Com Amor não se Brinca escrita por Bubees


Capítulo 45
Dificuldade de Amar




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/58108/chapter/45

Letícia estava se sentindo completamente vazia. Sabia que sua atitude não estava certa, afinal, se realmente estivesse não se sentiria tão mal quanto estava se sentindo, e não pegaria o celular freneticamente, discando o número de Brian e novamente recuando.
- Letícia? – De repente Priscila batia na porta, abrindo-a lentamente.
Rapidamente Letícia secava ás lágrimas que caíam muito solitárias percorrendo seu rosto, ergueu a cabeça, e esboçou um sorriso para a irmã.
- Oi? – Dizia.
Priscila ao perceber o olhar triste da irmã, se aproximou, sentando-se ao seu lado.
- O Syn me contou o que aconteceu... Você desistiu dele de novo...
Letícia simplesmente virou-se para a irmã, a encarando como se sentisse uma forte dor dentro do peito, e então respirou fundo, tentando aliviar as alfinetadas.
- Eu não queria desistir... Mas...
- Sua boba, você não precisa me explicar nada. – Priscila estendia um sorriso, empurrando os cabelos de Letícia pra trás da orelha. – Eu conversei com o Syn, não é fácil a situação pela qual você está passando, Le.
- Você me entende? Você não veio aqui defender o Syn? – Letícia erguia a cabeça, surpresa.
- Sim, eu te entendo. – Priscila esboçava um sorriso. – Parece que ás vezes você tem uma irmã aqui para conversar que possa te entender... Só não quero mais te ver trancafiada dentro desse quarto.
- Entendo... Acho que já passei muito tempo aqui mesmo. – Letícia respirava fundo, coçando os olhos com as pontas dos dedos.
- O Syn vai te dar o tempo que você quer, apesar de estar muito triste.
- Será que eu nasci para ser feliz ao lado dele? – Letícia questionada mais uma vez, mais para si mesma do que dizendo á Priscila. – Por que eu fui me apaixonar por ele? Tudo era mais fácil quando ele nem se quer existia para mim.
- A vida apronta cada uma. – Priscila dava uma leve risada. – Aproveite o que você tem... Você tem um homem maravilhoso que te ama e já lutou por você de todas as formas possíveis, afastá-lo, não adiantar, mesmo te entendendo, eu vejo claramente que não vai adiantar.
Letícia simplesmente suspirou, se erguendo da cama.
- Vou procurar me lembrar disso. – A jovem dizia pensativa.
- Que bom. – Priscila lhe esboçava um sorriso. – Agora pelo amor de Deus, vai tomar e banho e vamos ao shopping... Quero que se distraia, depois poderíamos ir á algum barzinho encher a cara...
- Adorei. – Letícia lhe esboçava um sorriso sincero. – Obrigada!
Priscila simplesmente retribuiu o sorriso, se retirando do quarto.
Letícia finalmente passou a se sentir um pouco melhor sabendo que pelo menos uma pessoa a apoiava e aquilo era o suficiente. Estava tão decidida a lutar por Brian que não esperava que algo tão terrível fosse acontecer. É como dar marteladas em um vaso defeituoso que começou um processo de reconstrução. Novas rachaduras apareceriam e o trabalho seria mais árduo.
Letícia, porém, aproveitou cada segundo com a breve escapada que deu com Priscila, chegaram completamente bêbadas em casa, mas tinha valido a pena. Divertiram-se muito, e por um instante, Letícia havia se esquecido de tudo.
Porém, logo que ficava sozinha, Brian assumia sua mente como um pequeno fantasma necessitando de atenção, a assombrava completamente. Noites e mais noites sonhava com ele, dias e mais dias pensava nele, queria, desejava, e seu coração implorava para falar com ele, mas a jovem resistia com todas as forças.
Duas semanas se passaram, quando ela finalmente resolveu ligar. Havia prometido que continuariam o ensaio, que nada mudaria, simplesmente seriam amigos.
Demorou quase vinte minutos para se decidir em finalmente ligar, e enquanto o telefone chamava, suas mãos suavam, e suas pernas tremiam e batiam freneticamente contra o chão.
- Oi pequena. – Brian de repente atendia ao telefone, parecendo um tanto desanimado.
- S-Syn? – A jovem gaguejava, se sentindo uma estúpida por isso. – Tudo bem?
- Até que sim... – Dizia o rapaz, parecendo conformado. – E você? Está melhor? Já estava esperando que me ligasse.
- É eu sei... – A jovem respirava fundo, fechando os olhos. – Eu precisava de um tempo.
- É eu sei... – Dizia o rapaz, ainda com a mesma voz de conformidade.
- Bom, mas acho que hoje eu já deveria voltar á ativa. – A jovem dava uma leve risada. – Vocês foram ensaiar esses dias sem mim?
- Lógico que não, né? – Brian respirava fundo. – Ensaiar sem vocalista é um pouco complicado, não acha?
- Você canta bem. – Letícia dava um leve sorriso, praticamente se esquecendo do distanciamento breve que queria de Brian.
- Você acha? – O rapaz perguntava disparando uma leve risada.
- Acho... – Letícia sentia suas bochechas esquentarem. – Acha que deveríamos ensaiar hoje?
- Claro! – Brian parecia um pouco mais animado. – Vamos sim. – Porém logo sua voz voltou a transmitir desanimo. – Quer que eu vá buscá-la?
- Não, não tem problema, a Priscila vai me levar.
- Tudo bem... Meia hora?
- Já?
- Claro, a Pamela deve estar furiosa por que não fomos mais ensaiar, ela disse que arrumaria apresentações para fazermos.
- Ah sim. – Letícia revirava os olhos ao ouvir Brian citar o nome de Pamela.
- Vou me arrumar aqui então. – Dizia o rapaz. – Beijos... Pequena.
Letícia sentia o coração disparar loucamente quando Brian a chamava de pequena.
- Beijos. – Dizia ela, apenas.
Letícia rapidamente desligava o celular, sentindo uma adrenalina estranha atravessar suas veias. Seria a primeira vez que veria Brian sabendo que o amava, sabendo que ele a amava, porém sem estar juntos por um motivo parcialmente externo. Seria algo muito difícil. Seria realmente o desafio tão torturante como ela esperava, e como seu corpo anunciava através de batimentos cardíacos muito rápidos e suas mãos suarem completamente.
Caminhou até o armário, ficando pela primeira vez indecisa ao procurar ao procurar algo para vestir. Não queria ir de qualquer jeito, tinha uma necessidade egoísta palpitando em seu peito, em deixar Brian de boca aberta ao vê-la, queria mostrar que estava bem, mas ao mesmo tempo não desejava mostrar tanta perfeição assim, Brian tinha que saber o quanto ele significava para ela.
- Pri, já estou pronta. – A jovem anunciava ao pé da escada. – Vamos?
- Preparada? – Priscila surgia, vestindo uma calça jeans justa, bem clara, e uma blusa grossa, de cor preta.
- Você não muda... – Letícia dava uma breve gargalhada, ao notar as vestimentas da irmã.
- Jamais! – Priscila ria, girando as chaves do carro no dedo indicador. – Vamos logo, quando terminar, me liga para que eu a busque.
- Obrigada! – Dizia Letícia se colocando no banco do passageiro. – Você não tem idéia do quanto está me ajudando.
- Irmãs servem para essas coisas. – Priscila sorria, colocando o automóvel para funcionar.
Letícia não para de bater os pés contra o chão um único segundo se quer. Estava extremamente ansiosa! Não poderia ser diferente, ver Brian em uma circunstancia tão inesperada, era muito difícil.
- Me liga! – Priscila reforçava ao deixar Letícia na portaria do estúdio.
A jovem apenas fez um aceno com a cabeça, entrando finalmente dentro da gravadora.
- Olá! – Logo de cara se deparou com Brian e Pamela conversando no corredor. Estavam rindo.
Brian de imediato parava de rir, ficando completamente sério, como se de repente arrancassem seu sorriso. Ele a olhou de olhos bem abertos, e engoliu seco, sem saber como reagir.
Letícia simplesmente lhe esboçou um sorriso no canto dos lábios, um pouco sem graça com a situação. Não sabia definitivamente como reagir.
Pamela os olhava muito séria, revirava os olhos ao ver a falta de jeito que tinham para darem um simples comprimento.
- Oi... – Dizia o rapaz, desnorteado. – Tudo bem?
- Tudo... – Dizia a jovem de mau jeito.
O rapaz, porém, decidiu seguir os próprios instintos. Caminhou rapidamente da direção da moça, lhe dando um abraço tão forte que a fazia erguer-se do chão.
Letícia agiu de forma surpresa logo de imediato, porém, logo esboçava um sorriso confortável, retribuindo o abraço do rapaz. Era como se por um momento todas suas feridas se fechassem.
Brian a colocava no chão, lhe disparando um sorriso trêmulo, e ousadamente, o rapaz lhe dava um beijo demorado na bochecha.
- Os meninos já chegaram? – A jovem perguntava tropeçando em algumas letras, tentando fugir da idéia de que seu coração pulsava loucamente dentro de seu peito.
Pamela olhava para aquela cena completamente confusa. Eles não namoravam? Por que agiam feito dois amigos que se gostavam e não tinham coragem o suficiente para dizer?
- Eles já chegaram sim... Estão no estúdio. – Pamela tomava uma posição, se aproximando de Brian, colocando seus braços em meio aos dele.
Letícia se sentia completamente desconfortável com aquela atitude de Pamela, focalizando seus braços entrelaçados.
Brian rapidamente retirava seus braços dos de Pamela, sem nem se quer olhá-la, era como se somente Letícia existisse ali.
- Vou vê-los, então. – Letícia dizia, séria.
- Eu e o Syn vamos pegar água e já estamos indo.
- Não, pode ir você, Pamela, eu vou com a Letícia para a sala. – Dizia o rapaz com um sorriso, se posicionando imediatamente ao lado da jovem.
Letícia baixava a cabeça, e caminhava pelos corredores.
- Você e a Pamela estão bem amigos. – Dizia, enquanto caminhavam.
- Ela é legal... Vocês deveriam ser amigas.
- Talvez. – Letícia dava de ombros. – Pelo menos você está bem...
Brian revirava os olhos, e segurava os braços de Letícia, antes de entrarem no quarto.
- Como é?
Letícia se virava para ele, séria, e logo baixava a cabeça.
- Nada, esquece o que eu disse... Você é uma pessoa livre agora.
- Ah... Cala essa boca. – Dizia o rapaz.
Letícia simplesmente deu uma leve risada.
- Você está doente? – O rapaz franzia o cenho. – Desde quando eu te mando calar a boca e você ri?
- Desde que eu sentia falta das nossas briguinhas. – A jovem dava uma leve risada, e suspirava. – Melhor entrarmos, por favor.
- Não gosta de ficar sozinha comigo?
- N-não tem nada a ver. – A jovem abaixava a cabeça, sentindo as bochechas corarem. – Vamos entrar.
Brian simplesmente dava um sorriso no canto dos lábios, encarando Letícia com um olhar penetrante, como se estivesse tentando seduzi-la.
Letícia simplesmente o olhou com os olhos entreabertos, como se fosse lhe dar um soco no meio da face pela ousadia.
- ALELUIA! – James berrava.
- Você sempre vem com esse papo, sendo que eu nem estou atrasada. – Letícia resmungava, cumprimentando James com um abraço.
- Adoro te irritar! – James esboçava um sorriso, erguendo Letícia nos ombros.
- EEEI! – A jovem debatia as pernas tentando se soltar, porém não conseguia parar de rir.
James de repente começou a girar Letícia no ar, arrancando gritinhos agudos de seus lábios e então a largou sentada em cima do banco próximo à bateria.
- Escandalosa! – Dizia ele.
Letícia simplesmente gargalhava, pegando duas baquetas, castigando os tambores.
Pamela de repente abria a porta do estúdio, segurando duas garrafas de água com copos plásticos pendurados no bico.
- A água. – Dizia ela, revirando os olhos, e respirando fundo, como se estivesse irritada. – Vamos começar a ensaio.
- Obrigado, Pamela. – Dizia Brian. – Desculpe ter feito você pegar água sozinha, mas é que...
- Eu sei, eu sei... – Pamela bufava. – A Letícia, sempre a Letícia...
Brian simplesmente franziu o cenho, sem entender aquelas palavras de Pamela.
- Desculpa Syn... – Dizia. – É que eu estou nervosa, estou esperando uma casa de show retornar a ligação, acho que consegui uma apresentação para vocês.
- SÉRIO?! – Brian olhava boquiaberto.
- Sim, estou esperando que me liguem para confirmar. – Pamela lhe esboçava um sorriso.
- Assim que ligarem me avisa! – O rapaz dizia.
- Claro...
Brian se posicionou então com sua guitarra presa no ombro, exibindo alguns solos rápidos que deixavam Pamela de boca aberta.
Letícia estava em um canto, próximo a bateria, conversando com James sobre diversas marcas de vodka, e o rapaz não parava de tagarelar. Letícia nem lhe dava muitos ouvidos, fitando Pamela olhar para Brian de uma forma muito intensa.
- Vamos começar logo esse ensaio? – Perguntou ela.
- Claro. – Disse Brian, ajeitando a guitarra. – Quer tocar que música?
- Dear God. – Letícia dizia, encarando o rapaz como se o estivesse golpeando. – Que tal? – Dizia com um sorriso maldoso.
- Tudo bem. – Brian arregalava os olhos, sério, como se tivesse recebido o golpe duro e afiado, sem nem ao menos perceber. – Tocamos essa então.
- Acho melhor vocês tocarem uma mais animada. – Dizia Pamela, ao ver a reação de Brian. – O que acha, Syn?
- É, eu concordo em tocar algo mais animado. – Dizia o rapaz sério, focalizando Letícia com os olhos brilhantes e tristonhos. – É melhor...
- Essa música é muito triste. – Pamela revirava os olhos.
- Essa música é perfeita. – Letícia dizia, séria.
- Mas preferimos tocar algo mais animado.
- Você e o Syn... – Letícia debatia, já irritada. – Você não fez a pergunta para o resto da banda. – A jovem apontava para James esperando que ele respondesse algo.
- Morto! – Dizia James se jogando no chão e fechando os olhos, deixando a língua para fora.
Letícia bufava irritada, trincando os dentes.
- Ivan? – Dizia ela, com um tom afiado na voz.
- É... Eu não sei, por mim tanto faz.
- Por mim também. – Caio já se adiantava. – Eu gosto de Dear God.
- Obrigada, Caio. – Letícia lhe esboçava um sorriso vanglorioso.
- Para de ser infantil. – Pamela cruzava os braços, encarando Letícia. – Tocamos uma mais animada, depois a Dear God já que você gosta tanto de se vangloriar por que fizeram a música para você.
- O Syn fez. – Letícia continuava provocando, com um olhar venenoso.
- TUDO BEM! TUDO BEM! – dizia o rapaz, interferindo na pequena tensão feminina que se implantava ali. – Vamos tocar Dear God...
Letícia respirava fundo, respirando a leve brisa de vitória que passava pelo seu rosto. Por um instante já estava sentindo raiva de Pamela, e não conseguia entender muito bem o motivo disso tudo. Simplesmente achava que ela já estava se intrometendo demais, e o mais assustador, é que estava se aproximando de Brian em uma agilidade sem igual.
Tocaram então Dear God, como Letícia havia pedido, Brian tocava a música com uma tristeza intensa passando pelo seu peito, e descendo para o estomago. Era um vazio muito grande. Ele a tinha logo ao seu lado, sabia que ela o amava, sabia que seus sentimentos eram únicos, mas não poderia tê-la, pelo menos não agora.
Fernando apareceu, e eles tocaram mais cinco músicas.
- Ligaram? – Brian perguntou á Pamela, assim que fizeram uma pausa e ele foi até o frigobar pegar uma cerveja.
- O que? – Pamela perguntou um pouco assustada. – Acredita que não? Vou ligar para eles.
- Contou para eles sobre a apresentação? – Fernando se aproximava, esboçando um sorriso. – Estão felizes?
- A Pamela disse que ainda ficaram de confir...
- É! – Pamela interrompia Brian, pegando o celular de dentro do bolso da frente da calça, teclando-o constantemente.
- Mas ele já...
- NÃO FERNANDO! NÃO! – Pamela interrompia o homem, colocando o celular no bolso.
Fernando simplesmente arqueou as sobrancelhas e cruzou os braços. Brian teve a mesma atitude, encarando Pamela de modo confuso.
- NÓS VAMOS TOCAR AÍ SIM! – Pamela dizia ao telefone. – Não me interessa! Vamos tocar semana que vem e ponto final!
- Mas eles já tinham confirmado... – Fernando coçava a nuca, confuso.
- ÓTIMO! Obrigada! – Pamela finalmente desligava o celular.
- ESTÁ CONFIRMADO! – Pamela erguia os braços, comemorando.
- Também, do jeito que você falou com o cara... – Brian arregalava os olhos, gargalhando.
- Mas Pam...
- ELES MERECERAM! – Pamela interrompia Fernando. – MAS EU FAÇO TUDO POR VOCES! – Pamela sorria.
- OBRIGADO, PAMELA! – Brian se aproximava da loira, lhe dando um abraço apertado. – Você é demais! Sério!
- Ah, não fala assim. – Pamela dava uma risada sem graça, ficando com as bochechas coradas, e retribuindo o abraço. – Vou contar para o pessoal! – Dizia o rapaz, se dirigindo até os amigos.
- Pamela! – Fernando questionava assim que Brian se retirava. – O que foi isso? A casa de show já tinha confirmado que os “Headshot” tocariam lá semana que vem!
- Tinham é? – Dizia a jovem, descaradamente.
- SIM! Eu estou entendendo muito bem o papel de boa moça que você está querendo fazer na frente do Syn...
- Eu na...
- ESTÁ SIM! – Fernando a interrompia. – Você não vai atrapalhar o projeto deles com isso, ouviu bem? Eles são muito bons, não vou deixar que os prejudique, a gravadora vai ganhar muito com eles.
- Eu sei está bem? – Pamela dizia, irritada. – E você é um neurótico, eu já disse que não tem nada haver.
- A não? Por que sua bochecha está corada até agora?! – Fernando a encarava de modo maldoso, como se tivesse lhe dado um ‘xeque mate’.
- O que?! – Pamela colocava as mãos nas bochechas, sentindo-as quentes. – Para de ser louco. – A jovem respirava fundo, se afastando do homem.

- NOSSA! QUE DEMAIS! – James comemorava. – Isso me deu uma vontade enorme de fazer uma festa em casa amanhã á noite para comemorar... O que acham?
- EU TOPO! – Caio dizia de imediato.
- TÁ, TUDO MUNDO TOPA! – Dizia James. – Levem quem vocês quiserem...
- Mas e seus pais? – Brian perguntava.
- Eu dou um jeito deles saírem. – James dizia, apenas. – Minha avó vai ficar doente e eles vão ir viajar!
- CARA, VOCE É LOUCO! LARGA ESSA VÓDKA! – Dizia Letícia, assustada com James.
James simplesmente começou a gargalhar.
- Vai ser legal, se não der na minha casa, a gente faz na casa do Brian, afinal os pais dele vivem de plantão no hospital mesmo...
- É MESMO! – Ivan concordava. – Fechou, na casa do Brian...
- EI! – Brian tentava se manifestar.
- Está recusando comemorar com o seu brother? – James fazia um bico, agarrando-se no pescoço de Brian. – Para de ser mala!
- Tudo bem. – Dizia Brian. – Na minha casa, amanhã á noite.
- FECHOU! – James berrava, abrindo uma garrafa de vodka.
- Meu Deus... – Dizia Letícia boquiaberta. – Bom, já que acabou o ensaio, vou ligar para a Priscila.
- Não quer carona? – Brian perguntava. – Eu posso te levar...
- Não. – Dizia a jovem, se retirando do estúdio, indo para os corredores.
Letícia estava finalmente longe de Brian, e preferia que ele não a seguisse. Rapidamente ligou para Priscila, pedindo para que a buscasse, porém a irmã só poderia ir daqui quinze minutos, que no caso de Priscila, eram na verdade o dobro.
A moça, então, tornou a guardar o celular, e encostou a cabeça conta a parede, tirando proveito daquele silencio.
Ficou por alguns instantes pensando quão estranho era estar ao lado de Brian daquela forma. Era doloroso ver em seus olhos um sofrimento tão nítido.
- Letícia? – Era só pensar nele, que era como se todas as forças da natureza o fizessem aparecer, com aqueles olhos negros brilhando contra os seus. – Priscila já está vindo te buscar?
- Já. – A jovem dizia, apenas. – Vamos entrar?
- Não. – Dizia o rapaz, a fitando exatamente dentro dos olhos. – Não precisa ficar me evitando.
- Não estou te evitando, Syn.
- Claro que está! Eu não sou idiota. – Dizia o rapaz, se aproximando, colocando-se ao seu lado, encostando a cabeça contra a parede da mesma forma. – Vai á festa?
- Eu acho isso uma loucura, seus pais vão ficar furiosos...
- Não vão, não. – Brian esboçava um leve sorriso. – Eles não vão saber.
- Meu pai vai ouvir todo o barulho. – Letícia revirava os olhos. – Se ele não contar, a Carmen conta.
- Ela que se atreva. – Brian gargalhava. – Sério, não se preocupe.
- Se você diz... – Letícia então deslizava as costas sobre a parede, se sentando no chão, e baixando a cabeça.
Brian nem se quer hesitou em sentar ao seu lado.
- Posso te fazer uma pergunta? – Dizia ele.
- Pode.
- Você sabe muito bem o que “Dear God” significa para mim, não sabe?
- Como assim? – Letícia se virava para o rapaz com certa confusão estampada em seu rosto.
- É uma música muito importante para mim, revela tudo o que você significa para mim.
- Syn, não diga uma coisa dessas. – Letícia se afastava do rapaz, virando o rosto para não encará-lo mais.
- Não, escuta! – O rapaz insistia, segurando sua mão.
- Syn, eu não preciso ouvir...
- Por que quis tanto que eu tocasse a música?
- Vai concordar com a sua amiguinha agora? – Letícia cruzava os braços, irritada. – Olha, você poderia fazer o que quiser...
- Não tem nada a ver com o que a Pamela disse. – Brian garantia. – Se trata de mim e você.
Letícia respirava fundo, vencida por todas as palavras do rapaz, e então, tornou a baixar a cabeça, e fechou os olhos.
- Desculpa. – Dizia.
- Letícia! – Brian dizia, como se estivesse irritado. – Para de ficar pedindo desculpas! Para de ficar achando que você tem culpa de alguma coisa. – O rapaz erguia a cabeça da moça, agarrando suas bochechas com firmeza com uma das mãos. – Eu sei que você está sofrendo tanto quando eu e...
- Syn, por favor! – Letícia praticamente implorava. – Não quero falar disso...
- Por quê?! – Brian questionava, fitando os olhos verdes da moça. – Não consegue admitir que está cometendo a maior besteira da sua vida?!
- Eu já expliquei o motivo de eu estar fazendo isso... Eu quase te perdi de uma forma muito pior do que ter que conviver ao seu lado sem poder te beijar.
- Quem disse que você não pode me beijar? – O rapaz aproximava o rosto perigosamente da jovem.
Letícia engolia seco, soltando seu rosto das mãos do rapaz, e então se ergueu do chão.
- Não faça isso de novo.
- Por quê?
- Por... Por que sim.
Brian se erguia do chão, simplesmente cruzando os braços, olhando-a, desconfiado.
- Syn, para com isso está bem? Eu só pedi para tocar “Dear God” por que eu senti necessidade em ouvi-la... E... Queria saber como você está reagindo com tudo isso.
- Como você acha que eu estou me sentindo? Sinceramente...
- Mal? – Letícia se escolhia ao arriscar o palpite.
- Exato. – O rapaz a encarava, sério. – Por mais que eu apareça sorrindo por ai, acredite, tive que dar PT por três noites com o James para ver se mudava alguma coisa.
- Como é? Você entrou em coma alcoólico por três noites?! – Letícia dizia boquiaberta. – Você está louco?!
- Calma! – Dizia o rapaz, dando de ombros. – Não vem querer me dar bronca, está bem? Bebi mesmo, e amanhã vou beber muito mais! Eu preciso esquecer, me separar e voltar com você tantas vezes é muito difícil sabia?
- Prefere que eu não volte?
- Isso significa que você pretende voltar?
Letícia simplesmente ficou vermelha, e preferiu manter silencio.
- Se está me dando esperanças, não demore. – O rapaz pedia, se aproximando ainda mais, encostando Letícia contra a parede. – Não se por quanto tempo eu agüentaria.
- Syn...
- Você não entende! – Ele a interrompia. – Te ver todos os dias, ver esses seus olhos, esse seu sorriso... Você ainda vai me deixar louco! MAIS DO QUE EU JÁ SOU! – De repente o tom do rapaz se alterava, e ele agarrava os braços finos da jovem. – Não demora!
- Syn... – A jovem simplesmente o olhava de forma intensa. Seu corpo estava surtando para agarrar Brian ali mesmo, dizer que o amava, que ficaria com ele, mas algo a tragava para um poço muito profundo. Sentia tanto medo, mas TANTO medo, como se Brian fosse um bicho de sete cabeças. Mas que diabos! Pra que tanto medo assim?
Brian simplesmente se aproximou da moça, colocando as mãos por trás da nuca.
- Desculpe, não sei se isso vai ajudar alguma coisa ou não, mas preciso fazê-lo. – O rapaz simplesmente tocou seus lábios nos da jovem, prensando-a ainda mais contra a parede. Agarrava-lhe a cintura, movendo os lábios calmamente contra os dela.
Letícia simplesmente retribuía o tal beijo. Agarrava os cabelos do rapaz, beijando-o de forma cada vez mais intensa. Como se tivesse beber daquele beijo, tirando o máximo proveito dele.
De repente, o celular de Letícia começou a tocar de modo estridente.
Rapidamente a moça se afastava.
- Estou aqui na frente te esperando. – Dizia Priscila.
- Estou indo. – Letícia então desligava, encarando Brian. – Priscila chegou.
- Eu te acompanho.
- Não! – A jovem dizia de imediato. – Melhor você ficar.
- Mas...
- Syn, não importa o que você faça! – Letícia o olhava dentro dos olhos. – Eu não vou mudar de idéia... Não quero voltar com você sabendo que eu posso te perder de novo.
- Quem disse que pode me perder de novo?
- Acha que eu não notei o modo como a Pamela te olha?
- Como é?! – O rapaz perguntava, incrédulo.
- Isso mesmo. – Letícia o encarava.
- Na vida sempre vamos ter obstáculos, Letícia.
- Mas eu não estou preparada para eles agora.
- Covarde. – O rapaz murmurava.
- Como é?! – Letícia o olhava, boquiaberta.
- Você sempre vai desistir! Sua vida nunca vai andar pra frente, por que você sempre desiste!
- Eu não acredito que você está me dizendo uma coisa dessas!
- É EU ESTOU! – Brian dessa vez parecia irritado. – Melhor você ir logo.
- Você é um idiota, Brian Elwin Haner Júnior!
- Sou mesmo! Ainda mais por que estava com saudades de você brigando comigo.
- Vai pro inferno! – Letícia resmungava, se afastando.
- A gente se encontra lá! – O rapaz berrava de longe vendo Letícia se afastar. – Eu te amo, sua idiota... – Ele sussurrava para si mesmo.
Brian, então, se encostou á parede, pensativo. De repente começou a se lembrar do beijo que acabava de acontecer. A cada beijo com Letícia, era como se fosse o primeiro deles. Cada beijo era diferente, cada beijo se encontrava em uma mistura tensa de ódio, paixão, amor...
Suspirava.
- Syn? – De repente Pamela saía do estúdio. – Está tudo bem?
- Ah... – O rapaz dava de ombros.
- O que está acontecendo entre você e a Letícia? Se me permite perguntar... Vocês não estavam namorando? Fiquei sabendo o que aconteceu com uma amiga de vocês, sinto muito...
- Obrigado. – O rapaz dizia, apenas.
Pamela simplesmente esboçou um sorriso, do qual o rapaz não retribuiu.
- O que foi? – Ela insistia. – Você parecia tão triste...
- Eu estou... É por causa da Letícia... Amá-la é tão difícil...
- Nossa, você a ama tanto assim? Se ela te faz sofrer tanto como eu percebo... Você deveria esquecê-la.
- As vezes eu penso que esse é o único caminho, mas parece ser impossível... Ela é uma garota incrível... Ela realmente não é como as outras garotas. – De repente o rapaz começou a gargalhar. – Acredita que há um tempo eu insistia em dizer o contrário? Eu jurava poder provar que ela era como outra garota qualquer, mas eu me enganei tão feio... Estar com ela é algo mágico...
Pamela simplesmente esboçava um sorriso para o rapaz.
- Quando eu a conheci, nós nos odiávamos...
- Sério? Por quê?
- Ah... É uma longa história...
- Tenho tempo. – Dizia a moça, com um sorriso. – Vamos a um bar... Lá você me conta tudo, e quem sabe não se distrai e muda essa cara?
- Eu tenho que levar os meninos para a casa.
- Pode levar, você me encontra aqui daqui meia hora... Pode ser?
Finalmente ele teria a chance de contar toda sua historia para alguém que parecia confiável. Pamela já havia ajudado uma vez... Que mal teria?


Letícia estava sentada frente a janela, com alguns pensamentos entalados em sua mente. Era terrível ser tão fraca, mas ao mesmo tempo parecia ser tão forte... Tinha que ter muita força para afastar uma pessoa que se ama muito, tentando fazer o bem, mas não era assim que Brian via. E no fundo, esses pensamentos serviam apenas para consolá-la.
Pegou um pedaço de papel e um lápis, visando desabafar.
Rabiscou-o com uma letra fina e pequena.

“Soneto ao Vencedor.

Vejo em seus olhos o quanto o decepcionei,
Enquanto o medo perfura os meus
E seus toques exalam um perfume do qual não quero sentir
Vejo quão incansável, você.

Quantas vezes insistiu em me erguer?
Quantas vezes desdobrou meus lábios em sorrisos?
Quantas vezes roubou-me o ar para si?
Quantas vezes você me desarmou!

Agora, uma guerreira sem armas,
Luta a guerra perdida entre seus braços
Que faz meu sangue palpitar diante minha instante vida eterna

Somente seus braços me matam trazendo-me à vida...
Como foi que você fez?
Lua minha, cometi a besteira de me apaixonar.”

Aquilo era tudo o que ela sentia. Já estava orgulhosa, afinal, transmitir seus sentimentos era um grande avanço. Cometeu a besteira de se apaixonar.

Enquanto isso, no auge da noite, Brian se sentava á uma cadeira de madeira, enquanto os olhos de Pamela fitavam seus lábios se moverem, exalando a história mais bela de sua vida. Brian e Letícia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que gostem do novo capítulo. Muito obrigaada pelos reviews, de verdade. *--*

Beeejos. ;D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Com Amor não se Brinca" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.