Com Amor não se Brinca escrita por Bubees


Capítulo 46
Ressaca.




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- Nossa... – Pamela gargalhava. – Vocês bateram mesmo em dois assaltantes?

- Batemos! – Brian já estava bêbado, mal conseguindo segurar o copo de chopp. – A Letícia é doida!

- Percebi. – Pamela colocava os cotovelos sobre a mesa, encarando Brian, mordendo os lábios inferiores. – Deve ter sido uma época muito engraçada.

- Era sim. – Brian concordava, respirando fundo, se sentindo zonzo. – Nossa, nunca fiquei desse jeito. – O rapaz ria sem motivo.

- Zonzo! – Dizia o rapaz. – Acho melhor eu ligar para alguém vir nos buscar.

- Ah, espera mais um pouco, ainda nem amanheceu. – Dizia Pamela ás gargalhadas.

- Não sei, estou me sentindo angustiado... Eu não estou bem.

- Toma! – Pamela estendia um cigarro para o rapaz.

Brian encarava o tal cigarro com as sobrancelhas arqueadas, e então o pegava, colocando nos lábios, esperando que Pamela o ascendesse.

- Valeu. – Disse, nunca havia fumado antes, mas nem sabia o que estava fazendo direito.

O rapaz tragava a fumaça tranquilamente, a expelindo com calma pelos lábios, respirava fundo tentando se conter, mas estava muito confuso. Nem se quer se lembrava direito de tudo que havia dito.

- Você precisa esquecê-la, Syn. – Dizia Pamela, retomando a conversa.

- O que? – O rapaz perguntava confuso, se despedindo de algumas cinzas retidas na ponta do cigarro. – Eu não quero esquecê-la.

- Mas pelo que eu vejo você está sofrendo muito com esse vai e voltar, e a Letícia é muito medrosa, desculpa a sinceridade. Você já fez tanta coisa por ela...

Brian simplesmente fechou os olhos, e baixou a cabeça.

- Ela tem o jeito dela. – Tentava defender a moça.

- Mas você está sofrendo Syn... – Pamela continuava falando. – Você precisa de uma pessoa mais decidida... Não é possível que depois de todas essas coisas lindas que vocês passaram juntos ela ainda queira terminar com você...

- Ela também está sofrendo...

- Ah claro. – Pamela revirava os olhos.

Brian respirou fundo, sentindo seu estomago revirar. A dor física de repente começou a se fundir com a sua dor interior. Em seu peito eram cravados diversos espinhos conforme ele se lembrava das maravilhas que havia passado ao lado de Letícia. O que aconteceu que eles estavam assim agora? Ele agia como um garoto apaixonado que não pudesse amar.

Ao mesmo tempo seu estomago revirava, fazendo ter diversas ânsias, sua cabeça parecia ter recebido diversos golpes, e suas pálpebras pesadas se fechavam fixamente cada vez que ele piscada, mal respirava, sentia muito calor, suava frio.

- Preciso ir. – Dizia. – Vou chamar um táxi.

- Vai deixar seu carro aqui? – Pamela perguntava.

- Por favor... – Brian respirava fundo – Eu realmente preciso ir.

- Tudo bem, eu vou um jeito nisso pra você. – Dizia Pamela com um sorriso. – Desculpa ter forçado você a beber tanto... – A moça de aproximava do rapaz, indo até a cadeira, ajudando-o a se levantar. – Eu chamo o taxi.

- Obrigado, Pamela. – O rapaz dizia grogue, dando um sorriso torto e tremulo. – Você tem sido uma grande amiga.

- Só falta você aprender a me escutar.

- Como assim? – O rapaz fechava os olhos, caindo para trás.

Pamela simplesmente segurou firme o rosto do rapaz, aproximando-o perigosamente do seu.

- Você precisa esquecer essa menina! – Ela insistia em dizer. – Você já sofreu demais, Syn, e pelo pouco que eu já te conheço, sei que não merece uma coisa dessas.

- Para de dizer isso. – Brian tentava se afastar. – E se eu fosse você não ficaria assim tão próxima de mim. – Brian ameaçava a vomitar.

- Tudo bem! – Dizia Pamela afastando o rapaz, voltando a sentá-lo na cadeira, pegando um celular, discando para um taxi.

Brian ficava sentado, com a cabeça inclinada para trás, gemendo e resmungando, estava tão zonzo, mas ainda insistia em beber, derrubando um pouco mais da metade do conteúdo do copo nas vestes.

- Syn, melhor você parar de beber. – Dizia Pamela, porém mal podia consigo mesma.

- Eu não posso esquecer ela. – Dizia o rapaz, dando mais e mais goladas de vodka.

- Syn! Para com isso! – Pamela dava um murro no braço do rapaz. – Olha só o que essa garota fez com você!

De repente, o taxi parava logo á frente do bar.

- Aqui está o dinheiro! – Dizia Pamela, ao taxista, enquanto jogava Brian dentro do carro. – Leve-o para onde ele quiser.

- Está bem dona! – Dizia o taxista, colocando o carro para andar. – Nossa cara, você está muito mal! Pega leve!

- Quero ir à casa da Letícia. – O rapaz resmungava, se deitando no banco.

- Quem é Letícia? – O taxista perguntava. – Sabe dizer onde fica?

Brian simplesmente manteve silencio, e continuou resmungando como se sentisse algum tipo de dor.

- Rapaz, se não me disser onde essa tal Letícia mora, não poderei te levar até lá...

Brian se apoiou no banco, fazendo esforço para entender onde estava, e aos poucos foi se lembrando do caminho, sem se recordar do nome da rua, e foi ajudando o taxista a chegar até a casa da moça.

- Rapaz, o dinheiro que a loirinha deu não vai adiantar.

- A Letícia... – O rapaz resmungava, abrindo a porta do carro, andando em ziguezague, tentando se aproximar da porta.

Brian já estava em seu limite, completamente cansado, derrotado, passando mal. Colocou o dedo na campainha, deixando-o lá mesmo, fazendo um som estridente emitir de dentro da casa.

Ficou um tempo ali, com os olhos murchos, fixos no botão branco do qual seu dedo não se retirava.

De repente, as luzes se acenderam e passos rápidos se aproximavam da porta, até o trinco finalmente girar.

- QUE PORR... SYN?! – Letícia olhava para o rapaz assustada, com os cabelos vermelhos bagunçados, e com cara de sono. – Meu Deus! Syn, o que aconteceu com você?!

- MOÇA! O rapaz me deve dez reais!

- Um minuto! – Dizia Letícia. – Entra, Syn! – A moça colocava os braços do rapaz em seus ombros, sentindo todo o peso de Brian cair sobre ela. – Syn, você vai ter que se esforçar pra eu conseguir te carregar para dentro! – Letícia fazia o máximo se esforço possível, mas parecia mais uma mula carregando muito bagagem. O corpo do rapaz parecia um amontoado de chumbo.

- Letí...

- Fica quieto! – A moça dizia, irritada. – Nós ainda vamos ter uma conversa sobre isso, mocinho! – Insistente, a jovem o carregava completamente por cima dos ombros, fazendo o máximo de força possível, o colocando deitado no sofá, e tirando seu tênis. – Fica aí! – ordenava.

Rapidamente a moça pegava dez reais dentro de um pote na cozinha, entregando ao taxista que já esperava impaciente do lado de fora.

- Letícia, o que aconteceu com esse menino?! – Clarice perguntava, preocupada, ao ver Brian pálido e gemendo no sofá.

- Eu também não sei, mãe! – Dizia a jovem, indo até a cozinha. – Ele chegou aqui desse jeito, não sei o que fazer. – Suas mãos de repente começavam a tremer. – O que eu faço?

- Prepare um pouco de água quente, nós não vamos conseguir levá-lo para cima para dar um banho nele... Estou achando que ele está é bebado! E está cheirando á cigarro.

- Ai eu não acredito! – Letícia dizia, irritada, pegando uma caneca de dentro do armário, enchendo-a de água. – Eu não acredito que agora ele vai ficar saindo por aí para beber! E ainda me aparece numa hora dessas?!

- Filha, não adianta você querer ficar dando bronca nele agora... Espera ele melhorar pelo menos. – Clarice dava uma leve piscadela para a filha. – A pressão dele está muito baixa, vou pegar a bomba para medir, fique de olho nele, vou chamar sua irmã.

- Nossa, eu não acredito que ela não acordou no meio desse barulho todo! – Letícia resmungava, enquanto ligava o fogo e encarava o fundo da caneca.

- Pois é. – Dizia Clarice.

Letícia deixou a água no forno, indo até a sala, para ver como Brian estava.

O rapaz estava de olhos fechados, ainda suando muito, porém mais silencioso. Sua pressão estava ficando cada vez mais baixa.

- Syn?! – A jovem se aproximava, colocando as mãos na testa de Brian, sentindo-a queimar por baixo da palma de sua mão. – MÃE! ELE ESTÁ COM FEBRE! – Berrou.

- Então vai ter que ser água fria mesmo! – Clarice gritava do andar de cima.

Letícia rapidamente desligava o fogão, indo até a gaveta, pegando um pano de algodão branco, molhando contra a água fria da torneira, e voltando até Brian.

Com calma, a jovem passava o pano pela testa do rapaz, o mau humor por ter perdido o sono por causa de um bêbado de repente havia passado. Começou a ter pena. Ele sabia que ela estava ali cuidado dele, e segurava suas mãos com muita força, como uma criança com medo de ser abandonada.

- Eu sou aqui, Syn. – A jovem dizia, enquanto colocava o pano com água fria na nuca do rapaz.

- Eu não quero esquecer você, Letícia. – O rapaz resmungava entre dentes, com os lábios muito trêmulos. – Eu não quero te esquecer...

- Quem disse que você tem que me esquecer, Syn? – A jovem retirava a camisa do rapaz, fitando seu corpo por alguns instantes, e então finalmente voltou a cuidar da temperatura borbulhante do rapaz. – Syn, acho melhor a gente te levar ao médico.

- Não! – Brian choramingava, de olhos fechados. – Não precisa.

- Vamos ver a pressão dele! – Clarice se aproximava ás pressas com Priscila logo atrás dela, sonolenta.

- O que aconteceu com ele? – Priscila perguntava.

- Eu ainda não sei, mas vou descobrir. – Letícia dizia, acariciando os cabelos do rapaz. – Como a pressão dele está mãe?

- Baixa. – Dizia Clarice, ao examiná-lo.

Priscila rapidamente ia até a cozinha, buscando o saleiro.

- Bem pensado. – Dizia Letícia pegando um pouco do sal, e colocando nos lábios de Brian. – Syn, você ainda vai me matar de preocupação.

- Eu já estou me sentindo melhor...

- Consegue levantar e tomar um banho? Não vai querer três mulheres te dando banho, não é? – Clarice dava uma leve risada.

- Acho melhor eu ficar por aqui mesmo... – Dizia o rapaz de olhos fechados. – Meu estomago ainda não está muito legal...

- Está se sentindo melhor? – Letícia perguntava.

- Acho que sim...

- Quer água? – Letícia acariciava o rosto do rapaz enquanto falava.

- Não se preocupe, pequena... – O rapaz aproximava os dedos cumpridos do rosto da jovem, que o olhava boquiaberta. – Eu já estou menos pior.

- Avisa quando melhorar, que você vai levar uma surra! – Letícia debatia.

- Bom, acho que por hora não há mais o que fazer... – Dizia Clarice. – Qualquer coisa me chama, filha... Você pode tomar qualquer remédio, Syn? Tem um que eu dou sempre para as meninas quando elas estão ruins do estomago.

- Não precisa. – Dizia o rapaz.

- Bom, vou deixar aqui em cima da bancada. – Dizia Clarice. – Qualquer coisa você dá pra ele, Le?

- Dou sim, mãe... Pode voltar a dormir... Você também, Pri, eu me viro aqui...

- Qualquer coisa, grita! – Clarice reforçava.

Letícia simplesmente fez um sim com a cabeça, se sentando no chão, ao lado do sofá, encarando o rosto de Brian.

Ele estava de olhos fechados, suando menos e parecendo muito mais calmo, dando um leve cochilo.

Sua cabeça pesada a palpitava freneticamente como se seu cérebro quisesse sair pelo seu crânio, mas aos poucos a febre estava diminuindo, fazendo seus músculos ficarem menos trêmulos.

Letícia ficou o olhando, tentando conter o sono. Queria entender o porquê daquilo tudo. Acaricia os cabelos do rapaz, depois segurava suas mãos tatuadas, as acariciava, beijava, e fazia o máximo para que ele se sentisse bem.

De repente, Brian se erguia rapidamente do sofá, correndo para a pia da cozinha. Lá, ele liberou todo o inferno pelo qual seu estomago estava passando, ficou um bom tempo ali, dando uma de garota exorcista, enquanto Letícia apoiava seus ombros, e lavava seu rosto. Brian estava se sentindo péssimo com aquilo tudo.

Assim que pode liberar todos seus pecados, já estava se sentindo melhor, até os lábios haviam ficado avermelhados. Somente sua cabeça estava pesada, até mais pesada que seu próprio corpo e Letícia então, o ajudou novamente a se deitar no sofá.

- Está melhor? Tem certeza que não quer o remédio? – Letícia perguntava.

- Tenho. – Dizia o rapaz, colocando as mãos no rosto da jovem. – Muito obrigado por tudo isso que você está fazendo por mim.

- Não me agradeça, uma bela bronca ainda te espera! – Letícia dizia séria, encarando o rapaz.

Brian simplesmente deu uma leve risada, acariciando os cabelos da jovem.

- Não fique aí no chão... Deita aqui comigo. – O rapaz sorria.

- Bela tentativa, mocinho, mas eu vou me deitar no outro sofá. – Dizia Letícia se erguendo e indo até o outro sofá. – Aqui está ótimo, não tem cheiro de vomito!

Brian simplesmente fazia um bico, encarando a jovem como um cachorro abandonado.

Ficaram um bom tempo ali em silencio, enquanto Brian já se sentia cada vez melhor.

Amanheceu, e ambos dormiam tranquilamente, cada um em seu devido sofá.

Brian foi o primeiro a abrir os olhos. Ergueu a cabeça, observando Letícia dormir logo á sua frente. Tranqüila, com os cabelos vermelhos espalhados pelo sofá. Parecia definitivamente com uma princesa de contos de fada. Bochechas coradas, lábios bem desenhados e avermelhados, tão branca, tão perfeita... O rapaz não pode se conter. Ergueu-se com cautela, caminhando até onde a jovem dormia tranquilamente, tocando rapidamente seus lábios nos dela.

Letícia abria os olhos rapidamente, fitando Brian olhá-la de modo apaixonante. Simplesmente sentou-se ao sofá, desnorteada, encarando o jovem.

- O que você fez? – perguntou.

- Isso. – Dizia o rapaz com um sorriso descarado, dando-lhe outro beijo.

- SYN! – Letícia o empurrava para trás.

- Ai, não grita, minha cabeça está apitando!

- ENTÃO NÃO ME BEIJE! – Dizia Letícia, aos berros.

- Desculpa ter feito você dormir no sofá. – Dizia o rapaz, baixando a cabeça, indo se sentar onde havia dormido.

- O problema não é esse, Syn. – Dizia a jovem, se sentando e encarando o rapaz. – Eu quero saber o que aconteceu com você ontem a noite para ter aparecido aqui daquele jeito! Você estava horrível e fedendo á cigarro.

- Eu? – O rapaz franzia o cenho.

- Não vem com essa historinha de amnésia alcoólica pra cima de mim. – A jovem retrucava, apontando o dedo indicador para o rapaz.

- Letícia, eu acabei de acordar, preciso raciocinar direito. – Dizia o rapaz, colocando a mão sobre a cabeça, sentindo-a pegar fogo.

- Vou preparar um café para você. – Dizia a moça. – E sugiro que você vá tomar um banho, está todo grudento de suor, sem contar que vomitou mais do que não sei o que...

- Desculpa ter feito você me fez assim... – Dizia.

- Não se desculpe por ter passado mal... Se desculpe pelo MOTIVO de ter passado mal! E sei que você está acostumado a beber e que é difícil de te derrubar... Se você ficou daquele jeito, é porque exagerou BASTANTE!

- Tudo bem! Não precisa ficar me dando bronca. – O rapaz resmungava.

- Como não? Você merece! E vê se não sai seminu do banheiro que a minha irmã e minha mãe estão aqui.

Brian de repente disparava um sorriso maléfico para a jovem.

- Se estivesse somente você, poderia? – Dizia.

Letícia de repente ficou roxa de vergonha e baixou a cabeça.

- Cala a boca. – murmurou.

Brian simplesmente deu uma gargalhava, satisfeito com o resultado.

- Eu já estou acostumada a ver... – Letícia de repente ficava boquiaberta com o que acabava de dizer. – Digo... Não é bem que eu estou acostumada, é que...

Brian de repente começou a gargalhar.

- AI, SAI DAQUI, MENINO! – Berrou a jovem, arremessando uma almofada no rapaz.

Brian simplesmente gargalhava um pouco zonzo, segurando a almofada.

- Vou pegar uma toalha para você. – Dizia a jovem, subindo as escadas.

- Acho melhor eu tomar banho quando for para a casa...

- NÃO! Vai tomar agora! – Letícia jogava a toalha para o rapaz, o empurrando dentro do banheiro e fechando a porta.

- Quer vir aqui comigo? – O rapaz perguntava num tom provocativo.

Letícia simplesmente grunhia, irritada, se afastando da porta do banheiro.

Rapidamente voltou a cozinha para preparar um café bem reforçado para que o rapaz agüentasse a bronca sem reclamar.

Logo Clarice e Priscila já acordaram ajudando-a a preparar a mesa.

- Quero muito saber o que aconteceu com ele. – Dizia Clarice.

- Nem me fale. – Dizia Letícia, respirando fundo. – Ele me deve boas explicações.

- Pronto! – Dizia Brian aparecendo ao topo da escada com os cabelos molhados e bagunçados, com uma aparência bem melhor.

- Melhorou, querido? – Clarice perguntava, estendendo uma cadeira para que ele se sentasse.

Brian se aproximava da mesa, fitando de imediato o mousse de chocolate.

- Syn, pode me explicar TUDO! – Letícia exigia.

- Ah, você não vai querer falar disso agora, á mesa, né?!

- Vou. – Letícia o encarava de modo sério.

- Vamos comer?

- É mesmo, Le. – Dizia Priscila. – Vamos comer primeiro, depois conversamos disso.

Brian simplesmente esboçou um sorrisinho vitorioso para Letícia que o encarava séria, sem nem ao menos retribuir o sorriso.

- Come devagar. – alertou apenas.

- Pode deixar, mãe. – Ironizava o rapaz.

Letícia simplesmente o encarou, irritada, e o rapaz lhe mandava um beijo do outro lado da mesa.

A moça simplesmente baixou a cabeça, tentando ignorar aquelas atitudes ousadas do rapaz.

Assim que terminaram de comer, Brian ajudou Letícia a tirar a mesa, e limpar as coisas.

- Vamos ao jardim? – Letícia perguntava para o rapaz.

- Ah, eu vou lavar a louça.

- NÃO PRECISA LAVAR A LOUÇA, BRIAN ELWIN HANER JUNIOR! – Letícia dizia, já extremamente irritada com o rapaz. – Por que eu tenho a impressão de que você está me escondendo algo? – A jovem cruzava os braços, batendo os pés contra o chão.

- Eu não estou escond...

Letícia, porém, nem lhe deu chances de falar, simplesmente lhe agarrou o punho, o puxando para o lado de fora da casa. Empurrou Brian contra a cadeira, e o encarou.

- Pode começar.

- Meu Deus, como você é mandona! – O rapaz resmungava. – Eu saí pra beber ontem e acabei exagerando, só isso.

- Daí você me aparece aqui quatro horas da manhã suando frio, cheirando á cigarro, e com febre?! – A jovem encarava, irritada.

- Desculpa, não faço mais...

- Por que você não foi para a sua casa, então? Não que eu esteja reclamando de você ter vindo até aqui...

De repente, uma sombra tomou conta da mente de Brian, aos poucos ele se lembrava das coisas que foram ditas a ele, e que ele dizia... Tudo que contou á Pamela, seus segredos mais profundos, seus sentimentos, suas dores. Havia entregado tudo.

- É que... – O rapaz respirava fundo, de repente ficando muito sério.

- O que foi, Syn? Você está passando mal de novo? – Letícia o olhava, preocupada.

- Não. – O rapaz baixava a cabeça, colocando um óculos escuro q estava dentro do bolso. – Preciso ir, obrigado por tudo.

- Como assim?! – A moça o segurava pelo braço, impedindo que partisse. – Eu quero saber o que aconteceu...

De repente a sua dor sentimental viera à tona como se todo o efeito do álcool tivesse passado, fazendo-o voltar a triste realidade de que estava separado de Letícia.

- Preciso ir. – Disse mais uma vez.

- Você não vai á lugar algum até me dizer o que aconteceu com você!

- Por que quer tanto saber? – O rapaz a olhava, irritado, de repente alterando o tom de voz, e se erguendo bruscamente da cadeira, fazendo Letícia recuar alguns passos. – Se importa tanto assim comigo?

- É óbvio que eu me importo com você, Syn. – Letícia o olhava num tom óbvio. – Como eu não iria me importar com você?

- Simples! Você se afastou de mim de novo. – O rapaz a olhava novamente com decepção.

- Syn, não me olha desse jeito. – Letícia dizia séria. – Por favor. – A jovem de repente colocava as mãos no bolso, apertando o papel dobrado que havia dentro dele.

O rapaz simplesmente continuou com o mesmo olhar tristonho, e então a jovem puxou levemente o papel para cima do bolso, quando de repente o celular de Brian começou a tocar.

Inocentemente, Brian pegava o celular, encarando o visor.

- Quem é?! – Letícia aproximava a cabeça, para ver o visor.

- Ninguém. – Brian simplesmente tentava afastar o celular da jovem. – Preciso ir.

- NÃO SYN! – Letícia dizia irritada, arrancando o celular das mãos do rapaz. – PAMELA?! – Ela perguntava, irritada, atendendo. – Alo?

- Letícia, não... – Brian resmungava.

- O Brian está aí com você? – Pamela perguntava do outro lado da linha.

- Está...

- E ele está bem? Nossa eu estava super preocupada com ele...

- Como assim? – Letícia o encarava, já furiosa, verde de raiva. – Vocês saíram ontem á noite?

- Saímos... Fomos beber, mas o Syn acabou exagerando... Sabe como é né? Mas foi muito engraçado, nos divertimos muito!

- Ah... Vocês se divertiram muito? – Letícia o ameaçava com o olhar.

- Nossa, demais! O Syn é lindo, não é? Um amor de pessoa... Ele me falou muito sobre vocês, me contou tudo da história de vocês...

- O QUE?! – Letícia praticamente berrava ao telefone. – Que interessante. – Ironizava. – Bom saber.

- Avisa ele que eu liguei? Espero que a ressaca não esteja muito horrível, vocês precisam ensaiar pra apresentação.

- Aviso, claro que aviso. – Letícia revirava os olhos.

- Obrigada querida... Mas ele está bem?

- Está! Bem até demais! – Letícia já estava azul de tanta raiva.

- Que bom, bom depois eu falo com ele então, queridinha.

- Tudo bem, lindinha. – Dizia Letícia, ironicamente. – Tchau. – E finalmente desligou o telefone. – BRIAN ELWIN HANE...

- Para de gritar! E quem você pensa que é pra pegar meu celular e atender minhas ligações? Você não é mais minha namorada, lembra?!

- COMO É?! – Letícia de repente disparava vários tapas contra o peito do rapaz. – SEU RIDÍCULO! COMO VOCÊ PODE FICAR JOGANDO ISSO NA MINHA CARA DESSE JEITO?!

- Para! – Brian tentava se esquivar dos tapas, se encolhendo, fazendo com que Letícia batesse em seus braços largos.

- VOCÊ FOI BEBER COM A PAMELA! – Letícia continuava furiosa.

- Você se importa com isso?

- É LÓGICO QUE EU ME IMPORTO SEU IDIOTA! – A jovem finalmente parava de espancá-lo. – Para de me tratar como se eu estivesse fazendo você sofrer por que eu quero!

- SABE POR QUE EU VIM AQUI?! - Agora era a voz de Brian que se transparecia estridente. – POR QUE EU NÃO QUERO TE ESQUECER, GAROTA! Eu tenho medo de que você me esqueça também...

Letícia simplesmente abaixou a cabeça, engolindo seco e recuando alguns passos.

- Você falou da gente pra Pamela... Ela já é tão sua amiga assim?

- Ela me ajudou muito quando me viu mal por você! Qualquer um vê o quanto eu estou odiando tudo isso! O quanto eu estou odiando ficar longe de você, Letícia!

- Eu também estou! – Letícia garantia.

- Então o que te impede de ficar comigo? Você pensa que eu sou o que? Que eu tenho que ficar te esperando pela eternidade?

- POR QUÊ?! TE INCOMODA TANTO ASSIM ME ESPERAR?! – Letícia se aproximava do rapaz, bruscamente, ficando na ponta dos pés. – AGORA VOCÊ TEM A PAMELA, QUERIDO!

- É, talvez a Pamela solucione meus problemas! – O rapaz dizia descaradamente.

- O QUE?! – Letícia olhava boquiaberta, disparando o punho para o rosto do rapaz.

Brian, porém, a segurou pelo braço, encarando-a bruscamente por dentro dos olhos, e puxando-a violentamente contra seu peito.

- Ah, cala essa boca, Letícia. – Dizia o rapaz, dando-lhe um beijo forçado.

Letícia, tentava reagir, tentando sair daqueles braços que a envolviam com força, porém Brian a jogava contra a parede, ainda insistindo em beijá-la.

A jovem, porém, mal conseguia respirar, Brian não lhe dava trégua. Ele sabia exatamente como beijá-la e como segurá-la. Letícia gostava de sentir seu esforço, gostava de saber que ele não a soltaria mesmo que ela insistisse. O rapaz estava certo, aos poucos aquela cortina de diamante se dissolveu, e ele a beijava tranquilamente, enquanto ela retribuía, sem nem ao menos pensar nas conseqüências desse ato.

Lentamente Brian aproximava as mãos do bolso da frente da calça de Letícia, puxando o papel que estava dobrado. Não sabia por que estava fazendo isso, mas sentia que ela o daria uma hora ou outra.

- Vou para a casa agora. – Brian finalmente se afastava da jovem. – Obrigado por tudo que você fez por mim, pequena.

- Não me ch...

- Chamo sim... Faz parte de nós. – Brian lhe dava um sorriso meigo, acariciando o rosto da moça, dando-lhe um beijo na bochecha.

Letícia fechava os olhos, sentindo Brian levar consigo a sua vida.

- Te vejo no ensaio. – Ele sorria de longe, desaparecendo por entre as ruas.

O rapaz caminhava despreocupado. Não tinha interesse por um taxi ou qualquer outro tipo de transporte. Queria mesmo era caminhar e pensar na vida.

Não sabia que tinha feito certo de ter pegado o papel. Poderia esperar, mas ela não faria isso tão cedo, não depois de saber que ele saiu com Pamela, e sabe-se lá o que ela poderia estar pensando agora.

Continuou a caminhar, tomou o papel em suas mãos...


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Notas finais do capítulo

O que aconteceu, pessoal? Nao gostaram do cap? Cade as reviews? DDDD:

Bom, espero que gostem desse. (:
e mandem reviews. DDDDDDDDD:


beeejos. (:



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