onde seria a primeira apresentação dos “Headshot”.

Letícia estava completamente inquieta dentro do carro da irmã. Queria dar o melhor de si naquela apresentação. Queria esquecer um pouco tudo aquilo que a afetava, tudo aquilo que a deixava triste e fazer muito bem aquilo que tanto amava: Cantar.

O razoável trânsito não ajudava para amenizar a ansiedade do grupo.

No carro de Brian, ouviam música no último volume e faziam de tudo para se distrair, enquanto no carro de Priscila, a moça tentava encontrar vários assuntos diferentes para conversar com a irmã, porém era vão. Letícia estava desligava demais.

Assim que chegaram, o estabelecimento ainda estava fechado. Priscila e Letícia se encarregaram de transportar os equipamentos para dentro e montá-los junto a uma equipe técnica contratada por Pamela, para auxiliá-los devidamente de como seria a montagem.

- A Pamela não chegou ainda? – Brian perguntava a um dos assistentes.

- Ainda não. – O homem dizia, apenas.

- Será que a sua amiguinha vai chegar atrasada? – Letícia encarava o relógio de pulso. – Ah não, ela JÁ está atrasada.

- Letícia, calma. – Dizia o rapaz.

- Calma? Engraçado que depois ela reclama da gente... Você não acha isso estranho? – Letícia cruzava os braços, encarando o rapaz.

- Tudo bem, Letícia. – Brian se dava por vencido, se aproximando da moça. – Mas vamos com calma, está bem? Hoje é um dia importante.

Letícia simplesmente dava de ombros, se afastando do rapaz.

- Terminou! – James comemorava.

- Terminamos a montagem ANTES da Pamela chegar. – Letícia provocava.

Brian simplesmente respirou fundo, irritado, e se afastou.

- Letícia, não se irrite. – James ria, ao ver o amigo se afastar irritado. – Vai com calma.

- Será que deu pra todo mundo vim falar isso pra mim hoje?

- PESSOAL! Já tem uma fila razoável do lado de fora para entrar... Peço por favor, que se dirijam para a parte de trás do palco... – Dizia um dos organizadores.

- A gente se vê. – Priscila gritava para a irmã.

Os “Headshot” rapidamente iam para a parte de trás do palco, ansiosos, sentindo borboletas em seus estômagos.

- Está chegando a hora... – James surgia com uma garrafa de vodka na mão.

- Lá vamos nós... – Letícia encarava a garrafa, revirando os olhos. – Você não muda mesmo.

- Não vou te dar nada! – James fazia um bico, abraçando a garrafa.

- Gente, e essa Pamela que não chega? – Brian andava de um lado para o outro, parecendo cada vez mais nervoso.

- Liga pra ela. – Letícia o encarava, se erguendo da cadeira em que estava sentando, indo até o rapaz, segurando-o pelo ombro. – Se acalme.

- Estou tentando. – Brian sorria, com as mãos trêmulas. – Me dá essa garrafa aqui. – Brian arrancava a garrafa das mãos de James, dando uma grande golada através do bico.

- EI! Vai comprar uma pra você! – James resmungava, fazendo caretas.

- Calma gente! Não vão querer fazer o show bêbados, né? – Letícia revirava os olhos. – Me dá essa garrafa aqui. – A moça arrancava a garrafa das mãos de Brian, dando uma grande golada.

- EI! – Brian e James diziam em coro.

Letícia simplesmente ria, dando de ombros, fechando a garrafa, e colocando-a atrás da cadeira.

- Ela está confiscada. – Dizia.

- Ah... – Brian fazia um bico, se aproximando da jovem, e tentando apanhar a tal garrafa.

- Sai Syn! – Letícia se erguia da cadeira, gargalhando, esticava os braços, tentando barrar a passagem do rapaz.

- Só mais um gole, vai! – O rapaz ainda pedia, tentando passar pela jovem.

Os dois começaram a rir. Era óbvio que aquela brincadeirinha infantil e aquelas risadas altas denunciavam um clima intenso correndo por entre eles.

Brian se aproximava, abraçando Letícia, erguendo-a nos ombros, tentando afastá-la da garrafa.

- PEGA, JAMES! – Brian ria.

- AH SYN! NÃO VALE! ME AJUDA AQUI, GENTE! – Letícia se debatia, mordendo as costas de Brian.

- AI AI AI NÃO MORDE! – Brian resmungava, colocando a moça no chão. – AH... EU QUE VOU TE MORDER AGORA!

- Ai meu Deus... – Diziam James, Caio e Ivan em coro.

Brian segurava Letícia pela cintura, fazendo-lhe cócegas no abdômen, aproximando os lábios de seu ombro.

- VAI DEIXA EU TE MORDER!

- SAI SYN! – Letícia gargalhava, tentando afastar o rapaz.

De repente, uma tossida estridente, interrompia a infantil brincadeira.

- Oi Pamela. – Dizia Brian, se afastando de Letícia.

Letícia agia como se de repente uma massa sombria afastasse seu sorriso, transformando seu rosto em uma lápide rígida, fria.

- Desculpem a demora. – Dizia Pamela sorridente, se aproximando de Brian, e lhe dando um beijo no rosto. – Estava muito trânsito.

- Pamela demorou para se arrumar. – Dizia Fernando, logo em seguida. – Aliás... Letícia, você está lindíssima.

- Obrigada. – Letícia sorria para o homem.

- Ela está mesmo. – Brian dizia aborrecido, se aproximando de Letícia.

Fernando, descaradamente, disparava uma piscadela para a moça, deixando Brian ainda mais aborrecido.

O homem ao perceber a reação defensiva de Brian, disparou um sorriso descarado para Pamela, que o encarou com ódio.

- Ansiosos? – Fernando perguntava, sorridente. – Eu estou.

- Estamos ansiosos sim... – Dizia Letícia.

- Desculpem, mas devo avisar que o lado de fora já está LOTADO!

- SÉRIO?! – Letícia perguntava, quase que em pânico.

- Sério... – Fernando gargalhava. – Falo muito sério...

- Ai meu Deus... – Letícia dizia aflita, andando de um lado para o outro.

- Calma, minha linda... – Fernando se aproximava da jovem, abraçando-a.

Brian respirava fundo, encarando a cena, como se fosse entrar no meio daquele abraço, ou então, o que era mais provável, encher Fernando de porrada.

Ficaram mais algum tempo ali, esperando para finalmente se apresentar.

Brian nem se quer dava atenção à Pamela, apenas encarava aquela cena odiosa de Fernando e Letícia tagarelando e rindo sem parar. Pamela estava ficando realmente irritada com aquela situação, mas nem se atreveria a ir até lá afastar Fernando da moça, sabia que qualquer bobeada, poderia acabar levando uma boa surra de Letícia.

- Estão prontos? – De repente, um dos organizadores do evento, aparecia, sorridente.

Letícia sentiu seu coração acelerar de imediato. Podia ouvir logo de trás do palco, as conversas estridentes espalhadas por todo o salão.

A casa estava lotada.

Seria finalmente, o momento de se livrar de todo aquele mal que a afligia.

E lá foram eles mais uma vez. Os “Headshot” subiam no palco, com o coração palpitando ao ritmo dos aplausos e assovios que recebiam.

Brian e Letícia se entreolharam sorridentes, e então Brian deu o início, disparando um som agudo e afiado da guitarra.

James começou a castigar os tambores da bateria sem piedade de modo rápido, fazendo com que a banda ganhassem ainda mais aplausos.

- Somos os Headshot! Viemos arrancar a cabeça de vocês! – Letícia disparava uma gargalhada alta e a introdução de “Bat Country”.

Brian ia para frente do palco ao lado de Letícia, inclinando o corpo lentamente para trás, balançando a cabeça e acompanhando a voz de Letícia que já arrancava gritos do público logo de cara.

A moça tinha uma presença de palco impecável. Andava de um lado para o outro, balançava o corpo já conquistando o público masculino que fazia corações com a mão e lhe mandavam milhares de beijos.

Ivan acompanhava Brian, fazendo o ritmo de fundo da música. Faziam um belo par quando se uniam logo à frente do palco, tomando a atenção do público com o som de suas guitarras.

James tocava bateria perfeitamente bem. Como nunca havia tocado antes. Estava sentindo aquele momento, principalmente quando sua pele se arrepiava ao ouvir os aplausos e ver um motim de pessoas em meio ao formigueiro humano, empurrando um ao outro em uma grande roda.

Caio corria de um lado para o outro, dançando com Letícia e a encarando dentro dos olhos, e muitas vezes se unia aos guitarristas.

Letícia não deixava James de fora. Ia muitas vezes para trás do palco, roubando-lhe uma das baquetas e ajudando-o a castigar os pratos.

Aquela sem dúvida era uma banda completa. Tinham muita afinidade tocando juntos.

Todos eles estavam sorridentes e Letícia caprichava com as caretas de garota malvada.

O público queria mais. O público sempre pedia por mais.

Acabaram por fim, tocando todas as músicas que tinham prontas e finalizaram com um cover avassalador de “Master of Puppets”.

Aqueles eram os “Headshots”, nascendo, finalmente.

- OBRIGADA! – Letícia gritava, ria e batia palmas ao mesmo tempo. Não parava de inclinar o corpo para frente como forma de agradecimento.

Aqueles cinco corações bombeavam dentro daqueles peitos juvenis. Era um sonho sendo realizado, um sonho sendo concretizado e eles conseguiram fazê-lo muito bem.

- Caras... – O apresentador se aproximava de Letícia, que respirava ofegante, mas não deixava de sorrir. – Queria convidá-los formalmente para retornarem.

- O QUE?! – Letícia perguntava surpresa.

- MAS É CLARO QUE VOLTAMOS! – Dizia Brian, puxando o microfone das mãos do tal apresentador.

Letícia se virou para o rapaz, sorridente e rindo consigo mesma, movendo os lábios, dizendo “Conseguimos”, sem nem ao menos expelir sua doce voz que àquela altura já estava cansada.

Brian literalmente jogou sua guitarra no chão, se aproximando da jovem e lhe dando um forte abraço, suspendendo-a do chão.

- Não conseguiríamos sem você. – Brian dizia em seus ouvidos, porém não podia deixar de berrar, devido ao grande barulho no salão.

- Vamos sair logo daqui, eles precisam chamar a outra banda. – Dizia Ivan gargalhando. – Vamos descer para ver o que vão falar de nós.

- Ótima idéia. – Dizia Letícia, sorridente.

O grupo novamente agradeceu ao fiel público que se manteve atencioso por toda a apresentação, e então se dirigiram para o lado esquerdo do palco, descendo pelas escadas.

- Garota... Meus parabéns. – Um rapaz, de imediato se aproximava da jovem, beijando-lhe suas mãos. – Se vocês voltarem, certeza que estarei aqui para ver.

- Que bom! – Dizia Letícia, sorridente. – Obrigada!

- Posso pagar uma cerveja para você? – O rapaz ainda insistente, se aproximava da jovem, passando os braços por trás das costas da moça.

- É... – Letícia se encolhia, tentando se afastar do desconhecido.

- Acho que não, cara. – Dizia Brian, sério.

- Opa! Você também é muito foda, cara! – O desconhecido ainda continuava a se desdobrar em elogios para a banda.

- LETÍCIA! – De repente a moça ouviu sua irmã, Priscila, gritando ao longe, tentando passar por uma multidão de pessoas que estava à sua frente.

- PRI! – A moça acenava, erguendo as mãos para o alto.

Priscila rapidamente se aproximou da irmã, dando-lhe um abraço apertado.

- VOCÊ PARECIA REALMENTE UMA ROCK STAR!

- Mesmo? – Letícia franzia o cenho.

- Claro! Você tem presença de palco, canta bem... E tinha tantos caras falando de você... – Priscila dava leves cotoveladas no braço da irmã. – Sério... E olha só quem veio te ver...

- MÃE?! – Letícia ficava boquiaberta, surpresa, correndo para abraçar a mãe.

- VOCÊ ESTAVA TÃO LINDA! – Clarice apertava a filha. – Vocês todos estavam maravilhosos. – A mulher cumprimentava o resto do grupo. – E seu pai, minha filha? Ele veio?

Letícia respirou fundo, irritada.

- Não, e não me interessa falar dele. – A jovem dava de ombros.

- Parabéns! – Pamela de repente surgia pela multidão, sorrindo, acompanhada por Fernando. – Vocês foram perfeitos! Até você, Letícia. – Pamela encarava a moça com desprezo.

- Como assim até você, Letícia? – Fernando encarava Pamela com um sorriso maldoso, se aproximando da moça e lhe dando um abraço forte e um demorado beijo na bochecha. – Letícia estava perfeita demais! E eu pensando que não poderia ser mais do que já é.

Brian ao ver a cena, simplesmente fincou as unhas na palma da mão, respirando de modo ofegante. Era muita ousadia esse tal Fernando ficar dando em cima de Letícia assim tão descaradamente. Ele não iria agüentar ver aquela cena irritante por muito tempo. Não mesmo.

Pamela simplesmente encarou Fernando com ódio, deixando evidente a raiva que sentia pelo homem atrapalhar seus planos.

Letícia ficou satisfeita ao perceber a feição de Brian. Pamela vivia grudada nele. Era justo que o rapaz soubesse como ela se sentia.

A moça então, a fim de provocar ainda mais, retribuía o abraço de Fernando, aninhando-se em seu peito.

Brian sentiu uma forte apunhalada no peito. O que significava aquilo? Letícia iria esquecê-lo? Ela estava disposta a isso? Por quê?!

- Vamos buscar as nossas coisas no camarim? – James perguntava, distraindo a atenção de Brian para Fernando e Letícia. – Minha vodka está lá...

- Vamos. – Dizia Brian, sério, sem desgrudar os olhos do suposto futuro casal.

- Vão lá. – Dizia Fernando se soltando de Letícia. – Tenho que conversar algumas coisas com a Pamela.

- Tudo bem. – Dizia Letícia sorridente, caminhando ao lado de Brian.

- Com licença. – Dizia Fernando, se dirigindo para Clarice e Priscila, se distanciando rapidamente, segurando os braços de Pamela.

- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?! – Pamela dizia, aborrecida.

- Eu sei jogar esse jogo, Pamela. – Fernando cruzava os braços, encarando a moça. – Eu não vou deixar você se dar bem nessa, mas não mesmo...

- FERNANDO! Por que você está se metendo?

- Você sabe o porquê, Pamela... Você sabe...

- Syn... O que foi? Você acabou de fazer uma apresentação impecável e está com essa cara? – Letícia perguntava, enquanto eles se dirigiam até o camarim.

- Nada. – Brian dizia ríspido.

Letícia simplesmente o encarou. Seria ciúmes?

- Aqui suas coisas. – O rapaz lhe arremessava a mochila.

- Posso saber o que você tem? – Letícia se aproximava, tocando as mãos nos ombros do rapaz.

Brian simplesmente sacudia os ombros, afastando as mãos de Letícia.

- Syn? – A moça perguntava, confusa. – Você está bravo?

- Letícia! – Brian a encarava. – Não é nada! Está tão preocupada por quê?! Vai logo, o Fernando deve estar ansioso pra te ver de novo.

- Como é? – A jovem estendia um riso, incrédula. – Você está com ciúmes?

- Ah... Coitada. – Brian resmungava, revirando os olhos. – Acorda, Letícia!

- Está todo irritadinho aí por que, então?! – A moça cruzava os braços, o encarando e batendo os pés contra o chão.

- Eu não tenho que te falar nada. – Brian a encarava igualmente, lhe disparando um riso maldoso, e se afastando.

Letícia simplesmente via Brian se afastar, com os ombros rígidos, sem nem ao menos olhar para trás. Ele estava chateado e isso era fato.

Ele não aceitaria se outra pessoa entrasse na sua vida. Ela também não aceitaria.

Estavam novamente misturados com o público, enquanto a banda que se apresentava tocava “On my own”, de The Used.

Letícia simplesmente parou de caminhar, encarando Brian se afastar, pisando fortemente contra o chão.

De repente, uma garota vestindo um shots muito curto e um top, se aproximou do rapaz, lhe dando um abraço.

Brian sorria. Era um sorriso do qual Letícia conhecia muito bem.

Brian estava se gabando e jogando um charme avassalador na moça. Até que o rapaz não lhe deixou mais dúvidas, quando finalmente virou-se para trás, encarando Letícia, de modo sério, e então, passou as mãos pela cintura da desconhecida.

Letícia ficou boquiaberta ao ver a cena, e sentiu novamente aquela pontada angustiante no peito. O que Brian pretendia com aquilo?

A moça foi caminhando atrás deles, e Brian encaminhava a desconhecida para próximo ao balcão.

Letícia não deixava de olhá-los, boquiaberta.

Lágrimas desejavam sair pelos seus olhos, mas ela não se dava ao luxo. Maldito seja!

Brian estava rindo, e não parava de encará-la com maldade. Ele sabia que Letícia os olhava.

De repente, a jovem desconhecida puxava o rosto de Brian, dando-lhe um beijo brusco, fazendo-o se desequilibrar da cadeira onde estava sentado.

Letícia sentiu seu rosto ferver.

- SYN! – Ela berrou, irritada.

Brian rapidamente afastava a jovem, encarando Letícia, surpreso.

- Minha pequena...

- EU NÃO SOU MAIS A SUA PEQUENA! – Letícia se virava para o rapaz, bruscamente.

- Se quiser eu posso te dar um beijo também. – A moça se aproximava de Letícia, cambaleando, e lhe dando um sorriso torto. Estava embriagada.

- SAI DAQUI, SUA BÊBADA! – Letícia resmungava, empurrando a moça que de tão bêbada, ia diretamente para o chão.

- LETÍCIA! – Brian dizia, incrédulo.

De repente, várias pessoas que estavam em volta, dirigiam os olhares para eles.

- Desculpe... – Dizia Letícia, ao notar o que havia feito.

Porém, era tarde demais. Pamela e Fernando já estavam se aproximando, junto de Clarice e Priscila.

- PAREM DE OLHAR! – Brian resmungava.

Muitas pessoas encaravam Letícia, boquiabertos.

- Vamos... – Brian tentava tirar Letícia dali.

- ME SOLTA! – A moça se esquivava. – Não coloque suas mãos em mim.

- O QUE É ISSO?! – Pamela se aproximava, irritada. – Criando confusão de novo, Letícia?

- CALA A BOCA! EU NÃO ESTOU FALANDO COM VOCÊ!

- CALA A BOCA VOCÊ! Eu sou sua chefe, querida... Ou se esqueceu? – Pamela cruzava os braços, encarando Letícia de modo maldoso.

As pessoas encaravam Letícia de olhos arregalados.

- Que triste... – Pamela ainda destilava veneno. – A vocalista tão respeitada, se mostrando uma esquentadinha... O que você faria quando conseguisse finalmente a fama?

- Você está misturando as coisas, Pamela... – Letícia tentava se acalmar e se defender.

- Ah é? Vai me dizer que nunca me mandou cala a boca? Essa banda não precisa de você, garota... Eles já tem a mim... Uma mulher muito mais decidida e madura!

- Super madura... Pinguça! – Letícia, porém, não se dava por vencida.

- PAREM COM ISSO! – Brian exigia.

- NÃO! Ela tem que ouvir... Você não tem que viver por ela, Syn... – Pamela encarava Letícia, ainda com o mesmo sorriso maldoso. – Você não precisa de uma garotinha ridícula como essa ao seu lado...

- PAMELA! – Fernando lhe chamava a atenção. – CALE ESSA BOCA! Já chamou atenção demais.

- NÃO! Ela vai me pagar caro...

- CARO POR O QUE?! Por que mesmo se jogando pra cima do Syn ele não te dá bola? – Letícia alfinetava. – Está com raiva por que ele nunca vai dar atenção a você?

Pamela de repente disparou uma gargalhada alta.

- Sempre se vangloriando por isso... Não é, Letícia? – Pamela de repente se aproximava perigosamente da jovem. – Pena que logo ele vai estar te esquecendo.

- Não me importo. – Letícia abaixava a cabeça, escondendo as lágrimas que estavam prestes a cair. – O Syn faz o que ele quiser...

- PAMELA! CHEGA! – Brian pedia. – Eu já disse para parar de se meter...

- AH! Estou com tanta pena dela se fazendo de coitadinha...

- EU... JÁ... DISSE... PARA... CALAR ESSA BOCA! SUA FILHA DA PUTA! – Letícia de repente se explodiu, erguendo a cabeça bruscamente. Seu rosto se misturava com lágrimas e uma feição vermelha de fúria. A moça nem se quer pensou duas vezes ao acertar o punho fechado no rosto de Pamela. A moça caiu imediatamente no chão.

- LETÍCIA! – Brian e Fernando diziam em coro, se aproximando da jovem, a segurando para que não se atracasse com Pamela.

- SUA MALDITA! – Pamela berrava do chão, limpando o fio de sangue que escorria no canto dos lábios. – SOME DAQUI!

- CALA A BOCA, EU JÁ DISSE! – Letícia berrava.

- LETÍCIA... CALMA! – Brian tentava acalmar a jovem.

- ME SOLTA, SYN! – A moça o empurrava, sendo acolhida por Fernando. – Me deixa em paz... – De repente uma lágrima caía dos olhos da jovem.

- Pequena...

- PARA! – A moça insistia, ainda irritada.

- Syn... – Priscila se aproximava do rapaz, tentando acalmá-lo pela rejeição. – Venha comigo, Letícia está muito nervosa...

- Filha... Não dê importância para essa mulher... Vamos sair daqui. – Dizia Clarice, tirando Letícia dos braços de Fernando, e lhe dando um abraço forte. – ESTÃO OLHANDO O QUÊ?! O SHOW ESTÁ ALI! – Clarice dizia, irritada.

As pessoas novamente tomavam sua atenção para o palco, deixando a cena da briga de lado.

- Vamos esperar sua irmã no carro. – Dizia Clarice. – Obrigada, rapaz.

Fernando apenas fez um aceno com a cabeça, tornando seus olhos para Pamela que ainda tentava se levantar.

- Essa menina me paga! – Pamela ajeitava os cabelos.

- Eu no lugar da Letícia, faria o mesmo... Você parece ter prazer em pisar nas pessoas... Não é?

- Agora você também vai ficar me dando sermão?! – Pamela o encarava, irritada. – Não se esqueça que meu pai é dono daquela gravadora e eu posso muito bem te demitir! O que acha que meu pai vai pensar quando souber que você fica se engraçando para cima de mim?

- Pamela... Por que diabos eu fui gostar de você? – Fernando fazia um não com a cabeça, se afastando da mulher.

- Syn... – Priscila se sentava na cadeira do camarim, encarando o rapaz. – Precisamos conversar sobre a Letícia.

- Pri...

- Você não precisa falar nada. – Priscila assegurava. – Mas tente entendê-la, por favor... Ninguém a apóia... Ela anda muito triste, não quer voltar para a casa da nossa mãe por que toda vez que volta, ela fica encarando aquele poste... Ela tem medo que Mateus volte...

- Mateus foi preso. – Brian dizia, ríspido.

- Eu sei... – Priscila suspirava, encostando-se à cadeira. – Mas para ela não está sendo fácil... Ela que foi chantageada, Syn... Ela se sente culpada.

- Tão culpada que ficou fazendo ciúmes para mim? – Brian se erguia da cadeira, andando de um lado para o outro.

- Como assim?

- Nada... – Brian suspirava, tornando a olhar para Priscila. – Eu e Letícia estamos tentando ser amigos... Mas aquela idiota... Com todo o respeito. – Brian frisava. – Não entende que não servimos para sermos apenas amigos! Sentimos ainda muito ciúmes... Seremos eternos amigos e eternos solteiros?

- SYN! – Pamela de repente entrava no camarim, com a face avermelhada e os lábios inchados. – QUERO FALAR COM VOCÊ, AGORA!

- Pamela! Não está vendo que eu estou conversando?!

- Não! – Priscila protestava. – Tudo bem, Syn... Eu já vou embora... Letícia deve estar louca para ir também...

- Diga a ela que depois quero conversar...

- Tudo bem. – Dizia Priscila, se despedindo do rapaz sem nem ao menos olhar para Pamela.

Pamela esperou que Priscila finalmente desaparecesse de suas vistas, e então, fechou a porta.

- Quero que faça uma coisa. – Dizia.

- O que foi? – Brian revirava os olhos.

- Quero que tire Letícia da banda.

- O QUE?! – Brian se erguia, em um salto. – VOCÊ ESTÁ LOUCA?! Seu problema com ela é pessoal! Não pode ficar misturando as coisas...

- Posso fazer o que eu quiser... – Pamela se aproximou do rapaz, encarando-o seriamente. – Meu pai é dono daquela gravadora...

- Mas isso não muda o fato que você está misturando as coisas. – Brian insistia.

- Não interessa! – Pamela respirava fundo, encarando o rapaz. – Aquela menina já passou dos limites! Ela se acha insubstituível não é?! Mas agora ela vai ver que está muito... Mas MUITO enganada! QUERO ELA FORA DA BANDA!

- Pamela! Eu não vou fazer isso...

- Vai mesmo jogar seu sonho fora por uma garota que só o fez sofrer?

- Como é?

- Isso mesmo, Syn... Ou a Letícia fora da banda! Ou a sua banda fora da minha gravadora!

Brian a encarou, boquiaberto. Pamela estava falando muito sério. O rapaz estava entre o maior sonho da sua vida e o amor da sua vida... Aquele amor tão instável...

- E então... O que me diz? – Pamela continuava a pressionar.  – Pensei que você se importasse com o sonho que está prestes a realizar... Está tão perto e vai jogar tudo fora pela Letícia?

Brian abaixou a cabeça, pensativo.

- Responde! – Pamela insistia, novamente.

- Lógico que eu me importo com o meu sonho... Mas eu não posso fazer isso com a Letícia...

- Que pena... Você me decepcionou.

- Mas eu vou fazer... – Brian dizia.

- O QUE?! – Pamela sorria, surpresa.

Brian respirava fundo, esfregando as mãos no rosto, sentindo um forte aperto no peito. Aquilo era injusto demais.

- Amanhã mesmo, direi à Letícia, que ela não faz mais parte dessa banda.


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Notas finais do capítulo

Tão bom poder escrever sem aquela correria toda. *---* HISHAIHSAIHSIAHISHISA

Mais um capítulo galere!

Espero que gostei. Aguardo os reviews. =]

Beeeejos!